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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

CAMPUS ARIQUEMES

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO-DECED

LETÍCIA ALMEIDA DA SILVA

AS POSSIBILIDADES DE ALFABETIZAÇÃO INFANTIL CONTIDAS NA


MUSICALIZAÇÃO

ARIQUEMES/ RO
2020
LETÍCIA ALMEIDA DA SILVA

AS POSSIBILIDADES DE ALFABETIZAÇÃO INFANTIL CONTIDAS NA


MUSICALIZAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso (monografia)


apresentado ao Departamento de Ciência da
Educação da Universidade Federal de Rondônia –
UNIR, como requisito parcial para obtenção do
título de Licenciado em Pedagogia, sob orientação
da Prof. Me. Márcia Ângela Patrícia

Curso: Licenciatura em Pedagogia

ARIQUEMES/RO
2020
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por tornar esse sonho possível.


Agradeço a minha mãe e minha irmã que são meu porto seguro e minha inspiração como
pessoas e profissionais.
Agradeço a minha filha que é a razão de tudo na minha vida.
Agradeço meu padrasto, Marido, avó, enfim a todos meus familiares e amigos que sempre me
apoiaram e acreditaram em mim.
Agradeço em especial a minha orientadora Prof. Meª Márcia Ângela Patrícia, pela étnica,
paciência, competência e sabedoria em me orientar e acreditar em meu potencial, obrigada por
fazer dessa graduação um dos maiores orgulhos da minha vida.
Agradeço a Universidade Federal de Rondônia- UNIR- Campus de Ariquemes, professores e a
todos que me acompanharam nessa trajetória e que de alguma forma contribuíram direta ou
indiretamente para a realização dessa graduação.
Obrigada por fazerem parte da minha vida.
Pontuar música na educação é defender a
necessidade de sua prática em nossas escolas, é
auxiliar os educandos a concretizar sentimentos
em formas expressivas; é auxiliá-lo a interpretar
sua posição no mundo; é possibilitar-lhe a
compreensão de suas vivencias, é conferir sentido
e significado à sua nova condição de indivíduo e
cidadão.

ZAMPRONHA
RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso objetiva analisar as possibilidades de alfabetização infantil


contidas na musicalização. Nossos questionamentos enquanto problema de pesquisa foram: Como a
música pode ser um instrumento aliado ao processo de alfabetização infantil? O que desencadeou outro
questionamento: Como a música pode ser trabalhada nessa perspectiva? A musicalização aplicada à
alfabetização infantil oferece forte influência no processo de formação humana. Como instrumento da
aprendizagem possibilita inúmeros valores e proporciona um desenvolvimento prazeroso para as
crianças, pois tem presença cotidiana, tanto no processo de escolarização, como nas experiências do dia
a dia do ser humano. Assim, as possibilidades de alfabetização que a música proporciona, de fato,
ocorrem de forma espontânea no decorrer do processo de aprendizagem das crianças. Durante o período
escolar a música é um forte aliado à alfabetização, podendo ser trabalhada de diversas formas: como
brincadeiras monitoradas pela música, interpretação da letra, jogos musicais, etc. Através da música é
possível compreender e modificar as formas trabalhadas na alfabetização, sendo a aprendizagem
reestruturada conforme a necessidade da turma, respeitando o processo de desenvolvimento de cada um,
pois cada criança tem seu tempo de desenvolvimento, o professor deve estar atento a cada necessidade
das crianças, uma vez, como mediador, nessa fase de desenvolvimento, deve compreender e estar
preparado para trabalhar as particularidades de cada um. O procedimento metodológico da pesquisa
concilia estudo sobre o desenvolvimento e alfabetização de crianças numa perspectiva histórico-cultural,
o que ocorreu a partir de pesquisa bibliográfica em autores como: Brito (2003); Craidy e Kaercher
(2001); Gontijo (2007); Martins; Marsiglia (2015); Rego (1995); Vigotsky (2007) e outros, e uma
pesquisa documental com base em estudos em artigos acadêmicos já publicados em revistas
qualificadas. Os resultados alcançados possibilitam concluir que a musicalização no processo de
alfabetização infantil é de suma importância, pois, como instrumento da aprendizagem estimula a
criança em seu desenvolvimento tanto educacional, intelectual e motor. Agindo tanto de forma
intencional na vida da criança, na escola, ou ainda, de forma espontânea no convívio cotidiano, da vida
em comunidade.

Palavra-chave: Alfabetização. Música. Teoria Histórico-Cultural.


ABSTRAC

The present work of conclusion of course aims to analyze the possibilities of children's literacy contained
in musicalization. Our questions as a research problem were: How can music be an instrument combined
with the process of children's literacy? What triggered another question: How can music be worked from
this perspective? Musicalization applied to children's literacy offers a strong influence on the process of
human formation. As an instrument of learning, it enables innumerable values and provides a pleasurable
development for children, as it has a daily presence, both in the schooling process and in the daily
experiences of human beings. Thus, the possibilities of literacy that music provides, in fact, occur
spontaneously during the children's learning process. During the school period, music is a strong ally to
literacy, and can be worked in different ways: as games monitored by music, lyrics interpretation,
musical games, etc. Through music it is possible to understand and modify the ways worked on literacy,
with learning restructured according to the needs of the class, respecting the development process of
each one, as each child has their development time, the teacher must be attentive to each need children,
once, as a mediator, in this stage of development, they must understand and be prepared to work on the
particularities of each one. The methodological procedure of the research combines a study on the
development and literacy of children in a historical-cultural perspective, which occurred from
bibliographic research on authors such as: Brito (2003); Craidy and Kaercher (2001); Gontijo (2007);
Martins; Marsiglia (2015); Rego (1995); Vigotsky (2007) and others, and a documentary research based
on studies in academic articles already published in qualified journals. The results achieved make it
possible to conclude that musicalization in the process of children's literacy is of paramount importance,
as, as an instrument of learning, it stimulates children in their educational, intellectual and motor
development. Acting so intentionally in the child's life, at school, or even spontaneously in everyday
life, in community life.

Keyword: Literacy. Music. Historical-Cultural Theory.


LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Pesquisa Documental ..................................................................................... 38


QUADRO 2: A Música no Proceso de Afabetização ........................................................... 40
QUADRO 3: A Música Como Instrumento da Aprendizagem ............................................. 43
QUADRO 4: Música, Alfabetização e Letramento .............................................................. 46
QUADRO 5: A Música Como Recurso Didático ................................................................. 48
QUADRO 6: A Música na Alfabetização ............................................................................ 51
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11
2. O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NA
ALFABETIZAÇÃO INFANTIL ....................................................................................................14

2.1 Desenvolvimento da Criança na Perspectiva Vigotskiana ...........................................................14

2.2 A Importância da Fala Para o Desenvolvimento Infantil .............................................................16

2.3 A Zona de Desenvolvimento Proximal.......................................................................................20

2.4 Alfabetização Numa Perspectiva Histórico-Cultural...................................................................22

2.5 A Música Como Instrumento de Interação .................................................................................28

2.6 Como Trabalhar a Música na Alfabetização ...............................................................................32

3. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO................................................................................38

4. ANÁLISE DA PESQUISA ......................................................................................................40

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................54

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 57
1. INTRODUÇÃO

De acordo com Andrade (2012) ao longo da história humana, inúmeros filósofos,


psicólogos, pedagogos, enfim, pensadores de todas as vertentes do conhecimento e até pessoas
comuns teorizaram, escreveram ou falaram da importância da música para a humanidade. Na
Grécia Antiga, por exemplo, praticamente todos os filósofos postularam sobre o papel da
música no universo e na formação do homem. Os filósofos pré-socráticos davam tanta
importância à música que muitos a viam como elemento que dava ordem ao Universo, que
harmonizava o caos inicial do qual o mundo foi originado.
A mitologia rica em lendas demonstrava o que foi desde a antiguidade, o culto pela
música e o quanto sua força foi profunda e expressiva. Os povos antigos acreditavam que a
música era de origem divina. A origem da música perde-se na noite dos tempos, não há povo
antigo no qual não se encontre manifestações musicais.
Por sua vez, Andrade (2012) afirma que a importância da música no processo
educacional infantil está no fato de que esta consegue, trabalhar a personalidade da criança,
uma vez que promove nela o desenvolvimento de hábitos, atitudes e comportamentos que
expressam sentimento e emoções.
Dentro deste cenário voltado à educação formal, é importante compreender que a
música, na alfabetização infantil, estimula a criança em sua aprendizagem, nessa etapa, de
apropriação da leitura, da escrita e da alfabetização matemática, o desenvolvimento da criança
se manifestará de diversas maneiras, a música fará com que o processo de apropriação do
conhecimento se torne mais significativo, prazeroso e de uma apropriação mais leve.
Muitos são os defensores da música como fator importante para melhorar a educação:
Gontijo (2007); Martins; Marsiglia (2015); Rego (1995); etc. Pois seu uso na alfabetização
infantil trará benefícios para o ensino e aprendizagem, assim como a existência de benefícios
contidos na música, que proporcionará tanto para as crianças quanto professores uma
diversidade de valores essenciais para a vida cotidiana.
Diante das ideias apresentadas anteriormente sobre a utilização da música no processo
de alfabetização, levantamos o seguinte problema de pesquisa: qual a influência da música na
alfabetização infantil? Inicialmente a hipótese era de que a musicalização nem sempre fora
tratada como uma prioridade nas aulas de alfabetização infantil.

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O presente trabalho teve como objetivo geral analisar qual o papel que a musicalização
desempenha dentro da alfabetização infantil e na formação social da criança. Objetivou-se
ainda: identificar como a música contribui para o ensino-aprendizagem; refletir sobre a
utilização da música como instrumento educacional; analisar como os professores podem ter
um melhor entendimento de que a música na alfabetização infantil é mais que um instrumento
para o desenvolvimento cognitivo, contribui também para o desenvolvimento integral do ser
humano.
A perspectiva teórica utilizada foi a teoria histórico cultural, logo uma perspectiva
Vigotskiana. Tal perspectiva traz a ideia dos signos e instrumentos para o desenvolvimento da
criança, os quais favorecem a sua aprendizagem e seu desenvolvimento. De acordo com Gontijo
(2007) o instrumento é um diretor da atividade externa e o signo é um meio de intervenção
sobre si mesmo e as outras pessoas. Nesse encaminhamento entendemos a música como
instrumento da aprendizagem, assim sendo, está contida na musicalização inúmeras
possibilidades de alfabetização infantil, tornando assim a aprendizagem mais agradável e
interessante para a criança, possibilitando, também com tal instrumento, o desenvolvimento
pleno das crianças.
A escolha do tema “As Possibilidades de Alfabetização Infantil Contidas na
Musicalização” foi a partir da atuação da autora enquanto acadêmica do curso de Pedagogia da
Fundação Universidade Federal de Rondônia Campus de Ariquemes (UNIR), em decorrência
da proximidade com o tema durante o curso, nas aulas de Educação Infantil e Estágio
Supervisionado Obrigatório I e II, onde teve contato com aulas em que a música se fazia
presente e, além de que, a alfabetização ser um dos eixos do curso de Pedagogia.
A metodologia utilizada na presente pesquisa constituiu-se de dois momentos. O
primeiro momento, trata-se da pesquisa bibliográfica para compreender a construção teórica da
influência da música no desenvolvimento infantil e como instrumento alfabetizador. Os
principais autores estudados foram: Brito (2003); Craidy; Kaercher (2001); Gontijo (2007);
Martins; Marsiglia (2015); Rego (1995); Vigotsky (2007).
O segundo momento do estudo, trata de uma pesquisa documental, ao qual nos
debruçamos em localizar e selecionar artigos em revistas científicas sobre o objeto de estudo.
Foram analisados cinco artigos acadêmicos que contém dados tanto teóricos como pesquisas de
campo em salas de alfabetização infantil. Vale justificar que não realizamos pesquisa de campo
e nos respaldamos em tais pesquisas em decorrência do COVID – 19.

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O presente trabalho de conclusão de curso está organizado da seguinte forma: A
primeira seção refere-se a introdução que, em linhas gerais, apresenta a pesquisa.
Na segunda seção será apresentada a construção teórica sobre desenvolvimento da
criança em perspectiva Vigotskiana; construída com os seguintes elementos: da importância da
fala para o desenvolvimento infantil; a zona de desenvolvimento proximal; alfabetização numa
perspectiva histórico-cultural; da música como instrumento de interação e por fim como
trabalhar a música na alfabetização infantil.
Na terceira seção, serão apresentados os procedimentos metodológicos adotados para a
realização desta pesquisa. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com estudo bibliográfico em
fontes como livros e artigos coletados em bancos de dados científicos da internet, e ainda uma
pesquisa documental sobre o objeto da pesquisa, nesse segundo momento levantamos várias
pesquisas, as quais os pesquisadores tiveram contato com a prática pedagógica envolvendo a
alfabetização e a música. Com base nesses documentos que na seção quatro, tecemos nossas
análises.
Na quarta seção, contém a análise dos dados obtidos a partir da pesquisa documental,
cuja lente para análise foi nosso quadro teórico, lendo os dados a partir da pedagogia histórico
cultural. Destacamos o uso música na alfabetização infantil como um instrumento de mediação
para a zona de desenvolvimento proximal e posteriormente para a formação do
desenvolvimento superior do pensamento da criança, uma fonte de estímulo e desenvolvimento,
permitindo que a criança descubra e recrie seu potencial.
E por fim as considerações finais do trabalho, onde concluímos pela a importância da
música para expandir o conhecimento das crianças nas aulas de alfabetização infantil, isso, dado
os conhecimentos e procedimentos necessários que deve dispor o professor para que a música
seja realmente um instrumento a favor da aprendizagem dos processos de alfabetização infantil.

