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A relação precoce e as competências do recém-nascido

Maxim Baldé
Psicopatologia Dinâmica da Criança e do Adolescente
Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa
27/02/2018
Os desejos de ter um filho (Brazelton & Cramer, 1989)
1. Identificação
2. Desejo de ser completo e omnipotente
3. Desejo de fusão e união com o outro
4. Desejo de se rever no filho
5. Realização de ideais e oportunidades perdidas
6. Renovação velhas relações
7. Oportunidade dupla de substituir e separar-se dos próprios pais
Gravidez
• Período de preparação física e psicológica
• Reconhecimento da responsabilidade
• Fonte de euforia, ansiedade e ambivalência
• Necessidade de reorganização
• Reencontro com os próprios pais
e o desejo da superação destes
9 meses de sentimentos, expectativas e fantasias
• Ser-mãe
Possibilidade de um filho defeituoso; mobilização de defesas: bebé
perfeito e totalmente desejado; sonhos e desejos ambivalentes;
períodos de exaltação e de depressão, apoio familiar, importância do
marido presente:

responsabilidade bipartida
9 meses de sentimentos, expectativas e fantasias
• Ser-pai
Sentimentos de exclusão; competição com a mãe pelo bebé e com o
bebé pela mãe; possibilidade de afastamento; papel social e cultural;
identificação com a mãe, “durante a gravidez o pai também engravida”

Síndrome de Couvade
9 meses de crescimento, aprendizagem e interação
• Movimentos fetais (Piontelli, 1995, referido por Reis, 2003)
Flexão da coluna e membros – 8ª semana
Sucção e deglutinação – 12ª semana
Complexificação do reportório – 15ª semana
Intencionalidade e escolha – 18ª semana
• Ciclos de atividade
• Desenvolvimento sensorial
• Reação a estímulos
9 meses de crescimento, aprendizagem e interação
• Movimentos fetais
• Ciclos de atividade (Mancia, 1996, referido por Reis, 2003)
Estado 1F - Sono tranquilo
Estado 2F - Sono activo
Estado 3F - Vigília tranquila
Estado 4F - Vigília activa
• Desenvolvimento sensorial
• Reação a estímulos
9 meses de crescimento, aprendizagem e interação
• Movimentos fetais
• Ciclos de atividade
• Desenvolvimento sensorial
(Querleu, 1995, referido por Reis, 2003)
Integrar dados sensoriais
Receber informações intra e extrauterinas
Aprender
• Reação a estímulos
In Sá, E. (2003).
Psicologia do Feto
e do Bebé
9 meses de crescimento, aprendizagem e interação
• Movimentos fetais
• Ciclos de atividade
• Desenvolvimento sensorial
• Reação a estímulos
Tácteis
Gustativos
Olfativos
Visuais
Sonoros
Competências do recém-nascido (Golse, 2006)
• Sensoriais
• Motoras
• Mnésicas
• Cognitivas
• Sociais
• Interativas
Comportamentais
Afetivas
Fantasmáticas
Da interação à relação (Stern, 1992)
• “Uma relação é determinada pela história de todas as interações, mas
implica mais que a soma total de interações do passado e do
presente. Uma das características principais é a perduração de uma
imagem mental, de um esquema, da representação da outra pessoa.”
Da interação à relação (Stern, 1992)
• Na conceção piagetiana, o esquema mental processa-se através da
interiorização de atos, sensações, e perceções resultantes desses
mesmos atos.
• Esquema compósito de:

 Experiência sensorial: emana das propriedades de estímulo particulares do


objeto ou da ação;

 Experiência motora: muscular e propriocetiva do bebé


Da interação à relação (Stern, 1992)
• Na interação com um participante humano, vivo e ativo, existe, além
de uma experiência sensorialmotora, um terceiro elemento associado
ao conjunto de comportamentos que se dão na relação do bebé com
a mãe.

 Experiência afetiva: alterações internas do nível de excitação e do afecto do


bebé.

(captação de atenção, sensação crescente de excitação e expetativa agradável


ou desagradável; subida rápida da excitação seguida de medo, desagrado ou
alegria; decréscimo de excitação, acompanhada por sensação agradável de
bem-estar; aborrecimento; perda de prazer, etc.)
Da interação à relação (Stern, 1992)
• Representações: unidades de experiência interiorizada

• Experiência sensorial-motora-afetiva; componente interrelacional

• Ligações entre representações relacionadas formam redes de representações

• “Logo que o bebé tenha formado uma representação, ainda que


moderadamente compreensiva, pode dizer-se que consegue trazer a cada
novo incidente interativo uma história da relação, sob a forma de uma
representação. Esta “história”, depois, tem efeito sobre a natureza de cada
nova interação”.
Aspetos essenciais da relação precoce
(Brazelton & Cramer, 1989)

• Sincronia
• Simetria
• Contingência
• Adesão
• Jogos
• Autonomia e flexibilidade
Aspetos essenciais da relação precoce
(Brazelton & Cramer, 1989)

• Sincronia
Capacidade dos pais e do bebé de alinharem as suas reações;
• Simetria
• Contingência
• Adesão
• Jogos
• Autonomia e flexibilidade
Aspetos essenciais da relação precoce
(Brazelton & Cramer, 1989)

• Sincronia
• Simetria
Pais influenciam e são influenciados pela capacidade de atenção, estilo e
preferências de comunicação do bebé
• Contingência
• Adesão
• Jogos
• Autonomia e flexibilidade
Aspetos essenciais da relação precoce
(Brazelton & Cramer, 1989)

• Sincronia
• Simetria
• Contingência
“Sintonia seletiva”, reportório de estímulos-respostas que “resultam” ou
“não-resultam”
• Adesão
• Jogos
• Autonomia e flexibilidade
Aspetos essenciais da relação precoce
(Brazelton & Cramer, 1989)

• Sincronia
• Simetria
• Contingência
• Adesão
Antecipação das respostas do parceiro em longas sequências; ajuste de um
parceiro a outro, imitação dos ritmos e vocalizações
• Jogos
• Autonomia e flexibilidade
Aspetos essenciais da relação precoce
(Brazelton & Cramer, 1989)

• Sincronia
• Simetria
• Contingência
• Adesão
• Jogos
Variação e criatividade dos comportamentos entre a criança e o pai ou a mãe;
aprendizagem por parte da criança da dominância sobre o outro e sobre si,
aprendizagem dos pais a manter a atenção e a aumentar o reportório do bebé
• Autonomia e flexibilidade
Aspetos essenciais da relação precoce
(Brazelton & Cramer, 1989)

• Sincronia
• Simetria
• Contingência
• Adesão
• Jogos
• Autonomia e flexibilidade
Sincronia, adesão e reações contingentes dos pais reforçam as capacidades e
a confiança do bebé em controlar a interação; é agora capaz de interromper o
diálogo de forma a suscitar novamente o interesse e a atenção da mãe;
respostas previsíveis dos pais aumentam a segurança do bebé para exprimir
novas respostas de forma flexível
Estudos “still face”
• https://www.youtube.com/watch?v=apzXGEbZht0

• Importância da previsibilidade de comportamentos parentais e


possibilidade de afastamento voluntário do bebé para a evolução
saudável da relação
Estudos “still face”
• https://www.youtube.com/watch?v=apzXGEbZht0

• Importância da previsibilidade de comportamentos parentais e


possibilidade de afastamento voluntário do bebé para a evolução
saudável da relação

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