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CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO (PUNIV)

TEXTO DE APOIO DE SOCIOLOGIA PARA ALUNOS

11ª CLASSE

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA SOCIOLOGIA

(Texto não corrigido)

Organizado Por: Arão Chingala (Sociólogo/Professor)

“Aryclenes Donana”

Nome do/a aluno/a: __________________________________________________

Luanda, Abril de 2024


Unidade III – Conteúdos e organização da vida social
1. A estrutura social
Estrutura social consiste nos padrões de interacção entre indivíduos, grupos e
instituições. A maior parte das nossas actividades são estruturadas, estão organizadas de
uma forma regular e repetitiva. Por regra, as estruturas sociais não estão imediatamente
visíveis para observador não treinado, porém estão presentes e afecta todas as
dimensões da experiência humana na sociedade.
A classe social é um exemplo de estrutura social. A classe social molda o acesso que
diferentes grupos tem ao recurso e molda muitas interacções entre as pessoas. Uma
estrutura social orienta e molda o comportamento humano em todos os níveis.
As sociedades humanas estão sempre em estruturação, ou seja, são reconstruídas a todo
momento pelas actividades humanas.
1.1. Organização social
Organização social representa um padrão de relacionamento entre indivíduos e grupos.
As características da organização social podem incluir qualidades como o tamanho, a
composição social, a liderança, estrutura, a divisão do trabalho ou sistema de
comunicação.
O conceito de organização social inclui empresas, exércitos, escolas, bancos e prisões.
A sociedade é composta por muitas organizações. Um Estado é frequentemente
denominado como organização política, a escola pode representar uma organização
educacional. Estes exemplos são de organizações sociais.
Organização social permite um foco nas peças que constituem uma sociedade e no seu
contributo para o todo.
A organização social também está ligada à interacção social que corresponde a todas as
formas “formais ou informais” de encontro social entre as pessoas.
Ex: Uma interacção social formal é a que acontece numa turma de uma escola, enquanto
interacção informal é que passa quando duas pessoas se encontram numa festa.
1.2. Papel social e estatuto social
Papel social indica o comportamento que se espera de uma pessoa que ocupa uma
particular posição social. Ou seja, Papel social é um conjunto de comportamentos e
expectativas esperado por alguém que ocupa uma determinada posição social (estatuto
social) num grupo ou numa sociedade.

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Em todas as sociedades, as pessoas desempenham variados papéis de acordo com os
variados contextos das suas actividades.
Ex: Um indivíduo pode ser pai numa família ao mesmo que é patrão numa empresa e
treinador de futebol num clube desportivo. Em casa, espera-se que desempenhe o papel
de pai, na empresa de patrão e clube o papel de treinador.
A estes papéis estão associadas as expectativas, isto é, desempenho que a sociedade
espera do papel social.
Os diferentes papéis que cada um tem de desempenhar - “marido, pai, trabalhador,
membro da igreja, etc.”, em conjunto com as expectativas de desempenho, criam
pressão e conflitos interiores na pessoa e também no desempenho do papel.
Estatuto social
Estatuto social está ligado ao papel social. Estatuto social indica a posição e identidade
que o indivíduo tem num determinado grupo ou sociedade. Ou seja, estatuto social é o
lugar ou posição social que um indivíduo ocupa na sociedade ou num grupo social.
O estatuto social pode ser determinado de acordo com o género (homem/mulher) e em
geral com a função e/ou a profissão que desempenha.
Tipos de estatutos sociais
O estatuto social pode ser atribuído/herdado ou adquirido/conquistado. O estatuto
social atribuído ou herdado é quando a posição social ocupada não resulta ou não
depende do esforço pessoal ou qualidades do indivíduo. Os principais factores deste tipo
de factores são idade, sexo, raça e linhagem familiar.
Ex: Filho, príncipe, etc.
O estatuto social adquirido ou conquistado resulta do reconhecimento pela sociedade,
fruto do esforço ou trabalho, com base nas habilidades, qualidades e capacidades
cultivadas pelo indivíduo.
Ex: Presidente da república, médico, professor, etc.
Os dois conceitos (estatuo social e papel social) estão intimamente ligados, pois os
papéis sociais são definidos de acordo aos estatutos sociais dos indivíduos. Ou seja, do
professor espera-se instrução, educação e disciplina.
Tarefa Para Casa (Fazer a tarefa no caderno):
1- Mencione os teus estatutos sociais e os papéis sociais associados.
2- Com base nos estatutos sociais apresentados, mencione os estatutos sociais atribuído ou
herdado e os estatutos sociais adquirido ou conquistado.