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2. O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NA
ALFABETIZAÇÃO INFANTIL

Esta seção tem por objetivo apresentar as contribuições da música no desenvolvimento


da criança na fase da alfabetização infantil, ou seja, crianças do 1º ao 3º ano do Ensino
Fundamental. Primeiramente, apresenta o desenvolvimento da criança em uma perspectiva
Vigotskiana, na qual se defende que o processo de desenvolvimento da criança ocorre por meio
do convívio e interação com o meio social e do contato com outros seres de sua espécie,
desenvolvimento este, possibilitado também por meio dos instrumentos e signos presentes no
decorrer da vida da criança.
Em seguida, o texto aborda a alfabetização na teoria histórico-cultural, em que apresenta
a linguagem oral e escrita como um importante fator no desenvolvimento da criança juntamente
com o uso de signos para favorecer sua aprendizagem. Ainda na perspectiva de alfabetização,
aborda a importância do professor como mediador da aprendizagem e da interação social para
o desenvolvimento da criança.
Contemplando nosso objeto de estudo, a música na alfabetização infantil, apontamos a
música como instrumento de interação da criança e como a mesma pode ser trabalhada na
alfabetização, mostrando a importância de tal instrumento no contexto educacional e também
familiar da criança, sendo indispensável para o processo de alfabetização.

2.1 Desenvolvimento da Criança na Perspectiva Vigotskiana

Os estudos sobre as contribuições de Vigotsky quanto ao desenvolvimento da criança


nos aponta que tal processo ocorre por meio do meio social e do contato com outros seres de
sua espécie, a partir daí ocorre o desenvolvimento da criança. Rego (1995, p. 71) enfatiza que:
“O desenvolvimento pleno do ser depende do aprendizado que realiza num determinado grupo
cultural, a partir da interação com outros indivíduos da sua espécie”, ou seja, é através das
convivências culturais e sociais que ocorre o desenvolvimento intelectual e pleno dos seres
humanos, de acordo com sua influência e convivência na sociedade.
Nessa perspectiva, na medida em que a criança dialoga e interage com os membros mais
maduros de sua cultura, desenvolve habilidades no controle e direção do próprio
comportamento, mais tarde expande seus limites com a ajuda de instrumentos e signos.
Neste encaminhamento Gontijo (2007, p. 20) nos esclarece sobre a diferença entre
instrumento e signo da seguinte forma:

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O instrumento é um diretor da atividade externa e, por isso, está dirigido para
o domínio da natureza, enquanto o signo é um meio de intervenção sobre si
mesmo e as outras pessoas, dessa forma está dirigido para a atividade interna.

Dessa forma, compreendemos que instrumento é o que proporciona as nossas relações


com o mundo ou outros indivíduos, ocorrendo de forma apropriada, mas podendo sofrer
modificações, pois tem determinada função, sendo uma ferramenta, um facilitador da
aprendizagem. O signo é um meio de controle das atividades psicológicas, ou seja, direcionados
para o próprio indivíduo, agindo como auxiliares das ações internas, seja do próprio indivíduo
ou de outas pessoas.
Diante disso, a criança se apropria dos instrumentos e signos para a obtenção dos
processos de desenvolvimento que ambos fornecem como maneiras de tornar mais fáceis seus
esforços e soluções de problemas.
Neste aspecto, a música compreendida como um instrumento é essencial no processo de
desenvolvimento da criança, pois auxilia na fase de desenvolvimento, possibilitando que a
criança seja capaz de solucionar problemas a elas impostos.
Segundo Vigotsky (2007) a criança, à medida que se torna mais experiente, adquire um
número cada vez maior de modelos que ela compreende. Esses modelos representam um
esquema cumulativo refinado e de todas as ações similares, ao mesmo tempo em que constituem
um plano preliminar para vários tipos possíveis de ação a se realizarem no futuro.
Na medida em que a criança realiza ações do seu cotidiano, se apropria de novas
informações benéficas para seu desenvolvimento. A linguagem como grande ferramenta de
contato permite que a criança conquiste seu potencial e através dessas conquistas adquire novas
possibilidades de desenvolvimento a partir das relações interpessoais de troca entre o meio em
que convive.

O desenvolvimento é um processo dialético complexo que se caracteriza por


uma periodicidade múltipla, por uma desproporção no desenvolvimento das
distintas funções, por metamorfose ou transformações qualitativas de uma
forma em outra, pelo complicado entrecruzamento dos processos de evolução
e involução pela relação entre fatores internos e externos e pelo intricado
processo de superação das dificuldades e de adaptação (GONTIJO, 2007, p.
105).

É importante compreender que no decorrer do processo de amadurecimento da criança,


o desenvolvimento se manifestará de diversas maneiras, e com a ajuda de instrumentos e signos
o procedimento se tornará mais fácil. A linguagem é um signo muito importante para o processo
de amadurecimento infantil, pois a mesma como instrumento do pensamento ocorre de maneira
gradual, completando- se em fases do desenvolvimento da criança.
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O desenvolvimento da linguagem do pensamento e da imaginação infantil é
compreendido da seguinte maneira:

A imaginação não é um processo subconsciente e oposto ao pensamento


realista, mas expressão do longo processo que conduzirá ao pensamento
lógico a medida do enriquecimento da internalização de signos como um
processo de formação de conceitos (MARTINS; MARSIGLIA, 2015, p. 23).

Ou seja, a imaginação infantil, abrange de forma limitada aquilo que está ao alcance da
criança, dessa forma o uso da linguagem é extremamente importante, pois como função
essencialmente comunicativa está presente na criança desde muito pequena que as usa apenas
como função comunicativa.

A linguagem e pensamento desenvolvem-se independentemente e, a princípio,


no anseio da linguagem, a criança assimila apenas que cada objeto
corresponde uma palavra que o domina. Contudo, nessas condições a palavra
que identifica o objeto se revela, meramente, como mais uma de suas
propriedades, como expressão do próprio objeto. (MARTINS; MARSIGLIA,
2015, p. 44).

Refletir sobre as capacidades presentes no desenvolvimento infantil, nos dá uma ciência


de que existe um processo de construção no amadurecimento das funções responsáveis pelo
desenvolvimento infantil e se considerarmos que esse processo se dá na interação com o meio,
num ambiente de amor, afeto e respeito, consequentemente permitirá as crianças se libertarem,
e contribuírem umas com as outras nesse processo de transformação.

2.2 A Importância da Fala Para o Desenvolvimento Infantil

Segundo Rego (1995), a fala (entendida como instrumento ou signo) tem um papel
fundamental de organizadora da atividade prática e das funções psicológicas humanas. Nesta
fase de desenvolvimento, a criança se apropria da fala planejando suas ações futuras dialogando
consigo mesma.

A relação entre o pensamento e a fala passa por várias mudanças ao longo da


vida do indivíduo. Apesar de terem origens diferentes e se desenvolverem de
modo independente, numa certa altura, graças a inserção da criança num grupo
cultural, o pensamento e a linguagem se encontram e dão origem ao modo de
funcionamento psicológico mais sofisticado, tipicamente humano (REGO,
1995, p. 63).

A conquista da fala é um marco muito importante para a criança, de acordo com Rego
(1995) a função primordial da fala é o contato social, a comunicação; isso quer dizer que o

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desenvolvimento da linguagem é impulsionado pela necessidade de comunicação. Assim,
mesmo a fala mais primitiva da criança é social.
No processo de desenvolvimento da fala, a música se faz presente como um instrumento
auxiliar, pois estimula a criança na fase de desenvolvimento da fala, aguçando sua memorização
e possibilitando uma possível balbuciação.
O balbucio e as expressões facial nos primeiros meses de vida da criança, não são apenas
alívios emocionais, como também meios de contato com os membros de seu grupo. No entanto,
os sons, gestos e até mesmos as expressões difusas da criança, é caracterizado como fase pré-
intelectual do desenvolvimento da fala.

Antes de aprender a falar a criança demonstra uma inteligência prática que


consiste na sua capacidade de agir no ambiente e desenvolver problemas
práticos inclusive com o auxílio de instrumentos intermediários (por exemplo,
é capaz de se utilizar um baldinho para encher de areia ou subir ir em um
banco para alcançar um objeto), mas sem a mediação da linguagem. (REGO,
1995, p. 64).

Primeiramente a criança utiliza a fala como meio de comunicação e de contato com


outras pessoas, Vigotsky (2007) menciona que antes de controlar o próprio comportamento, a
criança começa a controlar o ambiente com a ajuda da fala. Isso produz novas relações com o
ambiente além de uma nova organização do próprio comportamento. Esse comportamento
produz, mais tarde, o intelecto e constitui a forma especialmente humana do uso de
instrumentos.
Vigotsky (2007) salienta ainda que a relação entre fala e ação é dinâmica no decorrer
do desenvolvimento das crianças. A relação estrutural pode mudar mesmo durante um
experimento. A mudança crucial ocorre da seguinte maneira: num primeiro estágio, a fala
acompanha as ações da criança e reflete as vicissitudes do processo de educação do problema
de uma forma dispersa e caótica. Num estágio posterior a fala destaca-se cada vez mais em
direção do início desse processo, de modo que, com o tempo, proceda a ação. Ela funciona,
então, como um auxiliar de um plano já concebido, mas não realizado ainda, em nível
comportamental.
Uma vez em que as crianças aprendam a usar, a fala no decorrer de suas ações futuras,
domina e segue sua ação para a solução do problema a si imposto. Para Vigotsky, o uso da fala
segue sua ação provocada e dominada pela atividade:

A fala além de facilitar a efetiva manipulação de objetos pela criança controla,


também, o comportamento da própria criança, assim com a ajuda da fala, as
crianças adquirem a capacidade de ser tanto sujeito como objeto de seu próprio
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comportamento. Inicialmente a fala segue a ação, sendo provocada e
dominada pela atividade. Posteriormente, entretanto quando a fala se desloca
para o início da atividade, surge uma nova relação entre palavra e ação. Nesse
instante a fala dirige, determina e domina o curso da ação. Surge a função
planejadora da fala, além da função já existente da linguagem de refletir o
mundo exterior [...] (VIGOTSKY, 2007, p. 15-17).

Considerando que a fala é um importante processo de desenvolvimento na criança, ela


ainda não compreende suas especificidades, o que antes era utilizada como um meio de
comunicação, aos poucos passa a ser internalizada e utilizada como função planejadora.
Diante dessa questão Rego (1995) enfatiza de forma objetiva que primeiramente a
criança utiliza a fala como meio de comunicação, de estabelecimento de contato com outras
pessoas. Para a resolução de um problema, por exemplo (como alcançar um brigadeiro que está
em cima de uma geladeira), a criança faz apelos verbais a um adulto. Nesse estágio a fala é
global tem múltiplas funções, mas não serve ainda como planejamento de sequências a serem
realizadas. Assim é utilizada como um instrumento do pensamento Vigotsky chamou essa fala
de discurso socializado.
E, relata sobre o discurso interior, afirma:

Aos poucos a fala socializada que antes era dirigida ao adulto para resolver
um problema, é internalizada, ou seja, a criança passa a apelar para si mesma
para solucionar uma questão: é o chamado discurso interior. Deste modo além
das funções emocionais e comunicativas, a fala começa a também a ter
também a função planejadora. Neste caso a criança começa a ter um diálogo
com ela mesma (REGO, 1995, p. 66).

Por se tratar de uma transição entre comunicação e socialização, garante uma


organização específica, de modo que contribua para o processo de amadurecimento das funções
responsáveis pelo pleno desenvolvimento racional da criança. Vigotsky (2007) diz que a criança
começa a perceber o mundo não somente através dos olhos, mas também através da fala. Como
resultado, o imediatismo da percepção “natural” é suplantado por um processo complexo de
mediação; a fala como tal torna-se parte essencial do desenvolvimento cognitivo da criança.
As autoras Martins e Marsiglia traz algumas considerações em relação a função de
operação psicológica:

Podemos considerar que o desenvolvimento efetivo da criança na fase pré


instrumental é sua capacidade de grafar (já domina determinadas operações
que permite a ela fazer marcas no papel) e sua compreensão de que há uma
escrita utilizada pelos adultos. atuando na área de desenvolvimento iminente
da criança, o professor deve provocá-la a superar a mera imitação, fazendo
com que utilize os registros gráficos como meio, ou seja, que a escrita lhe
auxilia a recordar algo e assim assuma uma função de operação psicológica.
(MARTINS; MARSIGLIA, 2015, p. 47).
18
Nesta fase, o uso da música como instrumento é essencial para o desenvolvimento da
criança, através da música, a criança se apropria da recordação, permitindo que utilizem os
métodos armazenados em suas mentes.
De acordo com Vigotsky (2007) mais tarde, os mecanismos intelectuais relacionados a
fala adquirem uma nova função; a percepção verbalizada, na criança não mais se limita ao ato
de rotular. Nesse estágio seguinte do desenvolvimento, a fala adquire uma função sintetizadora,
a qual, por sua vez, é instrumental para se atingirem formas mais complexa de percepção
cognitiva. Essas mudanças conferem a percepção humana um caráter inteiramente novo,
completamente distinto dos processos análogos nos animais superiores.
A fala e o pensamento mesmo nos estágios mais distintos do desenvolvimento, estão
ligados. Na solução de um problema imposto sem o uso da fala, a linguagem tem um papel no
resultado. A criança avalia de forma espontânea novas possibilidades de controle de suas
atividades com o auxílio da função indicativa das palavras. Com o auxílio da função indicativa
das palavras, a criança começa a dominar sua atenção, criando centros estruturais novos dentro
da situação percebida.

Além de reorganizar o campo visual-espacial, a criança, com o auxílio da fala,


cria um campo temporal que lhe é tão perceptivo e real quanto o visual. A
criança que fala tem, dessa forma, a capacidade de dirigir sua atenção de uma
maneira dinâmica. Ela pode perceber mudanças na sua situação imediata do
ponto de vista de suas atividades passadas e pode agir no presente com a
perspectiva do futuro. (VIGOTSKY, 2007, p. 28).

Assim, ao longo do tempo, o campo de atenção da criança engloba diversas


possibilidades perceptivas potenciais que ajudam na estrutura sucessiva do seu
desenvolvimento.

O curso de desenvolvimento da criança caracteriza-se por uma alteração


radical na própria estrutura do comportamento; a cada novo estágio, a criança
não só muda suas respostas, como também as realiza de maneiras novas,
gerando novos instrumentos de comportamentos e substituindo sua função
psicológicas por outra (VIGOTSKY, 2007, p. 80).

