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Serviço de

vinhos
2000 Séc. Séc. Séc. Séc.
1900 1986
a.C VIII XV XVIII XIX
Tartessos | 2 000 anos a.C.

Acredita-se que os Tartessos foram o povo que cultivou a vinha pela primeira vez na Península
Ibérica. O vinho seria utilizado como moeda de troca no comércio de metais.

Fenícios | Séc. X a.C.

Os Fenícios procuravam prata e estanho nos estuários do Guadiana, Sado, Tejo e Mondego. As
ânforas com vinho eram um dos produtos oferecidos ao povo ibérico em troca dos metais. Os
Fenícios deverão ter sido responsáveis pela introdução de novas castas utilizadas na produção de
vinho.

Gregos | Séc. VII a.C.

Os Gregos ocuparam a Península Ibérica e desenvolveram a vitivinicultura. Nesta fase as técnicas de


elaboração do vinho foram desenvolvidas, existindo vestígios dos instrumentos utilizados em
Alcácer do Sal.
Celtas e Iberos | Séc. VI a.C.

Os Celtas instalam-se na Península Ibérica. Eram um povo com conhecimentos vitícolas: já plantavam
vinhas, que trouxeram para a Península Ibérica. Alem disso, é possível que tenham introduzido novas
técnicas de tanoaria. Mais tarde, os Celtas fundem-se aos Iberos formando o povo Celtibero.

Romanos | Séc. II a.C.

Os romanos conquistaram a Península Ibérica e foram responsáveis por grandes desenvolvimentos na


vitivinicultura. Introduziram a plantação de novas castas e melhoraram as técnicas de cultivo da
vinha, nomeadamente a poda. O vinho era enviado para Roma, já que a produção própria não era
suficiente para responder à procura.

Povos Bárbaros | Séc. VII d.C.

Após sucessivas batalhas os povos bárbaros, nomeadamente os Suevos e Visigodos, conseguiram


expulsar os Romanos da Península Ibérica. Os povos bárbaros adoptaram a religião e costumes do
povo romano, entre os quais, o vinho, mas não desenvolveram as práticas de cultivo da vinha. O
vinho era ainda utilizado nas cerimónias religiosas.
Vinho é um produto obtido a partir da fermentação alcoólica total ou parcial de uvas
frescas (pisadas ou não) ou do mosto de uvas frescas. É obrigatório que a sua graduação
alcoólica seja superior a 8,5%.

O vinho tranquilo é todo aquele que não contém gás, ao contrário dos vinhos espumantes e
frisantes (como alguns Vinho Verdes) que possuem desprendimento de gás. São
normalmente tintos ou brancos, mas existe também a versão rosé.

Os vinhos brancos tranquilos são feitos a partir da fermentação de uvas sem pele.
Todavia, há alguns brancos que são elaborados a partir do processo de maceração
pelicular, ou seja, as peles das uvas mantêm-se em contacto com o mosto antes da
fermentação para uma maior concentração aromática. Curiosamente, as castas
utilizadas não precisam de ser apenas brancas: há vinhos brancos que utilizam castas
tintas. Estes vinhos têm aspecto límpido e cor amarela bastante clara ou um pouco
mais escura, a lembrar o amarelo da palha. São bastante suaves e aromáticos
(predominam os odores a flores e frutos).
Os vinhos tintos tranquilos são produzidos a partir da fermentação de uvas
tintas. A gama de cores no vinho tinto vai desde o vermelho rubi até ao
vermelho mais escuro. Os tintos jovens são suaves, bastante aromáticos e
geralmente têm um sabor delicado. Os tintos mais envelhecidos têm um
aroma muito intenso e na boca apresentam uma textura macia (diz-se que
são aveludados) e um elevado teor alcoólico (são encorpados).

Os vinhos rosés são elaborados a partir de castas tintas e através de um


processo especial de fermentação. Após um curto período de tempo retiram-
se as peles das uvas, pois já foi transferida alguma coloração rosada ao
vinho. Depois segue-se um processo de fermentação semelhante ao do vinho
branco (fermentação sem peles). Em Portugal é permitido fazer rosé a partir
da mistura de vinhos brancos e tintos. Os rosés podem adquirir diferentes
tonalidades: desde o rosa pálido ao vermelho claro. O seu sabor resulta do
equilíbrio entre as características do vinho branco (a leveza e suavidade) e
do vinho tinto (sobressaem aromas a frutos, especialmente os vermelhos).
Em Portugal ainda é comum a distinção popular entre vinho verde e
maduro, que pretende contrastar os “Vinhos Verdes” com o vinho
produzido nas outras regiões portuguesas. Tecnicamente “vinho verde” é
uma região e não um tipo de vinho.

Os vinhos generosos ou licorosos resultam da adição de álcool (álcool


puro, aguardente ou brandy) durante o processo de fermentação, de
modo a suspender o processo de transformação dos açúcares em
álcool. Deste modo, o vinho fica mais doce e alcoólico do que qualquer
vinho de mesa. Em Portugal, a produção de generosos corresponde ao
Vinho do Porto, Madeira e Moscatel.
VINHOS LICOROSOS

Os vinhos licorosos, generosos ou fortificados são vinhos de elevada força alcoólica,


provenientes de mostos cuja fermentação foi interrompida pela adição de aguardente
vínica.
Do ponto de vista organolético, estes vinhos são caracterizados por possuírem uma
elevada doçura e alto teor alcoólico (até 22% em volume), o que por sua vez exige
também, para garantir o seu equilíbrio organolético, uma grande presença de ácidos e/ou
taninos. Na realização deste estilo de vinhos, impõe-se assim a escolha de castas com
grande concentração, bem como métodos de vinificação que proporcionem elevadas
extrações peliculares.
No que respeita aos aromas, a sua concentração, aliada a longos estágios em madeira
e/ou grandes períodos de envelhecimento em garrafa, proporciona a obtenção de vinhos
de uma complexidade aromática inigualável.
A produção de vinhos licorosos em Portugal é caracterizada por uma grande diversidade
de estilos, promovida não só pela enorme disseminação destes vinhos por todo o País,
mas também pela multiplicidade de terroirs, castas e métodos de vinificação típicos de
cada região, que revestem de um carácter único os vinhos que nelas nascem. Destacam-
se, pela sua importância, o Vinho do Porto, o Moscatel de Setúbal, o Moscatel do Douro e
o Vinho da Madeira.
Vinho do Porto
O Vinho do Porto distingue-se dos vinhos comuns
pelas suas características particulares: uma enorme
diversidade de tipos que nos surpreendem em
riqueza e intensidade de aroma, numa persistência
muito elevada quer de aroma quer de sabor, num
teor alcoólico elevado (geralmente compreendido
entre os 19 e os 22% vol.), numa vasta gama de
doçuras e grande diversidade de cores. Existe um
conjunto de designações que possibilitam a
identificação dos diferentes tipos de Vinho do Porto.
No vinho do Porto há uma enorme variedade de cores, uma vez que este vinho é obtido a partir de
castas brancas e tintas. Assim, as cores dos tintos podem variar entre o tinto escuro e claro e as cores
dos brancos variam entre o branco pálido e o dourado. É curioso notar que à medida que o vinho
branco envelhece a sua tonalidade torna-se mais próxima do âmbar. Por outro lado, o vinho tinto vai
perdendo intensidade de cor podendo até ficar com tonalidades próximas de um vinho do Porto branco
muito velho. Ao nível da doçura, os vinhos do Porto podem classificar-se em muito doce, doce, meio
seco ou extra seco (dependendo do momento em que se interrompe a fermentação) e segundo o tipo
de envelhecimento podem ser vintage (se forem provenientes de uma única colheita de qualidade
reconhecida e engarrafados entre 24 e 36 meses após a vindima), tawny (envelhecimento em casco,
MOSCATÉIS

