MAAP Sebenta 4 (Áreas Aplicadas)

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Áreas da Psicologia

Psicologia do Consumo

A psicologia do consumo procura compreender as razões e os hábitos de consumo


dos indivíduos. É uma área de especialidade que estuda como os pensamentos, crenças,
sentimentos e perceções influenciam o modo como os indivíduos compram e se relacionam com
bens e serviços. Os objetivos dos psicólogos do consumo são descrever, prever, influenciar e /
ou explicar as respostas dos consumidores a informações sobre produtos e serviços, tendo em
conta os fatores culturais (valores, perceções, preferências e comportamentos adquiridos
socialmente), sociais (influência da opinião de grupos de referência), pessoais (aspetos
específicos, como a idade, a profissão, as possibilidades económicas, os estilos de vida e a
personalidade) e psicológicos (motivação, perceção, aprendizagem, crenças e atitudes) que
influenciam a decisão de compra.
Estabelece relações com outras áreas como o Marketing (relacionamento da empresa
com o cliente na medida em que tem uma compreensão mais aprofundada acerca do seu modo
de pensar, comportamentos, hábitos e costumes, desejos e necessidades), a Publicidade (este
processo persuasivo tentará criar um desejo inconsciente que impulsiona a compra e influencia o
consumidor), a Antropologia (interpretação do significado do consumo num grupo), a Sociologia
(estuda o impacto do consumo numa determinada sociedade e de que modo o ato de compra
interfere na vida quotidiana da sociedade em questão), a Psicologia Social (estratégias de
grupos e processos de influência social) e a Neuropsicologia (os processos neurológicos).
O psicólogo do consumidor tem como saídas profissionais o ensino e investigação em
contexto académico; as agências de publicidade; as empresas de estudos de mercado; as
empresas de consultoria; os departamentos de investigação e as agências governamentais e
não-governamentais de defesa do consumidor, onde exercem funções específicas como: avaliar
as tendências consumistas do ser humano; analisar todo o processo de consumo característico
num indivíduo; explicar a razão pela qual os indivíduos tendem a adquirir determinados produtos;
estudos de mercado de modo a fazer com que o produto seja bem recebido no mercado.
Alguns dos métodos e técnicas utlizados no desempenho das suas tarefas são os
inquéritos, os focus group (grupo em que se discutem preferências e opiniões em relação aos
hábitos de consumo e produtos), a observação direta do comportamento do consumidor, as
entrevistas individuais e o neuro marketing (visa analisar o comportamento de consumo das
pessoas, recorrendo à ressonância magnética funcional, que permite aos investigadores estudar
que áreas cerebrais se encontram ativas nos momentos da decisão de compra).
Psicologia do Ambiente
Podemos entender a Psicologia Ambiental, como a área que se dedica ao estudo da
interação entre o indivíduo, o “ambiente natural” e o “ambiente construído”. Estuda a influência
que o ambiente exerce sobre o comportamento humano e a influência que o nosso
comportamento tem sobre o meio que nos rodeia.
Por isso, a psicologia ambiental procura compreender estas interações, para poder
encontrar respostas para as consequências e arranjar soluções, estratégias ou ferramentas de
intervenção que incentivam a mudança. Alguns exemplos de problemáticas que podem ser alvo
da intervenção da psicologia ambiental são a influência exercida pelo ambiente na saúde;
intervenção ao nível do apoio psicológico e melhorias no ambiente de trabalho; a relação entre o
stress e a qualidade do ambiente em contexto urbano; o impacto provocado por grandes obras
civis nas paisagens, ecossistemas, fauna e flora de uma região; e os problemas ambientais
provocados pelo grande crescimento populacional e modelo de sociedade atual.
Esta área da psicologia relaciona-se com as seguintes áreas: geografia, arquitetura,
psicologia social, psicologia cognitiva, ergonomia, sociologia e antropologia urbana, paisagismo,
engenharia florestal.

Psicologia do Desporto
A Psicologia do Desporto é uma área que analisa e estuda os processos internos e
externos (pensamentos, emoções e comportamentos) que influenciam positivamente ou
negativamente todos os praticantes e agentes envolvidos. Tem como objetivo auxiliar técnicos e
atletas a solucionar as suas dificuldades psicológicas e sociais, com vista a melhorar a sua
performance. Esta área relaciona-se com a Psicologia Organizacional, Clínica, Educacional,
Neuropsicologia, Social, Psicologia do Desenvolvimento e Motricidade.
O psicólogo do desporto pode desempenhar as suas funções em federações,
associações, clubes desportivos, escolas de formação e clínicas de recuperação, intervindo a
nível da motivação, comunicação entre treinador e atleta, atenção e concentração, formulação
de objetivos, competências emocionais, recuperação de lesões, ansiedade competitiva e
preparação psicológica para uma competição. Para tal, o psicólogo do desporto deve possuir
aptidões como: ajudar os atletas a desenvolver estratégias de conciliação entre a vida pessoal e
a prática desportiva; apoiar as equipas técnicas na promoção das suas competências de
comunicação; prestar consultas aos atletas e aconselhar os jovens atletas no modo como lidam
com a ansiedade, angústia, stress, falta de concentração, fadiga.
Os psicólogos do desporto utilizam diversos métodos, sendo estes: observação,
entrevistas, experiências em laboratório, experiências pedagógicas, testes, imagética (criar ou
recriar experiências na mente do individuo), rotinas de pré-desempenho (ações e
comportamentos que os atletas usam para se preparar para um jogo ou performance) e self-talk.