Portanto, o que antes era realizado de forma direta, passa então a ser realizadas de
maneiras indiretas. O desenvolvimento da criança é um processo dialético complexo, que se
caracteriza pelas constantes mudanças nas diferentes funções correspondentes aos processos
psicológicos da criança.

19
2.3 A Zona de Desenvolvimento Proximal

Gontijo (2007) afirma que toda função psíquica foi, no princípio de seu
desenvolvimento na criança, uma função externa o que significa dizer que ela foi social, pois
se formou através das relações entre pessoas.
O desenvolvimento da criança deve ser de alguma maneira combinado com seu
aprendizado. Diante disso, Vigotsky enfatiza a relação aprendizado e desenvolvimento da
criança da seguinte maneira:

O aprendizado da criança começa muito antes de elas frequentarem a escola.


Qualquer situação de aprendizado com a qual a criança se defronta na escola
tem sempre uma história prévia [...] que o aprendizado tal como ocorre na
idade pré-escolar difere nitidamente do aprendizado escolar, o qual está
voltado para a assimilação de fundamentos do conhecimento científico. No
entanto, já no período de suas primeiras perguntas, quando a criança assimila
os nomes dos objetos em seu ambiente, ela está aprendendo [...] de fato,
aprendizado e desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia
de vida da criança (VIGOTSKY, 2007, p. 94-95).

Compreende-se que a diferença de ambos acima mencionados, diz respeito ao primeiro


ser um aprendizado não sistematizado, já o outro sistematizado. É importante considerar que o
aprendizado escolar proporciona um novo desenvolvimento na criança.
Diante desse assunto, em sua teoria Vigotsky, descreve que o desenvolvimento da
criança está relacionado com sua socialização, ele caracterizou esse processo em três níveis:

O primeiro nível pode ser chamado de nível de desenvolvimento real, isto é,


o nível de desenvolvimento das funções mentais da criança que se
estabeleceram como resultado de certos ciclos de desenvolvimentos já
completados (VIGOTSKY, 2007, p. 95).

Rego (1995) corrobora que o nível de desenvolvimento real pode ser entendido como
referente àquelas conquistas que já estão consolidadas na criança, aquelas funções ou
capacidades que ela já aprendeu e domina, pois já consegue utilizar sozinha, sem assistência de
alguém mais experiente da cultura (pai, mãe, professor, criança mais velha, etc.). Este nível
indica assim, os processos mentais da criança que já se estabeleceram, ciclos de
desenvolvimento que já se completaram.

O segundo nível pode ser chamado de nível de desenvolvimento potencial,


determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto
ou em colaboração com companheiros mais capazes (VIGOTSKY, 2007, p.
97).

20
Rego (1995) complementa ainda que o nível de desenvolvimento potencial também se
refere aquilo que a criança é capaz de fazer, só que mediante a ajuda de outra pessoa (adultos
ou crianças mais experientes). Neste caso, a criança realiza tarefa e soluciona problemas através
do diálogo, da colaboração, da imitação, da experiência compartilhada e das pistas que lhe são
fornecidas.

O terceiro chamado de zona de desenvolvimento proximal. Ela é a distância


entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da
solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial
determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto
ou em colaboração com companheiros mais capazes (VIGOTSKY, 2007, p.
97).

Rego (1995), afirma ainda que a distância entre aquilo que ela é capaz de fazer de forma
autônoma (nível de desenvolvimento real) e aquilo que ela realiza em colaboração com outros
elementos de seu grupo social (nível de desenvolvimento potencial) caracteriza aquilo que
Vigotsky chamou de “zona de desenvolvimento proximal”.
Dessa forma, o primeiro nível diz respeito as etapas já alcançadas pela criança,
permitindo que ela solucione seus problemas independentemente. O segundo nível está
relacionado com a capacidade que a criança já possui em desempenhar suas tarefas, porém com
a ajuda de um adulto ou crianças mais experientes. Já o terceiro é a distância entre os dois
primeiros níveis, ou seja, é o caminho a ser percorrido até o amadurecimento de suas funções.

A zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções que ainda não


amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que
amadurecerão, mas que estão presentemente em estado embrionário
(VIGOTSKY, 2007, p. 98).

Vigotsky (2007) teoriza que essas funções poderiam ser chamadas de “brotos” ou
“flores” do desenvolvimento, em vez de “frutos” do desenvolvimento. O nível de
desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento mental retrospectivamente, enquanto a
zona de desenvolvimento proximal caracteriza o desenvolvimento mental prospectivamente.

O estado de desenvolvimento mental de uma criança só pode ser determinado


se forem revelados os seus dois níveis: o nível de desenvolvimento real, e a
zona de desenvolvimento proximal (VIGOTSKY, 2007, p. 98).

Neste contexto, corrobora Felipe (2001) cabe à escola fazer a criança avançar na sua
compreensão do mundo a partir do desenvolvimento já consolidado, tendo como meta etapas
posteriores, ainda não alcançadas. O papel do/a professor/a consiste em intervir na zona de

21
desenvolvimento proximal ou potencial dos/as alunos/as, provocando avanços que não
ocorreriam espontaneamente.
Vigotsky (2007) enfatiza a importância de instrumentos para o desenvolvimento
infantil, nessa hipótese, leva-se em consideração a importância da música nesse processo. Pois
através da música a criança se desvincula das situações concretas e imediatas sendo capaz de
desenvolver-se prospectivamente. Vale lembrar que crianças também aprende com crianças.

Assim o desenvolvimento do psiquismo humano é sempre mediado pelo outro


(outras pessoas do grupo cultural), que indica, delimita e atribui significados
à realidade... Desse modo, a atividade que antes precisou ser mediada
(regulação interpsicológica ou atividade interpessoal) passa a constituir-se um
processo voluntário e independente (regulação intrapsicológica ou atividade
intrapessoal) (REGO, 1995, p. 61).

O desenvolvimento pleno da criança é mediado por membros mais maduros de sua


cultura, assim, atribui significados para suas ações futuras e passa a desenvolver-se de modo
único. Na visão de Gontijo (2007) a criança começa a exercer sobre si mesma a ação que, antes,
era exercida por outras pessoas. A função que estava dividida entre duas pessoas se constitui,
na criança, de forma unificada.
Vigotsky (2007), afirma que a noção de zona de desenvolvimento proximal capacita-
nos a propor uma nova formula, a de que o “bom aprendizado” é somente aquele que se adianta
ao desenvolvimento. Os conceitos adquiridos durante o processo de amadurecimento pelas
crianças, possibilitam uma melhor compreensão de mundo, nesta circunstância torna-se
evidente o aprendizado que a criança adquiriu durante seu processo de socialização. O
aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em
movimento vários processos de desenvolvimento que de outra forma, seriam impossíveis de
acontecer. Assim, o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de
desenvolvimento das funções psicológicas, culturalmente organizadas e especificamente
humanas.

2.4 Alfabetização Numa Perspectiva Histórico-Cultural

Ao longo da vida as crianças têm contato com o mundo, havendo uma grande
necessidade de entender e compreender o que acontece ao seu redor, as crianças passam então
pelo momento de alfabetização. A partir de novas teorias e pensamentos, foi necessário rever
as concepções nas quais se apoiava a alfabetização, demandado uma transformação radical nas

22
práticas de ensino da leitura e da escrita no início da escolarização, observando a didática que
usavam para a alfabetização.

A alfabetização é um processo complexo, pois envolve a apropriação de um


conjunto de processos que precisam ser ensinados. diferentemente da
aprendizagem da linguagem oral, não é suficiente que as crianças tenham
nascidos em um meio social onde vive pessoas letradas para que venham a
aprender a ler e a escrever. O processo que se constituem nas crianças durante
a fase inicial de alfabetização, resultam das relações com as outras pessoas
(adulto outras crianças) que lhes ensinam a ler e a escrever (GONTIJO, 2007,
p. 136).

A alfabetização não surge e nem se desenvolve de forma espontânea e naturalmente,


para que ocorra esse processo, a criança precisa vivenciar inúmeras situações em que as pessoas
leem e escrevem para incentiva-las a ler e escrever.
Diante disso compreende-se que:

As crianças não se apropriam dos resultados do desenvolvimento histórico


imediatamente. Esse processo é mediado pelas relações com as outras pessoas
no decorrer de sua vida. Vigotsky diz que é por meio dos outros que nos
convertemos em nós mesmos, o que significa dizer que toda atividade interna
foi antes externa, foi para outras pessoas o que é para nós (GONTIJO, 2007,
p. 16).

Dentro desse levantamento, sobre a importância de interação social para o


desenvolvimento da criança, Gontijo (2007) aborda a questão da internalização, onde, o termo
internalização pode ser usado para explicar os processos que possibilitam a conversão da
atividade social, interpsíquica, em atividade individual, intrapsíquica; portanto, o caráter social
dos processos psíquicos, pressuposto diferenciador da perspectiva histórico-cultural na
psicologia de outros modelos que colocam no próprio indivíduo a origem das funções psíquicas
superiores.

Sem as propriedades naturais resultantes do desenvolvimento biológico, o


desenvolvimento histórico-social, provavelmente não seria possível. Os
mecanismos hereditários e inatos são, portanto, condições que tornam as
apropriações possíveis sem, contudo, determinar a sua composição ou a sua
qualidade específica, pois os resultados da prática social e histórica não se
acumulam ou se fixam da mesma forma que as propriedades da espécie, por
herança genética (GONTIJO, 2007, p. 18).

Complementa ainda:

Elas surgem sobre a forma material e objetiva, como objetivações que se


concretizam em uma forma exterior e, por isso, as crianças precisam
apropriar-se delas para reproduzirem em si mesmas as aquisições do
desenvolvimento histórico. Porém a apropriação só se torna possível se as
23
relações das crianças com o mundo das objetivações forem mediatizadas pelas
relações com as outras pessoas (GONTIJO, 2007, p. 18).

Ou seja, é por meio da linguagem e das relações que as crianças possuem com outras
pessoas que as apropriações se efetivam, permitindo, contudo, que as crianças descubram as
possibilidades sociais que o aprendizado proporciona em seu desenvolvimento. Diante disso,
Vigotsky corrobora que:

Embora o aprendizado esteja diretamente relacionado ao curso de


desenvolvimento da criança, os dois nunca são realizados em igual medida ou
em paralelo. O desenvolvimento nas crianças nunca acompanha o aprendizado
escolar da mesma maneira como uma sombra acompanha o objeto que o
projeta... Cada assunto tratado na escola tem sua própria relação específica
com o curso de desenvolvimento da criança, relação essa que varia à medida
que a criança vai de um estágio para outro (VIGOTSKY, 2007, p. 104).

O professor assume um papel muito importante nesse processo, pois como mediador da
relação criança e mundo, deve propiciar um ambiente significativo para o desenvolvimento
pessoal, respeitando as formas utilizada pela criança, pois esse é ponto de partida para a
introdução nas normas da linguagem padrão. Martins e Marsiglia (2015) enfatizam que o
educador é o portador dos signos que medeiam a relação da criança com o mundo, tendo a
experiência do uso social dos objetos culturais, por meio dos quais proporcionam a criança a
vivência de operações que organizam atividades interpsíquicas.
Gontijo (2007) diz que as funções psicológicas necessárias às aprendizagens escolares
não se encontram maduras na criança no início da escolarização. Elas são formadas à medida
que a criança aprende, sendo a prática educativa de alfabetização mediadora desse processo.
Por tanto o educador assume um papel muito importante durante a fase de alfabetização escolar.
Uma boa desenvoltura do profissional fará com que as crianças desenvolvam conjuntos
de habilidades já em sua fase inicial de alfabetização, diante do assunto ora abordado:

Alfabetizar é tarefa essencial para a humanização do indivíduo e precisa


realizar-se da maneira mais primorosa possível, levando em conta os
indivíduos aos quais se destina, as condições de realização do ensino e a
exímia formação de seus professores (MARTINS; MARSIGLIA, 2015, p. 48).

A relação com pessoas mais experientes de seu grupo cultural, é fundamental para que
as crianças despertem as significações sociais da alfabetização e descubra o uso da linguagem
escrita. Gontijo (2007) os métodos de alfabetização comumente usados nas nossas escolas
partem do princípio de que é necessário propor às crianças no início da alfabetização, certo
número de atividades que lhes permitam desenvolver as habilidades perceptivas (auditivas e
visuais) e motoras.
24
Gontijo (2007) corrobora ainda que o desenvolvimento dessas habilidades é um
requisito para a aprendizagem da linguagem escrita. No entanto, é um erro imaginar que
somente o desenvolvimento de tais habilidades poderá auxiliar essa aprendizagem, porque a
apropriação da linguagem escrita na criança se inicia dentro dos limites de um novo sistema. A
linguagem escrita é um sistema de signos e, certamente, a sua aprendizagem modificará as
estruturas perceptivas e motoras presentes no organismo, mas o nível de maturidade dessa
estrutura pouco ajudará na compreensão dessa linguagem.

Vigotsky afirma que não é somente através da aquisição da linguagem falada


que o indivíduo adquire formas mais complexas de se relacionar com o mundo
que o cerca. O aprendizado da linguagem escrita representa um novo e
considerável salto no desenvolvimento da pessoa (REGO, 1995, p. 68).

O aprendizado da linguagem escrita engloba todo um processo de amadurecimento que


a criança já obteve e que está em desenvolvimento. A autora acima mencionada, complementa
ainda que o aprendizado da linguagem escrita envolve a elaboração de todo um sistema de
representação simbólica da realidade.
A linguagem escrita identifica uma espécie de continuidade entre as diversas atividades
simbólicas: gestos, brinquedo, desenho e a música, essas atividades contribui enormemente
para o processo de aquisição da linguagem escrita.

A aprendizagem da linguagem escrita na escola marca o início de um novo


processo, em que a maioria das tarefas realizadas pelas crianças passa a exigir
o uso do sistema de escrita. Assim, as atividades propostas às crianças, durante
a alfabetização, trazem para elas o desafio de lidar com uma das mais
importantes produções simbólicas: a escrita. O simples registro de uma lista
de palavras, por exemplo, coloca a necessidade da utilização desse sistema de
signos (GONTIJO, 2007, p. 28).

