Direito Previdenciário

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO

PRIMEIRAS INICIATIVAS DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO

→ 1531 - INGLATERRA –– LEGISLAÇÃO SOBRE ASSISTÊNCIA PÚBLICA


- CONSOLIDADAS EM 1601 – NO “POOR RELIEF ACT ” (LEI DE AMPARO
AOS POBRES) DEFININDO QUE A COMUNIDADE CABERIA PRESTAR
ASSISTÊNCIA PÚBLICA
→ SÉC. XVIII – EUROPA –– “WORKHOUSES” – CASAS DE ABRIGO E
TRABALHO AOS NECESSITADOS - INICIATIVAS EMPRESARIAIS DE
SEGURO PRIVADO – CAPITALISMO INDUSTRIAL NASCENTE NA
EUROPA VISANDO PROTEGER SUA MÃO-DE-OBRA DOS ACIDENTES E
DOENÇAS.
→ 1881 - ALEMANHA – BISMARCK – APRESENTAÇÃO DA ORDENAÇÃO
DAS NORMAS DE ASSISTÊNCIA – “PROJETO SEGURO OPERÁRIO” –
ENFRENTAMENTO DAS SITUAÇÕES DE NECESSIDADE –
ENFERMIDADES /ACIDENTES DE TRABALHO/INVALIDEZ
→ 1898 - FRANÇA –– INSTITUIÇÃO DA LEI DE ACIDENTE DE
TRABALHO
→ 1907 - INGLATERRA –– REGULAÇÃO DE FORMAS DE ASSISTÊNCIA
À VELHICE E AOS ACIDENTES DE TRABALHO
→1917 – MÉXICO - CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO SEGURO SOCIAL
→ 1919 – TRATADO DE VERSALHES –– NAÇÕES SUBSCREVEM
NECESSIDADE NECESSIDADE DE SEGURO SOCIAL OBRIGATÓRIO
→ 1927 – ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO ––
APROVAÇÃO DE CONVENÇÃO ASSEGURANDO INDENIZAÇÃO ÁS
VÍTIMAS DE ACIDENTE DE TRABALHO

→ 1935 – ESTADOS UNIDOS –– “SOCIAL SECURITY ACT” – CRIAÇÃO


DA SEGURIDADE SOCIAL NAQUELA SOCIEDADE
→ 1942 – PLANO BEVERIDGE -INGLATERRA –– DEMARCA A
ESTRUTURA DA SEGURIDADE SOCIAL MODERNA – COM A
PARTICIPAÇÃO UNIVERSAL DE TODAS AS CATEGORIAS LABORAIS –
COBRANÇA COMPULSÓRIA – PARA O FINANCIAMENTO DE TRÊS
ÁREAS DA SEGURIDADE – SAÚDE/PREVIDÊNCIA SOCIAL E
ASSISTÊNCIA SOCIAL
→ 1948 – DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM –– A
PROTEÇÃO PREVIDENCIÁRIA ERIGIDA A CATEGORIA DE DIREITO
FUNDAMENTAL
→ 1952 – OIT –– “CONVENÇÃO 102 DA OIT” – INDICA AOS PAÍSES
MEMBROS NORMATIZAÇÃO MÍNIMA DA SEGURIDADE, INCLUSIVE AOS
TRABALHADORES RURAIS.

└E) SEGURIDADE SOCIAL – APOGEU, CRISE E MUTAÇÃO DOS SISTEMAS –A


PARTIR SEGUNDA GM – HOUVE A IMPLANTAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DOS
SISTEMAS DE SEGURIDADE SOCIAL NOS PAÍSES, ESPECIALMENTE OS
EUROPEUS – CUSTEIO E AMPLIAÇÃO MÁXIMA DAS PROTEÇÕES PELO ESTADO –
ELEMENTOS CARACTERIZADOS DO “ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL”. CRISE:
PÓS GUERRA FRIA + GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA = AUMENTO EXPECTATIVA DE
VIDA = REFORMULAÇÃO NOS SISTEMAS DE SEGURIDADE SOCIAL DITADAS PELA
IDEOLOGIA NEOLIBERAL, DE REDUÇÃO DE GASTOS PÚBLICOS, ESPECIALMENTE
COM PREVIDÊNCIA SOCIAL.

► II – A PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


└A)ANTECEDENTES HISTÓRICOS E LEGISLATIVOS - O SEGURO SOCIAL
BRASILEIRO NASCE A PARTIR DE EXPERIÊNCIAS DE CORPORAÇÕES DE
TRABALHADORES/PRIVADAS QUE FORAM PAULATINAMENTE SENDO
APROPRIADAS PELO ESTADO BRASILEIRO QUE PASSOU A INTERVIR E UNIFICAR
SISTEMAS DE PROTEÇÃO SOCIAL

└B)INICIATIVAS REGULATÓRIAS / LEGISLATIVAS

→ CONSTITUIÇÃO DE 1824 - FAZ BREVE MENÇÃO ACERCA DOS


SOCORROS PÚBLICOS, SEM A DEVIDA REGULAMENTAÇÃO DA
MATÉRIA - PREVÊ A ADOÇÃO DO REGIME DE MUTUALISMO PARA A
FUTURA SEGURIDADE SOCIAL.
→ CÓDIGO COMERCIAL DE 1850 – REGULA O DIREITO DO
TRABALHADOR DE MANUTENÇÃO DA REMUNERAÇÃO POR TRÊS
MESES EM CASO DE ACIDENTE DE TRABALHO.
→ CAIXA DE SOCORRO 1888 – INSTITUÍDA PARA TRABALHADORES
DAS ESTRADAS DE FERRO.
→ CONSTITUIÇÃO DE 1891 – PREVÊ A POSSIBILIDADE DE
APOSENTADORIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS.
→ DECRETO LEGISLATIVO 3724/1919 – CUIDAVA
PORMENORIZADAMENTE DOS ACIDENTES OCORRIDOS NO
AMBIENTE DE TRABALHO
→ LEI ELOY CHAVES - DECRETO LEGISLATIVO 4682/1923 (1ª. LEI
ORGÂNICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL) – TRATAVA DA “CRIAÇÃO DA
CAIXA DE APOSENTADORIA E PENSÕES(CAP) DOS FERROVIÁRIOS”,
POSTERIORMENTE ESTENDIDA AOS TRABALHADORES PORTUÁRIOS,
MARÍTIMOS, SER5VIÇOS TELEGRÁFICOS E RADIOTELEGRÁFICOS,
FORÇA E LUZ E BONDES. DISPUNHA DOS BENEFÍCIOS DE
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, TEMPO DE SERVIÇO, PENSÃO POR
MORTE E ASSISTÊNCIA MÉDICA

