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M A S A R Y K O V A UNIVERZITA V B R N E

Filozofická fakulta

Ustav románských jazyků a literatur


Portugalský jazyk a literatura

Eva Miškovičová

O USO DAS FRASES FEITAS


Bakalářská diplomová práce

Vedúci práce: Mgr. Iva Svobodová, Ph.D.

Brno 2008
Prehlasujem, že som bakalársku diplomovú prácu vypracovala
samostatne s využitím uvedených prameňov a literatúry.

V Brne dňa 27.4. 2008

2
Za cenné pripomienky, venovaný čas, trpezlivosť a predovšetkým odborné vedenie mojej
bakalárskej práce by som veľmi rada poďakovala Mgr. Ive Svobodovej.

3
INDICE

INDICE 4
INTRODUCÄO 5
1. DEFINigÄO D E FRÄSE FEITA; P R O C U R A D A S SUAS COMPONENTES
E D A SUA O R I G E M 6
2. O R I G E M D A S FRASES FEITAS 8
3. C A R A C T E R I S T I C A D E FRASES FEITAS 14
3.1. Fixacäo e idiomaticidade 14
3.2. A idiomaticidade e diversos procedimentos de formacäo de frases feitas 16
4. PREC ARIED A D E 20
5. ACEIT ABILID A D E E INACEIT ABILID A D E D A S FRASES FEITAS
E M DETERMTNADOS CONTEXTOS SOCIAIS 21
5.1. Entre amigos da escola 22
5.2. Entre colegas de trabalho 23
5.3. Relacäo medico-paciente 25
5.4. Relacaö meio religioso 26
5.5. Ascendentes e pessoas mais velhas 27
5.6. No comercio 28
5.7. Relacäo conjugal 28
5.8. Espaco da vida noturna 29
6. ANÄLISEINTERDISCIPLFNAR 29
6.1. Aprendizagem e ensino de frases feitas 29
6.2. Traducäo de frases feitas 31
CONCLUSÄO 32
FRASES U S A D A S 34
BIBLIOGRAF! A 38

4
INTRODUCÄO

As frases feitas säo, frequentemente, confundidas com os provérbios populäres, facto


que é em čerta medida até compreensível.

O objectivo do nosso trabalho será estudar as locugöes chamadas frases feitas ou


expressöes idiomáticas. Embora o nome correcto para designar este fenómeno sej a modismo,
locuqao popular ou idiotismo, utilizaremos, neste trabalho, o nome mais vulgar, ou sej a frases
feitas.

O nosso primeiro objectivo consistirá em procurar as características típicas para elas e


em observar como actuam dentro de um determinado contexto.

Comecaremos por definir as frases feitas e por estabelecer as regras que devem ser
respeitadas para que sej am consideradas como tal. A continuacäo, tentaremos explicar em que
circunstäncias säo usadas e em que circunstäncias caem em desuso. Tentaremos demonstrar
diferentes contextos sociais unidos com aceitabilidade ou inaceitabilidade das frases feitas
dentro e fora de um determinado grupo social. Incluiremos no nosso estudo, também, o
problema da efemeridade temporal das frases feitas, o problema da gramática normativa da
lingua de alguns grupos sociais, o problema da classificacäo funcional da lingua dedicando-
nos ao uso de linguagem em diferentes registos: linguagem profissional, familiar, escolar,
comercial, politica, artistica...
Incluiremos no nosso estudo, igualmente, os regionalismos e as expressöes que estäo
na moda, assim como outros processos linguisticos que decorrem na criacäo de frases feitas,
acentuando o facto de as frases feitas serem frequentemente consideradas como meio
linguistico com os quais se tira a tensäo e a gravidade de assuntos desagradáveis.
Sustentaremos, em base de exemplos concretes, a nossa opiniäo de que as frases feitas
facilitam a comunicacäo e influenciam o estado geral da nacäo.

5
1. DEFINICAO DE FRASES FEITAS; PROCURA DOS SEUS
COMPONENTES E DA SUA ORIGEM

Para definir uma frase feita, levaremos em consideracao diferentes pontos de vista.
Um deles e que a frase feita, para ela ser considerada como tal, deve ter um sentido implicito.
Caso nao o tenha (por varios factores abaixo mencionados), ela (ou os componoentes dela)
continua apenas a existir como mera curiosidade historica (no caso de ter/terem sido
documentada/as).
Utilizemos o seguinte exemplo como prova de que a interpretacao da mensagem
contida numa frase feita nao corresponde com a soma dos significados literals das palavras
por elas constituida, mas sim de uma forma mais subliminar ou implicita.
Imagine-se uma crianca que preste pouca atencao ao que lhe e pedido. Naturalmente,
0 seu tutor, sendo consciente do seu dever de a educar, e sabendo tambem que uma atitude
demasiado directa para com a crianca podera feri-la emocionalmente, tern a hipotese de usar
uma frase feita proferida de forma terna como: "Sua cabega de alho chocho!" . Claro que 1

todos nos sabemos que esta frase e usada no sentido figurativo, sendo o resultado previsto que
a crianca entendera de forma nao violenta que o seu dever e prestar maior atencao, mantendo-
se entre os dois participantes do dialogo uma forma de comunicacao pacifica.
Outra caracteristica das frases feitas e a facilidade de memorizacao e para isso devem
ser cumpridas tres condicoes; uma diccao facil, uma compreensao facil e a brevidade.
Analisemos o seguinte exemplo:
"Fia-te na virgem e nao corras! " 2

Esta e uma frase feita bastante popular usada para recomendar a alguem que confie na sorte
ou no acaso e nao faca nada para atingir o objectivo. Pode ser considerada como frase feita, j a
tern uma diccao e rapidez exigidas, mas, quanto ao terceiro factor, surge neste ponto a
seguinte questao: Como se difundiu o seu significado implicito? A frase feita e, sem duvida,

1
P R A Q A , Afonso: Novo Diciondrio do Caldo, Casa das Letras, 3 edigao, 2005, pag.57.
a

SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Diciondrios de Expressdes Idiomdticas, Edigoes Joao Sa da Costa,
Lisboa, 1990, pag.389.

6
fácil de entender sendo que num pais maioritariamente católico como Portugal, o sujeito da
frase (Virgem) é considerado como uma entidade divina, capaz de exercer influéncia activa
nos desígnios de Deus. E assim entendido o seu significado: fia-te na boa vontade desta
entidade.
No caso das frases feitas de entendimento mais restrito, usadas, por exemplo, nos registos
dos grupos marginais, será possível aplicar a regra de fácil memorizacao mas, devido ao seu
carácter marginal, nao se poderá esperar dela uma fácil difusáo.
Frequentemente, as frases feitas sáo vinculadas ás línguas onde foram criadas e nao
podem ser traduzidas literalmente. E impossível, em grande parte dos casos, manter o sentido
da frase feita ao traduzi-la literalmente para outro idioma. Por exemplo, ao traduzir a frase
feita checa "dělatpsí oči" para o portugués, o resultado provocará um mal entendido. Para o
portugués "ter/fazer olhos de cáo" poderá significar tudo, menos o que os checos entendem,
ou sej a, ter olhos tristes. Para traduzir esta expressáo correctamente, teríamos de recorrer nao
ao significado textual de cada palavra, mas q frase feita que melhor se aproxima do
significado seria "ter olhos de carneiro malmorto". 3

Há casos em que podemos encontrar todas as 3 características (uma diccáo e


compreensáo fáceis e a brevidade) em uma única palavra:
"sopas" - palavra, que é equivalente a "negar um pedido ou um favor, recusar".
4

Imaginemos o seguinte encadeamento circunstancial. Duas raparigas j ovens encontram-se na


manhá seguinte a uma saída nocturna da discoteca. Naturalmente, o terna da conversa
comecará por um comentário referente aos acontecimentos que ocorreram na noite anterior.
Uma delas diz:
"Reparei que aquele rapaz do cabelo encaracolado meteu conversa contigo antes
de eu me ir embora. Fiquei curiosa por saber o que é que ele queria."
Diz a outra: "Sim, de facto meteu. Ele queria o meu numero de telefone. Mas, sopas!"
Usando "sopas", a primeira falante pretende informar á segunda de que, apesar dos
esforcos do rapaz, nao aconteceu nada.

Outro objectivo que no nosso estudo pretenderemos atingir será esclarecer, sobretudo, de
forma objectiva e crítica a relacáo entre o uso das frases feitas e a classificacáo funcional da
linguagem (registos politico, de religiáo, de grupos marginalizados, registo familiar, registo

3
SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Dicionários de Expressoes Idiomáticas, Edigoes Joáo Sá da Costa,
Lisboa, 1990, pág.92.
4
P R A C A , Afonso: Novo Dicionário do Calao, Casa das Letras, 3 edigáo, 2005, pág.230.
a

7
humorístico), apresentando exemplos representativos de alguns grupos sociais que
contribuem, em grande medida, á criacäo permanente de novas frases feitas.
Mencionemos, no início, a frequéncia das frases feitas usadas na linguagem dos políticos
que deveriam saber exprimir as suas opiniöes e identificar os ideais do povo para ganhar a
confianca requisitada para a sua eleicäo. Esta subtileza pode parecer irrelevante do ponto de
vista linguístico, mas se levarmos em consideracäo o facto de que o resultado da comunicacäo
e das eleicöes depende da forma de traducäo a de interpretacäo pelo povo, entenderemos
melhor porque as novas frases säo memorizadas e repetidas facilmente.