Os Moscatéis são vinhos generosos elaborados


a partir de uvas das variedades do tipo Moscatel
e que constituem um grupo de castas particular,
que se caracteriza por possuir uma riqueza
aromática invulgar, uma vez que detém, em
relação à média das castas, o dobro da
concentração
de substâncias aromáticas e de precursores
de aromas. Em Portugal são utilizadas
essencialmente três castas do tipo Moscatel:
Moscatel de Setúbal (ou Moscatel branco de
bagos grandes), Moscatel Galego (ou Moscatel
de bagos pequenos) e Moscatel Roxo.
A tipicidade imprimida pelos terroirs, castas e
processos vitivinícolas característicos conduziram
à criação de duas Denominações de Origem
de vinhos generosos realizados a partir de
uvas Moscatel: o Moscatel de Setúbal e o Moscatel
do Douro (Favaios).
VINHO DA MADEIRA
Os primeiros vinhos produzidos no arquipélago da Madeira não
eram vinhos fortificados e a descoberta do vinho generoso apenas
surgiu quando se intensificou o comércio do vinho para outras
latitudes. Os produtores, temendo que o vinho se adulterasse,
procediam ao seu
enriquecimento com aguardente de cana.
Contra tudo o que se julgava provável, constatou-se também que
o vinho dos navios que tornavam às ilhas depois destas jornadas
revelava uma melhoria singular na sua qualidade.
O calor e a constante oscilação provocada pela ondulação do mar,
em vez de degradarem as propriedades do vinho, conferiam-lhe
um bouquet mais concentrado, complexo e uma suavidade
extraordinária. A fama destes vinhos ganhou uma tal dimensão
que passou a ser prática o seu embarque apenas para que
realizasse a viagem de ida e volta (muitas vezes até à Índia), de
modo a que adquirisse este carácter único.
Nasceu, assim, o “Vinho de Volta”, “Vinho de
Roda da Índia” ou simplesmente “Vinho de
Roda”, nomes com os quais negociantes e
exportadores o apelidavam.
No entanto, este processo de maturação não
só era dispendioso, como a sua demora não
permitia responder à crescente procura pelo
vinho. Assim, por forma a solucionar este
problema, os produtores aperfeiçoaram dois
métodos de estágio: a Estufagem e o de
Canteiro, que procuram criar condições
semelhantes às do Vinho
O vinho da Madeira varia de
emRoda
grau em terra
de doçura
firme.
e graduação alcoólica de acordo com a casta
utilizada na sua produção. Os vinhos da
casta Sercial são secos, perfumados e de cor
clara. A casta Verdelho origina um vinho
meio seco, delicado e de cor dourada,
enquanto os vinhos da casta Boal têm cor
dourada escura e uma textura mais suave. A
casta Malvasia produz a variante doce dos
Madeira: um vinho com perfume intenso e
de cor vermelha acastanhada.
VINHOS DE COLHEITA TARDIA
A doçura e a riqueza aromática dos vinhos de colheita tardia
adequam-se bastante ao gosto moderno, conquistando desde os
consumidores mais conhecedores aos mais leigos.
Também a sua capacidade de enobrecer um vasto número de
iguarias torna estes vinhos uma escolha cada vez mais reiterada.
Realizados a partir de uvas em sobrematuração, neles estão
incluídos os Ice-Wine (Canadá, Alemanha, Áustria e Suíça), os
vinhos das regiões de Tokaj-Hegyalja (Hungria) e Sauternes
(França), e os Vinho-Santo e Passitos (Itália).

Em Portugal, os vinhos de colheita tardia começaram a ganhar


maior expressão na última década e contam já com assento em
todas as regiões vitícolas do País. Realizados, geralmente, com
castas brancas, recorre-se, no entanto, a castas muito diferentes
de acordo com o estilo de vinho pretendido. Entre as mais
frequentes, destacam-se as castas Fernão Pires, Semillion,
Malvasia Fina, Moscatel, Petit Manseng, Arinto e Cercial.
Mas, já se fazem também vinhos de colheita tardia de castas
tintas, como a Touriga Nacional, por exemplo.
Os vinhos espumantes distinguem-se pela
presença de dióxido de carbono
proveniente da fermentação secundária,
que lhes atribui a típica “bolha” e espuma.
Normalmente os vinhos espumantes têm a
sua fase final de fermentação em garrafa
(método clássico ou champanhês). Existe
ainda o método contínuo onde a
fermentação se efectua através da
passagem do vinho por diferentes tanques
(onde o vinho fermenta e envelhece) e o
método charmat onde a fermentação se
realiza numa cuba fechada. Portugal
produz espumante nas variantes branco,
tinto e rosé.
A tradição dos vinhos
portugueses
A fundação de Portugal, em 1143 por D. Afonso Henriques, e a conquista da totalidade
do território português aos mouros, em 1249, permitiu que se instalassem Ordens
religiosas, militares e monásticas, com destaque para os Templários, Hospitalários,
Santiago da Espada e Cister, que povoaram e arrotearam extensas regiões, tornando-se
activos centros de colonização agrícola, alargando-se, deste modo, as áreas de cultivo
da vinha. O vinho passou, então, a fazer parte da dieta do homem medieval começando
a ter algum significado nos rendimentos dos senhores feudais. No entanto, muita da sua
importância provinha também do seu papel nas cerimónias religiosas.

Os vinhos de Portugal começaram a ser conhecidos até no norte da Europa.

Foi na segunda metade do século XIV, que a produção de vinho começou a ter um
grande desenvolvimento, renovando-se e incrementando-se a sua exportação.

Nos séculos. XV e XVI, no período da expansão portuguesa, as naus e galeões que


partiram em direcção à Índia, um dos produtos que transportavam era o vinho. No
período áureo que se seguiu aos Descobrimentos, os vinhos portugueses constituíam
lastro nas naus e caravelas que comercializavam os produtos trazidos do Brasil e do
Oriente.
Será talvez oportuno referirem-se aqui os vinhos de "Roda" ou de "Torna Viagem". Se
pensarmos quanto tempo demoravam as viagens. ..Eram, na generalidade, cerca de
seis longos meses em que os vinhos se mantinham nas barricas, espalhadas pelos
porões das galés, sacudidas pelo balancear das ondas, ou expostos ao sol, ou por
vezes até submersas na água dos do fundo dos navio... E o vinho melhorava!

Tal envelhecimento suave era proporcionado pelo calor dos porões ao passarem, pelo
menos duas vezes, o Equador e pela permanência do vinho nos tonéis, tornando-os
ímpares, preciosos e, como tal, vendidos a preços verdadeiramente fabulosos. O
vinho de "roda" ou de "torna viagem" veio assim facultar o conhecimento empírico
de um certo tipo de envelhecimento, cujas técnicas científicas se viriam a
desenvolver posteriormente.

Em meados do século XVI, Lisboa era o maior centro de consumo e distribuição de


vinho do império - a expansão marítima portuguesa levava este produto aos quatro
cantos do mundo.

Chegados ao século XVII, o conjunto de publicações de várias obras de cariz


geográfico e relatos de viagens, quer de autores portugueses, quer de autores
estrangeiros, permite-nos entender o percurso histórico das zonas vitivinícolas
portuguesas, o prestígio dos seus vinhos e a importância do consumo e do volume
de exportações.
Em 1703, Portugal e a Inglaterra assinaram o Tratado de Methwen, onde as trocas
comerciais entre os dois países foram regulamentadas. Ficou estabelecido um regime
especial para a entrada de vinhos portugueses em Inglaterra. A exportação de vinho
conheceu então um novo incremento.

No século XVIII, a vitivinicultura, tal como outros aspectos da vida nacional, sofreu a
influência da forte personalidade do Marquês de Pombal. Assim, uma grande região
beneficiou de uma série de medidas proteccionistas - a região do Alto Douro e o afamado
Vinho do Porto. Em consequência da fama que este vinho tinha adquirido, verificou-se um
aumento da sua procura por parte de outros países da Europa, para além da Inglaterra,
importador tradicional. As altas cotações que o Vinho do Porto atingiu fizeram com que os
produtores se preocupassem mais com a quantidade do que com a qualidade dos vinhos
exportados, o que esteve na origem de uma grave crise. Para pôr fim a esta crise, o
Marquês de Pombal criou em 10 de Setembro de 1756, a Companhia Geral da Agricultura
das Vinhas do Alto Douro, para disciplinar a produção e o comércio dos vinhos da região,
prevendo ainda a necessidade de se fazer, urgentemente, a demarcação da região, o que
veio a concretizar-se. Assim, segundo alguns investigadores, foi esta a primeira região
demarcada oficialmente no mundo vitivinícola.
O século XIX foi um período negro para a vitivinicultura. A praga da filoxera, que apareceu
inicialmente na região do Douro em 1865, rapidamente se espalhou por todo o país,
devastando a maior parte das regiões vinícolas.

