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A Soberania Humana e o Livre-Arbítrio - Roque N. Albuquerque
A Soberania Humana e o Livre-Arbítrio - Roque N. Albuquerque
1.8. Aplicações
O desejo por autonomia é uma das mais altas expressões
da tolice humana. Toda tentativa de autodeterminação,
pois, deve ser resistida com vigor. Ela é marcada por ira,
frustração e vê na morte a expiação autêntica. Caim
pensava que sua morte poderia expiar o seu pecado. Ele
mesmo diz a Deus: quem comigo se encontrar me matará
(Gn 4.14). Por mais soberano que se queira ser nesse
exercício fútil de autonomia (soberania humana), a morte, o
suicídio, só levará um ser “livre” inútil à cova. Esse é o mais
tolo dos exercícios da soberania humana.
Precisamos de alguém que seja absolutamente livre
no seu exercício de soberania, alguém cuja identidade é
exclusiva com o único criador e o único regente do universo.
Esse ser livre voluntariamente se entregou por nós. No
controle inteiro de cada circunstância, Cristo morre em
nosso lugar. É preciso crer na morte e ressurreição de Jesus.
Devemos nos render à soberania de Deus. Nós não somos o
centro. Deus é autônomo, não nós. Sabemos que, por mais
que falemos e alertemos, a obstinação está arraigada no
coração do homem. Nós, os filhos de Deus, voltados para
Ele, tributamos sua glória e soberania absoluta. Há sempre
uma oportunidade de se ajoelhar, pedir perdão, submeter-se
e humilhar-se diante desse Deus.
A banda Palavrantiga tem uma composição denominada
Rookmaaker, que capta bem o sentido de tensão entre a
cidade de Deus e a cidade dos homens:
Eu leio Rookmaaker, você Jean Paul Sartre
A cidade foi tomada pelos homens.
Na cidade dos homens tem gente que consegue ler,
Mas os outros estão néscios pra Ti.
Toda vez que procuro para mim algo para ler, ouvir, olhar e dizer,
Senhor, sabe o que eu quero.
Não me furto a certeza: és a vida que eu quero.
Deus, eu sei.[4]
1.9. Cidade de Deus: Soberania, vontade,
submissão!
A cidade dos homens esforça-se em nos iludir com artifícios
que tentam imitar o paraíso: celular, iPhone, iPad, aviões,
carros blindados, condomínios, resorts, viagens,
apartamentos e coberturas de luxo. Entretanto, tudo isso vai
se esvanecer. Os instrumentos são muitos e diversos.
Os verdadeiros eleitos e amados de Deus estão
destinados para a cidade do próprio Deus. Como afirma o
autor aos Hebreus a respeito destes: “Mas, agora, aspiram a
uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se
envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto
lhes preparou uma cidade” (Hb 11.16). Este é o verdadeiro
Paraíso! Não há medo de rejeição como houve por parte de
Adão e Eva e por parte de Caim. Como é belo! Deus não
tem vergonha de ser chamado nosso Deus. Geralmente nos
envergonhamos de sermos chamados filhos de Deus, mas
Deus nunca se envergonha de ser chamado de nosso Pai, de
ser chamado o nosso Deus.
A cidade que Deus preparou para nós fala de
soberania, vontade e submissão. Soberania da parte de
Deus, vontade expressa da parte de Deus e submissão de
nossa parte.
