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AgInt no RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 57.

200 - MS
(2018/0089265-1)

RELATOR : MINISTRO SÉRGIO KUKINA


AGRAVANTE : VINICIUS CETRARO MOREIRA
ADVOGADO : MOHAMED RENI ALVES AKRE - MS013033
AGRAVADO : ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
PROCURADOR : ARLETHE MARIA DE SOUZA E OUTRO(S) - MS005071
EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO


ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. MILITAR
ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL. PROMOÇÃO POR
MERECIMENTO. CORONEL BOMBEIRO MILITAR. ATO
DISCRICIONÁRIO DO GOVERNADOR DO ESTADO. LEI
ESTADUAL Nº 61/1980. LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº
53/1990. DECRETO ESTADUAL Nº 10.768/2002. CRITÉRIOS DE
CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE. MERA EXPECTATIVA
QUE NÃO SE CONFUNDE COM DIREITO LÍQUIDO E CERTO.
1. Por força da legislação sul-matogrossense de regência (Lei
Complementar 53/1990, Lei 61/1980 e Decreto 10.768/2002), é inegável
o caráter discricionário que informa a promoção por merecimento, assim
evidenciado pelo reiterado emprego da expressão "de livre escolha do
Governador", tal como utilizada nos aludidos textos legais.
2. Como ato discricionário que é, sujeita-se à avaliação – até certo
ponto subjetiva – da autoridade competente, que decidirá sobre a
conveniência e oportunidade de sua efetivação. Se, por um lado, isto não
significa que o Governador possa promover o militar a qualquer tempo,
sem observância dos critérios e limites regulamentares (pois
discricionariedade não se confunde com arbitrariedade), é igualmente
certo, de outra mão, que o Tenente-Coronel constante da Lista de
Escolha, que atenda às exigências para ser promovido, não tem, só por
isso, direito líquido e certo à desejada promoção ao posto de Coronel.
3. Não cabe ao Poder Judiciário, no controle de atos administrativos
discricionários, interferir nos critérios de conveniência e oportunidade
legitimamente adotados pela Administração. Precedentes.
4. Agravo interno não provido.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira


TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo
interno, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Regina Helena Costa
(Presidente), Napoleão Nunes Maia Filho (que ressalvou o seu ponto de vista) e Benedito
Gonçalves votaram com o Sr. Ministro Relator.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Gurgel de Faria.

Brasília (DF), 14 de agosto de 2018(Data do Julgamento)


Documento: 1729031 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/08/2018 Página 1 de 5
MINISTRO SÉRGIO KUKINA
Relator

Documento: 1729031 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/08/2018 Página 2 de 5
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA TURMA

AgInt no
Número Registro: 2018/0089265-1 PROCESSO ELETRÔNICO RMS 57.200 / MS

Números Origem: 14023801120178120000 1402380112017812000050000

PAUTA: 26/06/2018 JULGADO: 26/06/2018

Relator
Exmo. Sr. Ministro SÉRGIO KUKINA
Presidente da Sessão
Exma. Sra. Ministra REGINA HELENA COSTA
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. FRANCISCO RODRIGUES DOS SANTOS SOBRINHO
Secretária
Bela. BÁRBARA AMORIM SOUSA CAMUÑA

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : VINICIUS CETRARO MOREIRA
ADVOGADO : MOHAMED RENI ALVES AKRE - MS013033
RECORRIDO : ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
PROCURADOR : ARLETHE MARIA DE SOUZA E OUTRO(S) - MS005071

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Militar -


Regime - Promoção

AGRAVO INTERNO
AGRAVANTE : VINICIUS CETRARO MOREIRA
ADVOGADO : MOHAMED RENI ALVES AKRE - MS013033
AGRAVADO : ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
PROCURADOR : ARLETHE MARIA DE SOUZA E OUTRO(S) - MS005071

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Retirado de Pauta por indicação do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."