Psicologia Clínica
A Psicologia Clínica visa melhorar o ajustamento do indivíduo consigo mesmo e com
os outros através da prevenção, diagnóstico e tratamento de distúrbios e perturbações de
caracter emocional, comportamental e psicológico. A APA definiu os objetivos da psicologia
clínica como a perceção, previsão e alivio do mau ajustamento, incapacidade e desconforto para
promover a adaptação humana, o ajustamento e o desenvolvimento pessoal. Relaciona-se com
subdivisões da psicologia, tais como: a neuropsicologia, a psicologia da saúde e a psicanálise.
Além das consultas de caráter particular, o psicólogo clínico poderá atuar junto de
centros de saúde ou hospitais, em cooperação com equipas médicas, em instituições escolares,
de assistência ou intervenção social, entre outros.
Tem como principal método a entrevista clínica, embora possa recorrer a diversos
exercícios e testes. Frequentemente o psicólogo clínico socorre-se da criação de uma história de
caso proveniente das várias entrevistas para que possa adotar o método terapêutico mais
indicado perante os fatores genéticos, individuais e sociais do paciente.
O trabalho do psicólogo pode prender-se, também, com a medição e avaliação da
inteligência e de aptidões gerais dos indivíduos; a mediação, descrição e avaliação da
personalidade; e a investigação.

Psicologia Da Saúde
A Psicologia da Saúde visa perceber como os fatores sociais, comportamentais e
biológicos têm influência na doença e na saúde dos pacientes. Pretende perceber a inter-relação
entre o comportamento ou o estilo de vida da pessoa, e a sua saúde.
Através de aconselhamento psicológico, o psicólogo da saúde atua a nível da prevenção
da doença, promovendo um estilo de vida mais saudável e diminuindo a exposição a situações de
ameaça à sua saúde; e na adaptação à doença, auxiliando o indivíduo na vivência com
determinada doença. Para além disso, tem também como objetivos: compreender a génese e
manutenção dos problemas de saúde; facilitar e potenciar o diagnóstico e tratamentos médicos;
avaliar e tratar; e melhorar os sistemas de cuidados de saúde.
A avaliação psicológica é realizada através de entrevistas clínicas, avaliações cognitivas
e comportamentais e da concretização de atividades relacionadas com o contexto.
Este trabalho desenvolve-se em variados locais, tais como: hospitais, maternidades,
unidades de internamento hospitalar ou centros de saúde; consultórios e clínicas; centros de
reabilitação e organizações comunitárias; setor de ensino, formação e investigação
(desenvolvimento de modelos e teorias que expliquem os comportamentos relacionados com a
saúde); e no próprio local de trabalho (ações de promoção e prevenção de possíveis ameaças à
saúde).

Neuropsicologia
A Neuropsicologia tem como objeto de estudo não o cérebro em si, mas os processos
mentais no cérebro e a sua influência no comportamento humano – une a parte física (i.e., o
cérebro) com a parte mental/comportamental (i.e., os processos mentais e comportamento).
Estuda lesões e/ou disfunções cerebrais de modo a prever de que maneira estas afetam a
personalidade e o comportamento do indivíduo. Relaciona-se com áreas como a psiquiatria, a
linguística, a biologia.
Podem-se distinguir cinco principais áreas de aplicação da neuropsicologia: a área do
ensino e da pesquisa; a área da avaliação neuropsicologia (diagnóstico de casos); o
acompanhamento clínico; a reabilitação cognitiva; e a neuropsicologia forense.
É possível dividir em dois os campos de abordagem metodológica da Neuropsicologia
(clínica e investigação), sendo que em contexto clínico esta pode ser dividida em duas fases:
avaliação (diagnóstico, através de Ressonância Magnética - ver a estrutura do cérebro e verificar
que parte do cérebro se ativa consoante o estímulo apresentado-, Electroencefalograma -
medição da atividade elétrica produzida pelo cérebro-, Tomografia por emissão de positrões,
testes psicométricos) e intervenção. No que diz respeito à investigação, um dos elementos
fulcrais da Neuropsicologia é a Realidade Virtual.