2.1. Pelágio
2.6.1. Os remonstrantes
O intenso debate entre Francisco Gomaro e Tiago Armínio
sobre a predestinação foi interrompido pela morte precoce
de Armínio em 1609. No entanto, Armínio tinha muitos
discípulos, sendo que cerca de aproximadamente 45
ministros e teólogos protestantes das Províncias Unidas
deram continuidade à teologia de Armínio e a
sistematizaram num documento que ficou conhecido como
Remonstrância (OLSON, 2013). Em parte, foi em oposição a
esse documento que os calvinistas formularam os cinco
pontos do calvinismo, no Sínodo de Dort.[14]
Os cinco solas da Reforma em oposição ao Catolicismo Romano (fonte: Beeke, 2010, p. 23)
que deve ser direcionada ao estado de Adão antes da Queda; no entanto, seja
4.3.1 Compatibilismo em Jó
Ilustremos esta questão com o caso de Jó. Tudo está
correndo bem na vida de Jó. Ele é um homem próspero,
justo e temente a Deus. Enquanto ele, em sua devoção e
prosperidade, serve a Deus na terra, no céu, Deus abre um
diálogo com Satanás. Deus apresenta o seu servo Jó e, por
fim, permite Satanás mexer nas riquezas, nos filhos e, até
mesmo, na saúde de Jó. Deus deu poder a Satanás, mas
quem tem a ULTIMIDADE é Deus. Satanás só tocou em Jó
quando Deus permitiu. Satanás estava por trás das
catástrofes e da ação dos sabeus e dos caldeus, mas a
ultimidade nessas ações pertence a Deus. Deus não está
alheio a tudo o que ocorre na vida de Jó.
Lamentações 5.19-22
Lamentações 5.19-20
ensinos de Jesus de que uma boa árvore não pode dar mau
fruto e uma má árvore não pode dar bom fruto.
Ware não nega a liberdade humana como o fazem
alguns calvinistas, mas aponta que o homem é livre para
fazer algo quando escolhe fazer o que deseja. Liberdade,
então, não é a possibilidade da escolha contrária, mas
liberdade para escolher e agir em acordo com o que se deve
querer. Os homens são livres quando agem de acordo com o
que são mais fortemente inclinados a fazer.
Em seguida, Ware (2008, p. 103) passa a tratar de
uma das dificuldades que o fez revisar e modificar o atributo
da onisciência divina: o problema do mal. Se Deus
determina todas as coisas, como não incorrer no erro de que
Deus é mal por determinar o mal também? A saída de Ware
para tal dificuldade é a crença no controle assimétrico de
Deus do bem e do mal. Assim, quando Deus controla o bem,
ele controla o que se estende de sua própria natureza e
quando controla o mal, o que é oposto à sua natureza.
Outro questionamento levantado pelos arminianos se
dá na relação de Deus com o mal. Assume-se, a partir das
Escrituras, que Deus não faz o mal e nunca deseja
diretamente causá-lo. Mas se ele pode prevenir que o mal
ocorra, por que ele o permite? Ware (2008, pp. 105,106)
responde salientando que aqui a forma é a agência divina
pela permissão indireta. Neste caso, o caráter e a natureza
de Deus são separados do mal que ele permite acontecer,
conforme as evidências bíblicas de Gênesis 31.7; Marcos
5.12, 13; Atos 14.16; 16.7; 1Coríntios 16.7; e Hebreus 6.3.
Os arminianos não estão convencidos por essas
respostas. Ware (2008, p. 108), então, passa a mostrar que
o problema do mal ainda é mais difícil para o arminiano,
pois, se este crê na liberdade libertária, também deve crer
que Deus não é capaz de impedir boa parte dos males que
ocorrem no mundo, porque, se Deus o impedisse, teria que
desrespeitar a liberdade libertária dos homens. No modelo
arminiano, Deus não controla os casos específicos de mal,
como, por exemplo, o mal moral, porque este diz respeito
exclusivamente ao homem.
A pergunta mestra que levou Ware a modificar sua
posição calvinista clássica foi: se Deus decreta todas as
coisas, como distinguir sua agência causativa-direta da
permissiva-indireta? Noutras palavras, se o decreto é uma
ação causativa, como é que o mal não é causado por Deus?
Esta pergunta inquietante levou Ware a buscar uma
resposta numa versão modificada do conhecimento médio
de Molina dentro de um modelo reformado de providência e
oração.
O próprio Ware reconhece que o conhecimento médio
inclui a liberdade libertária no sistema molinista, porém não
vê dificuldades em transportar a teoria do conhecimento
médio para um modelo de liberdade compatibilista; a seu
ver, isso se torna uma ferramenta útil para entender o
controle de Deus sobre o mal. Do conhecimento médio,
Ware (2008, p. 112) preserva o sentido de que Deus pode
conhecer as circunstâncias que moldam nossos maiores
desejos, e assim ele conhece as escolhas que faríamos caso
estas circunstâncias ocorressem.