O início da alfabetização é marcado por inúmeras oportunidades, as quais a criança se


apropria em diversos momentos de aprendizagens que levarão para a vida toda, nessa fase de
alfabetização a escrita assume um papel muito importante para o desenvolvimento pleno da
criança.
O desenvolvimento da escrita é um processo que engloba novas aprendizagens, diante
disso, Martins e Marsiglia (2015) dizem que a pré-história da linguagem escrita se radica no
desenvolvimento da linguagem oral, quando os objetos dados à captação sensorial conquistam
a possibilidade de representação na forma de palavras.
Nesta fase a criança já descobriu a função social dos signos, a partir dessa nova etapa, a
escrita passa a ocupar outro lugar na vida da criança, por tanto para ser capaz de escrever

25
Martins e Marsiglia (2015), abordam que a criança precisa organizar previamente relações
funcionais com os objetos pela mediação das palavras, tendo em vista a promoção do “salto de
abstração” requerido pela linguagem gráfica.

A criança passa a elaborar a escrita de forma deliberada e voluntariamente,


demonstrando ter adquirido um maior domínio sobre o seu próprio
comportamento, inicialmente espontâneo, baseado na imitação dos atos dos
adultos (GONTIJO, 1995, p. 52).

Neste sentido, a mudança objetiva na escrita confirma mudanças na atividade gráfica da


criança, a escrita conforme utilizada pelas crianças na escola de maneira sistemática, começa a
ser um meio de séries gráficas características da escrita.
Martins e Marsiglia (2015) destacam que entre 4 e 5 anos de idade (em condições típicas
de desenvolvimento), a criança utiliza-se dos registros gráficos para relembrar a sentença
ditada. Ainda que sua escrita não apresente diferenças externas à etapa anterior, a maneira de
disposição dos registros auxilia a rememorar, ou seja, começar a existir em rabisco que tem
função auxiliar de um signo e que, portanto, tem uma técnica mais aprimorada, porque recebe
uma função específica.
Complementam ainda que “a necessidade de fazer diferenciação leva a criança a
primarias formas representação do signo, inventando maneiras de estabelecer vínculos entre
suas escritas e o que ela representa. Uma dessas maneiras está ligada a um reflexo do ritmo da
frase pronunciada com ritmo das marcas gráficas” (MARTINS E MARSIGLIA, 2015, p .50).
Apesar desse processo refletir o ritmo da frase, ainda não compreende uma função de
marcar graficamente um conteúdo. Diante do assunto acima abordado:

As crianças não compreendem o significado funcional da escrita, pois ainda


não aprenderam como usá-la para recordar, mas organizam deliberadamente
as letras para escrever os enunciados do texto. Contudo, a mudança na
atividade gráfica não altera o modo como as crianças lembram o texto. Elas
continuam a rememorar sem o auxílio da escrita ou simplesmente dizem que
a escrita não pode ajudá-las a lembrar (GONTIJO, 2007, p. 61).

Gontijo (2007) o processo de desenvolvimento da escrita é, também, obra da criança


que está em pleno desenvolvimento orgânico e cultural, afetado, portanto, por maneiras próprias
de as crianças agirem diante das intervenções externas.
O amadurecimento da escrita leva automaticamente ao aprimoramento de outros
processos envolvidos na aprendizagem, pois quando a criança inicia a alfabetização, passa a
tomar consciência sobre a linguagem oral e desenvolvem um conjunto de habilidades que
desenvolverão em suas futuras escritas.
26
A descoberta de que os símbolos alfabéticos representam as unidades da
linguagem é fundamental. Entretanto, “desenhar a fala” não é o mesmo que
desenhar objetos ou ações, porque a relação entre os símbolos alfabéticos e o
simbolizado (sons da fala) não é natural. Os signos linguísticos são arbitrários
e convencionais, por isso é necessário que os adultos ensinem às crianças
como são usados numa determinada sociedade (GONTIJO, 2007, p.140).

Inicialmente as crianças reproduzem aspectos formais da escrita, depois ela compreende


que os símbolos usados representam a fala, essa compreensão não é suficiente ainda para que a
criança utilize a escrita como uma pessoa já alfabetizada, as crianças aprendem que no início
do processo de alfabetização que usamos letras para escrever, mas não compreendem que a
escrita pode ser utilizada como um recurso mnemônico, elas apenas estão preocupadas com
qual letra usar para fazer uma escrita correta.
Gontijo (2007) relata que se a linguagem escrita é uma forma especial de linguagem,
mesmo que distinta da linguagem oral e da linguagem interior, o fato de as crianças
necessitarem aprender o aspecto sonoro da linguagem escrita não deve significar ruptura entre
esses dois planos. Nem mesmo quando as crianças se detêm na análise das unidades sonoras
isso ocorre, pois, no momento em que tentam ler seus registros, buscam cadeias de letras
expressivas.

Os métodos tradicionais de alfabetização foram construídos com base na


ruptura entre os planos sonoro e semântico da linguagem escrita. Primeiro é
necessário aprender as letras correspondentes das unidades que compõem as
palavras a partir de um processo mecânico de codificação e decodificação e,
só depois, a criança será capaz de ler com significado. Essa metodologia de
ensino é, definitivamente, inadequada e não possibilita a compreensão dos
aspectos constituintes da linguagem escrita. À medida que a criança se
apropria do correspondente gráfico de cada unidade das palavras, a
necessidade da análise do aspecto sonoro é reduzida e, desse modo, a
linguagem escrita passará a manter uma relação direta com os significados,
com a linguagem interior. Entretanto, tal constatação não deve conduzir à
ideia equivocada de que é necessário priorizar primeiro o aspecto sonoro
(GONTIJO, 2007, p. 142).

Compreende-se que, para que esse processo não seja fonte de equívocos, é importante
enfatizar que as crianças não aprendem a ler e a escrever se não dominarem o aspecto sonoro
da linguagem escrita. E que em nenhum momento os processos de alfabetização devem
desvincular os planos sonoros e semânticos da linguagem escrita.
Desta forma, fundamentando nos estudos de Martins e Marsiglia (2015), podemos
encontrar alguns níveis a partir dos quais poderemos entender as produções das crianças, até o
desenvolvimento pleno da capacidade de escrita:

27
Etapa I, pré-escrita (fase pré-instrumental, entre 3 e 4 anos) a criança lança-se
o desafio de “escrever” imitando o adulto, mas sem atribuir significado ao que
a escrita representa e sem função mnemônica, a escrita é um brinquedo.
Etapa II, atividade gráfica diferenciada (entre 4 e 5 anos) as marcas da criança
ainda não têm significado em si mesmas, mas apresentam significado ao
desempenharem função (mnemônica). Etapa III, escrita pictográfica (entre 5
e 6 anos) nesta idade, as crianças já sabem desenhar com certa destreza, mas
não relacionam o desenho a um expediente auxiliar da escrita, assim as noções
do professor devem dirigir-se para que o desenho se torne o símbolo do signo,
o desenho é utilizado como meio de registro, signo-símbolo. Etapa IV, escrita
simbólica (entre 6 e 7 anos) uso da escrita dentro do sistema socialmente
estabelecido sem recorrer as marcas ou desenho. Etapa V, escrita simbólica-
continuação (7 a 10 anos) uso da escrita dentro do sistema socialmente
estabelecido, bem como tendo conhecimento de diferentes gêneros
(MARINS; MARSIGLIA, 2015, p. 49 e seg)

Assim, a etapa IV está descrita como a etapa inicial do ensino fundamental, ampliando o
uso do sistema alfabético para dominar suas particularidades e a etapa V, representando a
continuidade das ações até o final do 5º ano do ensino fundamental, com a finalidade de
complexificação dos domínios relacionados à gramática e aos gêneros (literários ou não).
As considerações acima nos levam a compreender que o desenvolvimento é
determinado pelo ambiente sócio- cultural, sendo que apresenta variações de acordo com o
ambiente do sujeito, e nesta situação, interferi no modo de agir dos indivíduos.

2.5 A Música Como Instrumento de Interação

A estimulação estética, cognitiva, sensorial e afetiva realizada através da música é


essencial, pois contribui como prática social na alfabetização da criança, entretanto, o
envolvimento da criança no universo sonoro ocorre ainda no ventre de sua mãe.

O envolvimento das crianças com o universo sonoro começa ainda antes do


nascimento, pois na fase intra-uterina os bebês já convivem com um ambiente
de sons provocados pelo corpo da mãe, como o sangue que flui nas veias, a
respiração e a movimentação dos intestinos. A voz materna também constitui
material sonoro especial e referência afetiva para eles (BRITO, 2003, p. 35).

É através da música que a criança alcançar sua liberdade e estimula sua capacidade de
desenvolver suas aptidões e reparar suas fraquezas. Pois como toda arte, a música expressa
valores e pode servir de meios para a construção do conhecimento, desenvolver o gosto musical,
desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, concentração.
A brincadeira se faz muito presente na infância, Dornelles (2001) afirma que a
brincadeira é algo de pertence à criança, à infância. Através do brincar a criança experimenta,

28
organiza-se, constrói normas para si e para o outro. Ela cria e recria, a cada brincadeira, o mundo
que o cerca. O brincar é a forma de linguagem que a criança usa para compreender e interagir
consigo, com o outro, com o mundo.
Assim também ocorre com a música, pois a medida em que se brinca ou até mesmo
assisti algo que contém música a criança amplia suas experiências, a música vai se tornando
mais socializadora a tudo aquilo que implica uma vida coletiva. É também através da música
que as crianças compreendem seu esquema corporal, pois existem canções que retratam o
esquema corporal, proporcionando às crianças um maior entendimento sobre as partes que
contém seu corpo.
A música possibilita no desenvolvimento do esquema corporal da criança, coordenação
motora, lateralidade, expressividade e criatividade.

A criança tem noção do seu tamanho quando se espicha para alcançar o que
deseja, quando se encolhe para caber dentro de uma caixa... Ela aprende a
controlar os esfíncteres e também aprende o que significa prender-soltar,
fechado- dentro-fora e tantas outras noções que as experiências corporais
propiciam (MAFFIOLETTI, 2001, p. 124).

Nesse sentido, é por meio das interações que se estabelece através da música que as
crianças desenvolvem um repertório que permitirá comunicar-se pelos sons. Brito (2003)
complementa que os momentos de troca e comunicação sonoro-musicais favorecem o
desenvolvimento afetivo e cognitivo, bem como a criação de vínculos fortes tanto com os
adultos quanto com a música.

A criança é um ser “brincante” e, brincando, faz música, pois assim se


relaciona com o mundo que descobre a cada dia. Fazendo música, ela,
metaforicamente, transforma-se em sons, num permanente exercício:
receptiva e curiosa, a criança pesquisa materiais sonoros, “descobre
instrumentos”, inventa e imita motivos melódicos e rítmicos e ouve com
prazer a música de todos os povos (BRITO, 2003, p. 35).

Trazer a música para o cotidiano das crianças exige, prioritariamente, atenção e


disposição para ouvir e observar o modo que elas percebem e se expressam musicalmente em
cada fase de seu desenvolvimento. Maffioletti (2001) diz que o cotidiano da educação infantil
é repleto de atividades musicais, algumas tão conhecidas que já fazem parte do repertório usual
das escolas.

Vale ressaltar que, cada criança é única e que se desenvolve no seu próprio tempo,
percorrendo seu próprio caminho no sentido da construção do seu conhecimento. Aprendendo
e se relacionando com os sons no seu tempo-espaço, de acordo com o que ela aprende em seu

29
dia a dia. Brito (2003, p. 41) O modo como as crianças percebem, apreendem e se relacionam com os
sons, no tempo-espaço, revela o modo como percebem, apreendem e se relacionam com o mundo que
vêm explorando e descobrindo a cada dia.

A expressão musical das crianças refere-se às condutas de exploração e produção


sonoras, ao explorar essas qualidades de produção, as crianças descobrem e ampliam novas
possibilidades para desenvolverem suas aptidões sonoras, sem limitar-se, explora grandes
quantidades de sons vocais. Brito (2003) aborda que é importante brincar e cantar com as
crianças, pois, como dissemos, o vínculo afetivo e prazeroso que se estabelece nos grupos em
que se canta é forte e significativo.
Maffioletti (2001) traz grande importância quando menciona que as crianças também
precisam de silêncio para povoá-lo com seus próprios sons... As crianças aprendem a utilizar
os recursos expressivos de sua cultura. Falam alto quando querem chamar a atenção, falam
baixo para contar um segredo e usam adequadamente o tom de voz para mostrar seriedade ou
brincadeira. A autora complementa e faz um apelo:

Elas logo aprendem o significado de “psssiu” ... e “hum”!!! também


reconhecem quando o “ai”! é uma reclamação, ou uma expressão de alívio.
As crianças são muito receptivas a esses sons, decifrando e criando
significados. Seria uma lástima que perdessem essas habilidades por ocasião
de sua entrada na escola (MAFFIOLETTI, 2001, p. 127).

As crianças gostam de cantar palavras sem sentido, sem se preocuparem se estão


entonando certo a música ou rimando, o importante é que elas estão cantando e dialogando com
sigo e com os outros. Brito (2003) menciona, entretanto, que é importante considerar legítimo
o modo como as crianças se relacionam com os sons e silêncios, para que a construção do
conhecimento ocorra em contextos significativos, que incluam criação, elaboração de hipóteses,
descobertas, questionamentos, experimentos etc.
Maffioletti (2001) relata que a música é uma linguagem criada pelo homem para
expressar suas ideias e seus sentimentos, por isso está tão próxima de todos nós. No contato
com a música a criança precisa aprender que um som pode se combinar com outro som, mas,
principalmente, que é possível imprimir significado aos sons. É isso que fará dela um ser
humano capaz de compreender os sons de sua cultura e de se fazer entender pelo uso deliberado
dessas aprendizagens nas trocas sociais.

