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UFMS – CURSO DE FILOSOFIA – 4º PERÍODO

Disciplina: Fundamentos de Didática

Aluno: Ivo Sergio Gomes Reis (ivosgreis@globo.com) – Professora :


Ana Cristina Fagundes Shirmer
PARTE I
INTRODUÇÃO
E
OBJETIVOS DA AULA
O QUE SERÁ ESTUDADO?
Apesar de o tema “filosofia da linguagem” ser bastante amplo e
impossível de ser trabalhado em uma única aula (em algumas
faculdades em que a disciplina é ensinada isto leva um
semestre inteiro), procurar-se-á, nesta apresentação, dar aos
alunos uma ideia do que vem a ser a “filosofia da linguagem” e
da importância que ela exerce hoje no estudo da filosofia.

Assim, serão seis os principais focos desta aula:

1. Entender o que é linguagem e as suas formas de utilização


2. Compreender como o pensamento interage com a linguagem e quais
as relações de dependência entre essas duas atividades
3. Ter uma noção da evolução histórica do pensamento filosófico da
Antiguidade em relação à linguagem, até os dias atuais
4. Saber o que foi o movimento “Concepção Científica do Mundo”,
encetado no Círculo de Viena, em 1929
5. Visualizar o papel da linguagem e os dos filósofos envolvidos no
movimento espontâneo chamado “VIRADA LINGUÍSITICA”
6. Permitir que, ao final, o aluno possa dizer :” Já sei o que é filosofia
da linguagem e já compreendi o que significou a VIRADA
LINGUÍSTICA.
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Abaixo estão as perguntas que o aluno deverá apenas,
neste momento, assinalar com um tique ( ) se sabe ou
não responder:
1. Para você, o que significa “praticar filosofia”?
2. É possível praticar filosofia sem raciocinar e sem
argumentar?
3. O pensamento limita a linguagem ou é o contrário?
4. O que é linguagem e como interage com o pensamento?
5. É possível expressar um pensamento sem linguagem?
6. Quais as formas de linguagem que você conhece?
7. Quais as diferenças entre filosofia analítica e filosofia da
linguagem e quais os principais filósofos que se
ocuparam do seu estudo?
8. O que você entende por “figuras de linguagem” e
quantas conhece?
9. Você sabe o que significou o acontecimento “virada
linguística”?
10. Quais as principais áreas da filosofia e do conhecimento
humano com que se relaciona a linguagem?
11. Qual a diferença entre “filologia”, “linguística” e
Nota: As perguntas não serão respondidas agora, e sim ao
“gramática”?
longo
12. dasaberia
Você apresentação.
conceituar e avaliar a importância do
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estudo da “filosofia da linguagem”?
PARTE II
SOBRE A LINGUAGEM...
• Conceitos comum e
filosófico
• Formas de linguagem
• Figuras de linguagem (*)
• Usos da linguagem
• Pensamento e linguagem
(*)- Material muito extenso. Não será exibido
nesta apresentação. Os alunos vão receber
apostila em separado e um link para consulta on-
line.
O QUE É LINGUAGEM?
Todos nós, de um modo, geral supomos ter
conhecimento do significado da palavra
“linguagem”. E de fato temos, mas no sentido
comum do termo. Já o conceito filosófico de
linguagem é bem mais abrangente e de maior
complexidade de entendimento.
No sentido comum, “linguagem é o uso da língua
como forma de expressão e comunicação entre as
pessoas” (isto é o que todos sabemos). A linguagem
pode ser verbal (oral e escrita, geralmente utilizando
verbos) e não-verbal (placas, signos, símbolos,
imagens, etc) ou mista (charges, cartoons,
mensagens publicitárias).
No sentido filosófico, o conceito de linguagem
não possui uma definição universal ou mesmo
consensual, variando muito. Assim, seus conceitos
só podem ser tirados por inferência, dependendo da
FILOLOGIA, LINGUÍSTICA E GRAMÁTICA

Filologia e linguística são disciplinas que se


complementam e que possuem relações intrínsecas.
Ambas se dedicam ao mesmo objeto de estudo – a
linguagem (e consequentemente, a língua) – mas com
enfoques diferentes.

FILOLOGIA: A filologia precedeu à linguística e visa o


estudo histórico, crítico, textual e evolutivo de uma
língua. Como ciência aplicada, sua finalidade é pois
fixar, interpretar e comentar textos. Sintetizando
numa única definição: “filologia é a ciência que,
partindo do exame de textos escritos, se propõe à
historiografia da língua e/ou da cultura documentada
nos textos “.