→ INSTITUTOS DE APOSENTADORIA– DÉCADA DE 30 - OS CAP´S


PASSARAM A SEREM REUNIDOS NOS IAP`S –
IAPM – MARÍTIMOS / IAPC-COMERCIÁRIOS – IAPB-BANCÁRIOS / IAPI –
INDUSTRIÁRIOS
→ CONSTITUIÇÃO DE 1934 – ADOTA A TRÍPLICE FORMA DE CUSTEIO
(GOVERNO/TRABALHADORES/EMPREGADORES)
→ CONSTITUIÇÃO DE 1937 – O “SEGURO SOCIAL” SURGE COMO
META CONSTITUCIONAL
→ CONSTITUIÇÃO DE 1946 – A CARTA INOVA AO ESTATUIR O DIREITO
À PREVIDÊNCIA SOCIAL – PROTEÇÃO AOS EVENTOS DE INVALIDEZ –
DOENÇA-VELHICE-MORTE
→ LEI ORGÂNICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - 3807/60 – LEGISLAÇÃO
QUE PADRONIZA OS SISTEMAS PREVIDENCIÁRIOS – CRIA OS
BENEFÍCIOS: AUXÍLIO-NATALIDADE, AUXÍLIO FUNERAL E AUXÍLIO-
RECLUSÃO.
→ DECRETO-LEI 72/66 – UNIFICADOR DE TODOS OS “IAP`S”,
CENTRALIZANDO A GESTÃO PREVIDENCIÁRIA NO “INPS”
→ LEI 6439/77 – CRIADORA DO SINPAS – SISTEMA NACIONAL DE
PREVIDÊNCIA SOCIAL- INSTITUINDO VÁRIAS AUTARQUIAS: INPS
(ADMINISTRAÇÃO DOS BENEFÍCIOS) – IAPAS (ADMINISTRAÇÃO
ARRECADAÇÃO/FISCALIZAÇÃO/COBRANÇA) – INAMPS (SÁUDE)– LBA
(ASSISTÊNCIA SOCIAL) – FUNABEM (POLÍTICA SOCIAL DO MENOR) –
CEME (MEDICAMENTOS) – DATAPREV (PROCESSAMENTO DE DADOS)
→ CONSTITUIÇÃO DE 1988 – UNIFICA AS TRÊS ATIVIDADES DA
SEGURIDADE SOCIAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL, ASSISTÊNCIA SOCIAL E
SAÚDE.
→ LEI 8029/90 – INSS – CRIAÇÃO DO INSTITUTO NACIONAL DO
SEGURO SOCIAL - INCORPORA INPS E IAPAS.
→ LEIS 8212 e 8213/91 – ORGANIZAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL E
REGULAMENTAÇÃO DOS PLANOS DE CUSTEIO E BENEFÍCIOS DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL

1. CONCEITO DE SEGURIDADE SOCIAL


O art. 193 da Constituição Federal de 1988 inaugura o título da Ordem Social afirmando que
ela tem por base o primado do trabalho e possui duplo objetivo: o bem-estar e a justiça social.
Dentro da ordem social, destaca-se o conceito de Seguridade Social, definido no art. 194 da
Constituição Federal, que assim dispõe:

CF, art. 194. A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações, de iniciativa dos
poderes públicos e da sociedade, destinadas a garantir os direitos relativos à Saúde, à Previdência
e à Assistência Social.

O conceito constitucional delimita de modo preciso as áreas de atuação da Seguridade


Social.
Dentre todas as ações realizadas pelos poderes públicos e pela sociedade, somente estarão
compreendidas na Seguridade Social, aquelas cujos objetivos sejam a garantia de direitos relativos à
Saúde, à Previdência e à Assistência Social.
Este conceito é simples e introdutório, mas muito cobrado em provas. Tradicionalmente, as bancas
examinadoras adoram elaborar questões nas quais mencionam, como integrantes do conceito de
Seguridade Social, ações que tenham por objetivo a garantia dos direitos relativos à educação, à
vida, à cultura, ao trabalho. Como você já pode perceber, esta inserção do direito à vida, à educação,
à cultura ou ao trabalho torna a questão falsa, pois a Seguridade Social não tem por fim garanti-los.

Portanto, daqui para frente, sempre que você vir a expressão Seguridade Social, lembre que
se trata de ações cujo objetivo é a garantia dos direitos relativos a SAÚDE, ASSISTÊNCIA
SOCIAL e PREVIDÊNCIA SOCIAL.
A Seguridade Social é parte de uma rede de proteção à qual comumente se dá o nome de
Estado do bem-estar social, que oferece benefícios e serviços ao cidadão quando ele se encontra em
situação de risco social. O objetivo desta rede é proteger os cidadãos nas situações em que ele não
consegue adquirir com os frutos do seu trabalho aquilo de que necessita para a sua sobrevivência e
da sua família. Nestas situações, a rede de proteção entra em ação, garantindo a este cidadão os
meios mínimos necessários para uma existência digna. Com vistas ao alcance deste objetivo, o art.
194 da Constituição, ao conceituar a Seguridade Social, afirma que as ações por ela desenvolvida
são integradas. Em outras palavras, a Constituição afirma que as políticas e ações públicas de saúde,
assistência social e previdência social atuarão de modo integrado. O conceito constitucional
demonstra que as ações na área de Seguridade Social não serão desenvolvidas exclusivamente pelo
Estado, pois a iniciativa destas ações também pertence à sociedade. Entretanto, de acordo com o
parágrafo único do art. 194 da Constituição, compete ao poder público organizar a Seguridade
Social, nos termos da Lei.

2. SAÚDE
Segundo o art. 196 da Constituição, saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos
e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
O dispositivo constitucional demonstra que o acesso aos serviços de saúde é universal. É um
dever do Estado prestar serviços de saúde e todos podem ter acesso aos serviços de saúde prestados
pelo poder público, qualquer que seja a sua condição social ou econômica.
O acesso aos serviços públicos de saúde também independe de contribuição, ou seja, não é
necessário que o indivíduo tenha previamente recolhido contribuições ao sistema de Seguridade,
para que possa beneficiar-se dos serviços de saúde. Tanto um mendigo quanto um milionário têm
idêntico acesso aos serviços públicos de saúde.

As ações e serviços de saúde competem ao SUS – Sistema Único de Saúde, vinculado, no


âmbito federal, ao Ministério da Saúde. Nos estados, no Distrito Federal e nos municípios, as ações
de saúde são desenvolvidas no âmbito das respectivas Secretarias de saúde. No art. 197, a
Constituição afirma que as ações e serviços de saúde são de relevância pública, cabendo ao poder
público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua
execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de
direito privado. O dispositivo não deixa margem de dúvida quanto à responsabilidade do Estado nas
ações de saúde. Nem sempre a execução destes serviços será feita diretamente pelo Estado, mas a
fiscalização e o controle estarão sempre a seu encargo. Para que você entenda o que afirmamos
acima, tenha em mente que os serviços de saúde podem ser prestados por hospitais públicos,
hipótese em que o Estado estará prestando o serviço de saúde diretamente, mas também podem
estes serviços ser prestados por hospitais particulares remunerados pelo SUS. Nesta última hipótese,
teremos uma pessoa jurídica de direito privado prestando serviços públicos de saúde, sendo
remunerada diretamente pelo Estado. A fiscalização e o controle do serviços, entretanto, incumbem
sempre ao Estado. No artigo 199, a Constituição reitera a idéia acima exposta, quando afirma que a
assistência à saúde é livre à iniciativa privada e que as instituições privadas poderão participar de
forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de
direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
Impede-se apenas a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na
assistência à saúde no país, salvo nos casos previstos em lei. Neste mesmo artigo, a Constituição
veda a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com
fins lucrativos. Note que a vedação alcança apenas a destinação de recursos públicos sob a forma de
subvenção ou auxílio. Assim, uma vez que se permite a participação de entidades privadas com fins
lucrativos no SUS, de modo complementar, terão elas direito à remuneração pelos serviços que
prestarem.

A Constituição exige a participação da comunidade no acompanhamento e na gestão das


ações de saúde. O atendimento prestado pelo SUS será integral e terão prioridade as atividades
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais.