Psicologia Comunitária
A Psicologia Comunitária pretende perceber as pessoas dentro e fora da sociedade e
usar este conhecimento para melhorar o bem-estar das mesmas no sistema social, tendo como
valores fundamentais: o bem-estar individual, o sentimento de comunidade, a justiça social, a
participação cívica, a colaboração e fortalecimento comunitário, o respeito pela diversidade e a
fundamentação empírica. Relaciona-se com áreas como a Psicologia Comunitária, Criminal,
Social, Clínica e Educacional.
A intervenção dos psicólogos comunitários ocorre ao nível da reinserção individual, de
intervenções sobre o indivíduo, intervenção sobre a população, intervenções sobre o sistema
social, intervenções intersistemas e intervenção sobre toda a rede social.
O principal foco da intervenção social é a alteração das relações sociais entre indivíduos,
grupos, associações ou instituições com impacto na sociedade em geral ou num grande número
de indivíduos ou grupos. Ao nível da Intervenção Comunitária realça-se a criação de recursos
comunitários combinados com as ações realizadas pela comunidade em si.
Alguns exemplos de locais de intervenção são: Centros Regionais de Segurança Social,
Ministério da Educação e da Justiça, Instituto de Solidariedade e Segurança Social, Instituto de
Reinserção Social, Comissões de Proteção de Menores, Câmaras Municipais, Escolas e Centros
de Saúde.
Utilizam métodos como: entrevistas, conversas informais, visitas a casas da população,
diários de campo e resgate histórico e cultural da comunidade.

Psicologia da Justiça
A Psicologia da Justiça divide-se em 2 vertentes: forense e criminal. A psicologia
forense lida com tribunais da justiça e foca-se no trabalho de um pequeno número relativo a
práticas psicológicas. A psicologia criminal é aplicada a aspetos psicológicos do comportamento
humano criminal e inclui questões como a origem da criminalidade na sociedade ou na vida
pessoal e emocional do indivíduo. Encontra-se relacionada com áreas como a investigação, a
psicologia do desenvolvimento, social, organizacional, educacional e neuropsicologia.
Os psicólogos de justiça intervêm no Instituto Nacional de Medicina Legal, Tribunais,
Ministério Público, estabelecimentos prisionais, comissões de proteção de crianças e jovens,
centros de reeducação de jovens.
O psicólogo criminal deve ser dotado de competências específicas, entre elas: apoiar
técnicos na seleção e formação de elementos das forças de segurança; elaborar perfis
psicológicos que auxiliem na identificação e captura de potenciais criminosos; gerir incidentes e
conflitos que possam ocorrer em contexto de estabelecimento prisional; identificar perturbações
comportamentais, e perturbações ao nível psicológico; e acompanhamento de reclusos quando
em situação de liberdade.
Alguns dos métodos utilizados são os testes psicológicos, inventários, entrevista clínica,
observação e terapia.
Psicologia Educacional
A Psicologia Educacional é a área da psicologia que se ocupa do estudo do ensino e
da aprendizagem de crianças, jovens e adultos, tendo como objetivo maximizar a aprendizagem.
Cruza-se com áreas como a Psicologia Escolar, do Desenvolvimento e Clínica.
O psicólogo educacional tem como principais funções a avaliação e a diagnose não só
de dificuldades de aprendizagem como também detetar a necessidade de um ensino especial e
ainda problemas de desenvolvimento, procurando desenvolver e aplicar estratégias de
educação, motivação e intervenção psicopedagógicas adaptadas aos diferentes problemas
individuais. O psicólogo educacional deve desempenhar também funções a nível do ensino
especial, avaliação psicológica, apoio psicológico e em problemas específicos bem como na
orientação vocacional; a nível educativo e escolar. Este pode não só intervir a nível individual,
como também coletivamente ou em instituições como creches, jardins-de-infância, escolas,
internatos, universidades, comissões regionais e autarquias, serviços de ação social, centros de
emprego, associações locais, comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ), segurança
social, centros de saúde e hospitais, projetos de iniciativa municipal do âmbito educativo,
conceção de campanhas educativas.
Recorrem essencialmente a metodologias como a avaliação coletiva ou individual, as
entrevistas, a observação dos alunos em diversos contextos, conferências/colóquios sobre
temáticas relacionadas com a educação, entre outros.

Psicologia do Trabalho e das Organizações

A Psicologia Organizacional tem como objetivo principal estudar o comportamento dos


indivíduos nos locais de trabalho e proporcionar-lhes o melhor bem-estar possível de modo a
que a produtividade seja máxima. Um psicólogo organizacional pode intervir na estrutura da
empresa de modo a que os objetivos sejam atingidos. Um psicólogo que trabalhe neste ramo da
psicologia ajuda as empresas a resolverem os problemas em diversos aspetos tais como
estrutura, liderança, ambiente, satisfação do trabalhador e mudanças organizacionais. Este ramo
da psicologia está muito ligado também à Psicologia do Trabalho e das Empresas e à Gestão de
Recursos Humanos.
O psicólogo organizacional possui funções a nível da estrutura do ambiente e do
trabalho, seleção e avaliação do pessoal, aconselhamento e desenvolvimento individual,
ergonomia, gestão de desempenho, melhoria da satisfação do trabalhador, aconselhamento aos
funcionários e desenvolvimento e mudança organizacional.

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