Em 1907/1908, iniciou-se o processo de regulamentação oficial de várias outras denominações


de origem portuguesas. Para além da região produtora de Vinho do Porto e dos vinhos de mesa
Douro, demarcavam-se as regiões de produção de alguns vinhos, já então famosos, como são o
caso dos vinhos da Madeira, Moscatel de Setúbal, Carcavelos, Dão, Colares e Vinho Verde.

Foi criada a Federação dos Vinicultores do Centro e Sul de Portugal (1933), organismo
corporativo dotado de grandes meios e cuja intervenção se marcava, fundamentalmente, na
área da regularização do mercado. À Federação, seguiu-se a Junta Nacional do Vinho (JNV)
(1937), e à Junta seguiu-se o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) (1986), organismo adaptado às
estruturas impostas pela nova política de mercado decorrente da adesão de Portugal à
Comunidade Europeia.

Surge, então, uma nova perspectiva na economia portuguesa e, consequentemente, na


viticultura. O conceito de Denominação de Origem foi harmonizado com a legislação
comunitária, e foi criada a classificação de "Vinho Regional", para os vinhos de mesa com
indicação geográfica, reforçando-se a política de qualidade dos vinhos portugueses.
Com objectivos de gestão das Denominações de Origem e dos Vinhos Regionais, de aplicação,
vigilância e cumprimento da respectiva regulamentação, foram constituídas Comissões
Vitivinícolas Regionais, que têm um papel fundamental na preservação da qualidade e do prestígio
dos vinhos portugueses.
Actualmente estão reconhecidas e protegidas, na totalidade do território português 33
Denominações de Origem e 8 Indicações Geográficas.

Algumas curiosidades históricas


• Moscatel de Setúbal - (1381) Nesta data Portugal já exportava grande quantidade deste
vinho para a Inglaterra.
• Vinho do Porto - o Tratado de Methwen (1703) assinado entre Portugal e a Grã-Bretanha,
contribuiu para a popularidade deste vinho que beneficiava de taxas aduaneiras preferenciais.
Durante o século XVIII, para os ingleses, vinho era praticamente sinónimo de vinho do Porto.
• Vinhos da Bairrada - No Reinado de D. Maria I (1734/1816) os vinhos portugueses adquiriram
grande projecção, tendo-se iniciado a exportação de vinhos, com destaque para os desta região,
que foram exportados para a América do Norte, França, Inglaterra e, em especial, para o Brasil,
onde eram muito apreciados.
• Vinho de Bucelas - Com as Invasões Francesas (1808/1810) este vinho começou a ser
conhecido internacionalmente. Wellington apreciava-o de tal maneira que o levou de presente ao
então príncipe regente, mais tarde Jorge III de Inglaterra. Depois da Guerra Peninsular, este vinho
tornou-se um hábito na corte Inglesa.
No tempo de Shakespeare (1564/1613) o vinho de Bucelas era conhecido por "Lisbon Hock"
(vinho branco de Lisboa) (1564/1613).
• Vinho de Carcavelos - (1808/1810) foi bem conhecido das tropas de Wellington que o
levaram para Inglaterra, tendo sido, durante largos anos, exportado em grandes quantidades.
• Vinho da Madeira - (1808/1810) Considerado um dos vinhos de maior requinte nas cortes
europeias, tendo chegado mesmo a ser usado como perfume para os lenços das damas da
corte. Na corte inglesa este vinho rivalizava com o vinho do Porto. Shakespeare (1564/1613)
referiu-se ao vinho da Madeira como essência preciosa, na sua peça "Henrique IV".
O duque de Clarence, irmão de Eduardo IV (séc. XV) deixou o seu nome ligado a este vinho
quando, ao ter sido sentenciado à morte na sequência de um atentado contra o seu irmão,
escolheu morrer por afogamento num tonel de Malvasia da Madeira.
Mas para além da Inglaterra, também a França, a Flandres e os Estados Unidos o importavam.
Francisco I (1708/1765), orgulhava-se de o possuir e considerava-o "o mais rico e delicioso de
todos os vinhos da Europa". As famílias importantes de Boston, Charleston, Nova Iorque e
Filadélfia disputavam umas às outras os melhores vinhos da Madeira.
• Vinho do Pico - Açores - (Séc. XVIII) foi largamente exportado para o Norte da Europa e até
mesmo para a Rússia. Depois da revolução (1917), foram encontradas garrafas de vinho
"Verdelho do Pico" armazenadas nas caves dos antigos czares.
Os vinhos portugueses são conhecidos mundialmente pela sua tradição e importância no
cenário vinícola. Mas nem sempre esta história foi assim, já que por muitos anos os
portugueses produziram vinhos de baixa qualidade, não sendo considerados grandes
produtores. No entanto, diante das mudanças e influências sociais e políticas do país,
Portugal atingiu um grande desenvolvimento econômico, investindo bastante na produção
de vinhos, fabricando as melhores bebidas do mundo, a partir de métodos tradicionais.
Esta persistência foi fundamental para elevar a qualidade dos vinhos portugueses, atraindo
apreciadores pelo mundo todo. Mas o interessante, é que estes vinhos são tão saborosos
que os próprios portugueses são os maiores fãs da bebida, por isso o consumo por pessoa
chega em média até 42,2 litros por ano, o que também mantém Portugal como o sétimo
país que mais se consome vinho.
Devido a este reconhecimento, os vinhos portugueses são classificados de acordo com seus
níveis de qualidade, isso mostra o quanto o país está preocupado e engajado a produzirem
excelentes produtos. Por isso, se você adquirir uma bela garrafa dos vinhos portugueses é
importante prestar atenção nos rótulos para compreender melhor a qualidade de cada um.
Se na embalagem estiver escrito Vinhos Regionais, saiba que estas bebidas possuem uma
qualidade superior, sendo produzidas com até 85% de uvas da mesma região específica,
porém os Vinhos de Mesa são o contrário, pois são produzidos em qualquer região de
Portugal e não informam com detalhes os métodos de fabricação.
Contudo, existem outras classificações importantes, como os Vinhos D.O.C(Denominação
de Origem Controlada), que são produzidos com um alto nível de qualidade, a partir de
métodos bem exigentes. Já os Vinhos Q.P.R.D (Qualidade Produzido em Região
Determinada), assim como o próprio nome diz, são produzidos em regiões determinadas,
de alta qualidade e também com algumas regras impostas como os vinhos D.O.C.
Portugal ainda possui duas regiões que produzem vinhos e que são protegidas pela
UNESCO, consideradas como patrimônio mundial, sendo: Região Vinhateira do Alto Douro e
Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico. Hoje os vinhos portugueses buscam
globalização, qualidade e reconhecimento internacional, além de uma produção com alta
diversidade e competitividade no mercado.
Designações oficiais

A entrada de Portugal na União Europeia (na


altura CEE) obrigou a certas alterações na
designação dos vinhos produzidos. O
conceito Denominação de Origem é
atribuído a vinhos que, pelas suas
características, estão intimamente
associados a uma determinada região: têm
origem e produção nessa região e possuem
qualidade ou características inerentes ao
meio geográfico (factores naturais e
humanos). Estes vinhos são submetidos a
um elevado controlo em todas as etapas de
elaboração. As comissões vitivinícolas
regionais examinam os processos de
elaboração e produção do vinho, de modo a
preservar a qualidade e as suas
características únicas.
VQPRD significa Vinho de Qualidade Produzido em Região
Determinada.
Existem também as terminologias

VLQPRD(Vinho Licoroso de Qualidade Produzido em Região Determinada),

VEQPRD (Vinho Espumante de Qualidade Produzido em Região Determinada) e

VFQPRD (Vinho Frisante de Qualidade Produzido em Região Determinada).

