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AULA 6 – Aula do dia 21/09 (antecipando para 14/09)

3.3 – OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS

3.3.1 – SOLIDARIEDADE ATIVA


3.3.2 – SOLIDARIEDADE PASSIVA

A obrigação solidária é definida pela pluralidade de credores e devedores,


ou por apenas mais de um credor ou mais de um devedor. Porém, ela é diferenciada,
pois cada devedor tem a obrigação total de prestação da dívida e cada credor age
como se fosse único, ou seja, tem direito a receber a totalidade da prestação. Isso
está de acordo com o Código Civil no art. 264:
“Art. 264 - Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais
de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida
toda.”
É direito do credor pedir o cumprimento completo da obrigação assumida
para qualquer um dos codevedores. Porém, a partir do momento em que a obrigação
é cumprida, ela passa a ser extinta para todos os devedores, mesmo que apenas um
tenha cumprido com a obrigação total, previsto no art. 275 do Código Civil:

“Art. 275 - O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos


devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial,
todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de
ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores.”

Em casos nos quais apenas um devedor cumpre com a obrigação, os


demais, que são solidários, passam a dever para este, e não mais para o credor
original, ou seja, quem "fica com o prejuízo" é apenas o devedor que cumpriu com a
dívida e a responsabilidade do pagamento não mais recai sob o credor original.
Por isso, acredita-se que o número de obrigações em uma solidariedade é
proporcional à quantidade de titulares. Cada devedor passará a responder não só pela
sua quota, como também pela dos demais; e, se vier a cumprir por inteiro a prestação,
poderá recobrar dos outros as respectivas partes.
As principais características das obrigações solidárias são:
1. Multiplicidade de sujeitos ativos ou passivos;
2. Pluralidade de vínculos entre cocredores e codevedores
3. Unidade de prestação, visto que cada devedor responde pelo débito todo
e cada credor pode exigi-lo por inteiro, de acordo com o art.876 do Código Civil:

“Art. 876 - Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado
a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de
cumprida a condição.”

4. Corresponsabilidade dos interessados, já que o pagamento da prestação


efetuado por um dos devedores extingue a obrigação dos demais, embora o que tenha
pago possa reaver dos outros as quotas de cada um.
5. Sempre decorrerá da lei ou da vontade das partes, jamais será
presumida (art. 265, do Código Civil)
A função principal da solidariedade é impelir que os agentes, tanto passivos
quanto ativos, cumpram a obrigação, tornando uma forma de negociação de
obrigações mais segura do que outras. É mais vantajoso para um credor possuir
devedores solidários, visto que diminui o seu risco de insolvência e facilita o
recebimento de créditos.
Há uma semelhança marcante entre a obrigação solidária e a obrigação
indivisível, que é o fato de que o credor tem o direito de cobrar apenas um devedor,
dentre vários, o pagamento completo da obrigação.
Mas a obrigação solidária se difere daquelas por diversas razões:
1. cada devedor solidário pode ser compelido ao pagamento integral da
divida, por ser devedor do todo. Já nas obrigações indivisíveis o co-devedor só
responde por sua quota parte. Pode ser compelido ao pagamento da totalidade
somente porque é impossível fracioná-lo.
2. Na obrigação indivisível, há a perda da qualidade de indivisível se a
obrigação se resolver em perdas e danos, fato que não ocorre na solidariedade, em
que todos os cocredores e codevedores são responsáveis pela totalidade da
obrigação.
3. A indivisibilidade verifica-se automaticamente, ao passo que a
solidariedade nunca se presume, resultando expressamente da lei ou da vontade das
partes.
4. Dentre outras funções, também diferencia que as obrigações solidárias
reforçam a segurança do credor, já as obrigações indivisíveis visam tornar possível a
realização unitária da obrigação.