O Sistema Único de Saúde será financiado com recursos do orçamento da Seguridade Social
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios. Uma vez que, nos termos do inciso II
do art. 23 da Constituição, todos os entes federativos têm competência para cuidar da saúde pública
(competência comum), naturalmente, cada um deles deverá aplicar uma parcela das suas receitas no
desenvolvimento de ações de proteção e promoção da saúde.
A Constituição estabelece limites mínimos para a aplicação de recursos na área de saúde. No
caso da União, o inciso I do § 2º do art. 198 estabelece que o valor aplicado em saúde não pode ser
inferior a 15% sobre a receita corrente líquida do exercício anterior. De acordo com o inciso I do §
3º do art. 198, os percentuais mínimos de aplicação de recursos na saúde pelos Estados, pelo DF e
pelos municípios serão definidos em Lei Complementar.
De acordo com os art. 6º e 7º da Lei Complementar nº 141, de 2012, aplica-se o percentual mínimo
de 12% para os Estados e de 15% para os municípios. A referida lei complementar detalha a base de
cálculo sobre a qual devem incidir os percentuais mencionados.
A constituição atribui ainda à Lei Complementar as seguintes competências:
• Definição dos critérios de rateio de recursos destinados à saúde, da União para os Estados, o
Distrito Federal e os municípios, bem como dos Estados para os municípios, com o objetivo de
reduzir progressivamente as disparidades regionais.
• Estabelecimento das normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas
esferas federal, estadual, distrital e municipal.
• Estabelecimento das normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União na saúde.
Nos termos do art. 200 da Constituição, além de outras atribuições, compete ao SUS, nos termos da
lei:
• Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar
da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
• Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;
• Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
• Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;
• Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;
• Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como
bebidas e águas para consumo humano;
• Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e
produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
• Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

3. ASSISTÊNCIA SOCIAL
Segundo o art. 203 da Constituição, a Assistência Social será prestada a quem dela
necessitar, independentemente de contribuição à Seguridade Social. Assim como a saúde, a
Assistência Social é um sistema não contributivo. Entretanto, enquanto a saúde tem abrangência
universal, a Assistência Social tem alcance mais restrito, uma vez que os benefícios e serviços
assistenciais somente serão prestados àqueles que deles necessitem.

A Assistência Social tem por objetivo a proteção aos desvalidos, àquelas pessoas que, sem
ela, dependeriam da caridade alheia para obter condições de sobrevivência. Exatamente por esta
razão, a necessidade do beneficiário é uma premissa para a concessão do benefício ou a fruição do
serviço assistencial. Cabe à lei que criar o benefício assistencial definir os critérios de concessão, ou
seja, quais os requisitos que o cidadão precisará demonstrar para fazer jus ao benefício.
Nos últimos anos, houve significativo aumento no alcance dos programas assistenciais promovidos
pelo governo federal, tendo significativo destaque o programa Bolsa-Família.
De acordo com o art. 203 da Constituição, a Assistência Social atenderá aos seguintes objetivos:
• A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
• O amparo às crianças e adolescentes carentes;
• A promoção da integração ao mercado de trabalho;
• A habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração
à vida comunitária;
• A garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso
que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua
família, conforme dispuser a lei. As ações governamentais na área da Assistência Social serão
realizadas com recursos do orçamento da Seguridade Social, além de outras fontes, e organizadas
com base nas seguintes diretrizes:
• Descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera
federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal,
bem como a entidades beneficentes e de assistência social;
• Participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas
e no controle das ações em todos os níveis. A Constituição permite que os Estados e o Distrito
Federal vinculem até cinco décimos por cento (0,5%) de sua receita tributária líquida a programa de
apoio à inclusão e promoção social, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: despesas
com pessoal, encargos sociais, serviço da dívida e qualquer outra despesa corrente não vinculada
diretamente aos investimentos ou ações apoiados. Já está claro que a Assistência Social será
prestada a quem dela necessitar. Cabe à lei definir quem pode ser considerado necessitado, para fins
de recebimento de benefícios assistenciais. É interessante observar que esta definição não é linear,
mas acontece benefício por benefício.

BPC – LOAS
constantes da Lei 8.742, de 1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS) e do Decreto nº
6.214, de 2007, que regulamentam a concessão deste benefício. Apenas a título introdutório, você
deve saber que, para efeito de recebimento do benefício assistencial mensal no valor de um salário-
mínimo, conhecido como BPC-LOAS (Benefício de Prestação Continuada previsto na Lei Orgânica
da Assistência Social – LOAS), previsto no inciso V do art. 203 da Constituição, será considerado
necessitado o deficiente ou o idoso que não possua meios de prover a sua própria manutenção nem
de tê-la provida por sua família, assim considerado aquele cuja renda familiar mensal per capita seja
inferior a 1/4 do salário-mínimo. De acordo com o art. 1º do Estatuto do idoso, serão assim
consideradas pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Entretanto, para o fim
específico de recebimento do benefício assistencial BPC-LOAS, a pessoa será considerada idosa a
partir dos sessenta e cinco anos de idade (tanto o homem quanto a mulher).
Entende-se como família, para efeito de definição da renda per capita familiar, conjunto de pessoas
composto pelo requerente, o cônjuge, o companheiro, a companheira, os pais e, na ausência de um
deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores
tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.
Não esqueça: para recebimento do benefício assistencial correspondente a um salário-mínimo
mensal, conhecido como BPC-LOAS, são os seguintes os requisitos previstos em lei:

Como dissemos, estas são apenas algumas informações introdutórias sobre o BPC-LOAS. Este
benefício será tratado em aula específica. Por ora, consideramos importante que você lembre
do seguinte:
• O BPC-LOAS corresponde a uma renda mensal de um salário-mínimo;
• É devido ao deficiente e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria
manutenção nem de tê-la provida por sua família;
• Exige-se renda per capita familiar inferior a 1/4 do salário-mínimo;
• É benefício assistencial, logo, o beneficiário não precisa comprovar o recolhimento prévio
de contribuições.

4. PREVIDÊNCIA SOCIAL
Segundo o art. 201 da Constituição Federal, a Previdência Social será organizada sob a
forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
A proteção fornecida pela Previdência Social destina-se, principalmente, aos trabalhadores.
Diferentemente da Saúde e da Assistência Social, a Previdência Social depende de contribuição
prévia, pois é uma modalidade de seguro. De um modo geral, enquanto está na ativa, o trabalhador
e a empresa para a qual ele trabalha recolhem contribuições para o sistema, a fim de que, se
ocorridas algumas das situações de risco social previstas em lei, obtenha a cobertura da Previdência
Social, sob a forma de concessão de benefícios e serviços.
Embora seja uma espécie de seguro, a participação do trabalhador no plano previdenciário básico é
obrigatória. Logo, não há espaço para a manifestação de vontade do trabalhador acerca da
participação ou não no plano previdenciário. A partir do momento que ele venha a exercer uma
atividade que, nos termos da lei, seja de filiação obrigatória, estará automaticamente vinculado ao
sistema previdenciário, ainda que não queira ou que não saiba disso. Como veremos adiante, a
filiação obrigatória é fundamental para a efetivação do princípio da solidariedade social.
A partir da Emenda Constitucional nº 20, passou a constar do texto constitucional a exigência de
que o sistema previdenciário obedeça a critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
Este dispositivo, inserido no texto constitucional devido à preocupação com o déficit da
Previdência, exige do legislador e dos gestores da Previdência a busca constante pelo equilíbrio
entre as contribuições vertidas pela sociedade para o financiamento do sistema e os valores que a
Previdência retorna à sociedade sob a forma de benefícios. Além disso, exige que os gestores da
Previdência estejam atentos às probabilidades futuras, tendo em vista que
o equilíbrio das contas da Previdência depende de fatores como a modificação da composição etária
da população e dos seus níveis de ocupação profissional.