2. ORIGEM DAS FRASES FEITAS

Como o problema dos factores originärios das frases feitas e muito vasto e impossivel
de ser elaborado plenamente, limitar-nos-emos, nesta parte do nosso estudo, a mencionar so
aqueles que säo relacionados com as sub-linguas e linguagens abaixo mencionadas:

Registo familiar:
"täs a estrilhar!" - fräse usada numa classe social marginal com que o falante
pretende reclamar alguem por estar a falar alto. A forma "täs" corresponde com a
forma correcta "estäs". A origem da palavra "estrilhar" e o substantivo "estridente"
que se transformou num verbo que näo existe mas que e parecido foneticamente com o
verbo estilar (emitir um som muito alto e agudo, ou estridente, como o de certos
insectos).

"täs a ceber? " - a forma correcta de fazer esta pergunta seria "estäs a perceber?". Esta
fräse feita mostra claramente o resultado de apressar a comunicacäo desrespeitando as
regras do portugues correcto. Poderiamos interpretar esta pergunta literalmente, ou
seja, poderiamos pensar que o autor da pergunta pretende mesmo saber se o ouvinte
estä a entender o que estä a ser dito. Se assim fosse, näo poderiamos aceitä-la como
fräse feita, pois o seu sentido seria imediato e näo implicito. Mas esta pergunta tem
ainda um outro propösito. O de chamar a atencäo sobre o locutor para aquilo que se

8
está a dizer, sendo que todos nós usamos, sem pensar, uma estratégia comportamental
para captar atencäo dos potenciais ouvintes. Algumas destas estratégias podem ser
reconhecidas facilmente, outras, por sérem mais complexas já se misturam com o
carisma individual tornando-se mais difíceis de identificar. Entre as estratégias mais
fáceis de apontar mencionemos as seguintes: falar sempře mais alto do que as outras
pessoas, gesticular com os bracos enquanto se fala, tocar repetidamente no ombro do
ouvinte para que o mesmo se mantenha atento, dar gargalhadas ruidosas ou
notoriamente cómicas, ou (e esta é a que nos interessa aqui) dizer no fim de cada frase
"tás a ceber?", com o que obrigamos o ouvinte näo só a manter-se atento como a
concordar com o que está a ser dito. E, tendo este sentido secundário implícito,
segundo a nossa opiniäo podemos considerar esta pergunta como frase feita.

"Entrar com o factor C" - frase usada para se referir a uma pessoa que conseguiu
uma coisa gracas a conhecer pessoas influentes que a ajudaram; dizemos que alguém
meteu uma cunha (por elaf

Registo académico:
"Levar um R" - sofirer uma reprovacao, (sendo o componente R abreviatura de
reprovado).

Quando o vocabulário dos falantes é insuficiente para exprimir as ideias deles, é natural que
eles recorram a sons, onomatopeias ou que inventem derivacöes (variacöes) de palavras
existentes pronunciando-as com a entoacao correspondente á emocäo ou á ideia que
pretendem transmitir. Estas frases feitas podem ser consideradas como inovativas e passam
pelo mesmo processo das frases feitas.

"e tumba catatumba" - diz-se quando se imita o som de uma queda;


6

"[dd:]" - este som é feito por algumas pessoas para imitar outrem cujo
comportamento é compreendido pelo locutor como pouco inteligente ou digno de
deficiente;

5
SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Dicionários de Expressöes Idiomáticas, Edigöes Joäo Sá da Costa,
Lisboa, 1990, pág.131.
6
N E V E S , Orlando: Dicionário de Frases Feitas, Lello&Irmao, Porto, 1991, pág.362.

9
"deu-lhe a travadinha" - significa que alguém sofreu uma mořte subita e inesperada.
A palavra "travadinha" é associada semanticamente ao verbo "travar" (parar), o qual
em concreto, refere que a vida da pessoa foi travada repentinamente. Neste caso,
encontramos duas razöes que justificam que esta frase sej a considerada como frase
feita. Uma é que o interlocutor pretende evitar exprimir directamente a realidade,
sendo possível caracterizar este tipo de frases feitas como eufemismo (com um sentido
implícito).

Como vemos, na origem de muitas frases feitas estäo, também, temas desagradáveis
como por exemplo: a mořte, a doenca, os impostos, as necessidades fisiológicas, as alteracöes
no estado de consciéncia resultante da administracäo de substancias tóxicas (álcool, canabis,
relaxantes musculares, neuro-estimulantes,...), a fome, a zanga, o castigo, a pobreza, a
necessidade de fuga, a preguica, a zaragata, a velhice, ou o roubo, ou sej a, temas que, por
sérem desagradáveis, evocam inevitavelmente a vontade de os referir de uma forma mais
branda e de transmitir a mensagem o mais rapidamente possível para näo entrar em
pormenores sórdidos e repugnantes. Assim surgem maneiras de referir assuntos como os
acima mencionados de forma indirecta / implícita, por vezeš brincalhona para lhes retirar a
gravidade. Os seguintes exemplos podem mostrar de que forma este fenómeno é importante
na constante criacäo de novas frases feitas:

Para referir a mořte:


"Dar o tristepio" .8
Nesta frase, interpretemos o triste pio como o ultimo suspiro antes
de um ser vivo morrer.

"Estar a quinar" . Esta frase feita refere-se a um ser vivo mas moribundo,
9

agonizante. O verbo "quinar" significa "fazer dobras em ängulo vivo", ou sej a verbo,
que contem duas componentes semánticas (vida x mořte). Esta frase feita refere-se,
entäo a alguém que passa a fronteira (vértice) da vida para o outro lado.

7
P R A Q A , Afonso: Novo Dicionário do Caläo, Casa das Letras, 3 edicäo, 2005, pág.401.
a

8
SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Dicionários de Expressöes Idiomáticas, Edicöes Joäo Sá da Costa,
Lisboa, 1990,pág.312.
9
P R A C A , Afonso: Novo Dicionário do Caläo, Casa das Letras, 3 edicäo, 2005, pág.401.
a

10
"Dormir o sorto eterno" . Neste exemplo manifesta-se a vontade de embelecer o
assunto da mořte recusando-o. A o dizer que alguém dorme para sempře evita-se
mencionar a palavra "mořte".

"Ir desta para melhor" 11


. Aqui referimo-nos a alguém que vai desta vida para uma
melhor (neste caso: a do paraíso); este exemplo prova mais uma vez a necessidade de
aliviar a tencao envolvida na mořte.

"Mora no jardim das tabuletas " n


. Ser inumado (enterrado) no cemitério.

Para referir a doen^a:


"Estar de molho. " . alguém que por ter gripe está acamado em casa.
n

"A chocar alguma." Usa-se quando se pensa ter gripe ou estar engripado ou quando se
suspeita ter febre.

"Nao andar muito católico. " u


Alguém que náo está totalmente saudável e com
pequenos problemas de saúde como tosse e dores de garganta, que nao o obrigam a
ficar em casa.

"Chamar o Gregório. " 15


Frase feita para designar o acto de vomitar.

"Deitar a carga ao mar. " 16


Frase feita usada para referir o acto de vomitar.

SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Diciondrios de Expressdes Idiomdticas, Edicoes Joao Sa da Costa,
Lisboa, 1990, pag.355.
11
SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Diciondrios de Expressdes Idiomdticas, Edicoes Joao Sa da Costa,
Lisboa, 1990, pag.252.
12
N E V E S , Orlando: Diciondrio de Erases Eeitas, Lello&Irmao, Porto, 1991, pag.219.
13
SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Diciondrios de Expressdes Idiomdticas, Edicoes Joao Sa da Costa,
Lisboa, 1990, pag.259.
14
Ibidem, pag.99.
15
Ibidem, pag. 199.
16
Ibidem, pag.92.

11
Para referir necessidades fisiologicas:
"Vou mijä, mas volto" E uma brincadeira de palavras que imitam o sotaque do
portugues do Brasil e que significa que alguem vai ä casa de banho urinar e que depois
volta. Outras frases feitas que tem o mesmo significado, säo as seguintes: "Despejar a
ägua aos tremogos " ; "Ir obrar ".
]7

"Vou arrear o calhau " 18


Ir ä casa de banho defecar. Outras frases feitas com o mesmo
significado: "Aliviar a tripa " ; "mudar a ägua äs azeitonas " .
19 20

Para referir o estado de alcoolemia ou outros efeitos secundärios do uso de


substancias toxicas (comprimidos, drogas):
"Achar a ruapequena." . Andar bebedo.
21

"Estar com uma grande moca. " Designa o efeito do canabis.


"Corr er/visitor as capelinhas todas. " Entrar em todos os bares de uma determinada
zona para beber älcool.
"Apanhar uma carraspana" . Apanhar uma bebedeira.
23

"Estar drunfado" . 24
Tomar, em excesso, qualquer acalmante, hipnötico ou drunfo
(comprimido sedativo).

Para referir a fome:

"Ter a barriga a dar horas " \ "ter bicho a roer " . Estar com fome no momento.
2 26

Para referir a zanga:

"Andar/estar/ficar de trombas" '. 2


Estar mal-humorado, amuado, descontente por
alguma razäo.
17
N E V E S , Orlando: Dicionärio de Frases Feitas, Lello&Irmao, Porto, 1991, päg. 131.
18
Ibidem, pag.80.
19
Ibidem, pag.375.
Ibidem, pag.8.
2 0

N E V E S , Orlando: Dicionärio de Frases Feitas, Lello&Irmao, Porto, 1991, pag.414.


2 1

SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Dicionärios de Expressöes Idiomäticas, Edicöes Joäo Sä da Costa,
2 2

Lisboa, 1990, päg.87.


Ibidem, päg.93.
2 3

24
P R A C A , Afonso: Novo Dicionärio do Caläo, Casa das Letras, 3 edicäo, 2005, päg.99.
a

SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Dicionärios de Expressöes Idiomäticas, Edicöes Joäo Sä da Costa,
2 3

Lisboa, 1990, päg.43.