A designação VQPRD abrange os vinhos classificados como DOC e IPR.

DOC (Denominação de Origem Controlada): Vinhos provenientes das regiões produtoras


mais antigas e, por isso, sujeitos a legislação própria (características dos solos, castas,
vinificação, engarrafamento).

IPR (Indicação de Proveniência Regulamentada): Vinhos de regiões que, dentro de um prazo


mínimo de 5 anos, têm de cumprir as regras de produção dos vinhos de qualidade, para
serem classificadas como DOC.
Vinhos
Regionais
Vinhos que possuem indicação geográfica. Por
vezes são produzidos em regiões DOC, mas como
não respeitam alguma regra de produção ou
elaboração não são catalogados como tal. No
vinho regional é admitido incluir 15% de vinho
proveniente de outras regiões, utilizar castas e
tipos de garrafas não autorizadas nos vinhos DOC
ou encurtar os tempos de estágio.
Para denominar os vinhos regionais utiliza-se a
região de onde estes provêm: “Minho”; “Trás-os-
Montes” com a sub-região “Terras Durienses”;
“Beiras” com as sub-regiões “Beira Alta”, “Beira
Litoral” e “Terras de Sicó”; “Tejo”; “Estremadura”
com a sub-região “Alta Estremadura” e
"Estremadura", “Terras do Sado”, “Alentejano” e
“Algarve”.
Vinhos Verdes

Trás-os-Montes

Douro

Bairrada

Dão

Beira Interior, Távora-Varosa e Lafões

Lisboa

Ribatejo

Península de Setúbal

Alentejo

Algarve

Madeira

Açores
Região onde predominam as tonalidades verdes da vegetação
exuberante típica de uma região com bastante humidade.
Contudo, o nome Vinhos Verdes não se deve apenas ao meio
envolvente onde crescem as vinhas: é nesta região que se
produz um vinho tipicamente acidulado, leve, medianamente
alcoólico e de óptimas propriedades digestivas.
A região dos Vinhos Verdes/Minho é a maior zona vitícola
portuguesa e situa-se no noroeste do país, coincidindo com a
região não vitícola designada por Entre Douro e Minho. A região
é rica em recursos hidrográficos, sendo limitada a norte pelo
Rio Minho e pelo Oceano Atlântico a oeste.
No interior da região predominam as serras, sendo a mais
elevada a Serra da Peneda com 1373 m.
Na região os solos são maioritariamente graníticos e pouco
profundos. Apresentam uma acidez elevada e baixo nível de
fósforo, possuindo uma fertilidade relativamente baixa.
Contudo, devido acção do homem durante séculos (construção
de socalcos e utilização de adubos naturais), tornaram-se mais
férteis.
O clima da região é influenciado pelas brisas marítimas do Oceano Atlântico, por isso as
temperaturas são amenas durante todo o ano. Os níveis de precipitação são elevados e mesmo
no Verão é possível que haja vários dias de chuva seguidos, por isso o nível de humidade
atmosférica é relativamente alta.
Nesta região ainda subsistem residualmente as mais antigas formas de condução da vinha,
sendo uma delas, a vinha de enforcado ou uveira: as videiras são plantadas junto a uma árvore
e crescem apoiadas nos ramos da árvore de suporte. No entanto, a maioria das novas
explorações vitícolas optam por métodos modernos de condução da vinha. Embora os sistemas
de condução da vinha tradicionalmente usados nesta região não estimulassem a qualidade dos
vinhos, dificultando o amadurecimento das uvas e proporcionando níveis elevados de acidez,
não se deverá concluir que a tradição mandava colher as uvas antes de amadurecerem. Prova
disso é que nesta região, as vindimas eram prolongadas até finais de Outubro ou inícios de
Novembro. As castas brancas mais utilizadas na produção do vinho desta região são: a casta
Alvarinho, Loureiro, Trajadura, Avesso, Arinto (designada por Pedernã nesta região) e Azal.
A região foi delimitada no início do século XX e, actualmente, a Denominação de
Origem divide-se em nove sub-regiões: Monção, Lima, Basto, Cávado, Ave, Amarante,
Baião, Sousa e Paiva. Cada uma produz formas distintas de Vinho Verde, sendo notórias
as diferenças entre os vinhos produzidos no norte ou no sul da região. Por exemplo, o
Alvarinho de Monção é um vinho branco seco e bastante encorpado, enquanto o
Loureiro do vale do Lima é mais suave e perfumado. O vinho tinto produzido na região
dos Verdes, outrora o vinho que dominava a produção da região, é actualmente
consumido quase exclusivamente pelas populações locais. Este vinho é muito ácido e
tem uma cor vermelha bastante carregada. É elaborado a partir de castas como Vinhão,
Borraçal, Brancelho, entre outras, sendo apreciado para acompanhar a gastronomia
típica da região.
No extremo Nordeste de Portugal, a norte da região do Douro, existe a
região vitivinícola de Trás-os-Montes que se divide em três sub-regiões:
Chaves, Valpaços e Planalto Mirandês.
O nome Trás-os-Montes refere-se à localização da região: situa-se para
lá das serras do Marão e Alvão, a norte do rio Douro. É uma zona
montanhosa e de solos essencialmente graníticos.
O clima é seco e muito quente no Verão e no Inverno, pelo contrário, as
temperaturas atingem muitas vezes valores negativos.
Na sub-região de Chaves a vinha é plantada nas encostas de pequenos
vales, onde correm os afluentes do rio Tâmega. A sub-região de
Valpaços é rica em recursos hídricos e situa-se numa zona de planalto.
No Planalto Mirandês é o rio Douro que influencia a viticultura.
As castas plantadas são praticamente comuns nas três sub-regiões. As
castas tintas mais plantadas são a Trincadeira, Bastardo, Marufo, Tinta
Roriz, Touriga Nacional e Touriga Franca. As castas brancas de maior
expressão na região são a Síria, Fernão Pires, Gouveio, Malvasia Fina,
Rabigato e Viosinho.
Os vinhos tintos desta região são geralmente frutados e levemente
adstringentes. Os vinhos brancos são suaves e com aroma floral.
Vinha histórica

Na região de Trás-os-Montes o cultivo da vinha é secular. Existem referências que comprovam a produção de vinho
durante a ocupação romana na região. Estes vinhos eram conhecidos pela sua grande qualidade.

Para além do vinho

A região de Trás-os-Montes é também famosa pela qualidade das suas águas termais. Estas são referenciadas desde a
época da romanização.
Há um vinho que caracteriza imediatamente a região do Douro, o
vinho do Porto. Este, embaixador dos vinhos portugueses, nasce
em terras pobres e encostas escarpadas banhadas pelo rio Douro.
Além do Porto, esta região é cada vez mais reconhecia pelos
excelentes vinhos tintos e brancos.
A região do Douro localiza-se no Nordeste de Portugal, rodeada
pelas serras do Marão e Montemuro. A área vitícola ocupa cerca de
40000 hectares, apesar da região se prolongar por cerca de
250000 hectares. O rio Douro e os seus afluentes, como por
exemplo o Tua e o Corgo, correm em vales profundos e a maior
parte das plantações são encaixadas nas bacias hidrográficas dos
rios.
Os solos durienses são essencialmente compostos por xisto
grauváquico embora, em algumas zonas, existam solos graníticos.
Estes solos são particularmente difíceis de trabalhar e no Douro a
dificuldade é agravada pela forte inclinação do terreno. Por outro
lado, estes solos são benéficos para a longevidade das vinhas e
permitem mostos mais concentrados de açúcar e cor.
O esforço do homem na conversão dos solos inóspitos em vinhas
resultou na aplicação de três formas distintas de plantação: em
socalcos, em patamares e ao alto. Os socalcos são frequentes em
zonas cuja inclinação é elevada e assemelham-se a varandas
separadas por muros de xisto grauváquico. Os patamares são
constituídos por terraços construídos mecanicamente sem muros
de suporte às terras, enquanto a plantação ao alto tem em conta
a drenagem dos terrenos e o espaço necessário para a
mecanização e movimentação das máquinas na vinha.
As vinhas dispõem-se do cimo dos vales profundos até à margem
do rio e criam uma paisagem magnífica reconhecida pela
UNESCO como Património da Humanidade em 2001. Ao
admirável cenário, alia-se a excelência dos vinhos produzidos nas
três sub-regiões do Douro: Baixo Corgo a oeste, Cima Corgo no
centro e Douro Superior a leste.
A distribuição da área das vinhas não é uniforme. No Baixo Corgo a área de
vinha ocupa cerca de 14000 hectares e o número de produtores é de quase
16000, isto é, em média cada produtor detém menos de um hectare de vinha.
O Douro Superior é uma região mais desértica e o número de produtores é
inferior ao número de hectares de vinha (quase 9000 hectares para pouco
mais de 7900 produtores).