Segundo o art. 201 da Constituição, a Previdência Social deverá oferecer cobertura para os
seguintes eventos:
• Doença, invalidez, morte e idade avançada;
• Proteção à maternidade, especialmente à gestante;
• Proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
• Salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;
• Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e
dependentes.
devido ao art. 9º da Lei nº 8.213, de 1991, que assim dispõe:
Art. 9º A Previdência Social compreende: ...
§ 1º O Regime Geral de Previdência Social – RGPS garante a cobertura de todas as situações
expressas no art. 1º desta lei, exceto as de desemprego involuntário, objeto de lei específica,...
Como se lê acima, a Lei nº 8.213, de 1991, que trata dos benefícios concedidos pelo Regime
Geral de Previdência Social – RGPS, expressamente afirma que o seguro-desemprego não integra o
RGPS. O tema foi recentemente cobrado pelo CESPE:

REGIMES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL


Antes de prosseguirmos, vamos fazer um pequeno resumo das principais características de cada um
dos regimes previdenciários existentes no Brasil.

REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL


O Regime Geral de Previdência Social – RGPS é o objeto principal de nosso estudo, pois é o
regime operacionalizado pelo INSS. Trata-se do regime previdenciário previsto no art. 201 da
Constituição Federal, que é CONTRIBUTIVO e de filiação OBRIGATÓRIA. Estão vinculados a
este regime todos os trabalhadores da iniciativa privada, tanto aqueles regidos pela CLT –
Consolidação das Leis do Trabalho (empregados), quanto aqueles que trabalham por conta própria.
Também estão obrigatoriamente vinculados ao RGPS os servidores públicos que não estejam
vinculados a regime próprio de previdência social. O RGPS é o maior regime previdenciário
brasileiro, pois reúne o maior número de segurados. Cabe ressaltar que o RGPS é o único regime
previdenciário administrado pelo INSS. Agora, nós veremos os dois outros regimes previdenciários
presentes no Brasil.

REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL


Os Regimes Próprios de Previdência Social – RPPS estão previstos no art. 40 da Constituição
Federal. É o regime ao qual encontram-se vinculados os servidores públicos ocupantes de cargos
efetivos da União, Estados e diversos municípios do Brasil. O regime próprio para os
servidoresefetivos estão previstos na Constituição, mas a sua efetiva criação depende da edição de
lei por cada um dos entes federativos. A União possui regime próprio para os seus servidores, assim
como todos os estados. Dos mais de cinco mil municípios existentes no Brasil, entretanto,
aproximadamente apenas dois mil possuem regimes próprios para os seus servidores. Quando um
município não possui RPPS, os seus servidores, mesmo os efetivos, automaticamente, estarão
vinculados ao RGPS. Cabe salientar que o RPPS dos Militares possui um regramento específico e,
por isso, não está sujeito às regras colocadas aos servidores públicos estatutários.

REGIME DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR


A Previdência Complementar encontra-se prevista no art. 202 da Constituição. Como o próprio
nome indica, o objetivo é a complementação dos benefícios concedidos pelo RGPS ou pelo RPPS.
Enquanto o RGPS e os RPPS são regimes públicos, a Previdência Complementar é privada.
Além disso, a vinculação a um plano de Previdência Privada é sempre facultativa. A organização da
Previdência complementar se dá de modo autônomo em relação ao RGPS. Os planos de
Previdência Complementar podem ser oferecidos por entidades abertas (nas quais qualquer pessoa
pode ingressar como segurado) e por entidades fechadas (nas quais o acesso é restrito aos
funcionários de determinada empresa ou a membros de determinadas associações).

5. PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL

Art. 2º A Previdência Social rege-se pelos seguintes princípios e objetivos:


I - universalidade de participação nos planos previdenciários;
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios;
IV - cálculo dos benefícios considerando-se os salários-de-contribuição corrigidos
monetariamente;
V - irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a preservar-lhes o poder aquisitivo;
VI - valor da renda mensal dos benefícios substitutos do salário-de-contribuição ou do rendimento
do
trabalho do segurado não inferior ao do salário mínimo;
VII - previdência complementar facultativa, custeada por contribuição adicional;
VIII - caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação do
governo e da comunidade, em especial de trabalhadores em atividade, empregadores e
aposentados.

O parágrafo único do art. 194 da Constituição enumera os objetivos constitucionais da Seguridade


Social. Embora a Constituição dê a eles a denominação de objetivos, a doutrina previdenciária os
denomina princípios da Seguridade Social, pois expressam os valores que fundamentam a
Seguridade Social, compondo enunciados com alto grau de abstração e que influenciam o legislador
(ao elaborar leis relativas à Seguridade Social), o aplicador da lei e o intérprete.
• PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE
O princípio da solidariedade não está expresso no parágrafo único do art. 194 da
Constituição, mas sim no inciso I do seu art. 3º. Ali, a Constituição afirma que a construção de uma
sociedade livre, justa e solidária constitui um dos objetivos fundamentais da República Federativa
do Brasil. Embora não seja um princípio ou objetivo específico da Seguridade Social, é possível
afirmar que a solidariedade é a própria razão de existência deste sistema. A criação de uma rede de
benefícios sociais cujo objetivo é a proteção das pessoas que venham a se encontrar em situações de
risco somente faz sentido, quando se entende que o risco não deve ser suportado por cada um
individualmente, mas sim por toda a sociedade. Seguindo-se esta idéia, o fato de uma pessoa
encontrar-se em uma situação de extremo infortúnio, por exemplo, porque não mais pode trabalhar
em razão da doença, afeta não apenas a pessoa e aqueles que dela dependem, mas toda a sociedade.
Exatamente por essa situação, a sociedade se organiza para a criação de um sistema cujo objetivo é
a proteção dessas pessoas em situação de risco (Seguridade Social).
A solidariedade aparece, por exemplo, no regime de repartição adotado pela Previdência Social.
Neste sistema, as contribuições vertidas pelos trabalhadores em atividade são utilizadas para o
pagamento de benefícios àqueles que estão hoje aposentados. Os benefícios devidos àqueles que
hoje estão em atividade serão custeados pelas contribuições vertidas pela próxima geração de
trabalhadores (solidariedade intergeracional e intra geracional). Assim, sucessivamente, as gerações
ativas financiam os benefícios daquelas que estão na inatividade.
É o princípio da solidariedade que permite, por exemplo, que um trabalhador que venha a sofrer um
acidente no seu primeiro dia de trabalho possa receber aposentadoria por invalidez durante toda a
sua vida. Tendo sofrido o acidente no primeiro dia de trabalho, resta claro que não houve
contribuição por parte deste segurado. Os recursos necessários ao pagamento daquela
aposentadoria, portanto, serão bancados por toda a sociedade, pois se entende que o risco de perder
a capacidade de trabalho por força de um acidente não deve ser suportado por cada um
individualmente, mas sim por toda a sociedade.
É também o princípio da solidariedade que determina que um aposentado que retorna à atividade
deve recolher normalmente as contribuições previdenciárias, mesmo não podendo receber uma nova
aposentadoria.

• PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE DA COBERTURA E DO ATENDIMENTO


O princípio da universalidade da cobertura, também conhecido como universalidade objetiva,
impõe que o sistema de Seguridade Social ofereça cobertura a todas as situações de risco social.
Busca-se, portanto, impedir a omissão do sistema quanto à cobertura de determinada situação que
venha a colocar o indivíduo em situação de risco social.
A universalidade do atendimento, por sua vez, implica a obrigatoriedade de atendimento pelo
sistema de Seguridade Social a todas as pessoas. A própria Constituição determina que a saúde seja
prestada a todos e que a assistência social seja prestada a todos que dela necessitem.
Quanto à Previdência Social, ela destina-se precipuamente ao trabalhador, entretanto, aquele que
não desenvolve atividade remunerada pode filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social na
condição de segurado facultativo, regra que materializa o princípio da universalidade também neste
ramo da seguridade social.
É importante entender que a Seguridade Social impõe ao Estado uma série de obrigações, quer seja
de conceder benefícios, quer seja de prestar serviços em prol dos beneficiários. Todas estas ações
demandam enorme quantidade de recursos, de modo que o princípio da universalidade deverá ser
ponderado por outros princípios, especialmente os princípios da seletividade e da reserva do
possível, pois as necessidades são infinitamente superiores às possibilidades materiais de
atendimento.

• UNIFORMIDADE E EQUIVALÊNCIA DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS ÀS


POPULAÇÕES URBANAS E RURAIS.
Por este princípio, a Constituição impede a discriminação à população rural, exigindo que os
benefícios oferecidos pela Seguridade Social a esta população sejam idênticos àqueles oferecidos à
população urbana. Além de serem uniformes, os benefícios devem ser equivalentes, ou seja,
também não é possível que se diferencie o valor dos benefícios por serem eles concedidos às
populações urbana ou rural. Para a melhor compreensão deste princípio, é importante ter em mente
que, historicamente, a proteção social oferecida à população urbana foi sempre mais abrangente do
que aquela fornecida à população rural. Se pensarmos na proteção previdenciária, por exemplo, ela
tem início no Brasil na década de vinte, com a criação das Caixas de Aposentadoria e Pensão nas
empresas Ferroviárias, determinada pela Lei Eloy Chaves. Inicialmente destinada aos trabalhadores
urbanos, a proteção previdenciária somente foi estendida aos trabalhadores rurais na década de
sessenta, com a criação do FUNRURAL – Fundo de Assistência e Previdência do trabalhador rural.
Mesmo aí, os benefícios concedidos aos trabalhadores rurais eram bem diferentes daqueles
concedidos aos trabalhadores urbanos, tendo, inclusive, valor inferior ao salário-mínimo. Este
princípio se materializa, por exemplo, na garantia constitucional de que os benefícios que
substituem a renda do trabalhador não tenham valor inferior a um salário-mínimo, a qual se aplica,
indistintamente, aos trabalhadores urbanos e aos trabalhadores rurais. É necessário frisar, entretanto,
que a existência deste princípio não impede a existência de algumas diferenciações na concessão
dos benefícios e nas regras de contribuição dos trabalhadores rurais, as quais têm fundamento na
própria Constituição, como, por exemplo, os requisitos etários reduzidos em cinco anos para a
obtenção de aposentadoria por idade pelos trabalhadores rurais e a previsão de que as contribuições
previdenciárias devidas pelos pequenos produtores rurais que exerçam a sua atividade em regime de
economia familiar incidirão sobre o resultado da comercialização da produção.

• PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE E DA DISTRIBUTIVIDADE NA PRESTAÇÃO DOS


BENEFÍCIOS E SERVIÇOS.
O princípio da seletividade atua como uma forma de ponderação ao princípio da universalidade. O
legislador constituinte, ao delinear o sistema de Seguridade Social, previu que as necessidades de
benefícios excederiam bastante as possibilidades do sistema, daí porque impôs a seletividade. Não
havendo possibilidades materiais de se oferecer cobertura a todas as situações de risco social, cabe
ao sistema selecionar quais as situações que serão objeto de cobertura, ou qual a extensão da
cobertura fornecida em cada uma das situações. É importante frisar que se devem selecionar as
situações de risco a serem cobertas e não as pessoas a serem protegidas, pois isto implicaria ofensa
ao princípio da universalidade e até mesmo à isonomia. O princípio da reserva do possível, que não
está expresso na Constituição, mas é mencionado pela doutrina, reconhece que as prestações da
Seguridade Social serão devidas na medida das disponibilidades orçamentárias. Tem, portanto, um
conteúdo bastante próximo ao princípio da seletividade. Toda seleção exige um critério. A
Constituição determina que se faça uma seleção das situações de risco a serem cobertas pela
Seguridade e, ao mesmo tempo, determina que a distributividade seja o critério utilizado nesta
seleção. Em outras palavras, a Constituição determina que o sistema de Seguridade Social atue
como elemento distribuidor de renda, objetivo que somente se alcança quando se prioriza a
concessão de benefícios e serviços àqueles que mais necessitam. Ora, se, nos termos do art. 195 da
Constituição, toda a sociedade financia a Seguridade Social, direcionar os benefícios da Seguridade
àqueles que mais necessitam implica distribuir entre estas pessoas a maior parte dos valores que são
trazidos ao sistema por toda a sociedade. Importante salientar que a escolha das situações de risco a
serem cobertas deve ser feita pela lei, não cabendo à administração pública, enquanto gestora do
sistema de Seguridade Social, nenhuma margem de discricionariedade na escolha das situações a
serem cobertas. A vinculação é total, cabendo à administração apenas assegurar que a pessoa que
está pleiteando o benefício preenche os requisitos previstos em lei. Exemplo marcante de aplicação
do princípio da seletividade e da distributividade é a previsão constitucional de que o salário-família
e o auxílio-reclusão sejam concedidos apenas aos dependentes do segurado de baixa renda. A
concessão destes benefícios a todos os segurados traria um grande ônus ao sistema e, impondo-se
uma seleção das situações a serem cobertas, a Constituição direciona os benefícios aos dependentes
dos segurados de baixa renda.

• IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS.


