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WBA0320_v1.

Avaliação de máquinas,
equipamentos, instalações
e bens industriais em geral
Procedimentos específicos
para avaliação
Bloco 1
Rosangela Bomtempo de Siqueira
Caracterização dos bens

O trabalho de caracterização dos bens é de extrema importância no processo de avaliação.

Ao ser contratado ou nomeado para um trabalho de avaliação de máquinas e


equipamentos, o perito avaliador precisa visitar o local do equipamento ou instalações
pessoalmente.
Na qualidade de técnico, ele não poderá enviar ao local ninguém sem a devida habilitação
técnica e conhecimento específico. Neste momento, o perito deve se atentar a alguns
pontos importantes:
Caracterização dos bens

 Descrição sintética.

 Fabricante.

 Modelo, tipo e número de série.

 Data de aquisição.

 Nota fiscal de referência.

 Dimensões/Capacidade/Potência.

 Características especiais.
Caracterização dos bens
• Na avaliação de bens industriais complexos é muito comum que o avaliador se depare com
equipamentos que podem ter suas caracterizações prejudicadas pela falta de informações, por o
equipamento ser antigo ou por ele ter sido montado pela própria empresa.

• Desta forma, é importante recorrer ao nome do equipamento e suas funções junto às equipes de
colaboradores que o utilizam e dão as respectivas manutenções, além de buscar no acervo da
empresa as notas fiscais que comprovam os itens que foram adquiridos para sua montagem.

• Já quando a descrição estiver prejudicada pela idade ou depreciação do equipamento, o perito


avaliador poderá contar com a mesma equipe de manutenção que irá direcionar a especificação
correta do equipamento, quer seja por registros de manutenção ou por nota fiscal de aquisição.
A escolha do método específico da avaliação
Quadro 1 - Roteiro método de avaliação

Roteiro básico
1. Caracterização e identificação do equipamento/máquina a ser avaliado.
2. Identificação da idade do bem, estado de conservação, singularidades
operacionais e suas condições de produtividade.
3. Definição do método de depreciação a ser adotado, lembrando que no
mercado existem vários métodos, como: Ross Heidecke, Vitoy, Linear,
Kuentzle etc.
4. Cálculo do valor após aplicada a depreciação.
5. Determinação do coeficiente de depreciação, conforme o método.
6. Valor do bem após aplicação dos coeficientes de depreciação.
Fonte: elaborado pela autora.
A escolha do método específico da avaliação

“A abordagem de custo fornece uma indicação de valor usando o principio econômico de que um
comprador não pagará, por um ativo de igual utilidade, por compra ou construção.
Esta abordagem baseia-se no principio de que o preço que um comprador no mercado pagaria por
um ativo objeto de avaliação, não seria superior ao custo de comprar ou construir um ativo
equivalente, a menos que estejam envolvidas restrições de tempo, inconvenientes, riscos e outros
fatores. Muitas vezes o ativo sendo avaliado é menos atraente do que o alternativo que poderia ser
comprado ou construído em virtude de idade e obsolescência. Quando este for o caso podem ser
necessários ajustes ao custo do ativo alternativo dependendo da base de valor requerida.”
(BENVENHO, 2019, p. 93-94)
Método do custo
Benvenho (2019, p. 94), no livro Avaliação de máquinas, equipamentos, instalações e complexos
industriais, traz a seguinte expressão para o método do custo:

• V = (Vnovo – Vr) x DP + Vr

Sendo que:

• V = valor depreciado do bem.

• Vnovo = valor na condição de novo, de um bem idêntico ou similar.

• Vr = valor residual do bem ao final de sua vida útil.

• DP = coeficiente de depreciação, calculado de acordo com a idade, vida útil, valor residual, estado
de conservação e uso atual do bem.
Método do custo
A fórmula apresentada por Benvenho traz uma diretriz importante que é pesquisa e apuração do bem similar ou idêntico na
condição de novo.

