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Chamamento à Demanda (art.

330° à 335° do CPC)

Está inserido na secção denominada “Intervenção de terceiros” que


segundo António Lourencini “consiste na autorização dada por lei para
que um Sujeito juridicamente interessado, alheio relação processual
originária passe a ser integrante de um processo já em andamento”.
Terceiro este que será alcançado pelos efeitos decorrentes da sentença
proferida, ou seja, sofrerá inevitavelmente as consequências do que nela
for decidida, por prevenção ou melhor solução da lide; motivos pelo
qual o direito admite o ingresso voluntário ou que seja convocado na
relação processual.

O Chamamento à Demanda é um meio de defesa que só pode ser


utilizado pelo réu. Tem como finalidade alargar o campo de defesa deste
para permitir que os outros fiadores e/ ou devedores (co-obrigados)
solidários demandem/contestem para juntos serem condenados ou
absolvidos.
Este é facultativo, o que quer dizer que o réu dispõe do poder de usá-lo
ou não. ( Funciona como um ônus).

• Diferença entre “Nomeação à acção, Chamamento à autoria e


Chamamento à Demanda”

1. No Chamamento à Demanda, não é lícito a este recusar à Demanda ao


contrário do que acontece na duas formas de intervenção de terceiros;

2. No Chamamento à Demanda, o demandado é junto com o demandante


condenado, o que não acontece nas outras duas formas de intervenção;

3. No Chamamento à Demanda, ambos (demandante e demandado) são


sujeitos da relação material controvertida, o que também não acontece
nas outras formas de intervenção;

4. No Chamamento à Demanda, a citação tem efeito imediato de


modificação subjectiva da instância, o demandado adquire desde já a
posição de réu, como se a acção fosse ab initio dirigida contra ele
(reforçando assim o primeiro ponto aqui referido)...

• Casos admissíveis do Chamamento à Demanda (art.330° CPC)

A): Quando é demandado ao abrigo do que dispõe a primeira parte do


número 1 do art 641.° do CC somente o fiador (art.627.° CC), seja ele
fiador simples ou não, goza do direito de chamar à Demanda o devedor.
Isso na acção declarativa.
Na acção executiva, a posição do fiador depende da responsabilidade
que tenha assumido.
Sendo fiador simples, goza do “Benefício da Excussão” (art. 638.° do
CC), quer dizer que tem o direito de exigir que se esgote primeiro
“sejam penhorados” todo o património do devedor e só depois o dele.
Ao assumir a posição de fiador geral, não goza de benefício nenhum,
podendo os seus bens serem penhorados primeiro, terá apenas o direito
de regresso (art. 524.° CC) face ao devedor.

Qual é a vantagem do fiador chamar o devedor à demanda?

Este é chamado para se defenderem juntos, e serem condenados.

Uma vez condenados, o credor munido da sentença condenatória pode


executar simultaneamente o património do devedor e do fiador, ou
primeiramente o de um e depois o outro. Poderá então ao ser executado
primeiro o fiador simples, se quiser e puder, fazer funcionar o benefício
da excussão.

Tem o direito de regresso mais fácil, garantido e seguro, embora que,


ainda que não o faça continua a ter o seu direito.

Como se procede o Direito de regresso do Fiador.

Existem duas situações:


1.Após o fiador ter pago a dívida pelo devedor, se chamou este último à
demanda exerce o direito de regresso promovendo execução contra ele,
com base na sentença condenatória obtida pelo credor. (Não há
necessidade intentar uma nova acção)
O pagamento feito pelo fiador sub-roga-o nos direitos do credor. (Art.
644.°CC)

2.Se não chamou o devedor à Demanda o seu direito de regresso só pode


ser exercido se intentar uma acção contra ele. Pois a sentença
condenatória do fiador não constitui caso julgado em relação ao devedor,
podendo ainda este último alegar que o fiador foi negligente ou inábil na
sua defesa, opondo ao fiador as excepções que ao tempo pagamento
haveria de opor ao credor.

B): Havendo pluralidade de fiadores, o que foi demandado queira fazer


intervir os outros
Há que analisar três perspectivas diferentes:

1. Cada fiador se responsabilizou por uma parte da dívida


2. Cada fiador se responsabilizou pela totalidade dívida
3. Não houve declaração

1. Se cada fiador é parcialmente responsável, nada tem haver o fiador


demandado com os outros fiadores.
Importa somente a sua relação com o credor e o devedor, que remete
para a alinha a) do artigo 330 CPC

2. Se cada fiador responde pela totalidade, há que olhar não só a relação


deste com o credor, o devedor mas com os demais fiadores.
Aqui se manifesta o P. Da Divisão da responsabilidade, embora cada um
deles responda pela totalidade face ao credor, pode o fiador demandado
chamar os outros fiadores à Demanda para juntos se defenderem e serem
condenados, cada um na sua parte.
Att: O benefício da divisão entre confiadores não se verifica nos casos
em que não se dá excussão contra o devedor principal. Quer dizer, o
fiador demandado não pode fazer repartir a responsabilidade entre os
demais fiadores chamados à demanda quando ocorra algum dos casos do
art. 639.° CC (põe em causa a própria essência do Chamamento à
Demanda), este fiador contra quem foi intentada a acção é condenado ao
pagamento da totalidade dívida. Mas o chamamento dos outros fiadores
não terá sido em vão pois este terá ainda o direito de regresso contra os
demais, podendo exercer esse seu direito com base na sentença
condenatória.

Em regra, sendo procedente a acção, e mediante este incidente o fiador


demandado consegue a divisão da responsabilidade, sendo condenado ao
pagamento somente da parte que lhe cabe. Entretanto, devido ao n-° 2
do art. 650.° do CC, se algum fiador demandado não puder solver a sua
parte, o fiador condenado responde pela parte deste, ficando sub-rogado
nos direitos do credor face a este fiador nos termos do acordo n-°1 do
art. 650.° do CC.

Vale lembrar que o chamamento ou não dos outros fiadores em nada


interfere no chamamento ou não do devedor, que se processa como
explicado acima.

3. Na falta de declaração, aplica-se a regra geral: cada fiador responde


pela totalidade da dívida, art. 649.° do CC.

C): Quando ao abrigo do que dispõe o art. 519.° ab initio, o credor


demanda somente um dos devedores solidários pela totalidade da dívida,
não podendo o demandado invocar o benefício da divisão (art. 518.° do
CC).

Questiona-se então a utilidade do Chamamento à Demanda nesta


situação:

1. Consegue trazer novos réus ao processo, que podem ajudá-lo na


defesa.
2. Uma vez condenados todos, pode o credor mover excussão contra
todos, e não apenas contra o primitivo réu.
3. Ao ser condenado o primitivo réu fica em melhor posição para exercer
o seu direito de regresso contra os co-devedores, podendo fazê-lo com
base na sentença condenatória, sem necessidade de uma nova acção.

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