N E V E S , Orlando: Dicionärio de Frases Feitas, Lello&Irmäo, Porto, 1991, päg.346.
2 6

12
"Ir aos arames " Estar prestes a uma explosäo de fúria, zanga ou proteste

Para referir o castigo, a repreensäo:

"Ler a cartilha a alguém " ". Recordar a alguém os seus deveres ou obrigacôes.
29

"Levar um aperto (de calos) " Receber erítica, repreensäo.


30

Para referir a pobreza:


"Andar sem sal" . O sal refere-se ao dinheiro. Näo ter o dinheiro suficiente.
31

"Näo ter onde cair morto " . Ser extremamente pobre.


32

Para referir necessidade de fuga:


"Fugir a sete pés " . Fugir a uma grande velocidade.
33

Para referir a preguica:


"Näo levantar uma palha. " , "Näo levantar um dedo. " , "de papo para o ar ",
34

"de braqos eruzados. " 36


Estas frases feitas referem-se á preguica, ociosidade,
vadiagem.

Para referir a zaragata:


"Com os nervos em franja" . 37
Estar em estado de grande nervosismo; irritar-se
facilmente.

Para referir a velhice:


"Ter uma carrada de anos" , "velho como a Sé de Braga" , 38
"ser um jarräo" .
39
Diz-
se de pessoa idosa, com ideias antiquadas.

Ibidem, pag.375.
2 7

Ibidem, pag.26.
2 8

Ibidem, pag.95.
2 9

Ibidem, pag.22.
3 0

N E V E S , Orlando: Diciondrio de Frases Feitas, Lello&Irmao, Porto, 1991, pag.394.


3 1

Ibidem, pag.265.
3 2

Ibidem, pag.200.
3 3

Ibidem, pag.260.
3 4

Ibidem, pag.260.
3 5

Ibidem, pag. 120.


3 6

SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Diciondrios de Expressdes Idiomdticas, Edicoes Joao Sa da Costa,
3 7

Lisboa, 1990, pag. 185.


Ibidem, pag.65.
3 8

Ibidem, pag.213.
3 9

13
Para referir o roubo:
"Pilha-galinhas" 40
Refere-se á pessoa que roubá pequenas coisas; ratoneiro.

Algumas das frases feitas podem também derivar de frases completas, onde se usaram
todas as palavras necessárias de acordo com as regras sintácticas e gramaticais para transmitir
uma ideia, mas postedormente, com o uso repetido, passa-se a entender a ideia sem que sej a
necessário usar todos os componentes sintácticos. Este tipo de frases feitas passou de um
estado primário (da frase completa) para um resultado final (que é a firase feita), onde o seu
sentido será implícito.
Por exemplo, no seguinte caso, a frase feita "já a pregou ou está para a pregar " é
usada quando se desconfia de alguém que pretende mentir. Nesta frase feita subentende-se o
sentido implícito da palavra "mentira", o que, mais tarde com a repeticao da frase e o intuito
de acelerar a comunicacao, substituiu-se pela preposicao "a".

3. CARACTERÍSTICAS DE FRASE FEITA


3.1. Fixa^áo e idiomaticidade

Existem expressoes caracterizadas como sintagmas fixos. Analisaremos aqui o


significado desta denominacao e a diferenca entre o sintagma fixo e o sintagma livre,
aplicando a regra de substituicao e discriminando o que é a locuqao e o que nao é.

O término locuqao caracteriza Dicionário da Lingua Portuguesa Contemporánea como: 42

1. Palavra ou grupo de palavra com que se exprime uma ideia; termo expressao.
2. Gram. Grupo de palavras que funcionam, semantica e sintacticamente como um tudo, que

equivalem a um só vocábulo.

Existem vários tipos de locucao: adjetival, adverbial, conjuntiva, prepositiva, verbal, viciosa.

4U
Ibidem, pág. 310.
Ibidem, pág.219.
4 1

42
Dicionário da Lingua Portuguesa Contemporánea, Academia das Ciéncias de Lisboa, Editorial Verbo, 2001,
pág.2292.

14
Consideremos a frase "vender a alma ao diabo " como uma expressäo fixa e a frase
"vender tomate a Lucia" como uma expressäo livre, uma vez que existe a possibilidade de o
verbo vender ser juntado com qualquer outro complemento directo e indirecto.
Mas hä frases ("estar-se nas tintas" , "ficar ä quem de a.c") que näo admitem a
44

substituicäo do seu núcleo nominal nem do seu núcleo verbal; näo permitem que o
substantivo sej a indeterminado ou que a preposicäo mude. Estas expressöes säo qualificadas
como sintagmas anómalos, sintacticamente marginais. De facto, as frases feitas e outras
unidades fraseológicas väo invadindo as linguas pelo que resulta difícil aprofundar o seu
conhecimento sem fazer face a estas anomalias. Para compreendé-las melhor, para as analisar
e estudar, é preciso conceder-lhes um carácter linguístico e dotá-las de tracos peculiares. Há
entäo frases feitas nas quais é impossível a substituicäo dos seus diversos componentes, como
por exemplo: "estender o bacalhau"* . Nesta frase é impossível mudar o substantivo (estender
5

o peixe, a carne, etc.). Mas, alem disso, este elemento näo permite modificacöes como
sufixacäo (estender o bacalhauzinho), nem a colocacäo de atributo adjacente (estender o
bacalhau salgado), porque isto presumiria desfazer o sintagma fixo, nem a transformacäo da
frase activa em passiva (o bacalhau foi estendido pela Isabel) ou a nominalizacäo (a extensäo
do bacalhau).
Como outro exemplo da anomalia sintäctica das frases feitas pode servir-nos "tomar
as de vila-diogo" , onde a erase da preposicäo+artigo "as" representa algo tipico para as
46

unidades fraseológicas. Por outro lado, o substantivo vila-diogo näo costuma funcionar como
entrada independente nalguns dicionários, e caso figure como tal entrada, aparecerá
inevitavelmente ligado a esta frase feita, pois é um elemento único, o nome fossilizado da
locueäo. Descobrimos que "tomar äs de vila-diogo" tern dois componentes que näo
suportariam uma anälise sintäctica propriamente dita: um complemento anómalo (äs) e um
nome proprio que constitui um elemento único (vila-diogo). Há muitas expressöes com
anomalias ou com elementos unicos. "Äs tontas" contem forma fixada em feminino plural;
47

"ás furtadelas " , alem de esse feminino estranho, tem fixado o seu núcleo nominal em forma
48

diminutiva. Outras frases feitas contém elementos únicos, de uso exclusivo nas unidades

SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Diciondrios de Expressdes Idiomdticas, Edicoes Joao Sa da Costa,
Lisboa, 1990,pag.l4.
Ibidem, pag.367.
4 4

Ibidem, pag.35.
4 3

SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Diciondrios de Expressdes Idiomdticas, Edicoes Joao Sa da Costa,
4 6

Lisboa, 1990, pag.388.


Ibidem, pag.370.
4 7

Ibidem, pag. 188.


4 8

15
fraseológicas, como por ex. "Abre-te, Sésamo!" , "Abui! Abui!" , "Anda-me, Zefa!" , etc.
Chamaremos estes elementospalavras diacríticas, adoptando a denominacäo de Zuluaga. 52

Tal como os signos diacríticos permitem distinguir formalmente umas palavras de outras,
também a presenca destes elementos exclusivos facilita, na maioria dos casos, a distincäo
entre uma locucäo e outros sintagmas.
"Estender o bacalhau", "estar-se nas tintas" ou "tomar ás de vila-diogo"
diferenciam-se de outros sintagmas livres, mas coincidem em maior parte com os tracos
mencionados. Säo, consequentemente, sintagmas fixos e apresentam uma fixagao. O facto de
o sintagma ser fixo significa que a sua forma se encontra sempře igual e näo admite grandes
variacöes enquanto á sua estrutura.
Consequentemente, as firases feitas säo sintagmas fixos, já que näo permitem
modificacäo, substituicäo, adicäo de complementos ou qualquer outra alteracäo da estrutura.
Em certos casos, contém, alem disso palavras diacríticas ou anomalias de estrutura que
actuam como indices da sua fixacäo.

3.2. A idiomaticidade e diversos procedimentos da formacäo de


frases feitas

Ninguem pode deixar de notar que a ünica diferenca entre "estender o bacalhau " e
"estender o salmäo" näo estä so no seu comportamento sintäctico. Ou que entre estes dois
enunciados:

1. A Andrea desfia o bacalhau de maneira muito limpa e räpida

2. A Andrea estendeu o bacalhau ao Pedro,

a diferenca näo e ünicamente gramatical. Tomando em conta tudo o que sabemos ate agora, e
o segundo exemplo que se identifica como locucäo, ou fräse feita. Estas frases, com o mesmo
sintagma nominal (o bacalhau) em funcäo do objecto directo, diferenciam-se näo so no seu
funcionamento, como tambem no seu significado. No segundo exemplo interpretamos que as

N E V E S , Orlando: Dicionärio de Frases Feitas, Lello&Irmao, Porto, 1991, päg.10.


