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EU COM OS OUTROS

1. RELAÇÕES PRECOCES
Relações precoces
• Definição ou construção da personalidade (do “eu”)
• Processo contínuo
• Processo dinâmico
• Processo complexo
• Unidade anterior:“antes de mim”
– Genética:
• Hereditariedade
• Influência genética no desenvolvimento do indivíduo
– Sistema nervoso
• Composição, estrutura e funções do sistema nervoso
• Influência da estrutura fisiológica na definição do indivíduo
– Cultura
• Padrões culturais e adaptação
• Influência dos padrões culturais no desenvolvimento do indivíduo
Relações precoces
• Genética
– Hereditariedade
• Transmissão genética
• Cromossomas
– Código genético (dna)
• Genes
– Dominantes
– Recessivos
• Expressão genética
– Genótipo e fenótipo
– Relação parâmetros genéticos /construção do “eu”
• Filogénese e ontogénese
• Preformismo e Epigénese
Relações precoces
• Sistema nervoso
• Estrutura do SN
– SNC e SNP
– Células do sistema nervoso
» Neurónio
» Células gliais (astrócitos, oligodendrócitos)
– Comunicação nervosa : sinapses e neurotransmissores
• Funcionamento do sistema nervoso
– Organização do cérebro
» Hemisférios cerebrais
» Lobos cerebrais
» Córtex cerebral
• Cérebro e capacidade de adaptação do indivíduo
– Plasticidade cerebral (e nervosa)
– Desenvolvimento do cérebro
– Mecanismos cerebrais de adaptação
Relações precoces
• Cultura
– Padrões culturais
• Socialização
• Aculturação
– História pessoal (e memória)
• Significados
• Significação
– Diversidade humana
• Biológica
• Cultural
• Individual
– Papel da cultura no desenvolvimento do indivíduo
Relações precoces
• Construção do indivíduo
– Influências
• Genéticas
• Nervosas (fisiológicas)
• Culturais
– Mecanismos de adaptação
• Assimilação – um processo mental pelo  qual  se incorporam os 
dados das experiências aos esquemas de acção  e aos
esquemas existentes. É um movimento de integração do meio
no organismo.
• Acomodação -um processo mental pelo qual os sistemas
existentes vão modificar-se em função das experiências do
meio. É um movimento do organismo no sentido de se submeter
às exigências exteriores, adequando-se ao meio.
RELAÇÕES PRECOCES
• Caracterização das relações precoces
• 1º contacto com outros
• Outros - referência social e individual
• Homem - ser biologicamente social
• Construção do “eu” psicológico
– Dependente do outro como referência
– Processo de interrelacional contínuo
• A necessidade relacional aparece simultaneamente ao
aparecimento das necessidades básicas (de subsistência)
• Segundo alguns autores a necessidade relacional apesar de
parecer derivar ou ser implicada pelas necessidades básicas
apresenta-se com elevado grau de independência face a estas
últimas
Relações precoces
• Teoria da Vinculação
– 1969
– John Bowlby (psiquiatra e psicanalista inglês)
– Teses
• Os fundamentos da personalidade de um adulto são construídos
a partir de ligações sócio-afectivas precoces
• As ligações e vínculos precoces repousam sobre necessidades
e fundamentos biológicos
• A tendência primária para estabelecer vínculos é independente
de outras necessidades básica (pe. a alimentação)
– Relação precoce
• Relação recíproca estabelecida entre a criança e outras
pessoas (preferencialmente aquelas que cuidam ou passam
mais tempo com o bebé)
Relações precoces
• Comportamento de vinculação
– Reacção observável que informa a mãe da necessidade
relacional do bebé
– Parece ser de natureza inata
– Apresenta-se sob 5 formas distintas mas agrupáveis em
função da finalidade ou objectivo da acção
• Proximidade
– Riso, vocalizações, agarrar, gatinhar (em direcção a)
• Aversão
– Choro
– Novos estudos alargam o tipo de comportamentos de
vinculação a outras acções ou reacções observáveis no
bebé
• Fuga, afastamento (do olhar), desprezo, fechar os olhos, etc
Relações precoces
• Sorriso
– Até aos 3 meses é automático e involuntário