Ao executar essa pesquisa, o avaliador deverá buscar o fabricante do equipamento/máquina, pois, por meio dele será mais fácil e
eficiente apurar as mudanças que ocorreram desde a fabricação do produto até os modelos atuais.

No entanto, é possível e comum que o fabricante não exista mais ou ter sido vendido para outro. Dessa forma, o avaliador
precisará buscar, cuidadosamente, fornecedores que tenham equipamentos/máquinas similares e conversar com eles para
compreender o que se altera de um equipamento para o outro.

Já na ausência total de informações, o avaliador poderá recorrer a ábacos produzidos por alguns fabricantes, embora seja uma
alternativa com baixa precisão. Essa abordagem deve ser feita apenas na ausência de informações suficientes no mercado.
Método do custo

Ainda sobre as possibilidades de encontrar o valor do bem na condição de novo no mercado e as


grandes dificuldades nesta apuração, o perito avaliador poderá, por meio da documentação do
equipamento, buscar atualizar o valor de aquisição conforme a documentação.

No entanto, é muito importante que se atente para não atualizar o valor por índices monetários, visto
que há uma variação conforme a inflação e isto pode ser prejudicial para a avaliação correta do bem.

Pode-se, por exemplo, buscar junto ao fabricante ou fabricantes de similares, ou até mesmo com os
próprios proprietários dos equipamentos, índices que se relacione com o bem de forma harmoniosa,
que permita que ele tenha seu valor corrigido de acordo com as condições técnicas, como o preço de
suas principais matérias-primas.
Método do custo

Já quando se está diante de equipamentos produzidos pelo próprio dono da indústria, o que é
muito comum neste setor, é preciso ter o devido cuidado em apurar os valores que foram
gastos na época de construção do equipamento. Se a indústria for bem organizada, ela terá o
histórico de documentos que comprovem a construção do equipamento, com dados
importantes para a consolidação de seu valor, a partir destas informações, o perito avaliador,
utilizando-se da capacidade em engenhar, aplicará outros custos, como: projeto, ART, mão de
obra etc.
Procedimentos específicos
para avaliação
Bloco 2
Rosangela Bomtempo de Siqueira
Vida útil
Esta expressão pode ser facilmente confundida com a vida útil tabelada pela Receita Federal e
muito utilizada pelos contabilistas. Porém, na engenharia, como já é sabido, aquilo que produz
e gera receita pode ter uma vida útil diferenciada, como é o caso das máquinas de costura,
pois, ainda que existam máquinas fantásticas e modernas, computadorizadas e digitais,
existem as antigas que fazem um ótimo trabalho e que são consideradas pérolas na indústria
de produção de roupas.
Desta forma, é importante que o avaliador busque criteriosamente a vida útil dos
equipamentos determinada por meio de estudos específicos que podem ser encontrados no
IBAPE ou em literaturas sobre o tema.
Depreciação
A depreciação é outro item que tem vários vieses nas diferentes áreas, mas, para nós, o que vale é a
depreciação da engenharia.

Para os engenheiros, a depreciação está diretamente ligada à perda de valor pelas condições do
equipamento/máquina conforme a evolução do tempo. No entanto, ela pode ser superada pela forma
de manutenção, capaz de prolongar a vida do equipamento, já no caso de obsolescência total do bem,
que se enquadra em uma condição mais avançada de depreciação, pois, deve-se considerar o cenário
atual e moderno da evoluções tecnológicas dos equipamentos que vieram posteriormente para o
substituir.

O autor Benvenho (2019) retrata as distintas formas de depreciar o bem, veja o diagrama a seguir:
Depreciação
Figura 1 - Depreciação

Fonte: elaborada pela autora.