Espécies de obrigação solidária:

3.3.1. Solidariedade ativa (credores): refere-se à pluralidade de credores,


na qual se apenas um deles receber a quota total da obrigação , ele tem o dever de
distribuir entre todos os credores solidários e, a partir disso, o(s) devedor(es) estão
livres dessa obrigação. Além disso, de acordo com o art. 268 do Código Civil:

“Art. 268 - Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o


devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.”

Regras:
qualquer um dos credores poderá cobrar a totalidade da dívida na data
de seu vencimento. Em regra, é facultado ao devedor o pagamento a qualquer um
dos credores solidários. Entretanto, se um dos credores acionar o devedor comum
primeiro, essa faculdade deixa de existir.
qualquer um dos credores pode perdoar a totalidade da dívida, da mesma
forma como pode novar, compensar ou cobrar essa totalidade (art. 272, Código Civil).
Entretanto, este cocredor deverá se acertar com os demais.
com relação as exceções - que são as defesas do devedor diante da
cobrança do credor - estas podem ser divididas em pessoais e comuns. Exceções
pessoais são aqueles oponíveis perante apenas um credor específico, ou seja, o
devedor não pode usar a exceção pessoal que teria contra um credor em relação a
outro (art. 273, CC).
Um exemplo de exceção pessoal é a compensação. E exceções comuns
são aquelas que podem ser usadas contra qualquer credor, como por exemplo o
pagamento, a remissão, a novação.
em caso de ação proposta por um credor solidário contra o devedor
comum, a regra do art. 274, do Código Civil, é que os demais credores solidários serão
beneficiados por um eventual julgamento favorável, mas não serão prejudicados caso
o julgamento seja desfavorável. Portanto, os efeitos da coisa julgada dependerão do
resultado do julgamento: se for favorável, a coisa julgada terá efeito ultra partes (por
beneficiar os credores que não fizeram parte da lide), se contrário, os efeitos da coisa
julgada serão inter-partes (somente autor e réu sofrerão as consequências).

3.3.2. Solidariedade Passiva (devedores): quando há mais de um


devedor na obrigação. O credor tem o direito de cobrar a totalidade da obrigação de
qualquer devedor solidário, que deve pagar, e depois tem o direito de receber de todos
os outros devedores a quota-parte de cada um, restituindo o que foi gasto com a parte
total.

Regras:
em caso de exoneração ou renúncia da solidariedade do devedor
solidário pelo credor, o devedor continua sendo devedor, entretanto, ele passa a dever
apenas sua cota-parte e não mais a totalidade da dívida, pois a exoneração foi apenas
em relação à solidariedade e não à condição de devedor. Nesse caso, abate-se a cota
do devedor exonerado e a solidariedade continua em relação aos demais. Entretanto,
quando houver a remissão de um dos devedores solidários, este deixa de ser devedor,
ou seja, se livra completamente do vínculo obrigacional, mantendo-se a solidariedade
quanto aos demais devedores e abatendo-se a parte do devedor remitido (art. 388,
CC). Os codevedores não contemplados pelo perdão só poderão ser demandados
com abatimento da cota relativa ao devedor relevado, e não pela totalidade da dívida.
Segundo o art. 279, “Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos
devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas
pelas perdas e danos só responde o culpado.”
em caso de insolvência declarada de um dos devedores, sua cota será
dividida igualmente entre os demais codevedores (arts. 283 e 284, do CC), inclusive
entre o devedor exonerado, pois ele não deixou de ser devedor, apenas deixou de ser
devedor solidário. Somente o devedor remitido não participará deste rateio, pois está
totalmente liberado da dívida.
o devedor solidário que for demandado a pagar a totalidade da dívida
pode chamar ao processo os demais codevedores solidários para exercer o direito de
credor subrogado (art. 130, do CPC e art. 346, do CC), exigindo de cada um dos outros
devedores sua cota-parte.

3. Recíproca ou mista: acontece no caso de quando há, ao mesmo tempo,


mais de um credor e mais de um devedor para a mesma obrigação. Como não há
nenhuma norma reguladora específica para obrigação solidária mista, são aplicadas
as mesmas das obrigações passivas e ativas.

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