LINGUÍSTICA: A linguística, ciência recente, inaugurada


no início do século XX, é o estudo da linguagem
articulada e a aplicação de seu método e de suas
FORMAS DE LINGUAGENS - 1
I - NÃO VERBAL
Corporal

Gestual

Simbólica

Existem outras formas de linguagem não-verbal, como as


imagens, quadros, pinturas, desenhos, sons, obras de arte,
música instrumental, linguagens de programação,
linguagem musical, etc. Seria desnecessário e cansativo
exemplificá-las todas aqui, porque podem ser facilmente
intuídas pelo aluno. Julgamos, pois, que as explicações
fornecidas são suficientes para o entendimento desta parte
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da aula.
FORMAS DE LINGUAGENS - 2
II - VERBAL
ORAL OU FALADA ESCRITA

Na comunicação oral podemos citar ainda a comunicação


falada por telefone, rádio ou celular ; e na escrita, as
comunicações por fax, e-mail, whatsapp, telegramas,
boletos bancários, folhetos, etc.
FORMAS DE LINGUAGENS - 3
III - MISTA
Aqui se incluem novas formas de linguagem de
comunicação que usam combinações das outras duas
formas, como por exemplo, a TV, as revistas, jornais e
gibis com com ilustrações, as charges, as tirinhas, as
placas, os banners publicitários, etc.
FIGURAS DE LINGUAGEM
São 20 as principais figuras de linguagem da língua portuguesa
(há autores que dão vinte e duas e outros até 24). E, é claro, elas
também existem em outras línguas. Essas figuras são recursos
que permitem o bom uso da língua, principalmente na linguagem
escrita.

Dividimos as figuras de linguagem em:

Metáfora, hipérbole, eufemismo, ironia, elipse, zeugma,


comparação, metonímia, antítese, paradoxo, prosopopeia,
pleonasmo, anáfora, antonomásia, sinestesia, gradação,
aliteração, polissíndeto, assíndeto e onomatopeia.

Por escaparem aos objetivos desta aula, não serão aqui


estutadas. recomenda-se aos alunos que adquiram a apostila que
será disponibilizada ou acessem o link para consulta on-line.
PARTE III
A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA
FILOSOFIA, ATÉ A
“VIRADA LINGUÍSTICA”
Uma vez que os alunos já compreenderam o que é linguagem,
filologia, língua, gramática e linguística, chegou a hora de
conhecer como o estudo e a divulgação do pensamento
filosófico evoluiu até os nossos dias.

Tudo começou quando os filósofos pós-modernos defrontaram-


se com preocupações entre correlacionar pensamento, verdade
e linguagem. Não se sabia até que ponto a linguagem dependia
do pensamento ou vice-versa, não se havia encontrado ainda
um método seguro para distinguir a verdade da mentira e, por
outro lado, a linguagem ainda não havia sido estudada a fundo,
exceção para Nietzsche, que era filólogo (antes de ser filósofo),
conforme ele mesmo declara em seus livro “Além do bem e do
Mal”.

Schopenhauer, um pouco antes, também demonstrava


preocupação com o correto uso da linguagem e estudava os
estragos que podem ser feitos com o seu mau uso. Nietzsche
publicou o seu opúsculo “Sobre a Verdade e a Mentira, no
Sentido Extra-Moral” e Schopenhauer cria a dialética erística,
explicada em seu livro “Como Vencer um Debate sem Precisar
Ter Razão” (Topbooks, 1997).
Mathew Lipman, embora em um livro de filosofia para
crianças, estabelece a mesma conclusão a que os filósofos
pós-modernos chegaram, no que concerne à relação da
filosofia com linguagem (o gráfico está com adaptação e
tradução livre):

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O MANIFESTO
“Concepção Científica do Mundo:
O Círculo de Viena” (1929)
O CÍRCULO DE VIENA (1)
“O Círculo de Viena foi um importante movimento intelectual
que surgiu em 1920, depois da nomeação de Moritz Schlick
como Professor de Filosofia da Ciência, e reuniu pensadores de
diversas áreas do conhecimento. Esses pensadores formularam
o princípio de verificabilidade e baseavam-se em uma noção de
Filosofia estreitamente relacionada com a ciência. “
Fonte: http://
mundoeducacao.bol.uol.com.br/filosofia/17-topicos-fundamentais-sobre-filosofia-
circulo-viena.htm