As crianças precisam ter experiências concretas com objetos que emitem sons,
instrumentos musicais ou outros e formar um vocabulário específico para
referir a eventos sonoros. O manuseio de objetos sonoros cria situações em
30
que será possível agrupar ou separar os sons, classificar e seriar
(MAFFIOLETTI, 2001, p. 130).

Trabalhar as possibilidades sonoras dos objetos ou de instrumentos musicais com as


crianças não é uma tarefa muito fácil, pois os barulhos característicos podem dar impressão que
elas são muito grosseiras. Maffioletti (2001) relata que a linguagem não-verbal é uma forma de
comunicação muito presente entre as crianças, o improviso musical pode ser uma possibilidade
de dialogarmos com crianças muito pequenas.
As crianças ao realizar atividades com os sons trabalham formas expressivas e
desenvolvem suas ações. Assim, as crianças aprendem que organizar pequenas combinações
regem os sons, e dão novas formas para suas criações.

A manipulação livre de instrumentos e materiais é o primeiro passo da criança


na familiarização com os recursos disponíveis para sua expressão. Contudo,
devemos saber que, mesmo mais tenra a idade, o fazer artístico não é apenas
a ação inicial. As crianças são capazes de mexer com substâncias e
experimentar instrumentos nas mais variadas superfícies, lambuzando,
riscando ou imprimindo suas marcas (GOMES, 2001, p. 109).

Através da música as crianças se compreendem e se fazem compreender, dessa forma


as crianças passam a apreciar a expressar sentimentos através do canto e dos sons. A música
contribui para o diálogo interno e externo do ser humano.
Compreende-se que a música como interação para a criança, é extremamente importante
no seu processo de desenvolvimento, pois através da música a criança se relaciona com o mundo
e consigo mesma, aprendendo valores que são aprendidos através da musicalização.
Neste contexto, a música é muito mais que um complemento pedagógico, ela é uma
ponte onde leva as crianças a enraizarem-se e progredirem no seu próprio sentir, na interação
com o mundo que o cerca e uma grande janela para o sucesso da criança.

Refletir sobre as capacidades presentes em cada etapas do desenvolvimento


infantil, bem como sobre as tantas conquistas, só tem razão de ser se
respeitarmos o processo único e singular de cada ser humano, como já foi
lembrado anteriormente, e se considerarmos que esse processo se dá na
interação com o meio, num ambiente de amor, afeto e respeito (BRITO, 2003,
p. 46).

Deste modo, as experiências que a música possibilita na vida da criança, obviamente,


serão futuramente lembradas e demonstradas, com relação a maneira que retêm na memória as
canções que aprenderam.

31
2.6 Como Trabalhar a Música na Alfabetização

A música é um grande instrumento de motivação para a criança, de tal forma que venha
despertar o espírito crítico de equipe, imaginação, responsabilidade e interesse pelo estudo,
pois, trabalhar com a música na sala de aula estimula a criança a pensar, refletir, analisar e
desenvolver valores essenciais para uma vida.
A dificuldade que enfrentam as crianças dentro do ciclo de alfabetização mostra
antemão uma nova forma para ajudar na hora de alfabetizar, novas maneiras foram criadas,
métodos foram utilizados para retratar a alfabetização e o letramento infantil, cooperando para
minimizar essa dificuldade temos a contribuição da música neste aspecto.

Quando a criança começa frequentar a escola, o novo ambiente precisa tornar-


se, o mais breve possível, familiar e aconchegante. Além das novidades do
ambiente físico, o mundo sonoro é completamente desconhecido. A música
pode se tornar um espaço a partir do qual os primeiros vínculos são criados e
mantidos... o canto é uma atividade eminentemente social, é uma abertura para
o outro e é um enorme enriquecimento pessoal (MAFFIOLETTI, 2001, p.
130).

Quando a criança tem contato com a música desenvolve muitas habilidades,


competências, principalmente no início e durante seu processo de alfabetização. A música é
essencial na vida do ser humano e fundamental no processo de ensino-aprendizagem, pois a
mesma como instrumento da aprendizagem, deve exercer um papel de desenvolvimento
intelectual e motor da criança, estimulando em seu conhecimento.
Nesse sentido compreende-se que a música como instrumento da aprendizagem, deve
estar inserida no ambiente como fonte de estímulos, bem-estar e geradora da construção do
saber. Segundo Maffioletti (2001) devido à forte repercussão que as habilidades musicais têm
sobre as identidades das pessoas, sua auto-estima e sua expressividade, a música não deve ser
uma área de conhecimento negligenciada na formação das crianças.
Brito (2003) o processo de aquisição da linguagem também facilita a comparação com
a expressão musical: da fase de exploração vocal à etapa de reprodução, criação e
reconhecimento das primeiras letras, daí a grafia de palavras, depois a frases e, enfim, a leitura
e à escrita, existe um caminho que envolve a permanente reorganização de percepções,
explorações, descobertas, construções de hipóteses, reflexões e sentidos que tornam
significativas todas as transformações e conquistas de conhecimento: a consciência em contínuo
movimento. Isso ocorre também com a música.

32
Obviamente, respeitar o processo de desenvolvimento da expressão musical
infantil não deve se confundir com a ausência de intervenções educativas.
Neste sentido, o professor deve atuar-sempre- como animador, estimulador,
provedor de informações e vivências que irão enriquecer e ampliar a
experiência e o conhecimento das crianças, não apenas do ponto de vista
musical, mas integralmente, o que deve ser o objetivo prioritário de toda
proposta pedagógica, especialmente na etapa da educação infantil (BRITO,
2003, p. 45).

Diante disso, compreende-se que para que se faça da música um instrumento adequado
é preciso conhecer o contexto em que foram escritas, deve-se ter em mente como estão inseridas
para posteriormente trabalhá-la em sala de aula, lembrar principalmente que as letras e as
melodias musicais expressão reações, sentimentos e pensamentos, podendo ser usufruídos pelos
educadores com objetivo de despertar, instigar na criança à consciência crítica e a sensibilidade
à música.
Motivo que reforça a necessidade de cautela ao utilizar a música na alfabetização,
podendo ser trabalhada como interpretação de texto e outras formas que instiguem as crianças
nos temas presentes nas letras ou mesmo para descontração.

As interpretações são importantes na aprendizagem, pois tanto o contato direto


com elas quanto a sua utilização como modelo são maneiras de o aluno
construir conhecimento em música. Além disso, as interpretações estabelecem
os contextos onde os elementos da linguagem musical ganham significado
(PCN, 2001, p. 76).

Discute-se muito o fato de que o trabalho com a música estaria muito mais relacionado
com a ilustração, memorização de estilos, de forma geométricas do que as reflexões que a
música propicia ao desenvolvimento pleno do ser humano. Reforçando a ideia de que o
educador deve propiciar um ambiente rico e estimular as crianças constantemente através da
música.

Direcionar ações que contribuam no domínio do código escrito é fundamental


para que se possa dar passo seguinte, da escrita autônoma. Frases, cartas e
músicas enigmáticas são exemplos de ações que o professor pode propor, pois,
por meio delas, o aluno deve ser capaz de ler com o auxílio do desenho, bem
como precisará realizar a tarefa de substituí-lo pela palavra escrita
(MARTINS; MARSIGLIA, 2015, p. 58).

Neste sentido, compreende-se que, trabalhar com a musicalização nos possibilita uma
diversidade de experiências humanas traduzidas na própria música, podendo aproximar as
crianças do conhecimento inerte da música e mais que isto da própria humanidade.
A diversidade permite as crianças a construção de hipóteses e aprimora suas condições
de ouvintes sensíveis das suas próprias produções e as dos outros. Maffioletti (2001) destaca
33
que com relação às atividades musicais, parece que os avanços da psicologia e do pensamento
infantil não conseguem modificar a prática docente. As regularidades observadas diariamente
são incorporadas como absolutamente normais, enquanto os conhecimentos novos são
ignorados e rejeitados pelo pensamento habitual.
Trabalhar com a música na sala de aula estimulará a cooperação, sociabilidade,
solidariedade, respeito, integração, espírito de equipe, imaginação domínio de si mesmo e uma
infinidade de outros sentidos e valores, nesta perspectiva é que se baseia a intensão da música
como instrumento da aprendizagem.

Nesta fase é importante que o professor garanta ao aluno conhecimento


matemático introduzindo contagens, quantidades, formas geométricas,
grandezas e medidas pois isso será fundamental não só às especificidades do
desenvolvimento lógico-matemático (que não é o objetivo central da nossa
discussão), mas também terá expressão essencial no desenvolvimento da
escrita (MARTINS; MARSIGLIA, 2015, p. 52).

Compreende-se que o trabalho com a linguagem musical deve ser prazeroso para ambos,
tanto educador quanto criança, e isto só será possível se houver uma conscientização cada vez
maior da importância de respeitar a expressividade de cada um e de o educador criar
oportunidades para que a criatividade esteja sempre presente em sala de aula.
Brito (2003, p. 43) enfatiza que neste sentido, importa, prioritariamente, a criança, o
sujeito da experiência, e não a música, como muitas situações de ensino musical insistem em
considerar. A educação musical não deve visar a formação de possíveis músicos do amanhã,
mas sim a formação integral das crianças de hoje. Um trabalho pedagógico-musical deve se realizar
em contextos educativos que entendam a música como processo contínuo de construção, que envolve
perceber, sentir, experimentar, imitar, criar e refletir.
A música como uma espécie de modalidade que desenvolve a mente humana, promove
equilíbrio, proporcionando um estado agradável de bem-estar, facilitando a concentração e o
desenvolvimento do raciocínio, em especial a questões reflexivas voltadas para o pensamento
infantil.
Não é para formar músicos que a música vem ganhando espaço nas escolas, a música
ajuda a afinar a sensibilidade das crianças, aumenta a capacidade de concentração, desenvolve
o raciocínio lógico-matemático e a memória, além de ser forte desencadeador de emoções.

Para que a aprendizagem da música possa ser fundamental na formação de


cidadãos é necessário que todos tenham a oportunidade de participar
ativamente como ouvintes, intérpretes, compositores e improvisadores, dentro
e fora da sala de aula (PCN, 2001, p. 77).

34
A música pode ser trabalhada de forma interdisciplinar, levando em conta uma
perspectiva temática, proceder a uma análise textual da letra, ressaltando aspectos intertextuais,
culturais, discursivos e estudos de elementos que auxiliem no desenvolvimento que a música
possibilita.
A música trabalhada como instrumento lúdico e que faça sentido para ambos, pode fazer
parte do cotidiano escolar e das crianças, colaborando com o processo de tornar pessoas críticas,
tornando-os cidadãos livres para agir, pensar e transformar sua realidade.

Para a grande maioria das pessoas, incluindo os educadores e educadoras


(especializados ou não), a música era (e é) entendida como “algo pronto”,
cabendo a nós a tarefa máxima de interpretá-la. Ensinar a música, a partir
dessa óptica, significa ensinar a reproduzir e interpretar música,
desconsiderando a possibilidade de experimentar, improvisar, inventar como
ferramenta pedagógica de fundamental importância no processo de construção
do conhecimento musical (BRITO, 2003, p. 52).

Desse modo a música como um recurso auxiliador do processo de alfabetização, é


considerada como um instrumento de ação pedagógica, utilizada para desenvolver habilidades,
resgatar culturas e também ajuda na construção do conhecimento das crianças.
Segundo Brito (2003) aceitando a proposição de que a música deve promover o ser
humano acima de tudo, devemos ter claro que o trabalho nessa área deve incluir todos os
alunos... desse modo, todos devem ter o direito de cantar, ainda que desafinado! Todos devem
poder tocar um instrumento, ainda que não tenham, naturalmente, um senso rítmico fluente e
equilibrado, pois as competências musicais desenvolvem-se com a prática regular e orientada,
em contextos de respeito, valorização e estímulo a cada aluno, por meio de propostas que
consideram todo o processo de trabalho, e não apenas o produto final.
Em relação aos materiais musicais adequados ao trabalho na etapa da educação infantil:

O trabalho na área de música pode (e deve) reunir grande variedade de fontes


sonoras. Podem-se confeccionar objetos sonoros com as crianças,
introduzindo brinquedos sonoros populares, instrumentos étnicos, materiais
aproveitados do cotidiano etc., com o cuidado de adequar materiais que
disponham de boa qualidade sonora e não apresentem nenhum risco à
segurança de bebês e crianças. Devem se valorizar os brinquedos populares,
como a matraca, o rói-rói ou berra-boi, os piões sonoros, além dos tradicionais
chocalhos de bebês, alguns dos quais com timbres muito especiais. Pios de
pássaros, sinos de diferentes tamanhos, brinquedos que imitam sons de
animais, entre outros, são materiais interessantes que também podem ser
aproveitados na realização das atividades musicais (BRITO, 2003, p. 64).

Diante do assunto abordado, é importante enfatizar que durante as atividades musicais,


a mistura de diferentes instrumentos com texturas variadas auxilia no desenvolvimento motor

35
das crianças. Brito (2003) enfatiza ainda que os pequenos idiofones, por suas características,
são os instrumentos mais adequados para o início das atividades musicais com crianças. Sacudir
um chocalho, ganzá ou guizo, raspar um reco-reco, percutir um par de clavas, um triângulo ou
coco são gestos motores que podem ser realizados desde cedo.
Brito relata ainda:

É importante misturar instrumentos de outros materiais, explorando as


diferenças entre os sons produzidos por eles, assim como os diversos modos
de ação para tocar cada um: um par de clavas, por exemplo, permite percutir
ou raspar uma na outra, percutir ou rolar no chão etc. vale lembra, mais uma
vez, que o mais importante é permitir e estimular a pesquisa de possibilidades
para produzir sons em vez de ensinar um único modo, em princípio correto,
de tocar cada instrumento (BRITO, 2003, p. 65).