Documento: 1729031 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/08/2018 Página 3 de 5
AgInt no RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 57.200 - MS
(2018/0089265-1)

RELATOR : MINISTRO SÉRGIO KUKINA


AGRAVANTE : VINICIUS CETRARO MOREIRA
ADVOGADO : MOHAMED RENI ALVES AKRE - MS013033
AGRAVADO : ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
PROCURADOR : ARLETHE MARIA DE SOUZA E OUTRO(S) - MS005071

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO SÉRGIO KUKINA: Cuida-se de agravo interno


manejado por Vinícius Cetraro Moreira contra a decisão de fls. 589 a 593, pela qual, com
fundamento nos arts. 932, VIII, do CPC e 34, XVIII, do RISTJ, bem como na Súmula 568/STJ,
foi negado provimento ao recurso ordinário em mandado de segurança interposto contra acórdão
proferido pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul, fls. 442 a
469, com base nos seguintes fundamentos:

(A) "a hipótese ora examinada versa sobre promoção por merecimento, a
qual se distingue da promoção por antiguidade. Portanto, sem razão o recorrente ao
utilizar precedentes deste Tribunal Superior para embasar a sua tese, uma vez que somente
a promoção do militar por antiguidade pode caracterizar ato administrativo vinculado. A
promoção por merecimento, por sua vez, é - regra geral - ato administrativo
discricionário" (fl. 591); e

(B) "como ato discricionário que é, sujeita-se à avaliação - até certo ponto
subjetiva - da autoridade competente, que decidirá sobre a conveniência e oportunidade
de sua efetivação. Se, por um lado, isto não significa que o Governador possa promover
qualquer pessoa a qualquer tempo, sem observância dos critérios e limites regulamentares
(pois discricionariedade não se confunde com arbitrariedade), é igualmente certo, de
outra mão, que o militar que atenda às exigências para ser promovido não tem, só por
isso, direito líquido e certo à desejada promoção" (fl. 591).

Nas razões do agravo interno, às fls. 598 a 616, a parte recorrente sustenta, em
síntese, que o exercício irregular da discricionariedade pelo Governador do Estado na escolha
daqueles que serão promovidos ao Posto de Coronel, sem a observância dos critérios legais,
implica violação de direito. Pontua que, tanto a Lei Complementar Estadual n° 53/90 quanto a Lei

Documento: 1729031 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/08/2018 Página 4 de 5
Estadual n° 61/80, que regulamentam a carreira e as promoções dos Policiais Militares e
Bombeiros Militares do Estado de Mato Grosso do Sul, contemplam, objetivamente, os critérios
promocionais a serem seguidos. Argumenta que a questão "cinge-se em demonstrar que a
promoção onde o recorrente foi preterido está em desacordo com os critérios objetivos
estipulados pela legislação estadual, a qual é organizada por expressa determinação
constitucional (art. 22, XXI)" (fl. 602).

Entende, ainda, que não houve a devida observância aos critérios objetivos e
legais determinados pela sistemática estadual de promoção dos Policiais Militares do Estado de
Mato Grosso do Sul, em afronta aos princípios da legalidade e da impessoalidade, ambos
previstos no art. 37, caput, da Constituição Federal.

Assevera, mais, que o STJ é firme neste posicionamento, entendendo que a


ascensão na carreira militar é ato administrativo vinculado, seguindo a sistemática defendida pelo
recorrente em suas razões recursais. Para corroborar sua tese, colaciona às razões da petição os
seguintes julgados (fls. 608 a 609):

ADMINISTRATIVO. MILITAR. CURSO DE FORMAÇÃO DE


SARGENTOS. PROMOÇÃO. ANTIGUIDADE NO SERVIÇO
PÚBLICO. PORTARIA 184 DO COMANDANTE DA MARINHA.
ILEGALIDADE. PRECEDENTES. 1. A promoção do militar é ato
administrativo vinculado, e está atrelada única e exclusiva mente ao
critério de antiguidade na graduação, consoante disposto nos arts.
17 da Lei 6.880/80 e 24 do Decreto 4034/01. 2. As Portarias da
Marinha do Brasil, ao fixarem critérios diversos para a promoção a
Sargento, quais sejam, a antiguidade no serviço público,
independentemente da antiguidade na graduação, e a contagem de
22 anos de tempo de serviço militar, excederam os limites legais. 3.
Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no REsp 1.219.806/RJ. Relator: Ministro Sérgio Kukina. J.
20/08/2013).

