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Questões Sobre Fascismo
Questões Sobre Fascismo
Turno: Noite
De fato a tese de Renzo de Felice toca em um tema sensível, mas que nos faz
refletir – Cientistas Sociais, Historiadores, e outros – quanto até que ponto a
sociedade se tornou fascista através da repressão. Seu argumento não nega a
existência de forte repressão, porém expõe que a dialética de representações
sociais criadas pela sociedade italiana e pelo estado fascista funcionou com mais
eficiência para a homogeneização das consciências italianas, que a repressão em
si.
2) Desenvolva a citação abaixo:
“ O novo regime não hesitava em empregar muitas formas de repressão contra
seus inimigos declarados, mas também buscava o consentimento e o apoio do
povo toda hora. Como tento mostrar neste livro, o consentimento e a coerção
estiveram inextricavelmente entrelaçados durante a história do Terceiro Reich,
até certo ponto porque a maior parte da repressão e do terror foram usadas
contra indivíduos específicos, minorias e grupos sociais pelos quais o povo tinha
pouca simpatia. A coerção e o terror eram altamente seletivos e não se
abateram de maneira universal sobre o povo alemão”.
(Robert GALLATELY. Apoiando Hitler. Consenso e coerção. Na Alemanha
nazista. Rio de Janeiro, Record, 2011, Introdução, p.22).
Isso nos ajuda a perceber que a ideologia estava sendo inserida na sociedade em
conjunto com as ações para ganhar a aprovação popular.
Em seu texto, Gallately nos apresenta diversas situações em que é possível notar a
boa recepção da sociedade ao projeto de poder nazista. Chama a atenção, por
exemplo – dentre os muitos exemplos e situações mencionados no texto – o fato de
que o partido nazista não precisou fazer um grande expurgo entre os empregados da
polícia, melhor dizendo, é possível notar que o quadro de funcionários de policiais
na Alemanha não enfrentaram problemas de consciência para colocarem em prática
a violência e a arbitrariedade exigida pelo partido. Gallately menciona que os
“integrantes do quadro da polícia e da Justiça tinham simpatia pela abordagem
nazista e ficaram felizes em fazer parte de um regime que queria combater o crime e
dar à polícia mais poder para operar da maneira que achasse mais apropriada.”
Um outro fato marcante, foi o verdadeiro “caça as bruxas” que o partido nazista
iniciou para tentar eliminar a “ameaça comunista”, a vigilância, a repressão e as
penas para aqueles acusados como comunistas, cresceram de forma violenta. Muitos
grupos de comunistas foram prontamente julgados e sentenciados à morte. O que
assusta é a observação de que a sociedade estava consciente desses fatos, os jornais
não escondiam essas informações. Obviamente havia toda uma forma de fornecer
essa informação mas ela estava lá. A ideia de que haviam inimigos do regime que
precisavam ser destruídos foi disseminada e também foi amplamente aceita.
Como um último exemplo, trazido pelo autor, no caso da perseguição aos judeus, o
texto enfatiza que tal perseguição não se deu de imediato. Os judeus tiveram seus
direitos civis sistematicamente retirados pouco a pouco, enquanto mais uma vez a
sociedade alemã observava sem aparentar incomodar-se.
Tiramos como lição, do texto de Robert Gallately, que assim como na Itália fascista,
a Alemanha nazista utilizou de recursos além da violência para conseguir conquistar
a aprovação das massas. Enquanto na primeira o Estado transformou o modo como
os italianos se enxergavam como indivíduos, fazendo com que pensassem-se parte
de um “todo” e utilizou a forte repressão para conter os que se recusavam a se
envolver no Estado fascista; na Alemanha Hitler soube utilizar a solução para
necessidades imediatas alemãs, e aliá-la a criação de novas representações, o que fez
com que mesmo a população sabendo do uso de forte repressão violenta praticado
pelo regime nazista, mantivesse seu apoio ao governo até o seu último momento.