O documento discute três abordagens teóricas para análise do gênero: 1) teoria do patriarcado, 2) teoria marxista e 3) teoria psicanalítica. A autora critica cada uma por tratar o gênero como fixo ou subordiná-lo a outras estruturas ao invés de analisá-lo em seu próprio contexto histórico.
O documento discute três abordagens teóricas para análise do gênero: 1) teoria do patriarcado, 2) teoria marxista e 3) teoria psicanalítica. A autora critica cada uma por tratar o gênero como fixo ou subordiná-lo a outras estruturas ao invés de analisá-lo em seu próprio contexto histórico.
O documento discute três abordagens teóricas para análise do gênero: 1) teoria do patriarcado, 2) teoria marxista e 3) teoria psicanalítica. A autora critica cada uma por tratar o gênero como fixo ou subordiná-lo a outras estruturas ao invés de analisá-lo em seu próprio contexto histórico.
americana, nascida em 18 dezembro de 1941 no Brooklyn, cujo trabalho, inicialmente dedicado histria francesa (movimento operrio e histria intelectual) foi direcionado na dcada de 1980 para a histria das mulheres a partir da perspectiva de gnero. Pontos discutidos para aula:
a. apresentao histrica do conceito de
gnero inserido nas principais correntes da Psicanlise, Antropologia Feminista; Histria e Movimentos Sociais; b. Definio de conceitos. A autora aponta que as feministas norte- americanas, rejeitando palavras que poderiam trazer a noo de determinismo biolgico e realando o carter relacional das definies de feminino-masculino, importaram o sentido de gnero da gramtica e passaram a utiliz-lo para referirem-se organizao social das relaes entre os sexos, realando o carter cultural das distines baseadas no sexo. Scott passa a discutir o sentido e o uso dado ao gnero em trabalhos acadmicos, destacando que o emprego desta categoria deveria levar passagem de anlises descritivas para analticas, mas constata que estas s seriam possveis com a adoo de novos paradigmas tericos. Assim, ela critica os trabalhos que utilizam o termo gnero para abarcar as mulheres sem referenci-las explicitamente. Essa tentativa de despolitizar a incluso das mulheres na histria seria fruto de uma tentativa de legitimao acadmica. Scott chega interseo de seu conceito com as noes de classe e raa, afirmando que as desigualdades de poder social so constitudas com base em pelo menos essas trs dimenses. Tambm critica as pesquisas que apesar de analisarem as relaes sociais entre homens e mulheres atm-se somente ao estudo de certos setores da organizao social, como a famlia, a reproduo, as ideologias de gnero. Estas pesquisas realam o mero uso do termo gnero, sem uma mudana de perspectiva terica, o que faz com que estes trabalhos continuem a estudar as coisas relativas s mulheres, de forma descritiva, sem que se questione porque as relaes entre homens e mulheres esto construdas como esto, como funcionam e como se transformam. Nesse caso, apesar de se incluir novos objetos de anlise histrica, como as relaes subjetivas, o corpo, a famlia, e etc, no h alterao dos paradigmas existentes, mantendo-se o modo de se analisar temas como a guerra, a alta poltica, a diplomacia, ou seja, queles que de acordo com a historiografia tradicional, foram protagonizados sem sofrer qualquer influncia das relaes de gnero. Trs posies tericas na anlise do gnero: as tericas do patriarcado, as marxistas, e as de base psicanaltica. Vejamos:
1) As tericas do patriarcado defendem uma adaptao da teoria
hegeliana, focando a teoria em suposta necessidade dos homens em subordinar as mulheres para fins de controlar os meios de reproduo da espcie (Mary OBrien). Em outras palavras, garantir que seus herdeiros sejam de fato seus. Para essa corrente, revolues tecnolgicas que eliminem a necessidade do corpo feminino para a reproduo seria o caminho da libertao feminina (Sulamith Firestone). Ainda na abordagem patriarcal, h aquelas que defendem ser o controle da sexualidade escopo do patriarcalismo. A sexualidade feminina seria reificada na mesma proporo que o trabalho masculino. A conscincia dessa experincia de reificao, dessa vivncia comum, levaria as mulheres ao poltica. (Catherine Mackinnon). Crtica de Scott: A teoria de patriarcado desenvolve-se em cima das distines fsicas entre os sexos. Ao analisar essa nica variante como fonte de toda desigualdade de gnero, a histria se torna um epifenmeno que oferece variaes interminveis sobre o tema imutvel de uma desigualdade de gnero fixa. 2) As tericas marxistas seguem a diretriz de Engels em Origem da Famlia, da Propriedade Privada e do Estado que conforma a desigualdade de gneros em funo dos modos de produo. O capitalismo e o patriarcado seriam dois sistemas distintos, mas em constante interao, o segundo se desenvolvendo e adaptando em funo do primeiro. (Heidi Hartman); Discusses entre as feministas marxistas levaram a problematizao das formas de interao entre os sistemas econmicos e as relaes de gnero, a partir do reconhecimento de que a diviso sexual do trabalho j existia antes do capitalismo e manteve-se no socialismo. H uma ruptura de paradigma na afirmao de que os sistemas de gnero tem uma existncia independente dos sistemas socioeconmicos, mas ao explicar as formas de interao entre esses sistemas, h uma tendncia em sobrevalorizar o econmico sobre o social e o sexual (Joan Kelly). Adentrando o vis da sexualidade e da psicologia, o volume de ensaios Powers of Desire, 1983, foi uma tentativa, norteada pelos escritos de Foucault e pelo contexto da revoluo sexual, de se entender as relaes de gnero como interao entre a sociedade e as estruturas psquicas. Segundo Scott, o nico ensaio que aborda seriamente as questes tericas propostas o de Jssica Benjamin. Crtica de Scott: As dificuldades de desenvolvimento terico encontram-se nas prprias limitaes da matriz marxista, que acaba sempre subordinando o conceito de gnero ao de uma estrutura econmica. 3) As tericas psicanalticas seguem duas escolas: a anglo-saxnica, que trabalha com a teoria das relaes objetais, e a francesa, que se desenvolve a partir do ps-estruturalismo de Freud, nos termos da teoria da linguagem lacaniana. As escolas tm em comum o enfoque nas etapas de formao do indivduo, sob perspectivas distintas: A teoria das relaes objetais defende que a identidade de gnero formada a partir de experincias concretas, principalmente as vivenciadas domesticamente, como a diviso de trabalho familiar, a atribuio de tarefas entre os pais (Nancy Chodorrow/Carol Gilligan). A teoria ps-estruturalista da linguagem se prende aos sistemas de significao, o que abarca no s as palavras, mas todo um sistema simblico que se referenda no gnero. Crtica de Scott: A teoria anglo-saxnica reduz a formao de identidade do sujeito a um crculo muito restrito, como se no houvesse, alm da famlia, outros sistemas sociais que faam parte dessa construo. A escola francesa, ao entender o sujeito sexuado como unidade instvel, em permanente construo a partir da oposio entre as significaes masculino/feminino, articula castrao com as relaes sociais, mas tende a universalizar as categorias masculino-feminino, desconsiderando a especificidade e contexto histrico na construo da subjetividade e reforando o carter de oposio binria do gnero.