No modelo do conhecimento médio compatibilista,
Deus leva em conta outras possibilidades de estados de
causas antes de decretar. Ware cita alguns exemplos do uso
do conhecimento médio divino: além de mencionar as
passagens de 1Samuel 23.8-14 e Mateus 11.21-24, já
comentadas anteriormente, ele faz menção a Êxodo 13.17,
em que Deus tinha conhecimento que, se o povo de Israel
fosse pela terra dos filisteus, teria se arrependido ao ver a
guerra; em Jeremias 23.21,22, Deus sabe que, se tivesse
enviado os profetas, eles teriam falado as suas palavras ao
povo; em 1Coríntios 2.8, quando Deus tinha conhecimento
que, se os homens tivessem conhecido a sabedoria, jamais
teriam crucificado Jesus.
A definição de conhecimento médio de Ware (2008, p.
115) é a seguinte: conhecimento do que teria ocorrido,
contrário ao que de fato ocorreu. Explicando a referência de
1Coríntios 2.8, em comparação com Atos 4.27,28, em que a
cruz foi determinada e os homens foram responsáveis, Ware
(2008, p. 116) afirma melhor como o decreto divino tem
relação com o conhecimento médio:
Então, parece que o conhecimento médio figurado no
cumprimento do que Deus “predestinou” ocorrer
através destes governantes (e outros, certamente).
Aqui, então, o conhecimento médio de Deus auxilia na
formação do decreto predestinado por Deus, por
garantir a ele o conhecimento do que seria verdade em
uma situação ou em outra; então, o fato de Deus ser
apto a selecionar pelo seu decreto a situação particular
(de que os governantes da época de Paulo não
entendiam a sabedoria de Deus em Cristo), isto
avançará para o cumprimento do plano.
Ware (2008, p. 117) conclui seu pensamento sobre o
conhecimento médio compatibilista mostrando sua
resolução para o problema do mal; ele afirma que o
conhecimento médio de Deus parece ter uma importância
no controle de Deus sobre o mal. Como alguém sempre age
pela inclinação de sua natureza, a causa do mal não é Deus
nem as circunstâncias, mas a própria pessoa que o pratica.
Assim, a causa do mal é a natureza da pessoa em resposta
às circunstâncias apresentadas; o que explica as escolhas
feitas por cada pessoa é como sua natureza responde aos
fatores a ela apresentados.
Quando se trata de mal, pode-se pensar sobre Deus
regulando os fatores de uma situação, assim como
ocasionando uma particular escolha a ser feita ao invés de
causá-la. Dessa forma, Deus mantém um controle
meticuloso sobre o mal; e, ao mesmo tempo, suas criaturas
morais sozinhas são os agentes que fazem o mal, e eles
sozinhos possuem responsabilidade moral para com o mal
que eles livremente fazem (WARE, 2008, p. 119).
Ware retorna ao exemplo de Êxodo 13.17,
demonstrando que Deus usou seu conhecimento médio do
que Israel faria sob outras circunstâncias a fim de regular,
de fato, o que eles escolheram fazer. Deus sabia que o povo
de Israel agiria de acordo com suas inclinações mais fortes
e também sabia quais os fatores e as condições que
estimulariam as inclinações mais fortes; entretanto, ele
respeita as inclinações de cada um, mas regula suas
escolhas ao apresentar uma situação em que as suas livres
escolhas serão feitas de acordo com a vontade de Deus
para eles.
BAUCKHAM, Richard. Jesus and the God of Israel: God crucified and other studies
on the New Testament’s christology of divine identity. Grand Rapids: Eerdmans,
2008. Bauckham explica que o ponto chave de identificação da divindade está
fundamentado em ambas as características numa absoluta distinção entre Deus
e toda a realidade existente. Em outra obra, Bauckham (1998) argumenta que
duas categorias podem ser definidas quanto à identidade de Deus. A primeira
tem relação com como Deus se relaciona com Israel e isto se extrapola para o
relacionamento de Deus com toda a realidade. Deus se revelou a Israel pelo seu
nome – – ְיהָ֙וה, o que no período do Segundo Templo foi de grande importância,
uma vez que a identidade de Deus, quem Deus era, estava ligada ao nome
ְיהָ֙וה. A segunda categoria está ligada aos atos de Deus na história e o revelar
do seu caráter a Israel. O autor cita que, em todo o AT, Deus é revelado como
aquele que libertou Israel do Egito e realizou muitos e marcantes eventos no
Êxodo, criando um povo para si mesmo (cf. Êxodo 20.2; Deuteronômio 4.32-39;
Isaías 43.15-17), revelando ser o único regente soberano existente. Veja
BAUCKHAM, Richard. God Crucified: monotheism and christology in the New
Testament. Carlisle: Paternoster Press, 1998.