Planilha de avaliação pelo método do custo
Quadro 2 - Planilha de avaliação
AVALIAÇÃO DE BENS - MÉTODO DO CUSTO
Valor Parcela de Idade Método
Valor de Valor Vida Dep. Dep. Dep. Dep. Ross
Descrição Fabricante Qtde Depreciável Dep. Linear Aparente do Apurado x
Novo (V) Residual (Vr) Útil (n) Linear Kuentzle Vitoy Heidecke
(Vd) (d) Bem Quantidade

Fonte: elaborado pela autora.

Lembre-se: a planilha é apenas um momento da


avaliação, na qual as informações estarão
compiladas e sintetizadas para trazer apenas o
resultado final que será a avaliação do bem na
condição já depreciado. Para chegar até essa
etapa, devemos seguir todos os outros passos
anteriormente orientados.
Planilha de avaliação pelo método do custo
Tipos de depreciação:

1. Depreciação Linear.

2. Depreciação de Kuentzle.

3. Depreciação de Vitoy.

4. Depreciação de Ross Heidecke.

Qual devo escolher?

Se por meio da planilha for possível estudar as quatro opções, ao final, você poderá escolher a que
melhor se encaixou na condição de valor de usado do bem no mercado de compra e venda.
Planilha de avaliação pelo método do custo
• Depreciação Linear: Vnovo – (Parcela de depreciação linear X idade
parente do bem).

• Depreciação de Kuentzle: Valor depreciável x (1-idade aparente do


bem2 / vida útil2 ) + Valor residual.

• Depreciação de Vitoy: Valor depreciável x (1-idade aparente do


bem0,76 / vida útil0,76 ) + Valor residual.

• Depreciação de Ross Heidecke: Vnovo – ½ x (idade aparente do


bem / vida útil2 ) + Valor depreciável.
Procedimentos específicos
para avaliação
Bloco 3
Rosangela Bomtempo de Siqueira
Outros métodos de avaliação

Outro método muito interessante para estudar e aprofundar o conhecimento é o método


desenvolvido por Hélio Roberto Ribeiro de Caires (1978), detalhadamente retratado em sua
obra literária, Novos Tratamentos Matemáticos em temas de Engenharia de Avaliações, no qual
o autor considera fatores importantes para a depreciação dos avaliandos, como:

1. Fator trabalho.

2. Fator manutenção.

Esses fatores são de grande importância para o processo avaliatório.


Outros métodos de avaliação
• Além do método tradicional anteriormente descrito, muitos outros podem ser utilizados, como o
Método Comparativo Direto de Dados de Mercado, normalmente aplicado na avaliação de
veículos, dada a facilidade de sua utilização neste tipo de bem, uma vez que os dados amostrais
são facilmente coletado no mercado de usados, além do avaliador contar com as tabelas FIPE,
que apresentam os valores dos veículos nas condições de usados.

Figura 2 - Avaliação de veículos

Fonte: red_moon_rise/iStock.com.
Outros métodos de avaliação
Porém, é preciso fazer uma ressalva, o bem avaliado é singular, portanto, deve-se buscar no mercado
amostras semelhantes, assim, ao escolher o Método Comparativo Direto de Dados de Mercado, o
avaliador precisa ter cautela no processo de coleta de amostras.

Logo, é muito importante que o perito vistorie os veículos, afira as reais condições, busque amostras
similares e destaque as diferenças entre os veículos. Além disso, é necessário atenção às condições
como: ano, modelo, quilometragem e utilização do veículo.

Por fim, deve-se ressaltar se o bem sofria fortes condições de trabalho, como no caso de veículos de
frota, fator que o torna distinto de um veículo de uso pessoal.
Outros métodos de avaliação
• Método da Renda – ex.: equipamentos de terraplanagem ou máquinas agrícolas
que trabalham sob condições de locações. Essas máquinas e equipamentos são
bens isolados não instalados que provêm rendimentos aos seus proprietários e,
por isso, podem ser avaliados por esta metodologia.