Por este princípio, a Constituição impede a redução do valor dos benefícios. Impede-se, portanto,
que lei ou ato administrativo posterior à concessão do benefício venha a reduzir nominalmente o
seu valor bruto, alterando-o, por exemplo, de R$ 2.000,00 para R$ 1.900,00.
Resta claro que a garantia da irredutibilidade alcança apenas os benefícios concedidos de acordo
com a lei. Caso um benefício seja equivocadamente concedido com um valor superior ao devido,
uma vez reconhecido o equívoco, impõe-se a redução do valor do referido benefício, sob pena de
ofensa ao princípio da legalidade. Vale aqui a máxima segundo a qual a administração pública está
obrigada a rever os seus próprios atos quando eles estiverem eivados de vícios.
Havendo irregularidade, ela deve ser sanada, ainda que resulte em redução do valor do benefício.
Apenas, como uma forma de preservar a segurança jurídica, o art. 103-A da Lei nº 8.213, de 1991,
fixa um prazo decadencial de dez anos para que o INSS proceda à anulação de atos dos quais
decorram efeitos favoráveis para os seus beneficiários. Mas este é um tema ao qual nós voltaremos
quando estudarmos prescrição e decadência.
É importante que se frise que, no que toca aos benefícios previdenciários, o § 4º do art. 201 da
Constituição expressamente exige a concessão de reajustes periódicos, a fim de eles tenham
preservado o valor real, conforme critérios definidos em lei. No mesmo sentido, o inciso V do art.
2º da Lei nº 8.213, de 1991, ao tratar dos princípios e objetivos da Previdência Social, afirma a
irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a preservar-lhes o poder aquisitivo. Esta regra é
complementada pelo art. 41-A da mesma lei, que dispõe que os valor dos benefícios do RGPS será
anualmente reajustado, na mesma data de reajuste do salário-mínimo, com base na variação do
Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC. Neste momento, queremos que você fique atento
ao seguinte: o índice de reajuste dos benefícios previdenciários não é o mesmo que se utiliza para o
reajuste do salário-mínimo. O reajuste dos benefícios do RGPS e do salário-mínimo são feitos na
mesma data, mas os índices são diferentes.
• EQUIDADE NA FORMA DE PARTICIPAÇÃO NO CUSTEIO.
O princípio da equidade na participação no custeio relaciona-se com o princípio tributário da
capacidade contributiva e indica que cada pessoa deve ser chamada a contribuir para o sistema de
Seguridade Social, na medida da sua capacidade. Sob este fundamento, por exemplo, as
contribuições devidas pelos segurados empregados à Previdência Social serão maiores à medida que
seja maior o seu salário de contribuição. Do mesmo modo, as contribuições previdenciárias devidas
pelas empresas possuem alíquotas superiores àquelas devidas pelos segurados, dada, em regra, a sua
maior capacidade econômica. Para que seja efetivamente equitativa, a participação no custeio deve
levar em conta não apenas a capacidade econômica, mas também o ônus trazido ao sistema. Em
outras palavras, a contribuição também deve ser graduada em razão dos riscos proporcionados aos
beneficiários. Deste modo, por exemplo, a empresa cuja atividade possui um alto grau de riscos de
acidente do trabalho deve ter uma contribuição superior àquela cujo grau de risco de acidentes é
baixo. Por sua vez, a empresa que investe em prevenção e segurança do trabalho, tendo um
desempenho em relação aos acidentes do trabalho bem melhor do que a média do seu segmento
econômico, deve recolher contribuições previdenciárias menores do que uma empresa que não faça
os mesmos investimentos e cause um número maior de acidentes. Do mesmo modo, a empresa que
expõe de modo permanente o seu trabalhador a agente nocivo prejudicial a sua saúde deve ter um
adicional de contribuição em relação às demais empresas, que não expõem os seus trabalhadores a
este tipo de risco, dado que este trabalhador fará jus à aposentadoria especial e, com isso,
necessitará de menos tempo para obter a aposentadoria.

DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO.


Como o próprio nome diz, o princípio da diversidade da base de financiamento impõe que os
recursos destinados à Seguridade Social provenham de diversas fontes, com vistas ao seu
fortalecimento financeiro. Evita-se, deste modo, que o sistema de Seguridade Social venha a se
tornar excessivamente dependente de uma única fonte, que, se viesse a sofrer grande oscilação,
traria desequilíbrio ao sistema. A diversidade está contemplada nos incisos do art. 195 da
Constituição, que prevêem diversas bases econômicas para a incidência das contribuições sociais
(folha de salários e demais rendimentos do trabalho, faturamento ou receita, lucro, receita de
concursos de prognóstico e operações de importação). Esta diversidade é reforçada pela atribuição
constitucional de competência residual à União, para que institua novas contribuições de
Seguridade Social, o que abre ainda mais o leque das possibilidades de financiamento.
• CARÁTER DEMOCRÁTICO E DESCENTRALIZADO DA ADMINISTRAÇÃO,
MEDIANTE GESTÃO QUADRIPARTITE, COM PARTICIPAÇÃO DOS
TRABALHADORES, DOS EMPREGADORES, DOS APOSENTADOS E DO GOVERNO
NOS ÓRGÃOS COLEGIADOS.
Por este princípio, a Constituição exige a participação da sociedade na gestão da Seguridade Social.
Os quatro grupos que têm interesses na Seguridade Social – trabalhadores, aposentados, empresas e
o governo – devem ter assento e voz nos seus órgãos decisórios, para que possam acompanhar a
gestão e participar das decisões. Por força disto, em cada um dos segmentos da Seguridade há
órgãos colegiados encarregados de acompanhar a gestão e controlar a execução das políticas de
cada uma das áreas. São exemplos o Conselho de Saúde, o Conselho Nacional de Assistência Social
– CNAS e o Conselho Nacional de Previdência Social – CNPS.

6. DISTRIBUIÇÃO CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIAS EM MATÉRIA DE


SEGURIDADE SOCIAL De acordo com o inciso XXIII do art. 22 da Constituição Federal,
compete PRIVATIVAMENTE à União legislar sobre Seguridade Social. De acordo com o parágrafo
único deste artigo, lei complementar pode autorizar os estados a legislar sobre questões específicas
das matérias ali relacionadas. Já o inciso XII do art. 24 da Constituição, afirma que compete à
União, aos Estados e ao Distrito Federal LEGISLAR CONCORRENTEMENTE sobre Previdência
Social, proteção e defesa da saúde. Esta distribuição de competências mostra-se um pouco confusa.
Enquanto a União detém competência privativa para legislar sobre o todo (Seguridade Social), a
competência para legislar sobre as partes deste todo (saúde e previdência social) é atribuída de
modo concorrente à União e aos estados. No caso da Previdência Social, a atribuição de
competência aos estados justifica-se pela possibilidade de instituição de regimes próprios de
previdência para os servidores públicos titulares de cargo efetivo, nos moldes previstos no art. 40 da
Constituição. O inciso II do art. 23 da Constituição afirma que cuidar da saúde e assistência pública
é uma competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Diante
disso, justifica-se a atribuição de competência legislativa aos Estados no que toca à saúde. Quanto
aos municípios, o inciso I do art. 30 atribui a eles competência para legislar sobre assuntos de
interesse local. Portanto, terão eles a possibilidade de legislar sobre previdência social (para que
possam instituir o regime próprio de Previdência Social dos seus servidores efetivos), saúde e
assistência social

BENEFÍCIOS
1. Aposentadoria por idade ou programável
A aposentadoria por idade também pode ser chamada como programável. Até pouco
tempo — 13/11/2019, para ser mais exato —, existia uma grande diferença para a
aposentadoria por tempo de contribuição.

A reforma da previdência, que foi aprovada nessa data, acabou unificando esses dois
tipos de benefícios e, em breve, não haverá mais o benefício por idade e o por tempo de
contribuição: será a aposentadoria programada.

Chama-se programada porque as pessoas se preparam para ela, é diferente de um


auxílio-acidente, em que você pode estar trabalhando tranquilamente quando sem aviso
nenhum se machucar e acabar tendo que requerer a prestação ao INSS.
De toda forma, para aqueles que começaram a contribuir antes de 2019, ainda é possível
requerer a aposentadoria por idade, desde que você comprove que completou os
requisitos de uma delas até a data da reforma.

E existem diversos tipos de aposentadoria por idade, cada uma com requisitos próprios e
forma de cálculo do valor de benefício diferente:

• Aposentadoria por idade urbana;


• Aposentadoria por idade rural;
• Aposentadoria por idade híbrida (é uma mistura da urbana com a rural);
• Aposentadoria por idade da pessoa com deficiência.
Como a intenção deste post é só apresentar quais são os benefícios da Previdência
Social de forma superficial, não vamos nos ater aos requisitos e outros detalhes.

Mas não se preocupe, em cada um dos benefícios vai haver link para um artigo completo
com mais detalhes.

2. Aposentadoria por tempo de contribuição


A aposentadoria por tempo de contribuição tem como principal diferencial exigir mais
tempo de contribuição do que o comum.

Na aposentadoria por idade, por exemplo, é exigido que a pessoa tenha pelo menos 180
contribuições regulares, além da idade mínima.

Já o benefício por tempo exige acima de 25 anos de contribuição, a depender do tipo de


aposentadoria e sexo (homem ou mulher):

• Aposentadoria por tempo de contribuição comum;


• Aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência.
Além dos requisitos, existe diferença em como é calculado o valor do benefício.