ADMINISTRATIVO. PROMOÇÃO. SARGENTO DA POLÍCIA


MILITAR. LEI N. 6.652/79. ATO ADMINISTRATIVO VINCULADO.
1. Determina o art. 60, § 2°, da Lei n. 6.652/79 que "a promoção de
Policial Militar feita em ressarcimento de preterição será efetuada
segundo os princípios de antiguidade ou merecimento, recebendo
ele o número que lhe competir na escala hierárquica, como se
houvesse sido promovido, na época devida, pelo princípio em que
ora é feita sua promoção". 2. A promoção na carreira militar é ato
administrativo vinculado. Não obstante a abertura de vagas para a
promoção de militar federal seja um ato administrativo
discricionário, a partir do momento em que o edital é publicado, o
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administrador fica vinculado a todos os termos ali consignados. 3.
[...]. Recurso ordinário provido.
(STJ. RMS 33.656/RR. Relator: Ministro Humberto Martins. J.
07/04/2011).

Argumenta pela necessidade da concessão da segurança, reconhecendo o direito


de promoção do impetrante ao posto de Coronel QOBM, conforme publicado no Decreto "P" n°
5.201 de 16 de novembro de 2016, publicado no DOE n° 9.287, de 17 de novembro de 2016, a
contar de 25 de setembro de 2016.

Requer, por fim, a reconsideração da decisão agravada ou a submissão do feito


ao Colegiado.

Intimado, o Estado de Mato Grosso do Sul apresentou petição de impugnação às


fls. 619 a 628, por meio da qual defende o não provimento da irresignação.

É o relatório.

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(2018/0089265-1)

VOTO

O SENHOR MINISTRO SÉRGIO KUKINA (RELATOR): Tem-se, na


origem, mandado de segurança impetrado por militar estadual que almeja a promoção ao posto de
Coronel do Corpo de Bombeiros Militares. Alega, para justificar sua pretensão, que "... o ato a
ser praticado pelo Chefe do Poder Executivo é vinculado para contemplação do Oficial
que será promovido" (fl. 25).

Já nas razões recursais, fls. 489 a 507, o agora agravante alegou preterição na
promoção por merecimento levada a efeito pelo Decreto "P" nº 5.201 de 16 de novembro de
2016, publicado no DOE nº 9.287 de 17 de novembro de 2016, ao argumento de que "a
promoção para o posto de Coronel QOBM deveria se dar apenas pelo critério de
merecimento, por expressa disposição legal, nos termos do art. 10, 'c' c/c art. 22, § 2º da
Lei nº 61/1980 e art. 52, parágrafo único, do Decreto nº 10.768/2002, uma vez que
inexiste a previsão da 'Livre Escolha' na sistemática estadual do Estatuto dos Policiais
Militares" (fl. 495), acenando com a necessidade de uniformização de jurisprudência e alegando
que o posicionamento desta Corte Superior é no sentido de que a ascensão na carreira militar é
ato administrativo vinculado .

Tenho, porém, que a decisão agravada não merece reparos.

A hipótese submetida ao crivo desta Corte envolve promoção por merecimento, o


que afasta, de pronto, a pertinência dos julgados apresentados pelo recorrente para justificar sua
argumentação, haja vista que os casos lá tratados – envolvendo promoção por antiguidade –
possuem base fática diversa.

Posta em ordem a questão a ser dirimida, a qual, repita-se, diz com a promoção
por merecimento, colho da subjacente legislação estadual que disciplina a espécie, verbis:

ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL


LEI Nº 61, DE 7 DE MAIO DE 1980.
Dispõe sobre os critérios e as condições que asseguram aos
Oficiais da Ativa da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do
Sul o acesso na hierarquia policial-militar, mediante promoção, de
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forma seletiva, gradual e sucessiva e da outras providências.
[...]
Art. 10. As promoções serão efetuadas: (redação dada pela Lei nº
2.280, de 6 de setembro de 2001)
[...]
c) para as vagas de Coronel PM/BM somente pelo critério de
merecimento e serão de livre escolha do Governador, dentre os
integrantes do Quadro de Acesso a esse Posto, de acordo com o
estabelecido nesta Lei. (redação dada pela Lei nº 3.873, de 31 de
março de 2010)
[...]
Art. 20. As promoções serão efetuadas, anualmente, por
antiguidade ou por merecimento na PMMS nos dias 21 de abril, 2
de junho, 5 de setembro e 25 de dezembro; e no CBMMS nos dias 2
de março, 2 de julho, 25 de setembro e 2 de dezembro, para as
vagas abertas e publicadas oficialmente até 20 dias antes, bem
como para as decorrentes de promoções. (redação dada pela Lei
3.915, de 22 de junho de 2010)
§ 1º A promoção pelo critério de merecimento, de livre escolha do
Governador, prevista na alínea “c” do art. 10 desta Lei, será
processada nas mesmas datas fixadas no caput deste artigo.
(redação dada pela Lei nº 4.458, de 18 de dezembro de 2013)
Art. 22. A promoção por merecimento é feita com base no Quadro
de Acesso por Merecimento. (redação dada pela Lei nº 3.873, de 31
de março de 2010)
[...]
§ 2º A promoção por merecimento para o posto de Coronel PM/BM,
mediante escolha do Governador, será feita com base no Quadro de
Acesso por Merecimento, observados os seguintes critérios:
(redação dada pela Lei nº 3.873, de 31 de março de 2010)
I - após composto o Quadro de Acesso por Merecimento os
Tenentes-Coronéis serão relacionados em uma lista denominada
Lista de Escolha, onde constarão em ordem elaborada estritamente
de acordo com as avaliações da Comissão de Promoção de Oficiais,
que servirá de base para as escolhas do Governador do Estado;
(redação dada pela Lei nº 3.873, de 31 de março de 2010)
II - a Lista de Escolha conterá o número de Tenentes-Coronéis
equivalente a 50% (cinquenta por cento) do número total de
componentes do Quadro de Acesso por Merecimento; (redação
dada pela Lei nº 3.873, de 31 de março de 2010)
III - no caso de obtenção de número não inteiro, sempre ocorrerá o
arredondamento para cima; (redação dada pela Lei nº 3.873, de 31
de março de 2010)
IV - para o preenchimento das vagas apuradas, o Governador do
Estado realizará as escolhas, tantas quantas forem necessárias,
exclusivamente entre os constantes na Lista de Escolha; (redação
dada pela Lei nº 3.873, de 31 de março de 2010)
V - caso o número de vagas exceda o de integrantes da Lista de
Documento: 1729031 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/08/2018 Página 8 de 5
Escolha, esta será completada pelos Tenentes-Coronéis habilitados
para a promoção, relacionados segundo as avaliações obtidas na
Comissão de Promoção de Oficiais e constantes do Quadro de
Acesso por Merecimento. (redação dada pela Lei nº 3.873, de 31 de
março de 2010)
§ 3º O disposto no § 2º deste artigo aplica-se, inclusive, às
promoções em andamento.
(acrescentado pela Lei 3.915, de 22 de junho de 2010)

ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL


LEI COMPLEMENTAR Nº 053, DE 30 DE AGOSTO DE 1990.
Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais Militares de Mato Grosso do
Sul, e dá outras providências.
[...]
DA PROMOÇÃO
[...]
Art. 56. As promoções serão efetuadas pelo critério de antiguidade,
de merecimento, ou ainda, por bravura e “post-mortem”. (redação
dada pela Lei Complementar nº 210, de 30 de novembro de 2015)
§ 1° Em casos extraordinários, poderá haver promoção em
ressarcimento de preterição.

ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL


DECRETO Nº 10.768, DE 9 DE MAIO DE 2002.
Regulamenta a Lei nº 61, de 7 de maio de 1980, e dá outras
providências.
[...]
Da Promoção por Merecimento
[...]
Art. 52. Na promoção por merecimento, a proposta do
Comandante-Geral será encaminhada para homologação ao
Secretário de Justiça e Segurança Pública, que a remeterá ao
Governador para apreciação do mérito dos oficiais contemplados,
observado o disposto no art. 50 deste Decreto.
Parágrafo único. As promoções ao último posto serão de livre
escolha do Governador, dentre os integrantes do Quadro de Acesso
ao posto de Coronel PM.