Vamos destacar aqui alguns dos dezessete pontos mais


importantes, referentes aos cientistas, filósofos e intelectuais
do Círculo de Viena:

“1) O Círculo de Viena foi formado na década de 1920 depois da


nomeação de Moritz Schlick para Professor de Filosofia da Ciência em
Viena.
[...]
3) As reflexões desse grupo de estudiosos versavam a respeito da
importância da lógica, linguagem, matemática e física teórica na
construção de teorias científicas.
O CÍRCULO DE VIENA (2)
6) Os interesses intelectuais do grupo partiam do positivismo de
Ernst Mach e Auguste Comte, da lógica de Russell,
Whitehead, Peano e Frege e de teorias físicas, principalmente
as de Einstein. A partir da leitura da obra fundamental de
Wittgenstein, o Tractatus Logico-Phylosophicus, o grupo
enveredou pelo desenvolvimento de uma lógica incorporada a uma
verificação empírica dos fundamentos do conhecimento.

9) [...]o conhecimento deve partir de uma observação dos


fatos. Aquilo que não pode ser verificado é
considerado desprovido de sentido, como a
afirmação “A alma é imortal” e outras de ordem
metafísica, religiosa e estética. Nisso consiste o
princípio de verificabilidade.

10) O positivismo lógico dos pensadores do Círculo de


Viena postulava que, para uma teoria ser considerada
“ciência”, ela deveria ser unificada em linguagem e fatos
que a fundamentassem. As proposições científicas,
assim, são apenas aquelas que se referem à
MANIFESTO “A CONCEPÇÃO CIENTÍFICA DO MUNDO:
O CÍRCULO DE VIENA” (1929)

Este documento, editado e publicado pelo Círculo de Viena em


1929, e com apoio de grande parte da comunidade acadêmica de
maior destaque na Europa e em outros continentes, indica o
rompimento definitivo com a metafísica e a filosofia racionalista.
Afirma também a adesão de seus membros ao positivismo ou
empirismo lógico, valorizando a ciência e a filosofia e
estabelecendo novos parâmetros de investigação científica, em
que agora se levava em conta a experimentação, a
verificabilidade, a matemática, a lógica e a linguagem, esta
última, como uma ferramenta de análise e maneira de
compreender, expor e resolver os problemas filosóficos. Bertrand
Russell, Wittgenstein e Frege, tiveram papéis de destaque e
foram importantes nesse movimento.

Ao que tudo indicava, nascia, ali, o embrião da VIRADA


LINGUÍSTICA, que veio de roldão com as demais recomendações
do manifesto.
A VIRADA LINGUÍSTICA -1
A virada linguística e a Filosofia Analítica mostram a importância
da linguagem na filosofia, como uma ferramenta de análise e
maneira de resolver e compreender os problemas filosóficos.
A virada linguística foi uma revolução no pensamento que ocorreu
durante o século XX. Os filósofos começaram a focar suas análises
na relação entre filosofia e linguagem. Exerceram importante papel
nessa “virada”, as obras e estudos de Ferdinand de
Saussure( linguista), Bertrand Russell, Frege, Wittgenstein. Mas
Nietzsche e Schopenhauer também já demonstravam, antes deles, a
mesma preocupação.

“[...]A virada linguística (em inglês: linguistic turn), chamada


também em português de giro linguístico, foi um importante
desenvolvimento da filosofia ocidental ocorrido durante o século XX,
cuja principal característica é o foco da filosofia e de outras 
humanidades primordialmente na relação entre filosofia e linguagem.
[...]Ludwig Wittgenstein pode ser considerado um dos idealizadores
da virada linguística. Isso pode ser compreendido a partir das ideias
presentes em seus primeiros trabalhos de que os problemas
filosóficos surgem de uma falta de compreensão da lógica da
A VIRADA LINGUÍSTICA-2
A virada linguística e a Filosofia Analítica mostram a importância da
linguagem na filosofia, como uma ferramenta de análise e maneira
de resolver e compreender os problemas filosóficos.

