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01º Promotoria de Justiça

de Carmo do Paranaíba

EXAME DE SELEÇÃO DE ESTAGIÁRIO ACADÊMICO


GRADUAÇÃO EM DIREITO

 A prova é composta de 5 (sete) questões objetivas e 3 (três) dissertativas, totalizando 100 pontos,
com duração de 3 (três) horas.
 Não é permitida a consulta apenas à lei seca.
 Não é permitida a comunicação entre os candidatos, nem o uso de qualquer aparelho eletrônico
durante a realização da prova.
 É obrigatório o uso de máscara de proteção durante o tempo de permanência no local de prova.
 NÃO IDENTIFIQUE SUA PROVA/FOLHA DE RESPOSTA: o nome do(a) candidato(a) só será
associado à prova após a correção. Escreva apenas o número constante da lista de presença nos
campos indicados.
 As respostas deverão ser lançadas na folha de resposta.

Boa prova!

NÚMERO DO(A) CANDIDATO(A)

1
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de Carmo do Paranaíba

1) Assinale a alternativa INCORRETA, segundo o entendimento do STF e STJ (10 PONTOS):

a) As condições favoráveis do agente, por si sós, não impedem a manutenção da prisão cautelar quando
devidamente fundamentada.
b) O Poder Judiciário não pode impor ao Ministério Público a obrigação de ofertar acordo de não
persecução penal (ANPP)., pois incabível ao Poder Judiciário, que não detém atribuição para participar
de negociações na seara investigatória, impor ao MP a celebração de acordos.
c) O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição
de medida socioeducativa de internação do adolescente.
d) Por ter lei especial, com regramento próprio, a conduta prevista no art. 28 da Lei n.
11.343/2006 não admite a transação penal e a suspensão condicional do processo.

QUESTÃO 02 (10 pontos)

Sobre a proteção das pessoas dos filhos no Código Civil, assinale a alternativa INCORRETA.

a) O pai ou a mãe que contrair novas núpcias não perde o direito de ter consigo os filhos, que só lhe
poderão ser retirados por mandado judicial, provado que não são tratados convenientemente.
b) As disposições relativas à guarda e prestação de alimentos aos filhos menores não se estendem
aos maiores incapazes.
c) O pai ou a mãe em cuja guarda não estejam os filhos poderá visitá-los e tê-los em sua companhia,
segundo o que acordar com o outro cônjuge ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua
manutenção e educação.
d) O direito de visita estende-se a qualquer dos avós, a critério do juiz, observados os interesses da
criança ou do adolescente.

QUESTÃO 03 (10 pontos)

NÃO é cabível ação civil pública para veicular pretensão relativa a(ao):
a) tributos
b) meio ambiente
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c) direito do consumidor
d) bens e direitos de valor artístico

QUESTÃO 04 (10 pontos)

Haverá crime de lesão corporal de natureza grave, punido com pena de reclusão, de um a cinco
anos, se resultar:
a) aceleração de parto
b) perda ou inutilização do membro, sentido ou função
c) enfermidade incurável
d) incapacidade permanente para o trabalho

QUESTÃO 05 (10 pontos)

Com a intenção de praticar um golpe, Manoel pagou diversos produtos comprados em determinada
loja com um cheque clonado pré-datado. Antes da data do vencimento do cheque, Manoel,
arrependido, retornou à loja e trocou o cheque por dinheiro em espécie, tendo quitado o débito
integralmente. A respeito da conduta de Manoel na situação hipotética apresentada, assinale a opção
CORRETA:

a) Houve desistência voluntária;


b) Houve arrependimento eficaz;
c) Houve arrependimento posterior;
d) A conduta configurou tentativa.