– 4º mês: ria alto e face a situações imprevistas
– 6 meses: sorriso social. Sorri para figuras de vinculação
• Choro
– Meio mais eficaz de estabelecer comunicação
– 4 padrões
• De fome
• De raiva
• De frustração
• De dor
Relações precoces
• Expressões faciais
• Estudaram-se expressões faciais no pressuposto de que estas
têm correspondência com as manifestadas pelos adultos
• Descobriram-se expressões relacionadas com a surpresa, a
raiva, a alegria, o medo, o interesse, a tristeza, a repugnância,
etc
• É uma mensagem que transmite uma expectativa de resposta,
logo tem valor comunicacional
• Vocalizações
• Sons de resposta às vocalizações dos adultos
• Lalação: emissão vocal produzida entre os 3 e os 6 meses
caracterizadas por repetição de sons silábicos
• Parecem ser inatas pois são verificadas em crianças que
nascem surdas
Relações precoces
• Figuras de vinculação
• Figura em relação à qual a criança dirige o seu comportamento
de vinculação
• Qualquer pessoa que se envolva numa interacção social viva e
durável com o bebé e responda aos seus sinais e aproximações
• A criança estabelece uma hierarquia de preferência em relação
ás diferentes figuras de vinculação
• As figuras de vinculação podem caracterizar-se quanto:
– À Quantidade: quanto maior o nº melhor
– À Qualidade: deve ser uma presença contínua e acessível
• Os trabalhos de Bowlby mostraram ainda que
– A separação prolongada causa grande ansiedade
– A ansiedade é um factor de risco de 1ª ordem
Relações precoces
• Relação de vinculação
– Resulta de uma construção progressiva
– A relação de vinculação implica:
• A procura da proximidade
• O sentimento de segurança
– Maior disposição para a exploração de espaços
– Maior desinibição na acção própria
• Refúgio
– Perante uma “ameaça” a criança retorna (procurando) a principal
ou uma das figuras de vinculação
• Reacções marcadas face à separação:
– ansiedade = factor de risco de 1ª ordem
Relações precoces
– O processo de vinculação
• O a 6 meses (fase de orientação)
– Discriminação das figuras de vinculação
– É importante que haja presenças contínuas e separações breves
• 6 meses a 3 anos (fase de focalização)
– Procura da proximidade com as figuras de vinculação
– 7 e 9 meses : consolidação dos esquemas vinculativos
– A segurança (devida à presença das figuras) reflecte-se na maior
ou menor disposição para explorar o meio físico e/ou social
– Demonstra facilmente afecção e rejeições
• + 3 anos (fase de solidificação da relação)
– Vontade própria e compreensão das acções alheias
– Aumento das capacidades cognitivas
» Uso da linguagem e pensamento em esquemas espacio-temporais
» Suporta o afastamento com maior facilidade
» Desenvolve a autonomia
Relações precoces
• Tipos de vinculação
– Experiência de Ainswoth com crianças e mães
• As crianças ficavam numa sala e as mães saíam e re-entravam
– Diferentes tipos de relação sugeridos por Ainsworth
• Vinculação segura
• Vinculação evitante
• Vinculação ambivalente/resistente
– Criticas às sugestões
• Baseiam-se num modelo ocidental de família
• Não reflectem a natureza pois são provocadas
• Não consideram o tipo de intenção da mãe na educação do filho
e portanto a conclusão não reflecte a realidade
• Muitas crianças consideradas “em risco” em função deste
modelo não revelaram na sua evolução qualquer desvio
Relações precoces
• Vinculação segura
• Brinca e é amistosa com desconhecidos com apresença de
figura de vinculação (FV)
• Protesta com partida da FV
• Procura contacto e conforto no regresso da FV
• Vinculação evitante
• A criança não é afectada pela partida ou regresso da FV
• É facilmente consolada por descomhecidos
• Mostra-se precocemente autónoma face á FV
• Vinculação ambivalente
• Agarra-se á FV
• Mostra-se ansiosa durante o teste
• É inconsolável na separação
• Revela aproximação e hostilidade no regresso
Relações precoces