4 9

Ibidem, p ä g . l l .
5 0

Ibidem, päg.22.
5 1

' Z U L U A G A , A. (1980): Introduction al Estudio de las Expresiones Fijas, Tubingen, MaxHueber, Verlag.
2

16
palavras näo significam nada isoladamente, ou sej a, que estender o bacalhau näo significa
neste contexto o mesmo que a suma das suas partes (desfiar+o+bacalhau), mas «oferecer a
mao» ou «estar prestes a cumprimentar a alguém». Este sintagma é, além de ser fixo,
idiomático: o seu significado näo se deduz da suma semäntica dos seus sintagmas. Se
tentássemos ver a conexäo entre os significados de primeiro e segundo exemplo, poderíamos
considerar que foram vários os fenómenos que facilitaram a mudanca. Em primeiro lugar, o
segundo exemplo pôde-se entender só como urna metafora, em que determinadas
propriedades do sintagma livre se transvazaram ao fixo. Em segundo lugar, de esta
improvisada interpretacäo deduz-se que a conexäo entre o sintagma livre e o fixo näo está
cortada e que existe urna čerta motivacäo do sintagma fixo. Isto quer dizer que a frase feita é
parcialmente transparente. Se um estrangeiro tivesse que interpretá-la sem conhecer
previamente o seu sentido, acudiria ao contexto, construindo um novo significado partindo do
que apresenta um sintagma livre. Provavelmente, acertaria em encontras o significado
aproximado, partindo da frase livre que lhe deu origem.

Um semelhante processo, mais unívoco ainda, podemos encontrar no frase feita "sair
o tiro pela culatra' 04
(obter resultado inverso ao desejado ou pretendido; ser vítima de golpe
preparado contra outra pessoa); a qual além de ser fixa, é também idiomática.
O significado final afasta-se do que significaria o seu equivalente literal, mas isso näo
impede a existencia da relacäo entre ambos. Adoptando o processo do estrangeiro, que vé a
frase pela primeira vez, a interpretacäo passaria por um processo semelhante ao de estender o
bacalhau, onde a metafora actuou como processo básico da idiomaticidade e onde vemos a
chamada motivacäo, visto que näo tinha perdido a conexäo com o seu sentido literal.
Em outras frases feitas observam-se diversos processos de formacäo. Por exemplo a
metafora está presente em "A passo de cágado"," a metonimia em "Apostar o pescogo' ,
06

"Arregagar as mangas",* a hipérbole nas frases como "Ter cócegas na lingua' ,


7 08
"Caber
numa mäo fechada ".
Näo obstante, em muitos destes exemplos näo poderíamos sustentar a teória de que só
a metafora (ou só a metonimia, hipérbole, etc.) foram o único factor que influenciou o

' Esta página foi inspirada por RUIZ G U R I L L O , Leonor: Las Locuciones en Espaňol Actual, Areo Libros, S.L,
3

Pag. 19-20
N E V E S , Orlando: Dicionário de Frases Feitas, Lello&Irmao, Porto, 1991, pág.324.
3 4

Ibidem, pág.43.
5 5

Ibidem, pág.45.
5 6

Ibidem, pág.49.
5 7

' SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Dicionários de Expressôes Idiomáticas, Edicôes Joäo Sá da Costa,
8

Lisboa, 1990, pág. 109.


Ibidem, pág.243.
5 9

17
significado figurado da fräse feita. Infira-se que podemos encontrar mais procedimentos que
comparticiparam na formacäo do novo sentido. Por exemplo, "dar uma mäo/mäozinha" 60

adopta uma metonímia, passando uma parte do corpo (a mäo) a significar o corpo todo . Mas 61

aqui também emprega o seu papel a metafora, que facilita a mudanca do domínio fisico ao
conceptual. Graficamente seriam estas as variacöes produzidas:

Dar uma mäo/mäozinha—> dar o corpo inteiro—> dar o corpo inteiro que é fisico—> dar a pessoa
integramente, que contém corpo e mente—> pör em servico de alguém o corpo e a mente—>
ajudar.

Näo resulta täo fácil observar os procedimentos de formacäo daquelas frases feitas que näo
těm irmäo gémeo ou homófono literal, ou sej a, daquelas locucöes cujos componentes só se
encontram com o significado figurado. Em algumas delas a interpretacäo está tapada; noutras
até parece impossível. Assim "pisar no tempo" , "meter o Rossio na Rua da Betesga ", "fazer
62

passar um elefante pelo buraco de uma agulha " poderiam contar com o companheiro literal,
se bem que fosse algo estranho. Por outro lado, "tomar äs de vila-diogo " rompeu todas as
conexöes, possiveis ou estranhas, com seu suposto irmäo gémeo. Neste caso a interpretacäo
literal é impossível e só nos resta imaginär o sentido figurado para este sintagma. A falta de
um homófono literal aumenta as dificuldades. Qualquer estrangeiro poderia considerar que a
expressäo é totalmente obscura e que nenhum dos seus componentes nos ajuda para analisar o
seu sentido. Näo há caminos para chegar ao significado, ou entäo, estäo cheios de dificuldades
de interpretacäo. Consequentemente, o sintagma fixo resulta altamente idiomático e pouco ou
nada motivado. No contexto:

A Maria tornou äs de vila-diogo quando a festa terminou.

o sentido «fugir» tem pouco ou nada a ver com os componentes que unem a locucäo. E óbvio
que o conhecimento sobre a sua origem facilitaria as coisas. Mas por falta destas informacóes,
tudo seriam só suposicóes. As refere-se a vias, casas pelas que se chegava antigamente a um
lugar chamado vila-diogo? Para análise sincrónica bašta saber que o sintagma é idiomático e
que está pouco motivado.

SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Dicionários de Expressöes Idiomáticas, Edicöes Joäo Sá da Costa,
6 0

Lisboa, 1990,pág.243.
Este tipo de metonimia chama-se sinédoque.
6 1

Ibidem, pág.364.
6 2

18
As frases feitas "estar-se nas tintas", "estender o bacalhau" ou "tomar äs de vila-
diogo" säo idiomáticas, cujo significado é transparente, mas baseado no seu significado
figurado do sintagma.
Chegámos á conclusäo de que "estar-se nas tintas" ou "estender o bacalhau" säo
sintagmas fixos e idiomáticos. Säo fixos porque os seus componentes mostram uma
estabilidade quanto á impossibilidade de os modificar, substituir ou suprimir. E säo
idiomáticos, porque a interpretacäo dos sintagmas näo representa a suma dos componentes
semänticos das suas partes individuals.
Mas o que foi primeiro, fixacäo ou idiomaticidade? Voltando ao que já foi dito neste
trabalho sobre as frases feitas como "tomar äs de vila-diogo", observamos que a anomalia äs
e a palavra diacrítica vila-diogo poderiam ser consideradas como índice da sua fixacäo, e da
sua idiomaticidade. Säo estes os indices que impedem que tenha um homófono literal. Como
a leitura literal é impossivel, tern que se processar com sentido figurado.
Seguindo esta argumentacäo, todos os sintagmas fixos com uma palavra diacrítica 63

ou com uma anomalia säo idiomáticos, alem de serem fixos. A fossilizacäo destes elementos
reflecte-se näo só na sua sintaxe, como também na sua semäntica.
Examinemos outras locucöes que näo apresentam estes indicios, como estender o
bacalhau ou dar uma mäo/mäozinha. Segundo a afirmacäo anterior, todos os sintagmas fixos
deveriam ser idiomáticos. Por isso, as seguintes estruturas säo fixas e idiomáticas: "dar a
alma aö diabo " ou " sair dos quicios/gonzos , "näo ter tempo para se cogar " , " nadar
66

contra a parede."
Mas nem sempře é necessário acudir a uma interpretacäo figurada para entender a
fräse feita, como provam os dois Ultimos exemplos que těm um sentido mais transparente: a
suma das suas partes é igual ao significado do conjunto. Näo ter tempo para se cogar 67
é
portanto uma fräse fixa mas näo idiomática. Em portugués há também outras locucöes que
säo fixas mas näo idiomáticas, como "ser claro (algo) ", "näo valerpena", " näo resulta!" 68

As frases feitas mostram, entäo, diferentes graus de idiomaticidade: tomar äs de vila-diogo é


uma fräse feita muito idiomática, enquanto que perder o tempo, fechar os olhos ou navegar

Elemente unico, de uso exclusivo nas unidades fraseológicas.


6 3

SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Dicionários de Expressöes Idiomáticas, Edicöes Joäo Sá da Costa,
6 4

Lisboa, 1990, pág. 14.


Ibidem, pág.329.
6 5

SIMÖES, Guillerme Augusto: Dicionário de Expressöes Populäres, publicacöes Don Quixote, edicäo em
6 6

exclusivo para Correio de manhä, pág. 465.


N E V E S , Orlando: Dicionário de Frases Feitas, Lello&Irmäo, Porto, 1991, pág.266.
6 7

SIMÖES, Guillerme Augusto: Dicionário de Expressöes Populäres, publicacöes Don Quixote, edicäo em
6 8

exclusivo para Correio de manha, pág. 142.

19
contra corrente säo menos idiomáticas; outras těm uma parte figurada e outra literal, como
"estar/viver á/por conta (de alg.) " , onde poderíamos discutir sobre se é uma locucäo fixa
69

ou näo.

4. PRECARIEDADE

As frases feitas säo precárias. A o contrario dos provérbios populäres, que transmitem
de geracäo em geracäo a sabedoria acumulada numa determinada regiäo (especialmente
usados em regiöes com menor formacäo literária para educar o povo a distinguir o bem do
mal e o certo do errado) a existéncia das frases feitas é muito mais efémera. Isto deve-se ao
facto de estas estarem vinculadas quase sempře a uma postura circunstancial.
Um dos factores que dificultam a transmissäo de frases feitas entre diversos grupos é o
da obrigacäo aprendida em distinguir diferentes comportamentos conforme os diferentes
contextos sociais. Desde a nossa infäncia somos treinados a comportarmo-nos adequadamente
de acordo com os diferentes contextos e circunstäncias, p.ex. o aluno aprende a usar diferente
vocabulário, diferentes frases feitas, quando está na presenca dos amigos do que quando está
na presenca dum professor respeitável.