A virada linguística foi uma revolução no pensamento que


ocorreu durante o século XX. Os filósofos começaram a focar suas
análises na relação entre filosofia e linguagem.  Abaixo, um trecho
tirado do “manifesto”:
“[...]O segundo erro fundamental da metafísica consiste na
concepção de que o pensamento possa conduzir a
conhecimentos a partir de si, sem a utilização de qualquer
material empírico, ou que possa, ao menos, a partir de estados-
de-coisa dados alcançar conteúdos novos, mediante inferência.
A investigação lógica leva, porém, ao resultado de que todo
pensamento, toda inferência, não consiste senão na passagem
de proposições a outras proposições que nada contêm que
naquelas já não estivesse (transformação tautológica). Não é
possível, portanto, desenvolver uma metafísica a partir do
“pensamento puro”. (grifo nosso)
(Fonte: A concepção Científica do Mundo: 0 Círculo de Viena. Disponível em:
Uma vez que os alunos já compreenderam o que é linguagem,
filologia, língua, gramática e linguística, chegou a hora de
conhecer como o estudo e a divulgação do pensamento
filosófico evoluiu até os nossos dias.
PARTE IV
A “VIRADA LINGUÍSTICA”
• Conceitos comum e
filosófico
• Formas de linguagem
• Figuras de linguagem
• Usos da linguagem
• Pensamento e linguagem
Bertrand Russell Wittgenstein Gottlob Frege
(1872-1970) (1889-1951) (1848-1925)

PRECURSORES E INTRODUTORES
DA
“VIRADA LINGUÍSTICA”
Nietzsche Schopenhauer(1
(1844-1900) 788-1860)

Ferdinand de John Searle George Edward Moore


Saussure (1932-...)
ivosgreis@glob (1873-1958)
CONCEITO FINAL: “FILOSOFIA DA
LINGUAGEM”
Filosofia da linguagem é o ramo da filosofia que estuda a
essência e natureza dos fenômenos lingüísticos. Ela trata,
de um ponto de vista filosófico, da natureza do significado
linguístico, da referência, do uso da linguagem, do aprendizado
da linguagem, da criatividade dos falantes, da compreensão da
linguagem, da interpretação, da tradução, de aspectos
linguísticos do pensamento e da experiência. Trata também do
estudo da sintaxe, da semântica, da pragmática e da referência.

As principais questões investigadas pela disciplina são: Como as


frases compõem um todo signiticativo? O que é o significado das
"partes" (palavras) das frases? Qual a natureza do significado? O
que é o significado? O que fazemos com a linguagem? Como a
usamos socialmente? Qual sua finalidade? Como a linguagem se
relaciona com a mente do falante e do intérprete? Como a
linguagem se relaciona com o mundo?
E AGORA, O QUÊ?
Depois de tudo o que historicamente aconteceu e do trabalho dos
filósofos e intelectuais envolvidos, a filosofia hoje praticada, a partir
da “virada linguística”, tem no estudo da linguagem, da mente e da
ciência o seu principal foco. Por isso a tríade filosófica, a partir do
século XX, é:

FILOSOFIA DA CIÊNCIA
FILOSOFIA DA LINGUAGEM

FILOSOFIA DA MENTE

Agora que já foi concluída a aula, espera-se que os alunos já tenham


condições de responder ao questionário inicial, comparando a
quantidade de respostas certas de agora com as primeiras.

Se tiverem melhorado em pelo menos 30%, ou acertarem mais de


60% das perguntas, damos a nossa missão como cumprida.
REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA
Bibliografia (livros e artigos)
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Trad. Alfredo Bosi.. 5. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2007
MARIAS, Julián. História da Filosofia. Trad. Claudia Berliner. São Paulo: Martins
Fontes, 2004.
NIETZSCHE, Friedrich. Sobre Verdade e Mentira. Trad. Fernando de M. Barros. São
Paulo: Hedra, 2007
Ribeiro, Henrique Jales. Bertrand Russell e a Filosofia Analítica no século XX.
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Instituto de Estudos Filosóficos.
Coimbra, 2007. Disponível em: <
https://digitalis-dsp.uc.pt/jspui/bitstream/10316.2/34068/1/RFC31_artigo1.pdf >.
Acesso em: 19 out 2017
VYGOSTSKY, Lev Semanovich. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2008
WITTGENSTEIN, L. Investigações filosóficas. Trad. J. C. Bruni. São Paulo: Abril, 1975.
______. Investigações Filosóficas. Trad. L. H. L. Santos. São Paulo: Edusp, 2008
______. Tratado Lógico-Filosófico/Investigações Filosóficas. Porto (PT): Fundação
Calouste Gulbenkian, 2002
Lipman, Matthew. « Chapitre 1. Renforcer le raisonnement et le jugement par la
philosophie », La philosophie pour enfants. Le modèle de Matthew Lipman en discussion. De
Boeck Supérieur, 2008, pp. 11-24

Vídeos
V1: Filosofia da Linguagem (https://www.youtube.com/watch?v=IugiR7jFcuk

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