Você está na página 1de 3

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE.

FACULDADE DE EDUCAÇÃO.
Disciplina: Prática de Pesquisa e Ensino em Sociologia III.
Professor: Paulo Pires.
Estudante: Marcos Roberto Ribeiro de Freitas.

RESENHA CRÍTICA:

MORAES, Amaury C. e TOMAZI, Nelson D. Sociologia no ensino médio 1 - Contexto


e princípios gerais. [DVD]. São Paulo : ATTA Mídia e Educação, 2008.

Nelson Dácio Tomazi e Amaury César Moraes são Cientistas Sociais,


formados respectivamente pelas Universidades Federal do Paraná e Universidade de
São Paulo, sendo o professor Tomazi atualmente aposentado dedicando-se a escrever e
implementar ações que visem a efetiva implantação com qualidade da sociologia no
ensino médio. Já o professor Amaury César Moraes possui experiência na área de
Sociologia, com ênfase em Ensino das Ciências Sociais no Brasil. Ambos à frente,
como autores, da série de DVDs “Sociologia no Ensino Médio”, buscam contextualizar
quais seriam os parâmetros e os objetivos do estabelecimento da Sociologia enquanto
disciplina escolar. Sua importância na formação dos alunos, as implicações decorrentes
e o papel do professor de sociologia neste processo.

Inicialmente a discussão realizada no vídeo refere-se à grande questão a


ser respondida: “Para quê serve a Sociologia?”. A resposta à essa importante questão é,
importante em dois sentidos. O primeiro deles para orientar o trabalho docente, e o
segundo para afirmar politicamente a posição conquistada pelas Ciências Sociais
enquanto disciplina escolar. Ao longo da primeira parte do vídeo, os autores
argumentam sobre a resposta à pergunta inicial caracterizando alguns objetivos da
Sociologia ao passo que em seguida passam a narrar a trajetória histórica desta nos
currículos da educação básica; do início do século XX ao início do século XXI. Os
autores apontam primeiramente sobre o caráter científico que a Sociologia atribui à
análise das questões e problemas do mundo social no qual, professores e alunos, estão
inseridos. Desse modo demonstram que a Sociologia produz um processo de
sistematização do pensamento, de maneira orientada pelo docente e teoricamente
informada pela tradição sociológica. Assim, somos conduzidos pela narrativa dos
professores a refletir sobre aquilo que a aula de Sociologia não é, ou não pode ser. As
aulas de Sociologia devem estar amparadas em conceitos, que dão conta de explicar –
mesmo que parcialmente – conteúdos abordados, dentro de um tema determinado.
Ressalta-se nesse momento a preponderância do papel do professor em preparar-se para
orientar, encaminhar o pensamento dos seus alunos de forma organizada teoricamente
embasada. Isso para que as aulas de Sociologia não escapem de seu sentido, de sua
função e tornem-se meros debates, rodas de conversa. O aluno precisa sair de uma aula
de Sociologia com pelo menos uma alternativa de reflexão mais aprofundada, mais
sistematizada que a reflexão feita pelo senso comum.
Em seguida, após deixar claro esse papel da disciplina e do docente,
avançamos para mais duas resposta possíveis à pergunta de partida: o desenvolvimento
da Imaginação Sociológica e a formação do cidadão crítico. O que pode-se observar é
que essas duas razões que justificam a presença da Sociologia enquanto disciplina só
podem ocorrer plenamente se a primeira condição – o respeito ao caráter científico
capaz de dotar os alunos sistematização dos dados da realidade que apreendem – for
cumprida. Só dessa forma os estudantes serão capazes de conectar adequadamente suas
biografias à história dentro do processo social e, ou, tornar-se um cidadão crítico, ou
seja, com informações variadas sobre o mundo, teoricamente informado, capaz de
utilizar conceitos para construção ou desconstrução de argumentação.

Na segunda parte do vídeo os autores discorrem sobre a trajetória


intermitente da disciplina no currículo do ensino básico e como isso implicou em alguns
desafios para o assentamento desta a partir do início do século XXI. Um dos desafios
postos foi o estabelecimento do conteúdo programático que ao longo dos diversos
debates no âmbito institucional culminaram no estabelecimento de dois princípios
norteadores da organização do conteúdo de Sociologia no currículo: Estranhamento e
Desnaturalização – sendo o estranhamento relacionado à uma preocupação de fazer com
que o estudante olhe além do senso comum para aqueles fenômenos que à primeira vista
não gerariam interesse. É o processo de maravilhamento com aquilo que lhe parece
familiar. Já a desnaturalização ligada à ideia de fazê-los pensar de maneira a perceber
que aquilo que costumam pensar como natural é produto da história de cultura dos seres
humanos, podendo mudar completamente ao longo do tempo e do espaço.

Por fim, encerram este vídeo demonstrando a importância que a


Sociologia tem no desenvolvimento de determinadas habilidades dos estudantes como a
leitura e a escrita. Ao mesmo tempo em que essas habilidades são essenciais para um
bom trabalho de pesquisa sociológica. Assim, aos docentes é sugerido que consigam
realizar com os alunos – de desenvolver neles – o interesse por uma leitura que os
convide a participar da comunidade acadêmica mais também outras que sejam fontes de
discursos para serem analisados à luz dos conceitos sociológicos apreendidos tais como
jornais, revistas, livros etc. Bem como buscar desenvolver junto aos alunos a habilidade
da escrita que amplia a capacidade de expressão destes mas também amplia sua
capacidade do uso da língua materna de forma geral – o que geraria excelentes
resultados em um trabalho coordenado entre professores de Sociologia e Língua
Portuguesa e Literatura.

O que se pode apreender da palestra dos professores Tomazi e Moraes,


dentre outras coisas, é a importância do papel do professor no estabelecimento e
manutenção da Sociologia como disciplina escolar, dando a ela o caráter científico,
crítico, capaz de orientar o pensamento dos alunos, dando a eles novas ferramentas para
análise da realidade à qual estão submetidos; ao mesmo tempo em que essa postura é,
em si, uma postura defesa da manutenção da Sociologia no currículo do ensino básico, o
que abre aos professores de Sociologia a possibilidade de formar estudantes capazes de
exercer cidadania ao fazem escolhas cada vez mais teoricamente informadas.

Você também pode gostar