Em cada sub-região há ligeiras alterações climáticas, devido à altitude e à


exposição solar nos vales profundos. De um modo geral, o clima é bastante
seco e os conjuntos montanhosos oferecem às vinhas protecção contra os
ventos. No Baixo Corgo o ar é mais húmido e fresco, pois recebe ainda alguma
influência atlântica. Além disso, a pluviosidade é mais elevada, ajudando a
fertilizar os solos e a aumentar a produção. No Cima Corgo, o clima é
mediterrâneo e no Douro Superior chega mesmo a ser desértico (as
temperaturas chegam aos 50ºC no Verão).
O melhor vinho do Porto é feito nas encostas mais áridas e próximas do rio, enquanto os
vinhos de mesa são produzidos nas encostas mais frescas. A região do Baixo Corgo,
outrora considerada a melhor região para a produção do vinho do Porto, revela melhores
condições para a produção de vinho de mesa. Na zona do Pinhão (Cima Corgo) os bagos de
uva atingem maior concentração de açúcar, sendo uma área considerada perfeita para a
produção de vintages. Os vinhos brancos, espumantes e o generoso Moscatel provêm das
regiões mais altas de Cima Corgo e Douro Superior.

As castas cultivadas na região não são célebres pela sua elevada produção, contudo têm
uma história secular, já que algumas castas provêm da época da Ordem de Cister (Idade
Média). Na segunda metade do século XX, iniciou-se o estudo e análise das castas
plantadas e chegou-se à conclusão que as melhores castas para a produção de vinho do
Douro e Porto são: a Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Aragonez (na região
denominada de Tinta Roriz) e Tinto Cão. As novas quintas da região cultivam
essencialmente estas castas, mas também outras muito importantes e com bastante
expressão na região, como por exemplo, as castas Trincadeira e Souzão. A produção de
vinhos brancos é essencialmente sustentada pela plantação de castas como a Malvasia
Fina, Gouveio, Rabigato e Viosinho. Para a produção de Moscatel, planta-se a casta
Moscatel Galego.
A aguardente

Com o desenvolvimento das exportações de vinho do Porto iniciou-se a prática de lhe adicionar aguardente. Assim, o
vinho resistia inalterado à viagem no mar e a paragem da fermentação com a aguardente tornava o vinho mais
adocicado e apropriado ao gosto do mercado inglês.

Douro: Região Demarcada

Em 1756 criou-se a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro. Este organismo tinha como principais
competências fazer a limitação da região e registo das vinhas, classificar os vinhos de acordo com a sua qualidade e
estabelecer determinadas práticas vitivinícolas na região. Era o nascimento de uma das primeiras regiões demarcadas
do mundo.

O nome Porto

A denominação “do Porto” é explicada pelo facto do vinho ser armaz enado e comercializado a partir do porto situado
entre a cidade do Porto e Vila Nova de Gaia. O vinho descia o rio Douro nos barcos rabelo e envelhecia nos armazéns
de Vila Nova de Gaia, já que esta z ona apresenta poucas variações de temperatura durante o ano.

O Porto mais raro

O vinho do Porto mais caro e mais raro do mundo é produzido pela Quinta do Noval. O seu Porto Vintage Nacional é
produz ido poucas vezes e sempre em número limitado (200 a 250 caixas). Uma das suas particularidades é o facto
das uvas serem provenientes de videiras plantadas sem porta-enxertos, muito antigas e raras na região.
A região da Bairrada é rica na produção de vinhos
brancos e tintos, elaborados a partir de castas
tradicionais, como a abundante Baga, e outras
importadas para solos portugueses, como a
internacional Cabernet Sauvignon.
É na Beira Litoral, entre Águeda e Coimbra, que se situa
a região da Bairrada. A zona é muito próxima do mar,
por isso o seu clima é tipicamente atlântico: Invernos
amenos e chuvosos e Verões suavizados pelos efeitos
dos ventos atlânticos.
A maior parte das explorações vinícolas são de pequena
dimensão. A área ocupada pelas vinhas
(maioritariamente em solos argilo-calcáricos ou
arenosos) não ultrapassa os 10000 hectares.
A produção de vinho na região é sustentada por
cooperativas, pequenas e médias empresas e pequenos
produtores. Os pequenos produtores comercializam os
chamados “vinhos de quinta” que se tornaram muito
importantes na região nos últimos anos.
Foi no século XIX que a Bairrada se transformou numa região produtora de vinhos
de qualidade, apesar da produção de vinho existir desde o século X. O cientista
António Augusto de Aguiar estudou os sistemas de produção de vinhos e definiu
as fronteiras da região em 1867. Vinte anos mais tarde, em 1887, fundou-se a
Escola Prática de Viticultura da Bairrada destinada a promover os vinhos da
região e melhorar as técnicas de cultivo e produção de vinho. O primeiro
resultado prático da escola foi a criação de vinho espumante em 1890.

A casta Baga é a variedade tinta dominante na região e normalmente é plantada


em solos argilosos. Os vinhos feitos a partir da casta Baga são carregados de cor
e ricos em ácidos, contudo são bem equilibrados e têm elevada longevidade.
Recentemente, foi permitido na região DOC da Bairrada plantar castas
internacionais, como a Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot e Pinot Noir que
partilham os terrenos com outras castas nacionais como a Touriga Nacional ou a
Tinta Roriz.

As castas brancas são plantadas nos solos arenosos da região, sendo a casta
Fernão Pires (na região denominada por Maria Gomes) a mais plantada. Em
quantidades mais reduzidas existem as castas Arinto, Rabo de Ovelha, Cercial e
Chardonnay. Os brancos da região são delicados e aromáticos. Os espumantes da
região são muito utilizados como bebidas aperitivas ou a acompanhar a cozinha
local.
O mercado brasileiro

No reinado de D. Maria (1734/ 1816), os vinhos eram exportados em grande quantidade para o Brasil, onde eram
muito apreciados. Eram igualmente exportados para a América do Norte, França e Inglaterra.