O trabalho com a musicalização na alfabetização requer muito cuidado, disposição e


interesse. Brito (2003) complementa ainda que os xilofones e os metalofones (lâminas de
madeira ou metal dispostas sobre uma caixa de ressonância e percutidas com baquetas) são
materiais mais indicados para o trabalho com as crianças da pré-escola, e a iniciação a eles deve
se dar pela exploração dos gestos motores realizados para produzir diferentes sons.
A construção de instrumentos musicais e objetos sonoros com as crianças é muito rico
e interessante, pois as crianças com a ajuda da música se relacionam uma com as outras de
maneira espontânea e prazerosa. E porque construir instrumentos musicais comas crianças?

Construir instrumentos musicais e/ou objetos sonoros é atividade que desperta


a curiosidade e o interesse das crianças. Além de contribuir para o
entendimento de questões elementares referente a produção do som e às suas
qualidades, à acústica, ao mecanismo e ao funcionamento dos instrumentos
musicais, a construção de instrumentos estimula a pesquisa, a imaginação, o
planejamento, a organização, a criatividade, sendo, por isso, ótimo meio para
desenvolver a capacidade de elaborar e executar projetos. É importante sugerir
ideias, apresentar modelos já prontos e também estimular a criação de novos
instrumentos musicais (BRITO, 2003, p. 69).

Além disso, construir instrumentos musicais ou objetos sonoros, tornam as aulas mais
instigantes, fazendo com que a criança se perca nesse mundo de imaginação e pura criatividade.
Tornar a aula prazerosa para as crianças é extremamente importante, pois a música possibilitará
maior internalização das aprendizagens vivenciadas durante as aulas.
Brito (2003) afirma que as crianças se relacionam de modo mais íntimo e integrado com
a música quando também produzem os objetos sonoros que utilizam para fazer música, o que
não significa que essas peças devam substituir o contato com instrumentos convencionais,
industrializados ou confeccionados artesanalmente.

36
Para a construção dos instrumentos musicais é preciso, antes de tudo, selecionar e
organizar o material que será utilizado, diante disso o autor menciona que:

O educador ou educadora saberá melhor do que ninguém indicar os materiais


mais adequados a cada faixa etária. As crianças podem contribuir, levando
sucatas e materiais recicláveis para a escola, que deverão ser classificados e
organizados; a oficina de criação de instrumentos deve ser um espaço lúdico,
de pesquisa e criação (BRITO, 2003, p. 70).

A atividade de construção será mais rica e significativa se o fazer seja prazeroso para
ambos, nessa questão o confeccionar instrumentos artesanalmente assume especial importância
para o processo de desenvolvimento das crianças, cooperando com a capacidade de criar,
reproduzir e produzir.
Brito (2003) aborda que conteúdos situados no domínio específico da linguagem
musical, a atividade de construção de instrumentos dialoga com outros eixos de trabalho: a
reciclagem de materiais, por exemplo, remete a conteúdos ligados à educação ambiental, às
relações entre natureza e sociedade, eixo presente no referencial curricular nacional para a
educação infantil
As crianças ao construírem instrumentos musicais se refazem, buscando maneiras de
tornarem visível sua expressão musical, ao mesmo tempo em que ultrapassam esse caminho
por meio de novas possibilidades, desenvolvendo assim atitudes de respeito e reconhecimento
sobre à diversidade. Compreende-se que a música como instrumento de alfabetização é
extremamente importante na educação das crianças e também dos adultos.

37
3. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

Nesta seção apresentamos os procedimentos metodológicos escolhidos para a realização


deste trabalho. Para alcançar o objetivo desta pesquisa de compreender as possibilidades de
alfabetização presente na musicalização, fez-se opção pela abordagem qualitativa:

São várias metodologias de pesquisa que podem adotar uma abordagem


qualitativa, modo de dizer que faz referência mais a seus fundamentos
epistemológicos do que propriamente a especificidades metodológicas
(SEVERINO, 2007, p.119).

No primeiro momento constituindo a primeira fase da pesquisa, optamos pela pesquisa


bibliográfica para levantamento dos aspectos teóricos já produzidos sobre o tema, onde foi
realizado um levantamento teórico baseando-se em autores como; Brito (2003); Craidy;
Kaercher (2001); Gontijo (2007); Martins; Marsiglia (2015); Rego (1995); Vigotsky (2007).
No segundo momento, realizamos a pesquisa documental que é tratada de acordo com
Severino (2007) como:

No caso da pesquisa documental, tem-se como fontes documentos no sentido


amplo, ou seja, não só de documentos impressos, mas, sobretudo de outros
tipos de documentos, tais como jornais, fotos, filmes, gravações, documentos
legais. Nestes casos, os conteúdos dos textos ainda não tiveram nenhum
tratamento analítico, são ainda matéria-prima, a partir do qual o pesquisador
vai desenvolver sua investigação e análise (SEVERINO, 2007, p. 122-123).

A partir da compreensão da pesquisa documental e a busca em fontes secundárias


levantamos várias produções por meio de pesquisas bibliográficas em documentos legais, das
quais selecionamos cinco antigos acadêmicos.
Após a seleção primamos por analisar a influência da música na alfabetização infantil,
onde as pesquisas citadas, principalmente seus objetivos e resultados, serão analisados, com
intuito de compreender as especificidades que a música apresenta nas aulas de alfabetização.
Os documentos selecionados foram inseridos no quadro 1, abaixo, para melhor entendimento
do leitor. O quadro a seguir ilustra de forma clara os documentos acadêmicos distintos, que
foram selecionados para elaboração desta pesquisa.

38
QUADRO 1- Pesquisa documental

Fonte: Elaborado pela autora.

39
4. ANÁLISE DA PESQUISA

O quadro1 2, com base em Bragatto (2012) aborda o uso da música no processo de


alfabetização, tendo como possibilidade o uso desse instrumento, que tragam para a sala de aula
não só a alfabetização, mas um espaço de diálogo e troca de experiências, criando assim, um
processo de construção do conhecimento, favorecendo o desenvolvimento motor e de inúmeros
valores que a criança levará para a vida, sendo eles: expressividade, sociabilidade, coordenação
motora, criatividade, imaginação, memória etc.

QUADRO 2- A música no processo de alfabetização


TÍTULO OBJETIVO LOCAL RESULTADO

L¹: A Analisar os momentos Realizado em duas escolas Autores citados na


importância da alfabetizadores onde a públicas do Município de pesquisa têm dado
música no música é ou não usada Umuarama que está contribuição para
processo de como estratégia principal localizado na região educadores
alfabetização. de ensino aprendizagem; noroeste do Paraná. alfabetizadores. A
identificar em que música certamente é
Autor: momentos do processo de uma ótima estratégia
Rosangela alfabetização a música de ensino
Aparecida seria a melhor estratégia aprendizagem e no
Marques de de ensino aprendizagem; processo de
Morais Bragatto. refletir sobre como a alfabetização ela é
(2012). música pode auxiliar no fundamental.
processo de alfabetização Conclui-se então, que
de forma prazerosa, através do uso da
estimulando o música em sala de
desenvolvimento aula, seja diariamente
cognitivo, intelectual, ou semanalmente, é
emocional, ou seja, possível ampliar as
desenvolvimento global possibilidades de
da criança. socialização,
conhecimento,
interação e de criação.

Fonte: Elaborado pela autora

1
Monografia de especialização intitulada A importância da música no processo de alfabetização.
Desenvolvido por Rosangela Aparecida Marques de Morais Bragatto. A pesquisa tem como intuito
analisar, identificar e refletir sobre como a música pode auxiliar no processo de alfabetização. Pesquisa
realizada em duas Escolas Pública do Município de Umuarama, região noroeste do Paraná. Disponível
em: http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4740/1/MD_EDUMTE_II_2012_37.pdf

40
Diante dessa perspectiva da possibilidade do uso da música na sala de aula, compreende-
se que a música em suas variadas formas de ser trabalhada é um instrumento importantíssimo
no processo de alfabetização. Pois estimula e auxilia em diversas situações que possam
favorecer a aprendizagem.
A música é tratada pela autora Bragatto (2012) como meio de comunicação entre
pessoas e o mundo. Dessa forma, observa-se a partir dai a utilização da perspectiva histórico-
cultural, assim como a comparação com a fala no início do desenvolvimento da criança, onde
Rego (1995) enfatiza que a função primordial da fala é o contato social.
Primeiramente compreendemos a música como desencadeadora de emoções, neste
sentido a música tratada como forma de expressão contribui segundo Bragatto (2012) para o
diálogo interno e externo do ser humano. neste contexto é possível que a música seja muito
mais que um complemento pedagógico na escola.
Como identificamos em Martins; Marsiglia (2015) a escola traz para dentro da sala de
aula as vivências do aluno, dentre elas as músicas que estão no dia-a-dia das crianças, diante
disso o professor vai transformar essas vivências em ciência em conteúdo, e são esses conteúdos
que estão imbricados na música que vão desenvolver essas funções psíquicas nas crianças.

Os conteúdos escolares são o substrato do desenvolvimento das funções


psicológicas, graças aos quais o legado pela natureza na forma de funções
psíquicas elementares adquire novas propriedades, instituindo-se como
funções superiores, culturalmente formadas. A compreensão dessa relação
torna possível entender por que não é qualquer conteúdo que pode ser
considerado curricular (MARTINS; MARSIGLIA, 2015, p.32).

Realmente concordo com a autora Bragatto (2012), que a música está para além dos
conteúdos escolares, no entanto, a música enquanto instrumento no processo de alfabetização
é um instrumento aliado para a melhoria das estratégias de ensino e aprendizagem nessa etapa
de ensino.
A autora Bragatto (2012) aborda ainda a música como uma das melhores estratégias de
ensino aprendizagem, pois cabe ao educador o modo que irá utilizar para alcançar seus
objetivos, e de forma prazerosa estimular o desenvolvimento intelectual e emocional da criança.
Corrobora ainda que a musicalização perpassa por todas as áreas do conhecimento e pode
acontecer através de atividades lúdicas visando o desenvolvimento e aperfeiçoamento da
percepção auditiva, imaginação, coordenação motora, memorização, socialização,
expressividade, percepção espacial, etc. É algo que acontece de fora para dentro, sendo que
cada um vai internalizando os conhecimentos adquiridos mais os conhecimentos já existentes
para então formar e concretizar um novo conhecimento.
41
Vale ressaltar que o educador deve compreender a importância de aceitar e valorizar as
diferenças de cada criança.
Percebe-se antemão a necessidade de se fazer do espaço escolar um lugar descontraído,
alegre e que favoreça a expressividade, interação e o conhecimento da criança.
Neste contexto, Bragatto (2012) aborda a interação como processo de construção do
conhecimento, cujo principal objetivo é despertar e desenvolver o gosto pela música,
estimulando e contribuindo com a formação global do ser humano através da socialização.
É através das interações socias que ocorrem o desenvolvimento pleno do ser humano:

Como vimos, segundo a teoria histórico-cultural, o indivíduo se constitui


enquanto tal não somente devido aos processos de maturação orgânica, mas,
principalmente, através de suas interações sociais, a partir das trocas
estabelecidas com seus semelhantes (REGO, 1995, p. 109).

Como já constatamos acima, o desenvolvimento pleno do ser humano de fato ocorre por
meio do convívio social através do contato com membros de sua espécie, neste sentido, vale
ressaltar a importância do professor como mediador no processo ensino-aprendizagem.
O professor como mediador, deve estar preparado para orientar e selecionar aquilo que
é favorável para a aprendizagem das crianças, pois a música quando bem trabalhada,
desenvolve inúmeros valores na criança. Diante disso deve-se aproveitar das possibilidades de
desenvolvimento que a música proporciona no processo de alfabetização.
De acordo com Martins; Marsiglia (2015) alfabetizar é tarefa essencial para
humanização do indivíduo e precisa realizar-se da maneira mais primorosa possível, levando
em conta os indivíduos aos quais se destina as condições de realização do ensino e a exímia
formação de seus professores.
Neste sentido, os professores devem estar atentos sobre a importância que a música vem
exercendo nas salas de aula, pois estimula os alunos a adquirir uma linguagem formal tanto oral
quanto escrita, e facilita o processo de aprendizagem, possibilitando assim uma alfabetização
prazerosa. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacional (2001) é de suma importância
que o professor escolha o modo a ser trabalhado adequado para que favoreça uma boa
construção do conhecimento:

Cabe ao professor escolher os modos e recursos didáticos adequados para


apresentar as informações, observando a necessidade de introduzir formas
artísticas, porque ensinar arte com arte é o caminho mais eficaz. Em outras
palavras, o texto literário, a canção e a imagem trarão mais conhecimentos ao
aluno e serão mais eficazes como portadores de informação e sentido. O aluno,
em situações de aprendizagem, precisa ser convidado a se exercitar nas

42
práticas de aprender a ver, observar, ouvir, atuar, tocar e refletir sobre elas
(BRASIL, 2001, p. 47-48).

Como mediador dessa troca e diversidade de gênero, o professor deve estar preparado
para observar e analisar aquilo que é favorável para a aprendizagem das crianças. Pois a música
quando bem trabalhada é uma forte aliada à alfabetização. É importante que o professor respeite
o nível de desenvolvimento em que se encontra a criança, adaptando atividades de acordo com
suas necessidades.
Com base nos resultados obtidos na pesquisa de Bragatto (2012), conclui-se que o uso
da música em sala de aula diariamente ou semanalmente, amplia as possibilidades de
socialização, conhecimento, interação e de criação nas crianças. Sendo que as canções são
ensinamentos que contribuem para o pleno desenvolvimento da criança, levando-as a
desenvolver suas habilidades e competências e assim alcançar as possibilidades de
alfabetização que se faz presente na musicalização.
No quadro2 a autora Andrade (2012) evidencia a música como um instrumento de
auxílio no desenvolvimento infantil e em salas de educação infantil. Observando assim se o
professor se apropria da música como um instrumento facilitador de seu trabalho pedagógico e
se o mesmo acha importante a utilização da música na educação.