"Estar a moer a pinha a alguém " 70


- chatear a cabeca; é um a fräse näo destinada a
um professor, ascendente, ou superior hierárquico.
"Alguma coisa serfeita á cowboy"- diz-se de a.c. feita sem esmero; a expressäo tem
origem em oficinas de trabalho artesanal, no meio técnico ou profissional.
'Alguém estar-lhe a dar" - fazer exemplarmente alguma coisa , esta frase feita é
melhor compreendida no grupo social dos desportos radicais.

Por isso, salvo as habituais excepcöes, torna-se complicado impedir, por um lado, que surjam
constantemente novas frases feitas, e por outro, que elas próprias perecam passado algum
tempo.

SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Dicionários de Expressöes Idiomáticas, Edicöes Joäo Sá da Costa,
6 9

Lisboa, 1990, pág. 117.


Ibidem, pág.311.
7 0

20
É de acrescentar que ás vezes as frases feitas pressupóem o uso de vocábulos em voga.
Quando as palavras passam de moda, desaparecem também as frases feitas por elas
construídas. "Näo ter os cinco alqueires bem medidos" - dizia-se de quem näo tinha o juízo
71

todo. Como a unidade de medida "alqueire" deixou de ser usadá, e a compreensäo desta frase
feita vai sendo cada vez mais difícil. Talvez por isso esteja condenada a, primeiro, ser usadá
num mundo mais erudito e, por fim, a cair em desuso. Outras vezes pode também acontecer
que se extinga o sujeito da frase: "caixa dospirolitos" - 72
referindo-se á cabeca. Pirolitos éram
bolinhas que faziam parte de um mecanismo extinto de fechar algumas garrafas; é de esperar
que, mesmo continuando esta frase a ser usadá pelas pessoas mais velhas, vai deixar de sé-lo
muito em breve, e neste caso ou se perde o sentido da frase feita ou se consegue manter o
mesmo atribuindo-se novo significado ao vocábulo. Para as pessoas mais novaspirolito é um
pedaco de água que se engole inadvertidamente enquanto se nada.

5. ACEITABILIDADE E INACEITABILIDADE DAS


FRASES FEITAS E M DETERMINADOS CONTEXTOS
SOCIAIS

Como ja vimos, para o funcionamento social e quase obrigatörio saber reconhecer os


diferentes grupos sociais e consequentemente os diferentes sistemas de regras. Podemos olhar
a estes värios grupos sociais, cujos sistemas de regras säo desiguais, como se fossem pecas de
teatro, onde as pessoas incorporam värias personagens conforme väo saltando de peca para
peca. Quer isto dizer que todos nös aprendemos qual e o papel que temos de representar para
sermos bem aceites nos mais variados contextos sociais. Desta maneira, estä referido de que
ponto de vista e conveniente usar frases feitas adequadas ao conjunto de pessoas que nos estäo
a ouvir num determinado tempo, lugar e circunstäncia.
Enumeraremos apenas alguns grupos sociais e por baixo de cada um deles
mencionaremos exemplos de frases feitas que lhes säo pröprias. E natural que mesmo dentro
de cada um dos grupos sociais haja momentos em que as regras se alteram. Por exemplo, se o
tema da conversa e grave, ao contrario do normal, terä mesmo que se fazer um ajuste no

7 1
Ibidem, pág.15.
7 2
N E V E S , Orlando: Dicionário de Frases Feitas, Lello&Irmao, Porto, 1991, pág.75.

21
comportamento, evitando o humor fácil. Sublinhemos que todas estas frases existem e se
usam em portugués quotidiano.

Frases feitas usadas em diferentes linguagens:

5.1. Entre amigos da escola


Entre amigos de escola primaria é natural que haj a mais confianca, sendo menos
óbvias as restricöes nas regras que tern de ser obedecidas. Aqui podem usar-se quase todas as
frases feitas porque as criancas ainda estäo a aprender como proceder socialmente e isso
significa que no processo de aprendizagem elas comecam a agrupar-se por interesses.
Tentaremos explicar como acontece este fenómeno. Todos nós sabemos que as criancas, em
maior ou menor grau, e näo só dos pais ou dos professores mas também dos seus iguais,
carecem de atencäo, de carinho, de simpatia, de se sentirem aprovadas pelo que pensam estar
a fazer bem; resumindo, gostam de constantemente se certificar de que säo importantes para
os que as rodeiam. Para receberem da forma mais eficaz o que querem elas experimentam
várias estratégias evolutivas e escolhem aquelas que melhores resultados lhes trouxer,
normalmente aquelas que melhor se adaptam ao seu carácter inato (geneticamente transmitido
de pais para filhos). E nestas diversificadas estratégias que podemos comecar a encontrar as
diferencas no vocabulário (frases feitas) que conduziräo á identificacäo, 1° do locutor e depois
dos ouvintes (no caso de a estratégia ser eficaz na captacäo de atencäo), como sendo
preferencialmente pertencentes a um grupo, por exemplo, de amigos que gostam de desporto
ou a um outro que goste mais de brincar com computadores. Desde cedo comecam a usar-se
as frases feitas que melhor servem o intuito de cativar as pessoas que se pensa térem o mesmo
tipo de interesses.
Pode usar-se:
"pé de salsa" 73
indivíduo efeminado, alguém que tem medo ou recusa um desafio;
"pegar de fininho " embirrar com alguém, tocar no ponto sensível de alguém;
"ser o ai-jesus " ser a pessoa protegida de alguém;
"dar de frosques" 76
fugir de alguma situacäo embaracosa ou comprometedora ;

NEVĚS, Orlando: Dicionário de Frases Feitas, Lello&Irmao, Porto, 1991, pp.290


7 3

Ibidem, pág.291.
7 4

SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Dicionários de Expressöes Idiomáticas, Edicöes Joäo Sá da Costa,
7 3

Lisboa, 1990, pág.9.


N E V E S , Orlando: Dicionário de Frases Feitas, Lello&Irmao, Porto, 1991, pág.108.
7 6

22
"apanhar por tabela " ser castigado sem ter culpa;
"ser uma caixinha de surpresas" 78
alguém cujas reaccoes náo param de surpreender todos;
"fazer trintapor uma linha" 79
alguém que faz muitos disparates;
"andar á redia solta" 80
andar com liberdade demasiada ou educacao mal dirigida;
"leva o rei na barriga" 81
a pessoa que tern a mania de que é importante;
"chegar a roupa aopelo " 82
bater em alguém;
"estar bem aviado " diz-se quando alguém está na iminéncia de ser castigado ou quando
83

alguém já mostra sinais de estar alcoolizado.

5.2. Entre colegas de trabalho


A linguagem de ambientes de trabalho reflecte o clima de trabalho. Caso se trate de
uma profissäo de muita responsabilidade é natural que o clima entre colegas de trabalho sej a
sisudo com pouco espaco para frases feitas de origem cómica, como nos seguintes exemplos:
"andar a pisár ovos" que significa andar devagarinho atrapalhando quem vem atrás;
84

"ficar como uma bixa" ficar fora de si, ficar furioso;


S5

"ficar com os olhos tortos" ficar desorientado; S6

"Quem quer peixe, molha o cu." significa que quem quer alguma coisa tem de trabalhar no
S7

sentido de a obter.

Se a profissäo supostamente oferece status social, o mais natural é que a relacäo entre
colegas de trabalho gire á volta de frases feitas que denotem um certo grau cultural e que

SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Dicionärios de Expressöes Idiomdticas, Edicöes Joäo Sä da Costa,
Lisboa, 1990, päg.359.
Ibidem, päg.77.
7 8

Op.cit, päg.228.
7 9

SIMÖES, Guillerme Augusto: Dicionärio de Expressöes Populäres, publicacöes Don Quixote, edicäo em
8 0

exclusivo para Correio de manhä, päg.62.


Ibidem, päg.43.
8 1

Ibidem, päg.305.
8 2

Ibidem, päg.33.
8 3

Ibidem, päg.284.
8 4

SIMÖES, Guillerme Augusto: Dicionärio de Expressöes Populäres, publicacöes Don Quixote, edicäo em
8 3

exclusivo para Correio de manhä, päg.321.


N E V E S , Orlando: Dicionärio de Frases Feitas, Lello&Irmäo, Porto, 1991, päg. 193.
8 6

87

M O R E I R A DOS SANTOS, Maria Alice: Dicionärio de proverbios, Adagios, Ditados, Mäximas, Aforismos e
Frases Feitas, Porto Editora, 2000, päg.300.