Cultivo da vinha

D. Afonso Henriques aprovou, em 1137, o cultivo da vinha na Herdade de Eiras, “sob o caminho público de Vilarinum
ao monte Buzaco”. O pagamento à coroa era apenas a quarta parte do vinho produzido.
Nesta região as vinhas situam-se entre os 400 e os 700 metros de
altitude e em solos onde predominam os pinheiros e as culturas de
milho. A região do Dão, rodeada de serras que a protegem dos
ventos, produz vinhos com elevada capacidade de envelhecimento
em garrafa.
A zona do Dão situa-se na região da Beira Alta, no centro Norte de
Portugal. As condições geográficas são excelentes para produção
de vinhos: as serras do Caramulo, Montemuro, Buçaco e Estrela
protegem as vinhas da influência de ventos. A região é
extremamente montanhosa, contudo a altitude na zona sul é
menos elevada. Os 20000 hectares de vinhas situam-se
maioritariamente entre os 400 e 700 metros de altitude e
desenvolvem-se em solos xistosos (na zona sul da região) ou
graníticos de pouca profundidade. O clima no Dão sofre
simultaneamente a influência do Atlântico e do Interior, por isso os
Invernos são frios e chuvosos enquanto os Verões são quentes e
secos.
Na Idade Média, a vinha foi essencialmente desenvolvida pelo clero,
especialmente pelos monges de Cister. Era o clero que conhecia a
maioria das práticas agrícolas e como exercia muita influência na
população, conseguiu ocupar muitas terras com vinha e aumentar a
produção vitícola. Todavia, foi a partir da segunda metade do século
XIX, após as pragas do míldio e da filoxera, que a região conheceu
um grande desenvolvimento. Em 1908, a área de produção de vinho
foi delimitada, tornando-se na segunda região demarcada
portuguesa.
O Dão é uma região com muitos produtores, onde cada um detém
pequenas propriedades. Durante décadas, as uvas foram entregues
às adegas cooperativas encarregadas da produção do vinho. O vinho
era, posteriormente, vendido a retalho a grandes e médias empresas,
que o engarrafavam e vendiam com as suas marcas.
Com a entrada de Portugal na CEE (1986) houve necessidade de alterar o
sistema de produção e comercialização dos vinhos do Dão. Grande parte das
empresas de fora da região que adquiriam vinho às adegas cooperativas locais,
iniciaram as suas explorações na região e compraram terras para cultivo de
vinha. Por outro lado, as cooperativas iniciaram um processo de modernização
das adegas e começaram a comercializar marcas próprias, enquanto pequenos
produtores da região decidiram começar a produzir os seus vinhos. As vinhas
passaram também por um processo de reestruturação com a aplicação de
novas técnicas vinícolas e escolha de castas apropriadas para a região.
As vinhas são constituídas por uma grande diversidade de castas, entre as
quais a Touriga Nacional, Alfrocheiro, Jaen e Tinta Roriz (nas variedades tintas)
e Encruzado, Bical, Cercial, Malvasia Fina e Verdelho (nas variedades brancas).
Os vinhos brancos são bastantes aromáticos, frutados e bastante equilibrados.
Os tintos são bem encorpados, aromáticos e podem ganhar bastante
complexidade após envelhecimento em garrafa.
O Dão e os Descobrimentos

Antes da partida dos portugueses para a conquista de Ceuta, foi servido vinho do Dão nos luxuosos festejos
organizados pelo Infante D. Henrique em Viseu.

A filoxera

O vinho do Dão foi muito procurado pelos europeus, na altura em que a filoxera dizimava as vinhas europeias. O
vinho do Dão servia essencialmente para responder à procura de vinho do Douro (esta região já sofria efeitos da
filoxera) e para vender vinho de mesa destinado ao mercado francês. Entre1883 e 1886 a filoxera invadiu a região.
As regiões da Beira Interior, Távora-Varosa e Lafões
situam-se no interior do país e dispersam-se entre a zona
da Beira Baixa e da Beira Alta, junto à fronteira com
Espanha. As suas denominações, uma mais históricas
que outras, produzem vinhos muito distintos fruto dos
diversos climas existentes em cada sub-região.
Os solos da região são de origem granítica e xistosa,
fruto do relevo acidentado e montanhoso da região. Por
influência das montanhas e da altitude os Verões são
secos e quentes, por outro lado, os Invernos são muito
frios e com neve.
As adegas cooperativas produzem quase todo o vinho da região, apesar de, cada vez
mais, surgirem no mercado vinhos de pequenos e médios produtores. As castas tintas
mais cultivadas na Denominação de Origem da Beira Interior são a Tinta Roriz,
Bastardo, Marufo, Rufete e Touriga Nacional. As castas brancas com maior expressão
na região são a Síria, Malvasia Fina, Arinto e Rabo de Ovelha. A região reúne boas
condições para a produção de brancos frescos e aromáticos e tintos frutados e
encorpados.
A Denominação de Origem de Lafões é uma pequena região no norte do Dão com
poucos produtores. Apesar disso, os vinhos tintos da região são especialmente
reconhecidos pela sua luminosidade enquanto os brancos são caracterizados por
elevada acidez. As castas Amaral e Jaen são as mais utilizadas na produção de vinho
tinto, enquanto as castas Arinto, Cercial e Rabo de Ovelha são as preferidas na
produção de vinho branco.
A norte da região das Beiras e fazendo fronteira com a região do Douro, situa-se a
Denominação de Origem Távora-Varosa. É uma região de pequena dimensão, todavia
muito relevante na produção de espumantes. As castas brancas são as predominantes
na região (Malvasia Fina, Cerceal, Gouveio, Chardonnay). As castas tintas mais
plantadas são a Touriga Francesa, Tinta Barroca, Touriga Nacional, Tinta Roriz e Pinot
Noir. Apesar da produção da região ser liderada por espumantes, também são
produzidos brancos frescos e tintos suaves.
Monges de Cister

Apesar do cultivo da vinha ter sido iniciado durante a ocupação romana, o grande desenvolvimento da cultura da
vinha aconteceu só no século XII. Os seus responsáveis foram os monges de Cister que cultivaram a vinha nos seus
terrenos.

Vestígios romanos

Na região das Beiras, o início da cultura da vinha remonta à época romana. Existem diversos lagares talhados nas
rochas graníticas que serviam para produzir vinho.

Proteccionismo

Devido à qualidade e à importância social e económica dos vinhos das Beiras, implementaram-se algumas medidas
para a protecção destes vinhos, nomeadamente no reinado de D. João I e de D. João III.
Na região de Lisboa, região com longa história na
viticultura nacional, a área de vinha é constituída
pelas tradicionais castas portuguesas e pelas mais
famosas castas internacionais. A Estremadura
produz uma enorme variedade de vinhos, possível
pela diversidade de relevos e microclimas
concentrados em pequenas zonas da região.
A região de Lisboa, anteriormente conhecida por
Estremadura, situa-se a noroeste de Lisboa numa
área de cerca de 40 km. O clima é temperado em
virtude da influência atlântica. Os Verões são
frescos e os Invernos suaves, apesar das zonas
mais afastadas do mar serem um pouco mais frias.
Esta região possui boas condições para produzir vinhos de qualidade, todavia há
cerca de quinze anos atrás a região de Lisboa era essencialmente conhecida por
produzir vinho em elevada quantidade e de pouca qualidade. Assim, iniciou-se
um processo de reestruturação nas vinhas e adegas. Provavelmente a
reestruturação mais importante realizou-se nas vinhas, uma vez que as novas
castas plantadas foram escolhidas em função da sua produção em qualidade e
não em quantidade. Hoje, os vinhos da região de Lisboa são conhecidos pela sua
boa relação qualidade/preço.