QUADRO 3- A música como instrumento da aprendizagem


TÍTULO OBJETIVO LOCAL RESULTADO

L²: A música Verificar como está sendo Realizada na escola Castor Conforme os dados
como trabalhada a música nas do Rêgo, cidade de obtidos, percebe-se
instrumento salas de educação infantil Mamanguape-Pb. que a música é um
facilitador da e analisar como a música instrumento
aprendizagem na pode auxiliar no processo fundamental que
educação de ensino aprendizagem, a auxilia a
infantil. fim de conhecer os aprendizagem além
conceitos que cada de auxiliar no
docente tem a respeito do desenvolvimento de
Autor: Annielly tema em questão. diversas habilidades.
da Silva A coleta desses dados
Andrade. faz-se necessária, mas
(2012). é preciso a
sensibilização dos

2
Trabalho de conclusão de curso intitulado A música como instrumento facilitador da
aprendizagem na educação infantil. Desenvolvido por Annielly da Silva Andrade. A pesquisa tem
como intuito verificar e analisar se a música pode auxiliar no processo de ensino-aprendizagem.
Pesquisa realizada na Escola Castor do Rêgo, cidade de Mamanguape-Pb. Disponível em:
http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/1327/1/PDF%20-
%20Annielly%20da%20Silva%20Andrade.pdf
43
educadores para
despertar a
conscientização
quanto às
possibilidades da
música para favorecer
o bem-estar e o
crescimento do saber
dos alunos, pois ela
fala diretamente ao
corpo, à mente e as
emoções.

Fonte: Elaborado pela autora

A partir das constatações da autora Andrade (2012), a música facilita o processo de


ensino-aprendizagem, pois a música aliada à educação torna o processo de aprendizagem mais
fácil. Como uma das formas de expressão humana, a música desenvolve na educação um papel
importante, pois é uma das linguagens que o aluno precisa conhecer, não apenas por suas
características, mas, pelas possibilidades de desenvolvimento do psíquico motor e afetivo. O
professor como mediador nesse processo de desenvolvimento, deve trabalhar com a música na
sala de aula como forma de aprendizagem, pois a criança necessita de um espaço diferenciado
e alegre.
O trabalho com a música na sala de aula deve ter intuito interativo, inclusivo, pois cabe
ao professor desenvolver em suas aulas métodos para a aprendizagem das crianças. A música é
uma grande aliada ao ensino-aprendizagem na sala de aula, pois ajuda no desenvolvimento
cognitivo, afetivo e social da criança. Na escola a música não deve ser necessariamente uma
disciplina exclusiva, pois ela pode englobar outras disciplinas. A ideia é trabalhar a música em
um aspecto multidisciplinar, quando presente na escola favorece a socialização das crianças,
além de despertar nelas o senso de criação e recriação.
A música como fonte de estímulo para a criança, é vista como multidisciplinar, com
intuito de favorecer o desenvolvimento da criança já na sua fase de alfabetização. Nessa
perspectiva o desenvolvimento é visto como:

O domínio dos reflexos condicionados, não importando se o que considera é


o ler, o escrever ou a aritmética, isto é, o processo de aprendizado está
completa e inseparavelmente misturado com o processo de desenvolvimento
(VIGOTSKY, 2007, p. 89).

44
Dessa forma o processo de desenvolvimento da criança ocorre no decorrer de seu
processo de aprendizagem, assim com o auxílio da música ambos se tornam mais fácil, levando
as crianças a uma nova fase de desenvolvimento, explorando assim seus costumes e valores. A
autora Andrade (2012) traz grande relevância quando aborda que a música como forma de
aprendizagem tende no meio educacional formar indivíduo questionador e explorador de seus
valores e costumes.
Sendo assim, o objetivo central não é priorizar a música, mas sim a formação integral
das crianças:

Nesse sentido, importa, prioritariamente, a criança, o sujeito da experiência, e


não a música, como muitas situações de ensino musical insistem em
considerar. A educação musical não deve visar à formação de possíveis
músicos do amanhã, mas sim a formação integral das crianças de hoje
(BRITO, 2003, p. 46)

Ao tratar a música como prioridade no ensino, deixamos muito a desejar, pois as


crianças em seu período de desenvolvimento necessitam de estímulos, nesse aspecto vale
lembrar que a prioridade em sala de aula não é a música, mas sim, as possibilidades de
desenvolvimento que ela possibilita na alfabetização. Por tanto, a música torna o saber mais
agradável.
A música torna o ato de aprender mais agradável, a criança que convive com a música
possui estímulos que favorecem em sua aprendizagem, dessa forma, quanto maior a riqueza de
estímulos que a criança recebe, melhor será seu desenvolvimento intelectual.
Crianças que recebem estímulos adequados aprendem com mais facilidade. Andrade
(2012) aborda que a música muitas vezes é vista apenas como forma de brincar. Neste aspecto
vale ressaltar a importância da brincadeira, pois brincando também se aprende:

A criança brinca pela necessidade de agir em relação ao mundo mais amplo


dos adultos e não apenas ao universo dos objetos a que a ela tem acesso. A
brincadeira representa a possibilidade de solução do impasse causado, de um
lado, pela necessidade de ação da criança e, de outro por sua impossibilidade
de executar as operações exigidas por essas ações (REGO, 1995, p. 82).

A brincadeira juntamente com a musicalização cria condições para ampliar as


possibilidades de comunicação, percepção e interação, da mesma forma que potencializa a
aprendizagem. Compreende-se que a música como linguagem e forma de conhecimento é uma
aliada ao ensino-aprendizagem em sala de aula, levando as crianças a um entendimento mais
amplo de seus conhecimentos.

45
De acordo com os resultados obtidos na pesquisa de Andrade (2012), percebe-se que a
música é um instrumento fundamental que auxilia a aprendizagem além de despertar a
sensibilização dos educadores quanto as possibilidades de favorecer o bem estar e o crescimento
do saber dos alunos, pois a música é um forte desencadeador de emoções. vale ressaltar a
importância de o professor estar atento as possibilidades que a música trás para a alfabetização
infantil, pois ela trabalha com o corpo, a mente e as emoções das crianças.
O quadro3 evidencia a importância do trabalho com a música na sala de aula, em turmas
de alfabetização, focalizando também a maneira como esse trabalho é desenvolvido.

Quadro 4- Música, alfabetização e letramento


TÍTULO OBJETIVO LOCAL RESULTADO

L³: Relação entre Seguindo o enfoque Realizado na rede A música é um


música, qualitativo de pesquisar, municipal de Cascavel. elemento importante
alfabetização e desenvolvemos, no processo de
letramento. inicialmente, uma ensino, pois desperta
pesquisa bibliográfica a atenção dos alunos e
com o intuito de promove uma
Autores: aprofundarmos o tema aprendizagem de
Elisnara Samanta estudado. forma lúdica e
Feier; Sueli criativa, sem perder a
Gedoz. (2015). atenção, o raciocínio
e a interação com a
alfabetização. Dessa
forma, tem-se uma
prática de
alfabetização
associada ao
letramento, permeada
pelo trabalho com a
música.

Fonte: Elaborado pela autora.

No processo de alfabetização a música pode se tornar uma importante ferramenta de


ensino, pois a alfabetização e o letramento devem caminhar juntos, e a música pode contribuir
enormemente nesse processo de desenvolvimento da criança.

3
Artigo intitulado Relação Entre Música, Alfabetização e Letramento. Desenvolvido por Elisnara
Samanta Feier; Sueli Gedoz. A pesquisa tem como intuito de aprofundar o tema estudado. Pesquisa
realizada na Rede Municipal de Cascavel. Disponível em:
https://www.univel.br/sites/default/files/conteudo-
relacionado/relacao_entre_musica_alfabetizacao_e_letramento.pdf
46
Ao abordar sobre a alfabetização Feier e Gedoz (2015) relatam que hoje ela é vista como
um processo de aprendizagem que basicamente e superficialmente consiste em aprender a ler e
a escrever. O ato de ler é uma conquista que a criança desenvolverá no decorrer de seu convívio
social:

Ler não é um ato natural, mas uma conquista histórico-social- um


comportamento complexo culturalmente formado!... A leitura modela o
cérebro humano preparando-o para o desenvolvimento de novas capacidades,
a exemplo da discriminação de diferenças sutis, da ampliação da memorização
de informações, dos alcances da ação dirigida, etc.; requeridas não apenas à
leitura e escrita, mas também para inúmeros outros níveis de aprendizado
(MARTINS; MARSIGLIA, 2015, p. 77).

Compreende-se que a leitura como uma conquista da criança, abre espaço para novas
capacidades que a mesma alcançará no decorrer do seu ensino-aprendizagem e no decorrer da
alfabetização. A alfabetização é um processo complexo, onde pode-se dizer que o letramento é
uma prática que surgiu para colaborar com o desenvolvimento da alfabetização.
Gontijo (2007) enfatiza que a alfabetização é um processo complexo, pois envolve a
apropriação de um conjunto de processos que precisa ser ensinado.
É visto que a alfabetização e o letramento acontecem de maneira associada, pois o
letramento valoriza elementos da escrita e da leitura que fazem parte do cotidiano das crianças.
Neste aspecto a música é um dos gêneros textuais que contribui enormemente para o processo
de ensino-aprendizagem.
O processo de ensino se concretiza somente quando a criança estiver pronta para
concretizar sua aprendizagem:

O processo de ensino só pode se realizar na medida em que a criança estiver


pronta, madura para efetivar determinada aprendizagem. A prática escolar não
desafia, não amplia nem instrumentaliza o desenvolvimento de cada
indivíduo, pois se restringe àquilo que ele já conquistou (REGO, 1995, p. 86-
87).

Portanto, em seu processo de ensino-aprendizagem, a criança encontra na música


subsídios necessários para desenvolver e efetivar determinada aprendizagem.
Assim, podemos verificar que no processo de ensino-aprendizagem a utilização da
música tem uma função significativa. Pois possibilita a criança a desenvolver a capacidade de
compreender o progresso da linguagem musical dentro da linguagem oral. A música quando
utilizada como forma de alfabetização contribui para o desenvolvimento da coordenação
motora, da memória, da integração social, percepção sensorial, oral e gráfica, além do
desenvolvimento dos sentidos.
47
As autoras Feier; Gedoz (2015) abordam ainda que a música é um elemento da
alfabetização e do letramento que contribui para o seu processo de ensino aprendizagem, nos
aspectos cognitivo, psicológico, afetivo, promovendo o desenvolvimento integral do sujeito, no
desenvolvimento comportamental, dos sentidos e convívio social, pois o trabalho feito com uma
música, de forma bem trabalhada é diferente o resultado do que uma aula feita à base de leituras
de textos e responder questões escritas no quadro, sem diálogo entre professor e aluno, sem
interação de conhecimentos.
Por tanto, na alfabetização e no letramento a música é de suma importância, pois a
criança compreende a linguagem musical dentro da língua oral, possibilitada através da
convivência adquirida e repassada pelo professor.
Craidy e Kaercher (2001) afirmam que os métodos de ensino da música mostram que a
educação musical não pode ser promovida apenas por atividades cantadas; quando a criança
começa a frequentar o ambiente escolar, esse novo ambiente deve ser familiar e mais
aconchegante e agradável possível.
A música também é uma forma de promover o convívio social, e contribui totalmente
para a estimulação do desenvolvimento integral da criança. Assim, se utilizada em toda a
educação básica, pode auxiliar o aprendizado dos conteúdos propostos, numa perspectiva
interativa.
Com base nos resultados obtidos na pesquisa de Feier; Gedoz (2015), percebe-se que a
música é um elemento importante no processo de ensino, pois desperta a atenção dos alunos e
promove uma aprendizagem de forma lúdica e criativa, sem perder a atenção, o raciocínio e a
interação com a alfabetização. Dessa forma, tem-se uma prática de alfabetização associada ao
letramento, permeada pelo trabalho com a música.
No quadro4 as autoras Moreira; Santos; Coelho (2014) objetiva averiguar se os
professores utilizam a música como instrumento de apoio no processo de ensino aprendizagem,
e qual a sua importância como recurso didático pedagógico no ensino fundamental I. Pretendem
também identificar se a música pode ser um recurso didático e porque na educação ela não é
utilizada com mais frequências como um recurso de aprendizagem, as mesmas veem na música
um instrumento que pode contribuir nesse processo.

4
Artigo intitulado A Música na Sala de Aula- a música como recurso didático. Desenvolvido por
Ana Claudia Moreira; Halinna Santos; prof. Irene S. Coelho. A pesquisa tem como intuito gerar
conhecimentos para a aplicação da prática. Pesquisa realizada em uma Escola Municipal localizada na
Zona Urbana, bairro Vila Nova, Cubatão. Disponível em:
https://periodicos.unisanta.br/index.php/hum/article/viewFile/273/274
48
QUADRO 5- A música como recurso didático
TÍTULO OBJETIVO LOCAL RESULTADO

L4: A música na Gerar conhecimentos para Em uma escola municipal Conforme resultados
sala de aula- a aplicação prática, localizada na zona urbana, da pesquisa, as
música como dirigidos à solução de bairro Vila Nova, Cubatão. maiorias dos
recurso didático. problemas específicos, professores
neste trabalho, pesquisados utilizam
Autores: Ana encontramos na música o a música como
Claudia Moreira; subsídio necessário para instrumento de apoio
Halinna Santos; uma aula mais dinâmica no processo de ensino
Prof. Irene S. capaz de obter a atenção e aprendizagem e a
Coelho. (2014). participação dos minoria têm
educandos. dificuldades para
trabalhar com música
no Ensino
Fundamental.

Fonte: Elaborado pela autora.

A música como um facilitador do ensino, possibilita o indivíduo a ouvir de maneira


ativa e refletida. A música pode ser utilizada como atividade divertida que ajuda na construção
de valores, sendo também um agente cultural que contribui para a construção da identidade do
cidadão.
A música no âmbito escolar ensina as crianças a ouvir e a escutar de maneira ativa e
refletida. Por desenvolver habilidades e valores, não significa que a mesma se torne o único
recurso de ensino. Pois segundo as autoras Moreira; Santos; Coelho (2014) existe uma
indesmentível e forte correlação entre a educação da música e o desenvolvimento das
habilidades que as crianças necessitam para se tornarem bem sucedidas na vida.
A música contribui na construção do caráter, consciência e inteligência emocional das
crianças. Estas qualidades acompanham as crianças por todo caminho que percorrerem. As
autoras Moreira; Santos; Coelho (2014) aborda que as atividades musicais realizadas na escola
não visam à formação de músicos, mas, contato, vivências e compreensão da linguagem
musical.
A música é um meio de interação da criança com o mundo e posteriormente consigo
mesma. Dessa forma o professor continua apenas cantando, tocando instrumento, de modo
mecânico, essa ação do professor, quase sempre exclui a interação com a linguagem musical,
pois a mesma se dá:

49
Pela exploração, pela pesquisa e criação, pela integração do subjetivo e
objetivo, de sujeito e objeto, pela elaboração de hipóteses e comparação de
possibilidades, pela ampliação de recursos, respeitando as experiências
prévias, a maturidade, a cultura do aluno, seus interesses e sua motivação
interna e externa (BRITO, 2003, p. 52).