23
reprima frases de origem mais humilde. Á continuacáo, apresentaremos primeiros exemplos
de frases usadas neste contexto e, a seguir, frases que em principio náo se usam.
Frases usadas:
"Nem só de páo vive o homem" ss
esta frase crista significa a necessidade de atender ao
material mas sem ser materialista.
"Penso logo existd\ é a premissa de Descartes que antecede o famoso "Metodo cientifico" na
busca de uma verdade inquestionável. Hoje esta frase passou a ser usada quando alguém tem
orgulho de si próprio.
"Eureca!" nome que Newton exclamou quando descobriu a lei gravítica. Hoje usa-se esta
exclamacao depois de qualquer descoberta. "Eureca" era o nome da esposa de Newton.
"Carpe diem" S9
locucao latina, pronunciada pelo primeira vez por Horatius e que nos incita
para aproveitarmos o dia. Pode revelar um certo grau cultural do interlocutor. Esta frase pode
ser usada entre os trabalhadores das classes médias e altas. Quando alguém se está a preocupa
demasiado com algum problema, o interlocutor mais descontraído pode reagir com calma:
"Tern calma, uma coisa de cada vez. Nao te preocupes demasiado, aproveita cada dia!"
"Os velhos do Restelo" os retrógrados, que temem os avancos da ciéncia. Os que nao sao
atirados para afirente.Esta frase feita tern origem em Os Lusiadas de Luis de Camoes onde o
"velho do Restelo" rogava pragas aos marinheiros que partiam para alto mar em busca do
reino do Preste Joao (reino mitico que se pensava existir a oriente, dizia-se que tal reino era
cristao sem ter tido contacto com Roma). No nosso contexto é considerado pelo adjectivo,
referindo-se á pessoa que está sempře a dizer que tudo correrá mal.
No caso de o trabalho ser maioritariamente manual e nao muito competitivo
(especialmente entre homens) entáo podemos esperar ouvir frases feitas que demonstrem um
pouco mais de confianca e amizade. Este nível de confianca por vezeš pode ser avaliado em
relacáo directa com a aparente agressividade dos vocábulos usados. Quanto mais violentos
parecem ser os insultos, mais amizade existe entre estes colegas de trabalho. Estes insultos
ditos de forma náo depreciativa servem como instrumente de medida para avaliar a amizade.
Náo é fácil explicar este fenómeno porque náo parece fazer sentido mas tentaremos faze-lo
apresentando um exemplo:

Trés colegas de trabalho no fim do dia ao sair da fábrica comecam a despedir-se e um


deles vira-se para os outros dois e diz: "Já váo com fogo no cu?" (como quern pergunta se os

8 8
Ibidem, pág.216.
8 9
"... Carpe diem quam minimum credula postero..." (Horatius).

24
colegas těm de ir já para casa) e continua "Vamos ali matar o bicho (beber um "copo de
vinho") á tasca do Zé?" A o que respondem os outros dizendo: "O cabráo, ainda meteš o cu
nessa espelunca, depois da colhoada (caláo do Alentejo para referir um constrangimento ou
uma espera demorada) do outro dia? Es mesmo um cona mole. (alguém que facilmente
esquece uma ofensa).
Este palavreado á primeira vista poderia ser interpretado como um aceso desentendimento,
mas, conhecendo as circunstáncias, podemos depreender que existe amizade suficiente entre
os intervenientes para que eles possam prescindir das habituais inibicoes linguísticas. A o falar
desta forma eles mostram uns aos outros que náo usam subterfúgios para exprimir o que
pensam em determinado contexto.

5.3. Relacáo médico - paciente

Neste capítulo teremos de ter em atencáo o facto de que prevalece o comportamento


que mais autoridade confere ao médico.
Para que o trabalho do médico sej a eficaz, ele tem de proteger a sua idiossincrasia, ou
sej a, náo deve revelar a sua forma de pensar nos assuntos que náo sej am referentes á
medicina. Evitando manifestar opinioes pessoais, o médico evita náo só ser julgado mas
também mostrar as suas fraquezas, o que é fundamental, visto que ninguém obedece a quem
náo respeita.
Nesta relacáo entre o médico e o paciente os vocábulos usados, por vezeš, podem ser
desiguais, ou sej a, as frases feitas usadas pelo paciente podem ser diferentes das usadas pelo
médico, visto que ao paciente compete precisamente o contrário do papel do médico. O
paciente provavelmente mostrará as suas fraquezas para ser correctamente diagnosticado. Por
esta razáo o paciente, apesar do clima formal, deve escolher, o melhor possível, o vocabulário
inerente á sua condicáo social.
O médico também náo deve revelar nem o comportamento do paciente nem o estado
clínico do mesmo a outrem. O médico náo pode dizer a um paciente por exemplo:
" Entrar na companhia dospés juntos", outra maneira de referir a mořte, só que neste caso
pode parecer o "humor negro" e impróprio.

25
5.4. Ambiente religioso
Podemos comparar a responsabilidade do clérigo com a do médico, sublinhando uma
diferenca. É que o clero intervém no campo espiritual e emocional, enquanto o médico
intervém exclusivamente no mundo fisico, facto, do qual resulta, que o vocabulário usado
nestes dois mundos será diferente, mantendo-se igual a atitude.
Num meio religioso, os fiéis falam com o pároco como se falassem com urn
ascendente respeitável e o pároco usa esse estatuto para aconselhar, tentando mostrar o
caminho do suposto Bern usando passagens das sagradas escrituras ou frases feitas a elas
relativas, como por exemplo:
"Ajudar a levar a cruz" 90
significa confortar ou auxiliar uma pessoa em suas aflicöes.
Jesus Cristo carregou, com grande dificuldade, a cruz até ao topo do monte onde foi
crucificado. Dizer que se ajuda alguém a levar a cruz é dizer que se ajuda a ultrapassar uma
dificuldade permanente. Esta frase feita é muito usada neste mundo porque o objecto ocorre
sistematicamente ao longo do quotidiano děste grupo social. A continuacäo, apresentaremos
alguns exemplos de frases feitas usadas no seio děste grupo social:
"fazer o sinal da cruz" 91
significa benzer-se;
"ajudar ä missa" 92
significa colaborar na accäo de dizer ou fazer mal a alguém;
intervir junto de alguém a favor de outrem;
"feliz da vida" 93
diz-se de uma pessoa manifestamente satisfeita com a sua sorte;
"dar a vida por" 94
significa morrer, sacrificar-se por uma pessoa ou coisa.
"Deus escreve direitopor linhas tortas" ' muitas vezeš o que sucede parece näo ter
9

razäo de ser, mas ao fim e ao cabo reconhece-se que havia razäo para que assim fosse.

SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Diciondrios de Expressdes Idiomdticas, Edicoes Joao Sa da Costa,
Lisboa, 1990, pag. 129.
Ibidem, pag. 130.
9 1

N E V E S , Orlando: Diciondrio de Frases Feitas, Lello&Irmao, Porto, 1991, pag. 18.


9 2

93
SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Diciondrios de Expressdes Idiomdticas, Edicoes Joao Sa da Costa,
Lisboa, 1990, pag.386.
Ibidem, pag.387.
9 4

M O R E I R A DOS SANTOS, Maria Alice: Dicionario de proverbios, Adagios, Ditados, Maximas, Aforismos e
9 3

Frases Feitas, Porto Editora, 2000, pag. 108.

26
5.5. Ascendentes e pessoas mais velhas
A ideia que pretendemos apresentar é que para comunicar com pessoas idosas é
requerido um certo tacto na escolha das palavras, ou sej a, o jovem que quer comunicar com a
pessoa idosa tern que levar em consideracao que o intervalo duma geracao traz muitas
palavras novas usadas para transmitir as mesmas ou novas ideias. Uma pessoa nascida nos
anos cinquenta atravessou já várias fases do processo cognitivo até chegar a fase adulta,
aprendendo e usando determinados conceitos. Uma pessoa que atravessa este mesmo
desenvolvimento cognitivo a partir do ano 2000 aprende, porque o portugués é uma lingua
viva (e vivemos numa era em que o desenvolvimento tecnológico apresenta constantemente
novos conceitos), aprende a usar as palavras adequadas e correspondentes com o seu tempo.
Uma vez que a pessoa idosa age segundo o que aprendeu até atingir o ultimo patamar do
desenvolvimento cognitivo, poderá ter alguma dificuldade em entender o conteudo das frases
feitas usadas pelos jovens. Para comunicar com os ascendentes e demais pessoas idosas, os
jovens těm de usar um portugués correcto e absterem-se de usar neologismos ou analogias em
moda.
As seguintes frases feitas sáo algumas das muitas que náo servem para utilizar com
este grupo social:
"Funcionar na mesma onda" ; diz-se de pessoas com a mesma idiossincrasia. Esta
96

firase feita náo se usa porque pressupoe o conhecimento que por onda se entende uma
certa maneira de viver. Este conceito tern origem num desporto relativamente recente,
o surfe.

"Trabalhar a dois tempos " Diz-se de quern é lento. Estafirasefeita é uma comparacáo
com os motores de combustáo que trabalham a dois tempos. Estes motores trabalham
com uma cadéncia desordenada, em comparacáo com a posterior tecnologia de quatro
tempos. Para entender esta frase é preciso estar familiarizado com os novos conceitos
tecnológicos.

SIMÖES, Guillerme Augusto: Dicionário de Expressöes Populäres, publicacöes Don Quixote, edicäo em
9 6

exclusivo para Correio de manna, pág.336.

27
"Geragäo espontänea. " A que se produz sem ser gerada. Matéria abandonada que
afirmava existencia de seres vivos formados directamente de matéria inorgänica. Só
nos tempos modernos é que as nocöes de biomecänica passaram a ser vulgarmente
discutidas e compreendidas.

5.6. No comércio
Aqui o comerciante tern como objectivo conquistar a simpatia dos clientes com o fim
de vender o seu produto. As frases feitas usadas por urn comerciante tém o claro objectivo de
encontrar concordäncia da parte do cliente; o vendedor costuma comecar com chamada
"conversacäo circunstancial", dizendo p.ex. "está um Undo dia". E muito provável que o
cliente responda "está, sim senhora", concordando assim com o vendedor e rendendo-lhe
simpatia que serve de ferramenta ao bom vendedor. Por isto as frases feitas usadas no
comércio säo normalmente redundäncias destinadas a adquirir simpatia e concordäncia. Aqui,
dependendo do tipo de vendedor, podemos ouvir frases de carácter jocoso.