Na prática, sem analisar cada caso, é impossível afirmar que um é melhor do que o outro.

A única forma de se chegar a essa conclusão é por meio de um planejamento


previdenciário, no qual a renda mensal inicial de todos os tipos de aposentadorias
possíveis são calculadas, além de se fazer simulações e abordar outros pontos
importantes e benefícios da Previdência Social, como pendências no INSS que precisam
ser resolvidas e a pensão por morte.
3. Aposentadoria especial
A aposentadoria especial é semelhante à aposentadoria por tempo de contribuição, com
um diferencial importante: é destinado para pessoas que trabalharam longos períodos
com insalubridade ou periculosidade, o que chamamos de atividade especial.
Como esses profissionais colocam a própria saúde em risco, a eles é permitido se
aposentarem mais cedo do que o comum, podendo ser com 15, 20 ou 25 de contribuição
em atividades especiais.
Por exemplo, trabalhadores que são expostos a ruído alto, risco biológico, químico ou alta
tensão elétrica (acima de 250 volts), podem se aposentar aos 25 de contribuição.

Profissões como médicos, frentistas de postos de combustíveis, eletricitários, enfermeiros


são apenas alguns exemplos de atividade que podem garantir a aposentadoria mais cedo.

E para aqueles que não tem todo o tempo necessário em atividade especial — nem
expectativa de atingir o mínimo —, ainda assim é uma vantagem ter trabalhado nessas
atividades, pois os respectivos períodos podem ser convertidos em tempo comum, o
que aumenta a contribuição total do segurado.
A conversão pode ser usada para duas finalidades: aposentar-se mais cedo ou melhorar o
valor da renda mensal inicial.

4. Auxílio-doença ou por incapacidade temporária


Quando o segurado não consegue trabalhar por mais de 15 dias seguidos em razão de
doença ou acidente, ele tem direito ao auxílio-doença, também chamado de auxílio por
incapacidade temporária após a reforma da previdência de 2019.

O segurado empregado com carteira assinada recebe os primeiros 15 dias diretamente do


empregador e, a partir do 16º dia, o INSS paga o benefício.

Para os demais tipos de segurados (autônomo, trabalhador avulso, segurado especial,


contribuinte facultativo e o empregado doméstico), o INSS paga o benefício desde o
primeiro dia.
O mais importante deste benefício é saber que ele deve ser pago temporariamente, ou
seja, quando os prognósticos médicos tem previsão de melhora.

Caso a incapacidade seja permanente, será o caso de concessão de outro benefício:


aposentadoria por incapacidade permanente ou auxílio-acidente.

5. Auxílio-acidente
O auxílio-acidente é um pouco diferente dos anteriores, pois é visto como uma
indenização, e isso faz toda a diferença.
Ele é devido quando o segurado perde parte de sua capacidade para o trabalho, porém
não está totalmente impedido de continuar exercendo sua profissão habitual.

O exemplo clássico é a de uma pessoa que trabalha digitando e num fatídico dia acaba
tendo dois dedos da mão amputada. Ela ainda consegue exercer sua profissão, porém de
forma lentificada, por isso pode receber o auxílio-acidente por essa perda parcial da
capacidade de trabalho.

Por ter natureza indenizatória, o segurado pode receber o benefício e continuar


trabalhando, até a aposentadoria, quando o benefício é cessado e, de certa forma,
passa a fazer parte dela.
De fato, como os valores que o segurado recebe integram o cálculo da aposentadoria, ele
ajuda a melhorar a renda mensal inicial.

E um detalhe importante, o auxílio-acidente pode ser acumulado com outros benefícios,


como a pensão por morte ou outro auxílio-doença, com exceção da aposentadoria,
conforme visto acima.

6. Aposentadoria por invalidez ou por incapacidade permanente


A aposentadoria por invalidez, chamada de aposentadoria por incapacidade
permanente após a reforma da previdência, é destinada para as pessoas que se
encontram totalmente incapacitadas de exercer qualquer atividade laboral, de forma
permanente.
Ou seja, é aquele profissional que adoeceu ou se acidentou e não tem qualquer previsão
de se recuperar para trabalhar novamente, mesmo que seja submetido a um processo de
reabilitação profissional.

No âmbito dos benefícios da Previdência Social, é o último recurso considerado, pois os


servidores, juízes e peritos vão tentar encaminhar o segurado para outra área, ainda que
seja para "cargo" mais simples ou que receba valor menor do que o anterior.

7. Pensão por morte


Outro benefício da Previdência Social muito comum é a pensão por morte, devida para
os dependentes de um segurado que veio a óbito, o qual era responsável econômico pela
família.
Ou seja, em razão do falecimento do pai, por exemplo, os filhos e a esposa podem pedir a
pensão por morte para suprir a privação da renda decorrente da morte repentina de um
provedor da família.

O benefício também pode ser pago para pais e irmãos, porém existe uma ordem de
preferência:

1. Esposa ou marido, companheiro(a), filhos(as);


2. Pais;
3. Irmãos.
A pensão por morte pode ser paga por um período determinado ou ser vitalício de acordo
com a idade e condição do dependente.

O valor mensal do benefício é calculado levando por base a aposentadoria do falecido ou,
se não estivesse recebendo, da simulação de uma aposentadoria por incapacidade
permanente na data do óbito.

8. Auxílio-reclusão
A família de um segurado preso em regime fechado, por qualquer razão, tem direito
ao auxílio-reclusão enquanto permanecer a privação de liberdade.
Se houver fuga da prisão ou mudança de regime prisional, o benefício é suspenso ou
encerrado.

O valor do auxílio-reclusão varia todos os anos, mas fica entre 1 salário mínimo e R$
1.400, aproximadamente.

Para ter direito, o segurado preso precisa ter quantidade mínima de contribuições
(carência), ser considerado segurado do INSS e não estar recebendo acima de R$
1.503,25 na data da prisão — esse valor se refere ao ano de 2021, ele é atualizado
anualmente em janeiro.

Após a concessão, os beneficiários devem apresentar, a cada três meses, declaração


emitida pela penitenciária/presídio de que o segurado continua detido.

9. Salário-maternidade
Todas as mulheres seguradas do INSS têm direito ao salário-maternidade por 120 dias
(4 meses).
Um erro muito comum é pensar que, por não estar contribuindo, não tem direito ao
benefício. No entanto, toda pessoa que interrompe as contribuições com INSS se mantém
segurada por um tempo adicional, conhecido como período de graça.

O período de graça pode ser de:

• 6 meses para segurados facultativos;


• 12 meses para os demais segurados;
• 24 meses para quem comprovar desemprego involuntário;
• 36 meses para quem comprovar desemprego involuntário e tem mais de 10 anos de
contribuições.
Portanto, uma mulher pode receber salário-maternidade se der à luz até 3 anos após a
última contribuição com o INSS.

E o mais interessante é que outros familiares podem receber o salário-maternidade, não


somente a genitora, como mães adotivas e até mesmo pais, quando faltar a mãe.

Isso se deve porque o benefício foi criado para dar suporte aos familiares que precisam
de um tempo para cuidar de um recém nascido, não pelo fato de ser mulher.

As gestantes empregadas recebem o salário-maternidade diretamente da empresa, que


são ressarcidas pela Previdência Social posteriormente.

Já o pagamento dos demais tipos de segurados é feito pelo INSS.