[2] A maioria dos comentaristas não segue esta interpretação. Encontramos
cidade de Deus e a cidade dos homens, cf. Agostinho. A cidade de Deus (Partes I
e II) Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. A descrição da origem das cidades, na
perspectiva da história de Caim encontra-se na parte II, livro 15.
[4] https://ouvirmusica.com.br/palavrantiga/1690615/. Acesso em
23/10/2015.
[5] Os pais da igreja abordaram a temática, porém de uma forma genérica.
Além disto, não houve um debate entre os pais da igreja pré-niceno. As cartas
de I e II Clemente possuem uma inclinação fortemente monergística e as
Similitudes de Hermas possui um caráter sinergista (para mais detalhes, cf.
Wright, R. K. In: A Soberania Banida. São Paulo: Cultura Cristã, 1998, pp. 20, 21).
Contudo, o marco que inicia a discussão de maneira mais acurada é o confronto
entre Agostinho e Pelágio.
[6] Como afirmou John Piper, a visão de Pelágio “significa o conceito de que
[9] Sabe-se que Eclesiástico não é um livro canônico, mas lembre-se de que
Erasmo era católico. Uma boa refutação, tanto do texto de Eclesiástico quanto à
defesa do livre-arbítrio e ao fato de este não ser canônico é dada por Calvino em
As Institutas. Edição Clássica. Volume 2. Capítulo V.18. São Paulo: Cultura Cristã,
2006, p. 102.
[10] Até aqui a ideia de vontade decretiva e vontade preceptiva está sendo
aplicada inconscientemente por um sinergista. Porém, o monergista não pode
apelar a este subterfúgio sem ser criticado com veemência por sinergistas.
capítulo 3.
pelo senhorio. Para mais detalhes, leia a obra “O evangelho segundo Jesus
Cristo”, de John MaCarthur, Jr. 2ª. Ed. São José dos Campos, SP: Editora Fiel,
2008.
[18] Apesar de que, em certa ocasião, ouvimos certo pregador afirmar que a
[27] Para uma leitura do documento que aponta os cinco artigos dos
[29] Apesar de que tal número é colocado como 154. Cf. BEEKE, op. cit., p.
42.
[30] Como este livro não trata diretamente acerca dos cinco pontos do
leitura de uma obra que reúne vários eruditos que tratam da temática, inclusive
sob o tema “expiação limitada”. Cf. GIBSON, David; GIBSON, Jonathan (Editors).
From Heaven He came and sought her: Definite atonement in historical,
biblical, theological and pastoral perspective. Wheaton: Crossway, 2013. Já
traduzida para o português. Cf. nota de rodapé número 119. Entretanto, a obra
clássica continua sendo: OWEN, John. The death of death in the death of
Christ: A Treatise in wich the whole controversy about universal redemption is
fully discussed. Edimburgh: The Banner of Truth Trust, 1959.
[33] Para uma abordagem mais detalhada do determinismo, cf. FEINBERG,
buraco”, como bem percebido pelo escritor Thomas Mann na obra José e seus
irmãos. Neste sentido, ele faz uma ilustração cristológica, apontando para a
necessidade de cair em um buraco para poder ressuscitar. O detalhe curioso é
que a soberania divina só pode ser vislumbrada ao final da história (como
percebemos nos capítulos 45 e 50 de Gênesis), mas nem por isto deve-se
pensar que o movimento histórico possui um deus ausente e silencioso ou que
sejamos entregues à nossa própria “liberdade”.