5.7. Relacäo conjugal


Neste grupo social encontramos o desejo de comunicar assuntos täo delicados e
abstractos como säo o amor, o ciúme, a paixäo, o engano, a saudade. Para falar destes
assuntos, no princípio de relacäo, é necessário muitas vezes recorrer a analogias e frases feitas
preferencialmente romänticas para ter a certeza de que o parceiro entendeu. Neste grupo
social por vezes podemos encontrar frases feitas de entendimento muito restrito. Mas durante
a convivéncia, as duas pessoas acabam por desenvolver um método de comunicacäo exclusivo
e codificado no passado comum.
Teoreticamente, podem ser usadas todas as frases feitas que estejam de acordo com os
gostos do casal.

Ibidem, pág.349.

28
5.8. Espacos destinados a vida nocturna
Aqui a linguagem e antes corporal do que gramatical. No entanto podemos
observar/comparar que algumas frases feitas sao tao padronizadas que as poderiamos
considerar como frases feitas porque dizem, tal e qual como uma frase feita, qual e a postura,
o objectivo ou o desejo num determinado momento e em funcao de um determinado objecto.
Nao pretendemos fazer uma analise sociologica das regras da gramatica usada nestas
situacoes (por gramatica entendemos um conjunto de regras que permitem a comunicacao nas
mais variadissimas formas) dado ela nao ser verbal.

6. ANÁLISE INTERDISCIPLINAR

Terminaremos os possíveis itinerários de análise com uma aproximacäo


interdisciplinar. A linguistica aplicada cruza-se com outras disciplinas, como psicologia,
pedagogia, etnológia, sociológia e traducäo, disciplinas que tratam de aquisicäo e ensino das
linguas ou dos processos que provocam perca de capacidade linguistica, atendem aos
contactos, contrastes ou á traducäo das linguas, täo como á influéncia que os factores sociais
tém no discurso.
As frases feitas foram ponto do interesse em muitas destas aplicacöes. Devido ás suas
peculiaridades, säo difíceis de aprender e de traduzir, como também de serem usadas num
determinado contexto sem produzirem inadequabilidade.

6.1. Aprendizagem e ensino de frases feitas


A aprendizagem destas locucöes processa-se correspondentemente com a capacidade
linguistica de indivíduo aprender a lingua. O percurso e os métodos de ensinar e de aprender
as frases feitas näo podem ser iguais no caso das criancas, cuja lingua primeira é portugués
(ou qualquer outro idioma), como no caso dos estrangeiros que aprendem portugués como a
sua segunda lingua.

29
"As criancas vao aprendendo progressivamente as estruturas fixas da lingua e fazem-
no da mesma maneira como vao assimilando os outros mecanismos da linguagem, como as
formas flexivas dos verbos, os fonemas e as relacoes hierárquicas entre palavras. E apenas
mais um elemento que se deve adquirir. Alguns estudos demonstram que aos sete anos a
crianca já é capaz de compreender e de usar as frases feitas. Podemos considerar o contexto
como o factor que tem muita importáncia na aquisicáo e no emprego das frases feitas, muito
mais do que a familiaridade com a expressáo. Também é óbvio que as criancas náo poderáo
adquirir a usar frases feitas sem térem desenvolvido a capacidade metafórica, que se comeca a
implantar aos quatro anos e meio da idade. 98

Diferente é o caso das pessoas que aprendem portugués como lingua estrangeira . Sao
frequentes as referéncias ás dificuldades de aprendizagem da fraseologia. O carácter peculiar
das unidades fraseológicas - de sérem uma combinacáo fixa de palavras e, em numerosas
ocasioes, terem um significado que náo se deduz do significado dos seus elementos
constituintes - explica o esforco que deve realizar o aluno da lingua portuguesa como lingua
estrangeira para incorporar á sua competéncia unidades como "por os pontos nos ii" 99
Mas os
problemas náo consistem só nas dificuldades de aprender as frases feitas ou no carácter
intrinseco das unidades fraseológicas, como também na falta de investigates que tratem do
ensino das unidades fraseológicas, na escassez dos materiais específicos necessários para o
ensino e na falta de adequacáo de alguns recursos didácticos utilizados e dos exercicios de
frases feitas.
As unidades fraseológicas deveriam ensinar-se em cada nivel de ensino - iniciál,
intermédio, avancado e superior - e conviria que o aluno estrangeiro as aprendesse desde o
primeiro momento em que entre em contacto com a lingua portuguesa. Como os estrangeiros
já těm conhecimento dum outro idioma e a capacidade metafórica (em comparacáo com as
criancas), é mais fácil para eles identificar as frases feitas e assim aprender a utilizá-las
conforme diferentes registos da lingua e conforme outros factores que organizam o discurso.
Propoe-se como actividade para os alunos analisar modelos de textos com a finalidade de,
entre outras, extrair a fraseologia existente, investigar a frequencia das frases feitas nos
diferentes registos e as condicóes de uso. Mas neste ponto estamos diante outro problema da
falta de estudos teóricos sobre a fraseologia portuguesa e de trabalhos descriptivos sobre as

Modificacäo do texto original do livro: RUIZ G U R I L L O , Leonor: Las Locuciones en Espaňol Actual, Arco
Libras, S.L., pág.89
SIMÖES, Guillerme Augusto: Dicionário de Expressöes Populäres, publicacöes Don Quixote, edicäo em
9 9

exclusivo para Correio de manha, pág.537.

30
unidades que esta disciplina abarca, com a excepcao dos dicionários e repertórios
fraseológicos, que ultimamente tern proliferado sua publicacao.

6.2. Traducao de frases feitas


O processo de traduzir e um processo complexo pelo qual se transvazam da lingua
origem a lingua destino as formas e as funcoes de textos. Isto consegue-se quando se
transmite, com maior exactidao, aquilo que o texto original comunicava. Traduzir as frases
feitas nao e uma tarefa facil, ja que nem sempre existe uma firase feita equivalente na lingua
destino, e quando existe uma frase feita equivalente, pode, as vezes, nao ter o mesmo
significado. O trabalho do tradutor deve estar sempre guiado pelo maior respeito ao texto. Isto
implica que se a frase feita nao tern um equivalente identico podera ser traduzida por uma
perifrase literal. Um grande erro e traduzir «formalmente» uma frase feita com outra sem
respeitar a equivalencia dos significados.
Existem varias estrategias para traduzir uma unidade fraseologica:

a) "traducao mediante uma unidade equivalente, seja esta uma so palavra ou


unidade fraseologica;" 100

b) "traducao mediante perifrase do conteudo da unidade fraseologica no texto


original;" 101

c) "omissao no texto final da unidade fraseologica do texto original;" 102

d) "compensacao em outras partes do texto final atraves da introducao de


unidades fraseologicas nao presentes no texto original." 103

De todos os modos, as unidades fraseologicas sao dificeis de traduzir, dado que se relacionem
estreitamente com os factos historicos ou com uma situacao especifica, o que se reflecte na
sua aprendizagem.

Traducao do texto original do livro: RUIZ G U R I L L O , Leonor: Las Locuciones en Espanol Actual, Arco
1 0 0

Libras, S.L., pag.93


Ibidem.
1 0 1

Ibidem.
1 0 2

103
Ibidem.

31
CONCLUSÄO

A fraseologia, e näo só a portuguesa, faz grande parte da lingua. É dificil tratar sobre
ela, estudar e ensiná-la, investigar a etimologia de algumas frases feitas; enfim, parece
complexa de todos os pontos de vista. Como näo existem muitos livros sobre esta
problemática, o objectivo deste trabalho foi entrar em pormenores que se encontram sob o
siléncio. Neste trabalho näo pretendemos fazer a mera enumeracäo de algumas frases feitas,
mas sim, explicar as peculiaridades que as caracterizam e, logo a seguir, aplicar umas frases
ao modo de explicar melhor o assunto.
No primeiro capítulo tentámos insinuar o que säo as frases feitas, explicando-o
através das definicöes citadas, e demonstrando a sua composicäo, formacäo e percepcäo. Em
geral, defendemos a opiniäo de cada fräse feita poder ser dita por outras palavras.
O segundo capítulo abränge a investigacäo das origens das frases feitas. Como cada
fräse feita tern a sua origem peculiar, resultou impossível abarcar aqui todas as frases
existentes. Limitámos o nosso trabalho só äs possíveis origens, acompanhadas com alguns
exemplos.
As frases feitas säo caracteristicas por sua fixacäo e idiomaticidade, na maioria dos
casos. Temos tentado explicar estas caracteristicas no terceiro capítulo, servindo-nos de frases
concretas.
Cada fräse tem o seu surgimento, como também seu desaparecimento. Säo värios os
casos nos quais as frases caem em desuso, e äs vezeš independentemente do factor de tempo.
Isto insinua outra caracteristica a qual temos dedicado nossa atencäo no quarto capítulo, que
leva o nome precariedade.
O nosso trabalho inclui também a problemática dos registos linguísticos, usados em
diferentes grupos sociais. Apontámos, no nosso trabalho, ao facto de ser impróprio utilizar
todas as frases feitas em todas as circunstäncias, tocando, ligeiramente, a questäo da sua
aceitabilidade e inaceitabilidade sócio-cultural.
O processo de aprendizagem das frases feitas particulares mostra-se longínquo e é só
com o tempo que poderá render frutos. A fraseologia tem carácter täo peculiar que näo está
claro por onde comecar e como ensiná-la. Temos dedicado um pequeno capítulo á questäo da
aprendizagem das frases feitas, seguido pela alusäo á traducäo destas. O aprofundamento

32
destes dois Ultimos capitulos, que requer mais espaco e tempo, será o terna dos nossos
próximos trabalhos.

