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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DIREITO ADMINISTRATIVO

Teoria Geral da Organização Administrativa

A organização pública é um grupo humano estruturado pelos representantes de


uma comunidade com vista à satisfação de determinadas necessidades colectivas
desta.

O conceito de organização pública integra quatro elementos, a saber:

1. Um grupo humano;
2. Uma estrutura, isto é, um modo particular de relacionamento dos vários
elementos da organização entre si, e com o meio social em que ela se insere;
3. O papel determinante dos representantes da colectividade, no modo como se
estrutura a organização;
4. Uma finalidade, que se traduz na satisfação de necessidades colectivas
determinadas.

A Administração Pública é constituida pelo conjunto das organizações públicas, cujo


número cresce dia após dia, devido ao fenómeno da diferenciação da Administração
Pública, por outras palavras, devido à tendência para fazer corresponder a cada
interesse colectivo uma organização especificamente destinada a prossegui-lo, sem
prejuizo do crácter unitário fundamental da Administração Pública.

Elementos da Administração Pública

A Administração Pública é integrada por três elementos:

i. As pessoas colectivas públicas;


ii. Os órgãos (administrativos); e
iii. Os serviços públicos.

Pessoas colectivas públicas


São entes colectivos criados por iniciativa pública para assegurar a prossecução
necessária de interesses públicos, dispondo de poderes públicos e estando
submetidos a deveres públicos.

Muitos têm sido os critérios propostos para caracterizar as pessoas colectivas de


direito público: o da criação pelo Estado (i); o da tutela do Estado (ii); o dos fins
coincidentes com os fins do Estado (iii); o dos fins de realização obrigatória (iv); o da
titularidade de poderes de supremacia sobre outras pessoas (v) e outros ainda (vi).

Para determinarmos quais sejam as pessoas colectivas que devam ser


consideradas de direito público parece indicado que se atenda aos caracteres
distintivos deste grande ramo da Ordem Jurídica. Ora, o que caracteriza o Direito
Público é a protecção directa e imediata dos interesses públicos, resultando da
supremacia destes a atribuição de prerrogativas aos sujeitos de direito que os
prosseguem.

Portanto, podemos afirmar que pessoa colectiva pública é aquela que nasça da
necessidade de realização de interesses públicos, isto é, interesses que sejam
considerados fundamentais para a existência, conservação e desenvolvimento da
sociedade política.

Do facto de terem por missão realizar interesses públicos, resulta que tais pessoas
colectivas recebam da lei prerrogativas de autoridade que ficam a pertencer-lhes
como poderes próprios e não por serem concedidos ou delegados por outra pessoa
colectiva.

Estas prerrogativas podem ser: a faculdade da prática pelos órgãos da pessoa


colectiva pública de actos definitivos e executórios anuláveis somente em recurso
contencioso; a de lançar impostos ou fixar taxas; a de fazer regulamentos de polícia
obrigatórios por autoridade própria; a de executar decisões dos seus órgãos por
meios próprios; a de requisitar bens, etc.

Consideramos, assim, pessoas colectivas de direito público, além do Estado,


aquelas que, sendo criadas por acto do Poder Público, existem para a prossecução
necessária de interesses públicos e exercem em nome próprio poderes de
autoridade.
Classificação das pessoas colectivas públicas.

As pessoas colectivas públicas podem ser classificadas segundo duas correntes de


pensamento jurídico-administrativo.

A primeira corrente classifica-as em cinco espécies:

a. Estado-Administração (Administração Pública stricto sensu);


b. As pessoas colectivas de população e território, isto é, as Autarquias Locais e
Regiões Autónomas;
c. As pessoas colectivas de natureza institucional, abarcando os institutos
públicos, que podem ser serviços personalizados, fundações públicas e
estabelecimentos públicos;
d. As pessoas colectivas de natureza empresarial, correspondentes às
empresas públicas; e
e. As pessoas colectivas de natureza associativa, correspondendo às
associaões públicas.

A segunda corrente classifica as pessoas colectivas do seguinte modo:

1) O Estado-Administração;
2) As pessoas colectivas autónomas, correspondentes àquelas que são
reconhecidas pelo Estado, enquanto formas de auto-organização, para a
prossecução de interesses públicos próprios de comunidades de cidadãos,
subdividindo-se em:
a) Pessoas colectivas autónomas de base territorial, como os Municípios e
as Povoações, no caso de Moçambique; e
b) As pessoas colectivas públicas autónomas de base corporativa, como é o
caso de muitas associações públicas.
3) Pessoas colectivas instrumentais, que são aquelas que são criadas pelo
Estado para a prossecução dos fins públicos, que ao próprio Estado cabe
prosseguir. Subdividem-se em pessoas colectivas instrumentais de fim
lucrativo, como são as empresas públicas, pessoas colectivas públicas de fim
não lucrativo, como é o caso dos institutos públicos.

O denominador comum das pessoas colectivas públicas instrumentais é o facto de


constituirem todas elas a Administração indirecta do Estado.
Segundo MARCELLO CAETANO1, as pessoas colectivas públicas classificam-se,
em geral em:

a) Pessoas colectivas de populaçãoe território ou pessoas colectivas de tipo


territorial (Estados, regiões, autarquias locais);
b) Pessoas colectivas de tipo institucional (institutos públicos); e
c) Pessoas colectivas de tipo associativo (corporações e outras associações
públicas).

Próxima aula: “Os Órgãos Administrativos”.

1
CAETANO, Marcello, Manual de Direito Administrativo, Volume I, 10a Edição, Almedina, Coimbra,
1997, p. 185.

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