• Vinculação e equilíbrio psicológico
– Relação eu/corpo
– Vivência da sexualidade
– Regulação emocional
• a crítica que atrás se fez ao modelo de Aisnwoth aplica-se aqui
na íntegra. Pode acontecer uma maior ou menor influência da
vinculação nestes aspectos, mas, o determinismo explicativo
deve ser evitado
– Primeiro porque o modelo não tem aplicação universal
– Segundo porque há inúmeros factores de outra ordem que
interferem na construção e solidificação destas
relações/estruturações
– Terceiro porque a resposta não é inata, mas sim cultural e
circunstancial, dependendo da educação e orientação de que o
bébé foi alvo não só nos primeiros meses de vida (quando ocorre o
fenómeno da vinculação) mas também ao longo da sua existência
Relações precoces
• Vinculação e individuação
• A vinculação proporciona a segurança
• A segurança reforça a autonomia e auto confiança
• Estas predispôem para a investigação e exploração
• Investigação e exploração solidificam a conciência do eu” por
contraposição ao “outro” e ao “mundo”
• A individuação é devedora quer da autonomia, quer da
consciência do “eu”
• O “eu” desenvolve-se num esforço progressivo de individuação
• A vinculação enquanto proporcionou a segurança e a autonomia
serviu de base ao processo de individuação
Relações precoces
• Perturbações nas relações precoces
– Harlow
• Estudos sobre a ausência maternal em macacos Rhesus
• Conclusões
– A vinculação está mais relacionada com a necessidade de conforto
e segurança do que com a satisfação de necessidades básicas
» As crias procuram a mãe “verdadeira” para socializarem ou se
refugiarem face ao perigo ou ameaça. Mas procuram indiferentemente
qualquer mãe para se alimentarem.
– A ausência da mãe (ou da figura de vinculação principal) tem
consequências devastantes no equilíbrio pessoa e social do
indivíduo
» As crias criadas em isolamento e portanto que não passaram pelo
processo de vinculação não se socializam com outras crias criadas
com as respectivas mães, isolando-se e formando um grupo próprio
sem contacto ou relação com o outro grupo.
Relações precoces
– Hospitalismo
– Designa o conjunto de perturbações evidenciadas por crianças
institucionalizadas e privadas de cuidados maternos
– Estas crianças revelaram
» Atraso no desenvolvimento corporal
» Dificuldades na habilidade manual
» Dificuldades na adaptação ao meio
» Atraso na linguagem
» Menor resistência às doenças
» Apatia (em casos mais graves)
– Os efeitos revelados nestas crianças podem ser irreversíveis
– Estudos revelaram igualmente
» Recusa em alimentar-se; perturbações do sono, dificuldade
locomotiva; comportamentos ansiosos
– A OMS declarou que: o desenvolvimento de uma saúde mental
correcta e harmoniosa depende, em muito, dos cuidados maternos
ocorridos na primeira infância
Relações precoces
• Os estudos de René Spitz
– Privação afectiva precoce conduz a 2 enfermidades
• Depressão anaclítica : resulta de privação parcial
• Síndrome do hospitalismo: resulta de privação total e duradoura
– Efeitos progressivos do hospitalismo
• 1º mês de separação: choro abundante e procura de conforto
junto de outras pessoas
• 2º mês de separação:
– o choro dá lugar ao gemido e ao lamento
– Perda de peso
– Interrupção no desenvolvimento psico-motor
• 3º mês de separação
– Evita o contacto com humanos
– Evita a actividade motora
– Sofre de insónia e permanece em situação de “marasmo”
Relações precoces
• Resiliência
– Capacidade para ultrapassar as adversidades e
situações, normalmente, geradoras de grande
ansiedade através de mecanismos de auto-
restabelecimento e resistência às doenças mentais
– Não é uma invulnerabilidade
– É uma forma de adaptação positiva
– Envolve mecanismos como
• A paciência
• A tenacidade
• A criatividade
– Implica a existência (e consciência desta) de factores
alternativos de protecção e segurança

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