33
FRASES USADAS

cabega de alho chocho: pessoa com falta de bom senso, leviana, distraída.
fiar-se na Virgem (e náo correr)(pop): confiar exclusivamente em podereš divinos,
sobrenaturais para conseguir alguma coisa, para evitar um mal, para escapar a um perigo, etc.
fazer/ter olhos de carneiro mal morto (fam): diz-se de pessoa com uma expressáo de olhar
mortico, embevecido, lánguido.
Sopa (dar): negar um pedido ou um favor
tumba-catatumba, catapumba, páoí: designa pancadas secessivas
meter/ter uma cunha/um pistoláo (pop): contar com a proteccáo, o favor de uma pessoa
influente.
dar-lhe a travadinha: morrer
dar o triste pio: morrer
estar a quinar: estar a morrer
Dormir o sono eterno/último sono: estar morto
Ir/passar destapara melhor (pop): morrer
jardim das tabuletas: cemitério
A chocar alguma: ficar doente ou estar preste a ficar doente
Náo andar/estar (muito) católico (fam): sentir-se adoentado, mal disposto
Chamar/gritar pelo Gregório: vomitar
Botar/deitar a(s) carga(s) ao mar: vomitar
arrear o calhau (gir): defecar
Aliviar/despejar a tripa (pop): defecar
Escorrer/despejar/mudar a água as azeitonas (pop): urinar
Despejar a água aos tremoqos: urinar
Ir obrar: defecar

achar a ruapequena: estar bébado

estar com uma grande moca: estar sob o efeito de uma substáncia

correr/visitar as capelinhas (gir): ir de taberna em taberna, de bar em bar, bebendo vinho ou


outras bebidas alcoólicas
apanhar uma carraspana (pop): embebedar-se

34
(estar) drunfado (drog.): estar sob o efeito de calmantes; aquele que toma drunfos

drunfos (drog.): comprimidos que actuam como calmantes

sentir/ter a barriga a dar horas (pop): sentir fome


ter bicho a roer: ter fome.
andar/estar/ficar de trombas (pop): mostrar-se carrancudo, descontente, mal-humorado,
amuado
ir aos arames (pop): ter urna explosäo de fúria, zanga, protesto
ler a cartilha a alguém: censurar, criticar; recordar a alguém os seus deveres ou obrigacöes
levar um aperto (de calos): ser repreendido, censurado.
andar sem sal: andar aborrecido ou sem dinheiro.
näo ter onde cair morto: ser extremamente pobre.
fugir a sete pás: fugir em grande velocidade.
näo levantar urnapalha: näo fazer qualquer esforco.
näo levantar um dedo: näo fazer o menor esforco.
de papo para o ar: näo fazendo nada.
de braqos cruzados: inactivo.
com os nervos em franja: em estado de grande nerviosismo; facilmente irritável.
ser um jarräo: diz-se de pessoa idosa, com ideias antiquadas e maneiras graves, que está
presente sem participar, como se tivesse uma funcäo puramente decorativa.
Velho como a Sé de Braga: muito velho.
Pilha-galinhas: gatuno de pequenas coisas; ratoneiro.
já a pregou ou está para a pregar: diz-se quando se desconfia de que alguém se prepara para
ludibriar outrem.
dar a alma ao diabo (pop): morrer; sacrificar tudo para conseguir um fim.

estar-se/ficar-se nas tintas (pop): adoptar uma atitude de indiferenca, despreocupacäo,


irresponsabilidade.

ficar á quem de a.c: "ficar á quem das espectativas" significa que se esperava mais de
alguém ou de alguma coisa.

Estender o bacalhau a alguém: oferecer a mäo para cumprimentar uma pessoa.

dar/tomar äs de vila-diogo (pop): fugir.


As tontas: irreflectidamente; atabalhoadamente.
As furtadelas: ocultamente.

35
Abre-te, Sesamo!: grito que acompanha uma descoberta; expressao com que se pretende
solucionar um problema, resolver uma situacao inrincada; designa um meio infalivel de
veneer todas as dificuldades.
Abui! Abuil: designa grande abundancia de coisas.
Anda-me, Zefal: indicacao a alguem que esta a aceitar nas criticas que faz.
sair o tiro pela culatra: enganar-se; reverter contra quern comete a accao; obter o resultado
contrario do que se pretendia.
A passo de edgado: lentamente.
Apostar o pescoqo: apostar tudo.
Arregaqar as mangas: dispor-se a trabalhar ou executar uma accao.
Ter edeegas na lingua (Jam): sentir uma vontade irrepremivel de falar.
Caber numa mao fechada (Jam): diz-se de coisa de reduzidas dimensoes.
dor uma mao/maozinha (fig): auxiliar uma pessoa em determinada ocasiao ou situacao; ajudar
em dada tarefa ou trabalho.
pisar no tempo (pop): fugir.
sair dos quicios/gonzos (pop): perder o auto-dominio; esceder-se; fazer, dizer disparates.
nao ter tempo para se coqar : nao ter tempo livre.
estar/viver d/por conta (de alg.)
moer apinha a/de aluguem (pop): cansar uma pessoa com quiexas, pedidos, problemas, etc.
Alguma coisa ser feita a cowboy: alguma coisa ser feita a pressa, sem cuidado e sem
perfeccao.
Alguem estar-lhe a dar: se usa no meio desportivo.
(nao) ter os (cinco) alqueires bem aferidos/medidos (pop): (nao) ser perfeitamente normal da
cabeca.
caixa dospirolitos: a cabeca.
pe de salsa: individuo efeminado.
ser o ai-jesus de alguem (fam): ser a pessoa predilecta, aquela a quern se consagra maior
desvelo.
pegar de fininho: embirrar com alguem; tocar no ponto sensivel de outrem.
dar de frosques: fugir; pirar-se; amolar a palangana; cavar; dar a cavatina
apanhar/comer por tabela (pop): ser incomodado, prejudicado, castigado por razooes que
dizem directamente respeito a outros.
caixa/caixinha de surpresas: pessoa de reaccoes, ideias, iniciativas inesperadas.

36
fazer trintapor uma linha (pop): proceder de maneira desordenada, descomedida, precipitada;
fazer disparates, tropelias.
andar ä redea solta: andar com liberdade demasiada ou educacäo mal dirigida.
ter/trazer o rei na barriga (pop): diz-se de pessoa que se julga importante, assumindo atitudes
arrogantes, presucosas, especialmente para com os subordinados.
chegar a roupa aopelo a alguem (pop): espancar.
estar/ir bem aviado (pop): estar embriagado; ter recebido forte castigo.
apisar ovos (pop): muito lentamente, cautelosamente.
ficar como uma bixa: ficar fora de si, ficar furioso.
fwar com os olhos tortos: ficar desorientado.
Quem quer peixe, molha o cu.: Proverbio que significa que quem quer alguma coisa tern de
trabalhar no sentido de a obter.
Nem sö de päo vive o hörnern esta frase crista significa a necessidade de atender ao material
mas sem ser materialista.(do livro: "die. de citacöes e proverbios" de luis Senor Gonzalez).
Edicäo Planeta DeAgostini, S.A.
"Penso logo existo": Premissa de Descartes que antecede o famoso "Metodo cientifico" na
busca de uma verdade inquestionävel. Hoje esta frase passou a ser usada quando alguem tern
orgulho em si proprio. Alguem que quer chamar atencäo sobre si proprio glorificando-se.
"Eureca!" nome que Newton exclamou quando descobriu a lei gravitica. Hoje usa-se esta
exelamaeäo depois de qualquer descoberta. Eureca era o nome da esposa de Newton.
"Carpe diem" (lat.) significa aproveita o dia.
matar o bicho: tomar qualquer bebida alcoölica em jejum; tambem se diz de qualquer tipo de
comida ou bebida que se ingere quando se estä ainda em jejum.
Entrar na companhia dos pes juntos: morrer.
pör ospontos nos ii: esclarecer bem o assunto; pör a questäo clara sem omitir nada.
Ajudar a levar a cruz: confortar, auxiliar uma pessoa em suas aflicöes.
Fazer o sinal da cruz: benzer-se.
Ajudar ä missa: colaborar na accäo ou de dizer ou fazer mal a alguem; intervir junto de
alguem a favor de outrem.
Feliz da vida: diz-se de uma pessoa manifestamente satisfeita com a sua sorte.
Dar a vida por: morrer, sacrificar-se por uma pessoa ou coisa.
Deus escreve direito por Unnas tortas: proverbio que diz que muitas vezes o que sucede
parece näo ter razäo de ser, mas ao fim e ao cabo reconhece-se que havia razäo para que assim
fosse.

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BIBLIOGRAFIA:

RUIZ GURILLO, Leonor: Las Locuciones en Espaňol Actual, Areo Libros, S.L.,

M A R T I N E Z , Imaculada Penadez: La Enseňanza de las Unidades Fraseológicas, Areo


Libros, S.L., Madrid 1999

SANTOS, Antonio Nogueira: Novos Dicionários de Expressdes Idiomáticas, Edicoes Joáo Sá


da Costa, Lisboa, 1990

N E V E S , Orlando: Dicionário de Frases Feitas, Lello&Irmao, Porto, 1991

SIMÓES, Guillerme Augusto: Dicionário de Expressdes Populares, publicacoes Don


Quixote, edicao em exclusivo para Correio de manha, reedicao em 2000

P R A C A , Afonso: Novo Dicionário do Caláo, Casa das Letras, 3 edicáo, 2005


a

R E B E L O , Luis Manuel Tecedeiro: Fraseologia em Portugués e Chinés, Uma Abordagem


Contrastiva, Universidade de Macau, 1998

M O R E I R A DOS SANTOS, Maria Alice: Dicionário de provérbios, Adágios, Ditados,


Máximas, Aforismos e Frases Feitas, Porto Editora, 2000

Dicionário da Lingua Portuguesa Contemporánea da Academia das Ciéncias de Lisboa,


Editorial Verbo, 2001

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