10. Salário-família
Quem tem filhos de até 14 anos ou com deficiência e tem renda mensal de até até
1.503,25, tem direito a receber salário-família que é uma cota de R$ 51.27 por filho —
valores válidos para 2021, são reajustados anualmente em janeiro.
Ambos os pais tem direito a receber o benefício, mas devem apresentar anualmente o
cartão de vacinação, para crianças de até 7 anos, e de frequência escolar semestral, para
crianças acima dessa idade.

Um detalhe importante, o 13º salário não considera esses valores.

11. Benefício de Prestação Continuada - LOAS


O Benefício de Prestação Continuada - LOAS, também conhecido como BPC ou
LOAS, é a solução para quem não consegue se aposentar, pois garante 1 salário mínimo
para quem for:
• Idoso ou pessoa com deficiência; e
• Ter renda per capita de até 1/4 de salário mínimo por mês.
A renda per capita é calculada da seguinte forma, deve dividir a renda total da família
pelo número de integrantes, se ficar abaixo de 1/4 de salário mínimo, é possível garantir o
benefício com mais facilidade.
Para as famílias que recebem mais do que isso, também é possível conseguir o benefício,
porém o caminho será mais difícil, pois precisará demonstrar gastos com medicamentos,
fraldas, tratamentos médicos e outras despesas essenciais quando não são fornecidas
pelo Estado.

Diferente de uma aposentadoria, que garante treze mensalidades por ano — incluindo o
13º salário —, o BPC só paga doze prestações.

Além disso, costumamos dizer que é um benefício bem precário, no sentido de que ele
pode ser cortado a qualquer tempo, caso o INSS verifique que a renda da família superou
o limite ou que o beneficiário deixou de ser pessoa com deficiência.

12. Seguro-defeso
O seguro-defeso é um benefício assistencial, parecido com o BPC da LOAS, e consiste
no pagamento de um salário mínimo para profissionais da pesca artesanal quando
estiverem em período de defeso.
Como esses trabalhadores dependem da pesca para sobreviverem, não podem ficar
períodos sem pescar, de modo que o Estado arca com esse custo, para evitar a extinção
de espécies.

Os requisitos para receber o benefício são:

• Exercer a atividade de forma ininterrupta (individualmente ou em regime de economia


familiar) por período mínimo de 12 meses ou, se inferior, entre o último defeso e o atual;
• Ter a carteira de pescador artesanal ou ter solicitado o Registro Geral da Atividade
Pesqueira - RGP;
• Ser segurado especial, na categoria de pescador profissional artesanal;
• Não estar recebendo nenhum benefício de prestação continuada da Assistência Social ou
da Previdência Social, exceto auxílio-acidente e pensão por morte; e
• Não ter vínculo de emprego ou outra relação de trabalho ou fonte de renda diversa da
decorrente da atividade pesqueira.
O seguro-defeso também deve ser solicitado ao INSS, sendo comum as associações
pesqueiras ficarem responsáveis por fazerem o requerimento.

Financiamento da Seguridade Social para o INSS


A Constituição Federal de 1988 (CF/88) delineia a estrutura de Financiamento da
Seguridade Social. Do seu art. 195, podem-se extrair os aspectos descritos a seguir, que
são bastante cobrados em prova:

1. A Seguridade Social será financiada por toda a sociedade.

2. A Seguridade Social será financiada de forma direta e indireta.

3. Os recursos necessários para o financiamento da Seguridade Social têm as


seguintes origens:

a. Orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

b. Contribuições Sociais.

A forma direta mencionada no segundo item refere-se ao recolhimento das Contribuições


Sociais, ao passo que a forma indireta consiste no financiamento por meio de recursos
provenientes dos orçamentos públicos – quais sejam: orçamentos da União, do Distrito
Federal e dos Municípios.

Contribuições Sociais – Financiamento da Seguridade Social para o INSS


O próprio art. 195 divide as Contribuições Sociais em quatro categorias:

1. Contribuição Social do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada,


que incidem sobre a Folha de salários, a Receita ou Faturamento ou o Lucro;

2. Contribuição Social do trabalhador e dos demais segurados da previdência social;

3. Contribuição Social incidente sobre receitas de concursos prognósticos;

4. Contribuição Social do importador de bens ou serviços do exterior ou de quem a lei


a ele equiparar.

A doutrina, por sua vez, divide as Contribuições Sociais em:

Contribuição Social de Seguridade Social: destina-se ao financiamento das ações


relacionadas à Seguridade Social (saúde, assistência social e previdência social);
Outras contribuições de Seguridade Social: referem-se a contribuições sociais de
seguridade social que venham a ser instituídas pela União, por lei complementar, no uso
de sua competência tributária residual;
Contribuições Sociais Gerais: são contribuições sociais destinadas a outras atuações da
União na área social.
Por fim, as Contribuições Sociais de Seguridade Social podem ser Previdenciárias ou Não
Previdenciárias. As primeiras destinam-se exclusivamente ao pagamento de benefícios
previdenciários; trata-se das contribuições que incidem sobre a folha de salários e da
contribuição dos segurados e dos empregados domésticos.

Já as contribuições Não Previdenciárias são as que incidem sobre o faturamento e o lucro


das empresas, as contribuições decorrentes das receitas dos concursos prognósticos e a
cobrada do importador de bens e serviços.

Cálculo das Contribuições Previdenciárias – Financiamento da Seguridade Social para o


INSS
A contribuição social previdenciária é calculada multiplicando-se uma alíquota por uma
base de cálculo.

As alíquotas são progressivas para o cálculo da contribuição do segurado empregado,


empregado doméstico e trabalhador avulso, o que coaduna com o princípio constitucional
de equidade na forma de participação e custeio (Art. 149, § 1º).

A base de cálculo para as contribuições do segurado empregado e dos empregados


domésticos é o seu salário de contribuição, cuja definição varia a depender do tipo de
empregado. Por exemplo: para o empregado doméstico, é a remuneração registrada na
Carteira Profissional e/ou na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observados os
limites mínimo e máximo.

Por outro lado, a base de cálculo para a contribuição das empresas é, em geral, a
remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço, sem a necessidade de
observância de limites mínimos ou máximos.

Destaca-se que, no caso do empregador doméstico, a base de cálculo é o valor do salário


de contribuição do empregado doméstico a seu serviço. Portanto, nesse caso, deve-se
respeitar os limites máximo e mínimo do próprio salário de contribuição.

Contribuintes com base de cálculo diferenciadas – Financiamento da Seguridade Social


para o INSS
Importante notar ainda que algumas empresas contribuem com uma base de cálculo
diferenciada, tais como:

O Empregador Rural Pessoa Física: nesse caso, o produtor rural recolhe sua contribuição
enquanto segurado da mesma forma que os demais contribuintes individuais. No entanto,
no tocante a sua contribuição enquanto empregador, caso contrate trabalhadores, há
alíquotas e bases de cálculo diferenciadas;
Produtor Rural Pessoa Jurídica: as condições especiais previstas substituem apenas as
contribuições incidentes sobre a remuneração dos empregados e trabalhadores avulsos.
Portanto, não substituem as contribuições patronais devidas caso sejam contratados
contribuintes individuais ou cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho;
Agroindústria: é o produtor rural pessoa jurídica que exerce atividade tanto de produtor
rural quanto de indústria. Vale a mesma observação prevista para o Produtor Rural
Pessoa Jurídica;
Associação Desportiva que mantém Equipe de Futebol Profissional: além da ressalva feita
para os dois grupos anteriores, cumpre destacar que as associações desportivas que não
mantenham equipe de futebol profissional devem contribuir da mesma forma que as
empresas em geral.

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