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1.3. Processos de interacção social e formas de sociabilidade
Interacção social é a acção social, mutuamente orientada, de dois ou mais indivíduos em
contacto. Ou seja, é a reciprocidade de acções sociais.
Na sua forma mais simples, interacção social consiste no encontro entre as pessoas na
sociedade, e pode ser feita de forma informal e formal
A interacção informal reside na interacção do quotidiano (do dia-a-dia).
Ex: Quando passamos por alguém e o saudamos, quando trocamos algumas palavras
com alguém no bar ou no café, estamos a desenvolver a base da interacção social.
A interacção formal reside na interacção que acontece nos espaços formais, onde os
papéis dos intervenientes no processo estão definidos e são esperados.
Ex: Quando estamos na escola, igreja, no trabalho e noutros ambientes formais.
No processo de interacção, os comportamentos são estruturados em função do outro, ou
até do local onde estamos, num jogo em que entram os papéis sociais ou expectativas
dos intervenientes.
Os processos de interacção social são as diversas maneiras pelas quais os indivíduos e
grupos se relacionam, estabelecendo relações sociais. Fichter divide os processos de
interacção em associativos e dissociativos.
Processos associativos é o tipo de sociabilidade que visa unir os membros de uma
colectividade, e pressupõem cooperação, acomodação e assimilação.
Cooperação: é modo de interacção em que diferentes indivíduos e grupos trabalham
juntos para determinado fim comum.
Acomodação: o processo pelo qual indivíduo e grupos ajustam-se a uma situação sem
terem admitido mudanças significativas nos motivos que deram origem ao conflito.
Assimilação: é o processo que acontece se acomodação tiver êxitos e perdurar.
Processos dissociativos é o tipo de ralação que constitui casos particulares de
sociabilidade por oposição parcial, tais como oposição, conflito, competição, rivalidade,
debate, discussão.
Tarefa para casa
1- Reformule o conceito de interacção social.
2- Crie dois exemplos das formas de interacção social formal e informal.
Formas de sociabilidade
Os modos de interacção social obedecem às formas específicas da sociedade e da
cultura.

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Um bebé quando nasce é inserido numa cultura e é com esta que ele aprende a
socializar-se, tornando-se parte dela. A socialização é uma forma de integração na
sociedade.
A sociabilidade é um processo permanente, em que os indivíduos procuram a
integração, a satisfação e a identificação social. Procuram também o enquadramento
com o seu papel social. Neste processo distinguem-se as formas de o fazer, que
respondem a uma pergunta interessante: como escolhemos com quem socializamos?
A socialização é feita através da utilização de três mecanismos sociais: Aprendizagem,
Imitação, Identificação.
A aprendizagem é a forma mais simples e básica que consiste em aprender os padrões
de comportamento da sociedade, os quais são adoptados tendo em vista a integração.
Imitação é o processo pelo qual o indivíduo imita (copia) os comportamentos de outros
indivíduos ou grupos nos quais se vai integrando.
A identificação é a forma de assimilar comportamentos de outros com os quais se
identificam (ou admiram como modelos), transformando esses padrões como parte do
seu comportamento cultural.
Tarefa para casa
1- Comente a diferença entre os processos de interacção associativos e dissociativos.
2- Explique os três mecanismos usados para a socialização.

Tipos de grupos/agrupamentos sociais


Agrupamentos sociais referem-se ao conjunto de pessoas que estabelecem algum
contacto. E podem ser estruturados e não estruturados.
Agrupamentos estruturados são constituídos por pessoas que se associam em prol de
um objectivo comum, com regras, onde cada membro desempenha uma função e existe
sentimento de pertença ao grupo. Agrupamentos sociais são os grupos sociais. Ex:
Família, sócios de uma empresa, etc.
Agrupamentos não estruturados são constituídos por indivíduos que se encontram
ocasionalmente, sem partilhar uma consciência de membro. Ex: Multidão, Assistência,
Manifestação, etc.
Com essa distinção, percebe-se facilmente a diferença entre um conjunto de pessoas que
observa um acidente, um incêndio, que assiste uma partida de futebol, que está numa
fila de supermercado, passageiros de autocarros ou avião, grupo de amigos, família,
membros de partidos políticos ou sócios de uma empresa.