Respeitar as experiências que cada criança realiza através da música, é acima de tudo
de suma importância para o professor, pois o professor com conhecimentos em educação
musical, poderá compreender com mais clareza os objetivos da música na alfabetização,
rompendo com práticas tradicionais, fragmentadas que se sustentam de acordo com as autoras
Moreira; Santos; Coelho (2014) no adormecimento de rotinas da escola.
O trabalho na área de música soma ausências de profissionais responsáveis pela
educação infantil:

Obviamente, o trabalho realizado na área de música reflete problemas que


somam à ausência de profissionais especializados a pouca (ou nenhuma)
formação musical dos educadores responsáveis pela educação infantil,
consequência de um sistema educacional que se descuidou quase por completo
da educação estética de muitas gerações (BRITO, 2003, p. 52).

Por tanto é necessário que dentro desse processo educativo os professores levem em
conta a importância do aprendizado e formação das crianças que a música possibilita, pois de
acordo com as autoras Moreira; Santos; Coelho (2014) só assim poderá procurar reconhecer
que a música é um instrumento facilitador do processo ensino-aprendizagem e, por tanto deve
ser possibilitado e incentivado seu uso em sala de aula. Corrobora ainda que a música como
qualquer outra arte sempre esteve presente no decorrer do desenvolvimento da humanidade.
Abordam ainda que é necessário que os professores se reconheçam como sujeitos
mediadores de cultura dentro do processo educativo e que leve em conta a importância do
aprendizado das artes no desenvolvimento e formação das crianças como indivíduos produtores
e reprodutores de cultura. Confirmando as constatações, de acordo com os Parâmetros
Curriculares Nacionais (2001) um olhar para toda a produção de música do mundo revela que a
existência de inúmeros processos e sistemas de composição ou improvisação e todos eles têm sua
importância em função das atividades na sala de aula.
De acordo com os resultados obtidos na pesquisa das autoras Moreira; Santos; Coelho
(2014) a música é uma linguagem presente no dia a dia do indivíduo, portanto, os educadores
precisam refletir sobre o valor do ensino da música nas escolas. A vivência musical promovida
pela musicalização permite na criança o desenvolvimento da capacidade de expressar-se de
modo integrado, por meio do brincar com a música, imitar, inventar e reproduzir criações
musicais.
50
No quadro5 as autoras Londero; Noal (2011) tende à inserção da música na sala de aula,
a fim de estimular o aprendizado dos educandos para a aprendizagem da leitura e escrita. A fase
da alfabetização é o período em que as crianças avançam em suas aprendizagens e sentem-se
mais realizadas por isso. Os educadores são os responsáveis por levar metodologias atualizadas
e instigantes para que as crianças se sintam preparados e confiantes para aprender a ler e
escrever.

QUADRO 6- A música na alfabetização


TÍTULO OBJETIVO LOCAL RESULTADO

L5: Música na Tem como intuito Realizada na escola A música constitui-se


alfabetização de conhecer mais sobre como municipal fundamental um instrumento
crianças do 1º utilizar a música em suas Dona Leopoldina, pedagógico de grande
ano do ensino diferentes formas de localizada na cidade de relevância no
fundamental da expressão (oral, corporal) Ijuí/RS. cotidiano escolar
escola municipal para alfabetizar educandos favorecendo o
fundamental do 1º Ano do Ensino equilíbrio entre corpo
dona leopoldina Fundamental, de maneira e mente,
de ijuí/RS¹ lúdica, espontânea e, ao oportunizando a
mesmo tempo, aprendizagem de
significativa para eles, forma criativa e
Autores: Ana despertando seu interesse participativa dos
Clara Bandeira e sua segurança para educandos,
Londero; Eronita aprenderem a ler, escrever preparando-os para a
Ana Cantarelli e conhecerem-se mais a si fase de alfabetização
Noal. (2011). mesmos, socializando-se e ao mesmo tempo
mais, promovendo auxiliando-os neste
atitudes de amizade e processo, no qual
respeito mútuo, através da aprendem a ler e
prática da música em sala escrever lendo e
de aula, observando, escrevendo letras
analisando e avaliando os musicais, de maneira
resultados obtidos. espontânea, feliz e
divertida,
desenvolvendo sua
criatividade,
expressividade,
imaginação,
memória, percepção,
aprendendo através
das canções escritas,

5
Artigo intitulado Música na Alfabetização de Crianças do 1º Ano do Ensino Fundamental da Escola
Municipal Fundamental Dona Leopoldina de Ijuí/RS. A pesquisa tem como intuito conhecer mais sobre como
utilizar a música em suas diferentes formas de expressão. Pesquisa realizada na Escola Municipal Fundamental
Dona Leopoldina de Ijuí/RS. Disponível em:
https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/2562/Londero_Ana_Clara_Bandeira.pdf?sequence=1&i
sAllowed=y
51
cantadas, lidas,
recreadas.
Fonte: Elaborado pela autora.

A alfabetização juntamente com o auxílio da música mostra antemão a necessidade de


estimular a aprendizagem das crianças, tornando as situações de ensino mais interessante e
natural para que as crianças sejam capazes de fazer suas próprias construções.
A importância de o professor trazer comprometimento aos aspectos pedagógicos
promove o processo educativo e gera na prática escolar diferenças na qual serão superadas
através da educação. Diante disso Rego (1995) aborda que essa perspectiva pode trazer uma série
de comprometimentos ao aspecto pedagógico, na medida em que entende que a educação pouco ou
quase nada altera as determinações inatas.
A música é uma das atividades lúdicas que desperta na criança a segurança e a vontade
de aprender. As atividades musicais coletivas favorecem valores que a interação pode
proporciona.
Como já mencionamos anteriormente a música pode ser usada para estimular a criança
no período de alfabetização. Em relação à mediação do professor:

A necessidade de repensar a concepção enraizada, e muitas vezes


ultrapassada, que se tem da música, assim como a necessidade de conhecer e
respeitar o processo de desenvolvimento musical das crianças (razão de ser de
nossa explanação anterior sobre o universo de sons e silêncios, sobre as
músicas e sobre a relação da criança com essa linguagem) (BRITO, 2003, p.
52).

Vale salientar a importância de o professor levar situações de ensino atualizadas e de


interesse das crianças, para assim despertar seus interesses e o processo de desenvolvimento
musical das crianças. Vale salientar que meninos e meninas têm interesses diferentes e esse fato
precisa ser respeitado. Neste aspecto é importante que o professor leve situações de ensino que
interesse ambos os lados, observando sempre qual metodologia será mais interessante para
despertar o interesse pela aula e fazer com que as crianças aprendam com mais entusiasmo e
alegria.
As autoras Londero; Noal (2011) relata sobre as vivências que a música possibilita para
os educandos em processo de alfabetização, como: desenvolver mais a sua espontaneidade,
imaginação, criatividade, atenção, percepção, estimulando assim sua memória e concentração,
essenciais nesta fase de aprendizagem da leitura e da escrita.

52
Martins; Marsiglia (2015) abordam a abrangência e a complexidade do processo de
alfabetização, não ensejamos concluí-lo sem, minimamente, destacar o papel essencial da
literatura infantil e as necessárias ações pedagógicas com ela tendo em vista potencializar, desde
a mais tenra idade, o trato da criança com a conversão da linguagem oral em linguagem escrita.
No período de alfabetização a música pode ser utilizada para estimular e despertar o
interesse das crianças, pois através da musicalização o processo de alfabetização infantil se
desenvolve com mais entusiasmo e alegria e sem pressão, acontecendo, assim, o verdadeiro
conhecimento.
Com base nos resultados obtidos na pesquisa de Londero; Noal (2011), a música na fase
de aprendizagem facilita o processo de alfabetização, pois se constitui como um instrumento
pedagógico de grande relevância no cotidiano escolar favorecendo o equilíbrio entre corpo e
mente, oportunizando a aprendizagem de forma criativa e participativa dos educandos,
preparando-os para a fase de alfabetização e ao mesmo tempo auxiliando-os neste processo, no
qual aprendem a ler e escrever, desenvolvendo assim sua criatividade, expressividade,
imaginação, memória, percepção e sempre aprendendo através das canções escritas, cantadas,
lidas, recreadas.

53
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho de conclusão de curso teve por objetivo analisar qual o papel que a
musicalização desempenha na alfabetização infantil e na formação social da criança.
Com base na construção teórica e na análise documental foi possível identificar a
importância da música para a transformação social e formação integral da criança, sendo que a
mesma é um instrumento prazeroso, interativo e com múltiplas possibilidades para a
alfabetização infantil, pois auxilia na transformação tanto interior, como processos cognitivos,
afetivos e psicomotores, quanto processos exteriores a criança, como a relação com outros
sujeitos e o meio.
Vale ressaltar que na fase de alfabetização, o desenvolvimento não ocorre de forma
espontânea, mas por meio de processos planejados em etapas, é a partir daí que a música entra
como um importante instrumento da aprendizagem, cabe ao professor levar em conta a relação
desse instrumento ao desenvolvimento da criança de acordo com seu convívio social. A partir
daí é importante que outros sujeitos de sua cultura também auxiliem seu desenvolvimento
educacional.
É através da necessidade de um membro mais experiente da cultura para auxiliar o aluno
em seu desenvolvimento que destacamos a importância do educador como mediador dessa
aprendizagem, pois nessa fase, a alfabetização infantil, o educador permitirá que esse processo
de ensino-aprendizagem, decorra por meio de vários instrumentos, e especificamente com o
uso da musicalização, possa se tornar mais breve e prazeroso possível.
A música tem forte influência na fase de alfabetização infantil, pois proporciona o
desenvolvimento pleno das crianças, assim como inúmeros valores que levaram para o resto da
vida, assim como: sociabilidade, interação, paciência, respeito ao próximo, lateralidade, senso
rítmico, coordenação motora etc, mas principalmente por se compor um gênero textual
riquíssimo de elementos da linguagem escrita e oral.
Na análise dos documentos, compreendemos que a música em suas variadas formas de
ser trabalhada é um instrumento importantíssimo no processo de formação humana. Pois,
juntamente com o educador apresenta diversas situações e possibilidades que possam favorecer
a aprendizagem.
Como já levantado na hipótese, o que encontramos na pesquisa foi que música na
aprendizagem das crianças contribui significativamente para o processo de alfabetização
infantil, pois desenvolve diversos valores e habilidades nas crianças, permitindo descobrir e

54
recriar sua verdadeira identidade, favorecendo assim em seu desenvolvimento e
proporcionando uma prática escolar prazerosa tanto para a criança, quanto para o educador.
A pesquisa documental de Bragatto (2012), possibilitou a compreensão de que a música
no processo de alfabetização, torna o ambiente mais descontraído, agradável, leve e envolvente.
Podendo ser trabalhada de forma interdisciplinar, o que auxilia na concentração, memorização
e ludicidade. Proporcionando as crianças a desenvolver-se significativamente, contando com
os diversos elementos de aprendizagem contidos na música.
A pesquisa de Andrade (2012), nos remete a compreensão de que a música é uma
linguagem que expressa sensações, sentimentos e emoções, portanto, a música como linguagem
e forma de conhecimento é uma aliada ao ensino-aprendizagem em sala de aula, possibilitando
um crescimento educacional na criança e favorecendo sua alfabetização.
Na Pesquisa de Feier; Gedoz (2015), a alfabetização é vista como um processo de
aprendizagem que, com a ajuda da musicalização, dentro da escola, favorecerá o
desenvolvimento das crianças. A música é abordada como instrumento da alfabetização e do
letramento que contribui para o seu processo de ensino aprendizagem, além disso, colaborando
no processo de alfabetização infantil.
A pesquisa documental de Moreira, Santos e Coelho (2014), expôs-nos que a música é
um meio de interação da criança com o mundo e posteriormente consigo mesma. Dessa forma,
a música é uma linguagem presente no dia a dia do indivíduo e que contribui para o
desenvolvimento de diversas capacidades, como: expressar-se de modo integrado, imitar,
inventar e reproduzir, etc, assim como também a integração entre professor/aluno.
Na pesquisa de Londero e Noal (2011) a música é compreendida como um recurso
pedagógico de grande relevância para o cotidiano escolar, onde a inserção da música na sala de
aula, estimula o aprendizado das crianças para a alfabetização, acontecendo, assim, o verdadeiro
conhecimento.
Considerando a importância desse instrumento no processo de ensino-aprendizagem, a
música, verdadeiramente, possibilita a construção de novos caminhos para a alfabetização
infantil, e as pesquisas deixaram transparecer que as aulas podem ser mais agradáveis e
produtivas quando unimos bem estar e prazer no que fazemos.
Portanto, com a presente pesquisa, longe de concluirmos, identificamos que a influência
da musicalização no processo de alfabetização infantil ocorre de maneira significativa, pois
tende a contribuir para o processo de formação humana. Podendo ser trabalha de forma
interdisciplinar, levando em conta a construção do conhecimento das crianças, colaborando

55
com o processo de alfabetização. A musicalização quando tomada como instrumento de
alfabetização poderá contribuir para que o aluno se torne um sujeito livre para agir, pensar e
transformar sua realidade.

56
REFERÊNCIAS

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tradução José Cipolla Neto, Luís Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche. -7ª. ed. - São
Paulo: Martins Fontes, 2007. - (Psicologia e Pedagogia).

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