A região concentrou-se na plantação das mais nobres castas portuguesas e


estrangeiras e em 1993 foi criada a categoria “Vinho Regional da Estremadura”,
hoje "Vinho Regional Lisboa". A nova categoria incentivou os produtores a
estudar as potencialidades de diferentes castas e, neste momento, a maior parte
dos vinhos produzidos na região de Lisboa são regionais (a lei de vinhos DOC é
muito restritiva na utilização de castas).
A região de Lisboa é constituída por nove Denominações
de Origem: Colares, Carcavelos e Bucelas (na zona sul,
próximo de Lisboa), Alenquer, Arruda, Torres Vedras,
Lourinhã e Óbidos (no centro da região) e Encostas d’Aire
(a norte, junto à região das Beiras).
As regiões de Colares, Carcavelos e Bucelas outrora muito
importantes, hoje têm praticamente um interesse histórico.
A proximidade da capital e a necessidade de urbanizar
terrenos quase levou à extinção das vinhas nestas
Denominações de Origem.
A Denominação de Origem de Bucelas apenas produz
vinhos brancos e foi demarcada em 1911. Os seus vinhos,
essencialmente elaborados a partir da casta Arinto, foram
muito apreciados no estrangeiro, especialmente pela corte
inglesa. Os vinhos brancos de Bucelas apresentam acidez
equilibrada, aromas florais e são capazes de conservar as
suas qualidades durante anos.
Colares é uma Denominação de Origem que se situa na zona sul da região de Lisboa. É muito
próxima do mar e as suas vinhas são instaladas em solos calcários ou assentes em areia. Os vinhos
são essencialmente elaborados a partir da casta Ramisco, todavia a produção desta região
raramente atinge as 10 mil garrafas.
A zona central da região de Lisboa (Óbidos, Arruda, Torres Vedras e Alenquer) recebeu a maioria dos
investimentos na região: procedeu-se à modernização das vinhas e apostou-se na plantação de
novas castas. Hoje em dia, os melhores vinhos DOC desta zona provêm de castas tintas como por
exemplo, a casta Castelão, a Aragonez (Tinta Roriz), a Touriga Nacional, a Tinta Miúda e a Trincadeira
que por vezes são lotadas com a Alicante Bouschet, a Touriga Franca, a Cabernet Sauvignon e a
Syrah, entre outras. Os vinhos brancos são normalmente elaborados com as castas Arinto, Fernão
Pires, Seara-Nova e Vital, apesar da Chardonnay também ser cultivada em algumas zonas.

A região de Alenquer produz alguns dos mais prestigiados vinhos DOC da região de Lisboa (tintos e
brancos). Nesta zona as vinhas são protegidas dos ventos atlânticos, favorecendo a maturação das
uvas e a produção de vinhos mais concentrados. Noutras zonas da região de Lisboa, os vinhos tintos
são aromáticos, elegantes, ricos em taninos e capazes de envelhecer alguns anos em garrafa. Os
vinhos brancos caracterizam-se pela sua frescura e carácter citrino.
A maior Denominação de Origem da região, Encostas d’Aire, foi a última a sofrer as consequências
da modernização. Apostou-se na plantação de novas castas como a Baga ou Castelão e castas
brancas como Arinto, Malvasia, Fernão Pires, que partilham as terras com outras castas portuguesas
e internacionais, como por exemplo, a Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Aragonez, Touriga Nacional
ou Trincadeira. O perfil dos vinhos começou a alterar-se: ganharam mais cor, corpo e intensidade.
Vinho de Bucelas

Este vinho teve uma enorme popularidade na época das Invasões Francesas (1808-1810). Wellington apreciava muito
o vinho de Bucelas e transportou-o para Inglaterra com o objectivo de o oferecer a Jorge III de Inglaterra.

Branco de Lisboa

Na segunda metade do século XVI, o vinho de Bucelas já era conhecido em Inglaterra. Os ingleses chamavam-lhe
“Lisbon Hock”. Em inglês, hock significa vinho branco seco.

Vinho de Carcavelos

As tropas de Wellington bebiam este vinho frequentemente e levaram esse hábito para Inglaterra. Assim, o vinho de
Carcavelos foi exportado para Inglaterra em grandes quantidades e durante vários anos.
Diversidade de solos e climas aliados a explorações vitivinícolas de
grande dimensão com baixos custos de produção são as principais
características do Ribatejo. Esta região fértil, outrora com elevadas
produções que abasteciam o mercado interno e as colónias em
África, produz vinhos brancos e tintos de qualidade a um preço
extremamente competitivo.
No Ribatejo pratica-se uma agricultura extensiva: produtos
hortícolas e frutícolas, arroz, oliveiras e vinha preenchem as vastas
planícies ribatejanas. O rio Tejo é omnipresente na paisagem
ribatejana e um dos responsáveis pelo clima, pelo solo e
consequentemente, pela fertilidade da região. No Ribatejo o clima é
mediterrânico, contudo sofre a influência do rio, por isso as
estações do ano são amenas.
A Denominação de Origem do Ribatejo apresenta seis sub-regiões (Almeirim,
Cartaxo, Chamusca, Coruche, Santarém e Tomar). Os solos variam consoante a
proximidade do rio. O campo ou lezíria são zonas muito produtivas que se
situam à beira-rio. Devido às inundações do Tejo é comum que as vinhas da
zona fiquem, por vezes, completamente submersas. Na margem direita do Tejo,
depois dos solos junto ao rio, situa-se a zona do bairro. É constituída por solos
mais pobres e de origem calcária e argilosa, dispostos em terrenos mais
irregulares entre montes e planícies. As principais plantações na zona do bairro
são as oliveiras e as vinhas. Da margem esquerda do Tejo às regiões do sul
próximas do Alentejo localiza-se a zona designada charneca. Aí, os solos são
pouco produtivos e explora-se culturas que necessitam de pouca água, como
por exemplo vinhas e sobreiros. Apesar de ser uma zona muito seca e
apresentar as mais altas temperaturas do Ribatejo, as uvas têm melhores
condições para a maturação do que em outras áreas da região.
O Ribatejo já foi famoso por produzir enormes quantidades de vinho que
abasteciam especialmente os restaurantes e tabernas de Lisboa. Era uma região
onde as grandes casas agrícolas pretendiam obter o máximo rendimento das
vinhas e posteriormente produzir um vinho de pouca qualidade que seria
vendido a granel. Nos últimos 15 anos, a região foi submetida a mudanças
significativas tanto nos campos como nas adegas. Muitas vinhas foram
transferidas da zona de campo para os solos pobres da charneca e do bairro: a
produção baixou, contudo a qualidade melhorou significativamente.
A legislação para a região é pouco restrita e permitiu a introdução de castas
portuguesas e estrangeiras. Os vinhos tintos DOC do Ribatejo provêm não só de castas
tradicionais da região (Trincadeira ou Castelão) mas também de outras castas nobres,
como a Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon ou Merlot. A casta branca mais plantada
na região é a Fernão Pires, sendo praticamente indispensável na produção dos brancos
ribatejanos. Por vezes, é lotada com outras castas típicas da região como a Arinto,
Tália, Trincadeira das Pratas, Vital ou a internacional Chardonnay.
Na produção de vinho regional Tejo é permitido a utilização de castas não admitidas na
Denominação de Origem. Sendo assim, os agricultores podem fazer mais experiências
com o solo, clima e castas para produzir vinhos originais. Aliás, o Ribatejo possui cerca
de 22300 hectares de vinha, apesar de apenas 1850 serem certificados para a
produção de vinho DOC.
Independentemente da designação DOC ou Regional, o terrior do Ribatejo sente-se em
qualquer vinho da região: brancos muito frutados e de aromas tropicais ou florais e
tintos jovens, aromáticos e de taninos suaves.
Além da reestruturação das vinhas da região, as adegas e os produtores da região
modificaram e modernizaram as suas adegas. Os grandes tonéis e depósitos de
cimento que produziram milhões de litros de vinho foram substituídos por cubas de
aço inoxidável, sistemas de refrigeração e pipas de carvalho para o envelhecimento do
vinho.
Antigos e famosos

Os vinhos do Ribatejo já eram famosos antes da fundação da nacionalidade. Em 1170, D. Afonso Henriques refere-se
aos vinhos do Ribatejo no foral da cidade de Santarém.

O Proteccionismo

Durante os séculos XIII, XIV e XV, os reis portugueses aplicaram uma série de medidas que protegiam os vinhos
ribatejanos, nomeadamente através da proibição da entrada de vinhos produzidos fora da região.