[38] Para uma exegese detalhada deste texto, cf., o excelente artigo de
God as an aspect of the divine omniscience, escrito por Handal Bush, In;
JETS 51/4 (December 2008) 769-84. Disponível em:
http://www.etsjets.org/files/JETS-PDFs/51/51-4/JETS%2051-4%20769-
784%20Bush.pdf . Acesso em: 07/08/2017.
[40] Teologia desenvolvida por Clark Pinnock nos Estados Unidos. No Brasil,
temos a teologia relacional que possui pontos de contato com o teísmo aberto.
O teísmo relacional é proposto por Ricardo Gondim. Cf.:
http://www.ricardogondim.com.br/estudos/teologia-relacional-que-bicho-e-esse/ .
Acesso em: 07/08/2017. A tendência é realizar um tratamento da divindade de
baixo para cima, visando manter a liberdade do homem, Ed Renê, que nega
abertamente sua ligação com o teísmo aberto, chega a afirmar em seu blog o
seguinte: “Os cristãos não cremos em destino. Os cristãos acreditamos que
Deus tem propósitos para a história humana, mas não tem tudo decidido, como
se a humanidade fosse um conjunto de bonecos iludidos, acreditando que são
responsáveis por suas histórias, mas na verdade são manipulados pelos dedos
de Deus que determinam suas decisões”. Veja sua ênfase em afirmar que nem
tudo está decidido para Deus. No mínimo, há uma identificação com a teologia
relacional. Disponível em:
http://outraespiritualidade.blogspot.com.br/2007/03/as-vontades-de-deus.html .
Acesso em: 07/08/2017.
[41] Para mais detalhes, consulte o excelente trabalho de Claus
Westermann: The Role of the Lament in the Teology of Old Testament.
Disponível em: https://korycapps.files.wordpress.com/2012/11/c-
westermann_role-of-lament-in-ot-theology.pdf . Acesso em 07/08/2017.
[42] A raiz da palavra trevas aparece três vezes ao longo do Salmo 88 (vv. 6,
οὐαί σοι, Χοραζίν, οὐαί σοι, Βηθσαϊδά· ὅτι εἰ ἐν Τύρῳ καὶ Σιδῶνι ἐγένοντο αἱ
δυνάμεις αἱ γενόμεναι ἐν ὑμῖν, πάλαι ἂν ἐν σάκκῳ καὶ σποδῷ μετενόησαν.
[54] Para uma réplica mais sofisticada, consultar o excelente artigo de Dean
[55] Como já afirmado, o objetivo deste capítulo não foi elaborar uma réplica
liberdade libertária.
[60] A visão de Ware, acima descrita, é o paradigma para aqueles que
verdade dos contrafactuais no conhecimento médio; então, ele deve ser falso e
não pode ser conhecido por Deus, uma vez que Deus só conhece coisas
verdadeiras. Postiff exemplifica com outra hipótese: se um agente A fosse
colocado em circunstâncias C, ele pela liberdade compatibilista escolheria fazer
X. No mínimo, a base para tal fórmula é a vontade de Deus, porque neste caso
A, C e X são contemplados como existindo, o que requer que Deus tenha
desejado que A, C e X tenham existido. Isto implica dizer que Deus já tinha
desejado que o agente A tivesse a liberdade para escolher X. Portanto, se a
verdade de contrafactuais está embasada na vontade de Deus ou na vontade de
Deus de como as criaturas seriam, então este tipo de conhecimento médio não
é pré-volicional, e como já visto acima isto descaracteriza o conhecimento
médio – pois nestas circunstâncias não está no meio de nada. Por outro lado, se
o conhecimento médio se baseia na vontade humana, também como já visto, a
determinação divina é dependente da liberdade humana.
[64] Isto ocorre porque o objetivo da criação do conhecimento médio de
Deus era provar que o homem possuía liberdade libertária, conforme a definição
de Molina estabelecida no capítulo 1. Também é perceptível, em certo sentido,
que o conhecimento médio embasa o decreto divino na liberdade humana e tal
pensamento se coaduna mais com a posição arminiana.
[65] Boa parte dos argumentos de Postiff nas notas 31 a 33 deste trabalho
Aces so me 13/07/2012.