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Os grupos sociais: grupo primário e secundário, grupo de pertença e de referência
Um grupo social é uma colectividade de pessoas identificável, estruturada e contínua
que desempenham papéis recíprocos, segundo determinadas normas, interesses e
valores sociais, para a consecução de objectivos comuns.
Ex: Família, uma etnia, uma equipa de futebol, etc.
Qualquer ajuntamento, desde que tenha uma relevância, objectivos, interesses comuns,
sentimentos de pertença, identificação, papéis específicos para cada membro e
continuidade, pode ser um grupo. Um grupo difere de multidão.
Os grupos sociais podem ser definidos de várias formas, tais como o grau de
relacionamento, de pertença e de referência. Quanto ao grau de relacionamento, grupo
social pode ser primário ou secundário.
Grupos primários: é um pequeno grupo social cujos membros compartilham relações
pessoais e duradouras. É caracterizado por íntima cooperação e associação face a face.
São primários principalmente porque são fundamentais na formação da natureza social e
nos ideais do indivíduo.
A família é o grupo primário mais importante. Grupos baseados em amizades
duradouras também são grupos primários.
Grupos secundários: são grandes grupos que envolvem relações formais institucionais.
Os contactos são indirectos, e no caso de haver contacto directo, são passageiros, de
curto prazo e desprovidos de intimidade. Ex: Universidades e outras instituições.
Grupo de pertença: são grupos nos quais, voluntariamente ou não, a pessoa participa
pelas suas características socioeconómicas ou outros aspectos. A família, por exemplo, é
o grupo de referência com mais influência sobre a personalidade, atitudes e motivações
da pessoa, e também o grupo a que a pessoa pertence.
Grupo de referência: é um grupo social que serve como um ponto de valoração para
fazer avaliações e decisões, mesmo não participando nele. Normalmente são grupos aos
quais ela não pertence, mas têm o poder de a influenciar. Mas pode ocorrer dentro do
seu próprio grupo.

Tarefa para casa


1- Diferencie agrupamentos estruturados dos agrupamentos não estruturados.
2- Dê exemplos de um grupo primário, um secundário, um de pertença e um de referência.

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2. A socialização
Noção de socialização; processos e etapas
Socialização é o processo pelo qual ao longo da vida a pessoa humana aprende e
interioriza os elementos socioculturais do seu meio, integrando-os na estrutura da sua
personalidade sob influência da experiência de agentes sociais significativas adaptando-
se ao ambiente social em que se vive.
A socialização resulta do processo da reprodução social. O processo de socialização é
complexo, de múltiplas facetas. Começa na infância e vai até à vida adulta. A medida
que cresce o indivíduo, seus impulsos biológicos são dirigidos para canais culturalmente
padronizados. As respostas apropriadas são impostas, as não apropriadas são extintas.
O indivíduo aprende, através de gestos ou acções, a conseguir alimentos, carinhos ou a
eliminação do desconforto, e a responder as acções dos outros como se espera que
responda.
Os indivíduos adquirem valores, atitudes e crenças não apenas através de preceitos
explícitos e recompensas ou castigos manifestes, mas também através da sugestão, da
implicação e do exemplo.
Tipos e agentes de socialização
Os agentes são responsáveis pela concretização da socialização. Entretanto, existe a
socialização primária e secundária.
Socialização primária ocorre durante a infância, que é o período mais intenso da
socialização. A família é o principal agente nesta fase.
Socialização secundária ocorre após a socialização primária, e vai até à vida toda.
Nesta fase intervêm outros agentes de socialização tais como a escola, grupos de pares,
o trabalho, meios de comunicação de massa, a igreja, etc.
Os agentes da socialização são: a família, grupos de amigos, escolas, igrejas, o emprego,
os meios de comunicação de massa e outras instituições sociais.
Algumas teorias de socialização
Teoria de desenvolvimento cognitivo
Uma das teorias principais acerca do desenvolvimento da criança foi introduzida por
Jean Piaget, designada por teoria do desenvolvimento cognitivo. Esta teoria explica as
formas como as crianças aprendem a pensar sobre si e o mundo que as rodeia. Piaget
acreditava muito na capacidade da criança para activamente tomar conhecimento do
mundo e afirmava que as crianças não se limitavam a absorver informação, mas a
interpretar o que viam.