Como se vê, por força da legislação de regência, é inegável o caráter


discricionário que informa a promoção por merecimento, assim evidenciado pelo reiterado
emprego da expressão "de livre escolha do Governador", tal como utilizada nos aludidos
textos legais.

Nesse contexto, como ato discricionário que é, sujeita-se à avaliação – até certo
ponto subjetiva – da autoridade competente, que decidirá sobre a conveniência e oportunidade de

Documento: 1729031 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/08/2018 Página 9 de 5
sua efetivação. Se, por um lado, isto não significa que o Governador possa promover o militar a
qualquer tempo, sem observância dos critérios e limites regulamentares (pois discricionariedade
não se confunde com arbitrariedade), é igualmente certo, de outra mão, que o Tenente-Coronel
constante da Lista de Escolha, que atenda às exigências para ser promovido, não tem, só por
isso, direito líquido e certo à desejada promoção ao Posto de Coronel.

Eis porque o acórdão recorrido, exatamente por afirmar a discricionariedade do


ato de promoção, em nada se afasta da jurisprudência desta Corte Superior.

Nesse sentido:

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR MILITAR. TAIFEIRO DA


AERONÁUTICA. ACESSO À GRADUAÇÃO MAIS ELEVADA.
REQUISITOS ESSENCIAIS CUJA AFERIÇÃO ENCONTRA-SE NO
JUÍZO DE CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE DA
ADMINISTRAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE AFERIÇÃO PELO
PODER JUDICIÁRIO. SEGURANÇA DENEGADA.
1. Insurge-se o impetrante contra a Portaria n. 46/2006, expedida
pelo Comandante da Marinha, que elevou para 7 anos o interstício
necessário para a promoção dos Sargentos do Quadro de Taifeiros
à graduação de Suboficial.
2. O acesso do Taifeiro aos graus hierárquicos mais elevados
condiciona-se ao preenchimento de requisitos essenciais, dentre os
quais os de conceitos profissional e moral e comportamento militar,
insuscetíveis de aferição pelo Poder Judiciário, porque inerentes
ao poder discricionário, não sendo o interstício o único
considerado para tal finalidade, nos termos do art. 15 do Decreto
881, de 23/7/1993. (MS 10.475/DF, Rel. Ministro ARNALDO
ESTEVES LIMA, TERCEIRA SEÇÃO, DJ 02/08/2006, p. 216) 3.
Segurança denegada.
(MS 10.471/DF, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, TERCEIRA
SEÇÃO, DJe 02/03/2016)

ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO


ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PRETENSÃO DE
REJULGAMENTO DA DEMANDA. ACLARATÓRIOS RECEBIDOS
COMO AGRAVO REGIMENTAL. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE
RECURSAL. PROMOÇÃO POR MERECIMENTO DE MILITAR.
NATUREZA DISCRICIONÁRIA. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO
E CERTO.
1. Considerando a ausência de qualquer dos pressupostos do art.
535 do CPC e a pretensão nítida de rejulgamento da causa, recebo
os embargos de declaração como agravo regimental, aplicando o
princípio da fungibilidade recursal.
2. A inclusão no quadro de acesso é requisito essencial para se
lograr a promoção por merecimento, mas não suficiente, por si só,
Documento: 1729031 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/08/2018 Página 10 de 5
para sua efetivação. Tal inclusão garante ao oficial mera
expectativa de direito (v.g. RMS n. 8.034/CE, Rel. Ministro José
Arnaldo da Fonseca, Quinta Turma, DJ 17/05/1999).
3. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, o
qual se nega provimento.
(EDcl no RMS 34.669/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA TURMA, DJe 18/06/2015)

DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO


RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
MILITAR. PROMOÇÃO POR MERECIMENTO. ATO
DISCRICIONÁRIO. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE PELO
JUDICIÁRIO. RECURSO IMPROVIDO.
1. O Decreto n. 8.463/1980 determina expressamente a aplicação
do art. 11 para a promoção por merecimento de praças da Polícia
Militar da Paraíba, estabelecendo que essa somente ocorrerá
quando o praça, além de atingir a contagem de pontos da Ficha de
Promoção, preencher os requisitos legais previstos no art. 11.
Satisfeitos esses requisitos objetivos, o candidato entra para o
Quadro de Acesso e passa a ter a expectativa de direito à ascensão
de posto, consoante se nota do art. 6º, caput, dessa legislação.
2. É vedado ao Poder Judiciário a análise dos critérios de
conveniência e oportunidade adotados pela Administração por
ocasião do controle de atos discricionários.
3. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no RMS 30.619/PB, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, QUINTA TURMA, DJe 16/06/2014)

Ademais, a jurisprudência desta Corte é firme no sentido de não caber ao Poder


Judiciário, no controle de atos administrativos discricionários, interferir nos critérios de
conveniência e oportunidade legitimamente adotados pela Administração.

A propósito:

ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. MILITAR.
PROMOÇÃO POR MERECIMENTO. QUADRO DE ACESSO.
PONTUAÇÃO FORA DO NÚMERO DE VAGAS. AUSÊNCIA DE
DIREITO LÍQUIDO E CERTO.
1. Caso em que o recorrente/impetrante insurge-se contra ato
supostamente ilegal do Comandante-Geral da Polícia Militar da
Paraíba, dizendo que teria sido preterido em relação a outros
candidatos, por estar na listagem do Quadro de Acesso (QA) à
promoção.
2. Conforme bem concluído pelo Tribunal de origem, embora
tenham sido oferecidas 26 (vinte e seis) vagas para a graduação de
Documento: 1729031 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/08/2018 Página 11 de 5
Subtenente, o impetrante somente ocupava a 32ª posição entre os
concorrentes, considerando a pontuação a que ele se apega para
impetrar a ordem. Assim, carece o impetrante do direito líquido e
certo a amparar sua pretensão.
3. "É vedado ao Poder Judiciário a análise dos critérios de
conveniência e oportunidade adotados pela Administração por
ocasião do controle de atos discricionários" (AgRg no RMS n.
30.619/PB, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Quinta Turma,
DJe 16/6/2014).
4. Agravo regimental não provido.
(AgRg no RMS 45.170/PB, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe 24/02/2016)

Por todo o exposto, tenho que a argumentação da parte agravante não abala a
fundamentação da decisão recorrida, razão pela qual nego provimento ao presente agravo
interno.

É como voto.

Documento: 1729031 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/08/2018 Página 12 de 5
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA TURMA

AgInt no
Número Registro: 2018/0089265-1 PROCESSO ELETRÔNICO RMS 57.200 / MS

Números Origem: 14023801120178120000 1402380112017812000050000

PAUTA: 14/08/2018 JULGADO: 14/08/2018

Relator
Exmo. Sr. Ministro SÉRGIO KUKINA
Presidente da Sessão
Exma. Sra. Ministra REGINA HELENA COSTA
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. FRANCISCO RODRIGUES DOS SANTOS SOBRINHO
Secretária
Bela. BÁRBARA AMORIM SOUSA CAMUÑA

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : VINICIUS CETRARO MOREIRA
ADVOGADO : MOHAMED RENI ALVES AKRE - MS013033
RECORRIDO : ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
PROCURADOR : ARLETHE MARIA DE SOUZA E OUTRO(S) - MS005071

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Militar -


Regime - Promoção

AGRAVO INTERNO
AGRAVANTE : VINICIUS CETRARO MOREIRA
ADVOGADO : MOHAMED RENI ALVES AKRE - MS013033
AGRAVADO : ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
PROCURADOR : ARLETHE MARIA DE SOUZA E OUTRO(S) - MS005071

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo interno, nos termos do voto do
Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Regina Helena Costa (Presidente), Napoleão Nunes Maia Filho (que
ressalvou o seu ponto de vista) e Benedito Gonçalves votaram com o Sr. Ministro Relator.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Gurgel de Faria.

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