QUESTÃO 06: Discorra sobre o Princípio da Insignificância, inclusive abordando seu conceito, e a
sua aplicação aos seguintes crimes: a) tráfico de drogas; b) lesão corporal no contexto de violência
doméstica e familiar; c) crimes contra patrimônio (ex.: furto, roubo). 25pontos

R: O princípio da insignificância é uma causa supralegal de exclusão da tipicidade material. É


um postulado hermenêutico voltado à descriminalização de condutas formalmente típicas (Min.
Gilmar Mendes). O princípio da insignificância – que deve ser analisado em conexão com os
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postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado em matéria penal – tem o


sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu
caráter material. (Min. Celso de Mello). A aplicação do princípio da insignificância, segundo a
orientação do Supremo Tribunal Federal, demanda a verificação da lesividade mínima da
conduta, apta a torná-la atípica, considerando-se: a) a mínima ofensividade da conduta do
agente; b) a inexistência de periculosidade social na ação; c) o reduzido grau de reprovabilidade
do comportamento; e d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada.
A) De uma forma geral, o Superior Tribunal de Justiça tem sustentado a inaplicabilidade do
princípio da insignificância em relação aos crimes da Lei de Drogas, pois são crimes de perigo
abstrato. No que se refere ao crime do artigo 28, da Lei, a jurisprudência acrescenta que a
pequena quantidade de droga já é inerente a própria caracterização do delito, razão pela qual,
não se poderia falar em insignificância nesse caso. Nesse sentido: “AGRAVO REGIMENTAL
NO RECURSO EM HABEAS CORPUS. POSSE DE DROGA ILÍCITA PARA CONSUMO
PESSOAL. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO
REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. Em razão da política criminal adotada pela Lei n.
11.343/2006, há de se reconhecer a tipicidade material do porte de substância entorpecente para
consumo próprio, ainda que pequena a quantidade de drogas apreendidas, como na espécie. 2.
Conforme jurisprudência pacífica desta Corte Superior de Justiça, não se aplica o princípio
da insignificância ao delito descrito no art. 28 da Lei nº 11.343/2006, em razão de se tratar de
crime de perigo abstrato, contra a saúde pública, sendo, pois, irrelevante, para esse fim, a
pequena quantidade de substância apreendida. Precedentes 3. Agravo regimental não provido.”
(AgRg no RHC 147158 / SP, Relator Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA,
Data do Julgamento: 25/05/2021, Data da Publicação/Fonte: DJe 01/06/2021).

B) Súmula 589 do STJ: “É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções


penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.”

C) “Não se admite a incidência do princípio da insignificância na prática de estelionato


“qualificado” por médico que, no desempenho de cargo público, registra o ponto e se retira do
hospital. A jurisprudência do STJ não tem admitido, nos casos de prática de estelionato
“qualificado”, a incidência do princípio da insignificância (princípio inspirado na
fragmentariedade do Direito Penal). Isso porque se identifica, neste caso, uma maior
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reprovabilidade da conduta delitiva. No caso concreto, o STJ afirmou que não era possível o
trancamento da ação penal, sob o fundamento de inexistência de prejuízo expressivo para a
vítima, considerando que, em se tratando de hospital universitário, os pagamentos aos médicos
são provenientes de verbas federais.” STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 548.869-RS, Rel. Min. Joel
Ilan Paciornik, julgado em 12/05/2020 (Info 672).

“O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que no delito previsto no art. 171, §
3º, do Código Penal não se aplica o princípio da insignificância para o trancamento da ação
penal, uma vez que a conduta ofende o patrimônio público, a moral administrativa e a fé pública,
bem como é altamente reprovável.” STJ. 5ª Turma. RHC 61.931/RS, Rel. Min. Gurgel de Faria,
julgado em 15/12/2015.

Jurisprudência em Teses (ed. 84): “Tese 2: O princípio da insignificância é inaplicável ao crime


de estelionato quando cometido contra a administração pública, uma vez que a conduta ofende
o patrimônio público, a moral administrativa e a fé pública, possuindo elevado grau de
reprovabilidade.”

QUESTÃO 07: Discorra sobre o Ministério Público, abordando inclusive sobre suas funções. 25
pontos
R: O Ministério Público, instituição permanente e essencial à função jurisdicional do Estado, é
responsável, perante o Judiciário, pela defesa da ordem jurídica e dos interesses indisponíveis da
sociedade, pela fiel observância da Constituição e das leis, e será organizado, nos Estados, de acordo
com as normas gerais desta Lei Complementar.
Dispõe o art. 129 da Constituição Federal: “Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos
Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição,
promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil e a ação civil
pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos
e coletivos; IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção
da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V - defender judicialmente os direitos
e interesses das populações indígenas; VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de
sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei
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complementar respectiva; VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei
complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requisitar diligências investigatórias e a
instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações
processuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua
finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.

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