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Piaget defende que o desenvolvimento de uma criança passa por várias fases (a que ele
chama estágio), fases que se desenvolvem de acordo as suas estruturas cognitivas e as
interacções estabelecidas através das mesmas. Nas primeiras fases, o fundamental é o
que a criança vê e ouve, enquanto nas últimas fases de elaborar pensamentos abstractos.
Piaget constrói um percurso com 4 fases no que respeita ao desenvolvimento social e de
formação de uma identificação própria:
1ª Fase de Estágio sensório - motor: (começa dos 0 aos 2 anos) o bebé age baseado na
acção reflexa. A inteligência é prática, a percepção do meio ambiente é directa e prática,
sem pensamentos nem representações. O conhecimento entra pelos sentidos e é usado
pelas capacidades motoras.
2ª Pré-operatório: (começa dos 2 aos 7 anos). A criança começa a desenvolver
representações mentais, o primeiro passo para comunicação verbal, muito egocêntrica.
Começa a ter uma percepção global do mundo, mas sem relacionar factos.
3ª Fase de Estágio operatório concreto: (dos 7 aos 11 anos). As crianças conseguem
manipular as representações mentais, isto é, fazem operações com as ideias e memórias
que possuem sobre objectos concretos, Têm a percepção do abstracto e relacionam
alguns conceitos da realidade, como quantidade, tempo, espaço, ordem, etc.
4ª Fase de Estágio operatório formal: (dos 11 anos em diante). Fazem operações
mentais sobre abstracções e símbolos sem necessidade da forma física. Têm percepção
da realidade que os rodeia e consciência da perspectiva dos outros. Tornam-se aptas em
aplicar o raciocínio lógico.
Em termos de desenvolvimento e relação social, isto é, do desenvolvimento do sentido
de quem se é e qual o lugar na sociedade. Piaget acredita que existem dois factores
principais na sua determinação: Em primeiro lugar, as crianças são egoístas e só têm em
atenção o seu ponto de vista. A partir dos 7 anos começam a aperceber-se do outro e
tornam-se mais maduras.
Em segundo lugar, as crianças mais velhas desenvolvem um raciocínio mais flexível
porque estão submetidas a diferentes visões. Dependendo das reacções dos pais a estas
modificações e atitudes, terão bons ou maus comportamentos.
Teoria de aprendizagem social
Defende que aprendizagem é um processo cognitivo que ocorre num contexto social e
pode acontecer puramente através da observação ou instrução directa. Aprendizagem
também surge através de recompensas e punições.

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Esta teoria foi desenvolvida por Bandura. O ponto essencial desta teoria é que a
aprendizagem é um processo cognitivo social.
Teoria de comparação
Desenvolvida por Léon Festinger, a teoria defende que as pessoas avaliam as suas
acções por comparação com outras pessoas relevantes no seu contexto social.
Esta comparação permite reduzir a incerteza e definir o eu.
A auto-avaliação permite saber se as opiniões, atitudes e qualidades são comparáveis
com as dos outros indivíduos do grupo. No caso de haver incoerências, o indivíduo
tenta corrigir esses comportamentos.
Tarefa para casa
1- Quais são os tipos ou as formas de socialização
2- Quais são os agentes de socialização?
3- Mencione as teorias de socialização e explique uma delas.

3. Controlo social e desvio


Controlo social é um mecanismo utilizado para estabelecer a ordem social através de
sanções estabelecidas (que podem ser positivas ou negativas).
Desvio é a não conformidade com as normas estabelecidas e aceites pela sociedade.
A cultura e o controlo social
A vida em sociedade exige a existência de normas de comportamentos aceites pelas
pessoas, capaz de estabelecer ordem social. Cada membro deve cumprir com o seu
papel em conformidade com as normas para que a sociedade funcione de forma regular.
O controlo social normalmente é garantido pela lei. Ela visa garantir a ordem social e
cultural. São aplicadas sanções a comportamentos desviantes, e recompensas ao
indivíduo que se comportar de acordo às normas.
Entende-se por controlo social o conjunto das sanções positivas e negativas a que uma
sociedade recorre para assegurar a conformidade das condutas aos modelos
estabelecidos.
Normais sociais, valores e comportamentos
Dos valores determinantes resultam as normas sociais, e das normas sociais resultam
comportamentos.
Normas sociais são quaisquer modos ou condicionantes de conduta socialmente
aprovada (leis, usos e costumes). As normas sociais são elaboradas de acordo com os

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valores defendidos pela sociedade, e procuram definir condutas que os indivíduos
devem adoptar na sociedade nas mais variadas situações.
Entende por valores conjunto de atitudes, hábitos e práticas sociais definidas com úteis,
ideais e essências para determinados grupos ou sociedades.
Controlo social, comportamentos desviantes e anomia
Controlo social existe para evitar os comportamentos desviantes, ou seja,
comportamentos que se desviam das normas sociais (Ex: o roubo, indisciplina na
sala…).
Comportamentos desviantes são acções individuais ou colectivas praticadas à margem
das normas estabelecidas. Vai desde pequenos actos sem importância na maioria das
pessoas até o incesto, assassínio, negligência de responsabilidades convencionais, as
violações dos regulamentos burocráticos, traição, delinquência, crime, entre outros.
Anomia, para Durkheim, trata-se de uma situação em que as normas e valores da
sociedade estão em mudança, fragilizadas e os indivíduos têm dificuldades em
identificarem-se com os valores actuais da sociedade.
A anomia é ausência de modelos comportamentais ou a sensação de indefinição das
normas que podem desorientar os indivíduos, fruto das constantes mudanças que
alteram os valores e cria novos valores.
No processo de contestação (que gera mudança) os valores e normas ficam desajustados
da realidade e isso pode criar um tempo de indefinição de novos valores e modelos
sociais.

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