Figura 3 - Máquinas agrícolas Figura 4 - Caminhões Figura 5 - Máquinas locadas

Fonte: alffoto/iStock.com. Fonte: GoodLifeStudio/iStock.com. Fonte: ollo/iStock.com.


Outros métodos de avaliação
Há também métodos diretos, como Custo de
Reprodução e Custo Histórico.
Para o perito avaliador, o importante é
percorrer o caminho para escolher o melhor
método de avaliação e entender como ele
pode ser aplicado de forma eficiente, para que
o bem avaliando tenha seu valor
relativamente encaixado no mercado de
usado.
Teoria em Prática
Bloco 4
Rosangela Bomtempo de Siqueira
Reflita sobre a seguinte situação
Imagine que você é o avaliador de uma frota de veículos de uma empresa de carros de
aluguel. Neste mês, dez veículos serão colocados no mercado de compra e venda.
Resposta as seguintes questões:
Quais são os primeiros passos para iniciar este trabalho?
Após realizar a vistoria e a caracterização dos bens, quais serão os próximos passos
devem ser tomados?

Ao trabalhar com os dados para aplicação do Método Comparativo Direto de Dados de


Mercado, observou-se que as amostras não se comportam da maneira esperada e não
refletem o valor real do bem no mercado de usados. Neste caso, qual outra opção
seria viável para realizar a avaliação?
Norte para a resolução
Quais são os primeiros passos para iniciar este trabalho?
1. Visitar o cliente.

2. Vistoriar os veículos.

3. Caracterizar os veículos.

Após realizar a vistoria e a caracterização dos bens, quais serão os próximos passos devem ser tomados?

1. Procurar no mercado amostras de veículos similares aos que serão colocados à venda no mercado.

2. Planilhar todas as amostras.

E agora? Qual será o melhor método de avaliação indicado?

1. Método comparativo direto de dados de mercado é um dos mais utilizados e este poderá ser aplicado na sua
avaliação.
Norte para a resolução
Ao trabalhar com os dados para aplicação do Método Comparativo Direto de Dados de Mercado,
observou-se que as amostras não se comportam da maneira esperada e não refletem o valor real do
bem no mercado de usados. Neste caso, qual outra opção seria viável para realizar a avaliação?

1. Considerando que os veículos de frota tem uma quilometragem acima de muitos veículos ofertados
no mercado, uma outra opção viável seria o método do custo com depreciação por Caires com Ross
Heidecke.

2. Ao aplicar este método, observou-se que o fator trabalho e manutenção conseguem trabalhar
juntamente com a idade do bem e sua vida útil de forma a revelar que o valor apurado remete
exatamente o valor justo de mercado.
Dica da Professora
Bloco 5
Rosangela Bomtempo de Siqueira
Dica da Professora
Cabe ao perito avaliador buscar sempre o contato com congressos, eventos, artigos, livros e
publicações científicas para se atualizar e aprimorar o seu entendimento no processo
avaliatório a partir das novidades que surgem na área.

Cada bem pode se comportar diferentemente dependendo, portanto, do seu estado de


conservação. A forma como seu proprietário as manutenções preditivas, preventivas e
corretivas impactam significativamente na avaliação. Além disso, as condições de trabalho do
bem poderão ser outro fator que impactarão na avaliação.

Ao fim, temos por sentimento real de que o bem será sempre diferenciado de uma empresa
para outra, tudo conforme a tratativa dada para a longevidade deste equipamento.
Referências

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14653: avaliação de bens. Rio de
Janeiro: ABTN, 2019.

BENVENHO, Agnaldo Calvi. Avaliação de máquinas, equipamentos, instalações e


complexos industriais. São Paulo: Leud, 2019.

CAIRES, Hélio Roberto Ribeiro. Novos tratamentos matemáticos em temas de engenharia


de avaliações. São Paulo: Pini, 1978.

CAVALLARI, Raul. Avaliação de máquinas, equipamentos e complexos industriais. São


Paulo: Leud, 2014.
Bons estudos!

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