Referências na literatura

Gil Vicente faz referência aos vinhos ribatejanos, nomeadamente ao vinho da região de Abrantes, na sua obra
“Pranto de Maria Parda”. Na obra “Viagens na Minha Terra” de Almeida Garrett, recorda-se Dâmaso Xavier dos
Santos, um grande proprietário agrícola do Cartaxo que se dedicou à causa liberal, arruinando toda a sua fortuna.
A Península de Setúbal é rodeada pelo oceano Atlântico e
pelos rios Tejo e Sado. A região, situada a sul de Lisboa, é
essencialmente marcada pelo turismo e pelas grandes
explorações vitícolas. Desde as grandes explorações
dominadas pela casta Castelão até ao Moscatel, um dos
vinhos generosos nacionais, esta região sempre teve um
lugar cimeiro na história dos vinhos portugueses.
A Península de Setúbal apresenta dois tipos de paisagens.
Uma caracteriza-se pelo seu relevo mais acentuado com
vinhas plantadas em solos argilo-calcários, entre os 100 e os
500 metros, aproveitando as encostas da Serra da Arrábida
que as protegem do oceano Atlântico. A outra zona que
representa, cerca de 80% do total da região, abrange terras
planas ou com suaves ondulações, raramente ultrapassando
os 150 m de altura. Estes terrenos são compostos por solos
de areia, tornando-os bastante pobres e perfeitamente
adaptados à produção de uvas de grande qualidade.
O clima da região é mediterrânico temperado com
Verões quentes e secos e Invernos amenos e
chuvosos. A humidade relativa média anual situa-se
entre os 75% a 80%, o que reflecte a proximidade do
mar.
A Península de Setúbal compreende duas
Denominações de Origem (Palmela e Setúbal) e a
designação de vinhos regionais Península de Setúbal.
A maior parte dos vinhos da região utilizam a casta
Castelão na sua composição. Esta é a casta
tradicional da zona e a legislação para a produção de
vinhos DO obriga à utilização de uma percentagem
elevada de Castelão, por exemplo o DO de Palmela
tem de ser constituído por 66,7% desta casta. Por
vezes, a Castelão é misturada com a casta Alfrocheiro
ou Trincadeira.
As castas brancas dominantes na região são a Fernão
Pires, a Arinto e naturalmente, a Moscatel de Setúbal,
que é utilizada em vinhos brancos e também nos
vinhos generosos da Denominação de Origem de
Setúbal.
As características mais marcantes dos novos vinhos da Península de Setúbal
são os aromas florais nos brancos e os sabores suaves a especiarias e frutos
silvestres nos tintos.
O vinho generoso de Setúbal elaborado a partir das castas Moscatel e Moscatel
Roxo é um dos mais antigos e famosos vinhos mundiais.

O Moscatel de Setúbal é um vinho generoso de excelente qualidade, em


especial quando envelhecido durante largos anos em barricas de carvalho.
Trata-se de um vinho de aroma muito intenso, a flores de laranjeira, com sabor
meloso e cheio, que evolui com a idade para notas de frutos secos, passas e
café.

Produzidos em pequena quantidade, os vinhos licorosos elaborados a partir da


casta Moscatel Roxo têm características semelhantes ao Moscatel de Setúbal,
no entanto são mais finos e apresentam aromas e sabores muito complexos de
laranja amarga, passas de uva, figos e avelãs.
Maior vinha do mundo

No século XIX, a maior vinha contínua do mundo situava-se na região da Península de Setúbal: eram cerca de 4000
hectares de vinha que pertenciam a apenas um produtor. Hoje a área ocupada pela vinha situa-se entre os 10000
hectares.

O Moscatel

O Moscatel de Setúbal sempre foi um vinho com grande fama nacional e internacional. Um dos grandes apreciadores
deste vinho foi o rei francês Luís XIV.

Torna-Viagem

O Moscatel era muito exportado para o Brasil. Aí, o vinho era vendido e o que sobrava regressava a Portugal. O
transporte era efectuado em navios que atravessavam todo o Atlântico e por isso, sujeitos a elevadas temperaturas.
Quando os barris eram desembarcados, notava-se que o vinho estava mais concentrado e suave. Estes vinhos ficaram
conhecidos por torna-viagem, porque faziam uma viagem para fora de Portugal e outra de regresso ao país.

Os primeiros vinhos em Portugal

Pensa-se que o vinho terá entrado em Portugal através dos Fenícios, nomeadamente pelos estuários dos rios Sado e
Tejo, por volta de 600 anos a.C. Os Fenícios procuravam metais e como moeda de troca ofereciam, entre outros
produtos, ânforas de vinho e azeite.
O Alentejo é uma das maiores regiões vitivinícolas de Portugal,
onde a vista se perde em extensas planícies que apenas são
interrompidas por pequenos montes. Esta região quente e seca
beneficiou de inúmeros investimentos no sector vitivinícola que se
traduziu na produção de alguns dos melhores vinhos portugueses e
consequentemente, no reconhecimento internacional dos vinhos
alentejanos.
O Alentejo situa-se no sul de Portugal. É uma zona muito soalheira
permitindo a perfeita maturação das uvas e onde as temperaturas
são muito elevadas no Verão, tornando-se indispensável regar a
vinha.
O tipo de relevo predominante na região é a planície, apesar da
região de Portalegre sofrer a influência da serra de São Mamede.
As vinhas são plantadas nas encostas íngremes da serra ou em
grandes planícies e em solos muito heterogéneos de argila,
granito, calcário ou xisto. Apesar disso, a pouca fertilidade dos
solos é um elemento comum a todos os solos.
Grande parte dos 22000 hectares de vinha alentejana concentram-se nas oito sub-
regiões da Denominação de Origem alentejana: Reguengos, Borba, Redondo,
Vidigueira, Évora, Granja-Amareleja, Portalegre e Moura.
Na sub-região de Portalegre as vinhas são plantadas nas encostas graníticas da Serra
de São Mamede, sofrendo a influência de um microclima (temperaturas são mais
baixas devido à altitude). No centro do Alentejo situam-se as sub-regiões de Borba,
Reguengos, Redondo e Évora que produzem vinhos bastantes similares. No sul
alentejano (mais quente e seco) localizam-se as sub-regiões de Moura, Vidigueira e
Granja-Amareleja.
No Alentejo há inúmeras castas plantadas, contudo umas são mais relevantes que
outras (seja pela qualidade ou pela área plantada). As castas brancas mais
importantes na região são a Roupeiro, a Antão Vaz e a Arinto. Em relação às castas
tintas, salienta-se a importância da casta Trincadeira, Aragonez, Castelão e Alicante
Bouschet (uma variedade francesa que se adaptou ao clima alentejano).
Os vinhos brancos DOC alentejanos são geralmente suaves, ligeiramente ácidos e
apresentam aromas a frutos tropicais. Os tintos são encorpados, ricos em taninos e
com aromas a frutos silvestres e vermelhos.
Além da produção nas sub-regiões DOC, o Alentejo apresenta uma elevada produção e
variedade de vinho regional. Os produtores optam, muitas vezes, por esta designação
oficial que permite a inclusão de outras castas para além das previstas na legislação
de vinhos DOC. Assim, é possível encontrar vinhos regionais produzidos com Touriga
Nacional, Cabernet Sauvignon, Syrah ou Chardonnay.
Hoje, o Alentejo tem um enorme potencial na produção vitivinícola, todavia a região
nem sempre contou com o apoio das políticas agrícolas nacionais. Devido às
especificidades do clima, solos pobres e estrutura agrária (grandes propriedades) as
principais produções do Alentejo sempre foram os cereais, a oliveira, o carvalho e o
gado. Durante as primeiras décadas do século XX, o governo tencionava fazer do
Alentejo o “celeiro” de Portugal, por isso a cultura do milho foi amplamente divulgada.
O vinho tinha uma importância diminuta e destinava-se essencialmente ao consumo
local. A vinificação era realizada segundo os processos tradicionais herdados dos
Romanos e a fermentação realizava-se em grandes ânforas de barro.
Nos anos 50, foi criada a primeira adega cooperativa da região com o objectivo de
controlar a produção vinícola. No entanto, foi apenas nos anos 80 que o Alentejo se
submeteu à grande revolução na produção vitivinícola. Demonstrando uma enorme
capacidade de organização, os produtores alentejanos constituíram inúmeras
associações, revitalizaram as cooperativas e encorajaram os produtores privados.
Assim, o sector vitivinícola ganhou outra relevância, justificando a demarcação oficial
da região em 1988.
Efeitos da Romanização

A presença dos romanos no Alentejo contribuiu para a implantação da vinha em diversas zonas da região. Após
fundação de Beja, entre 31 e 27 a. C., assistiu-se a um grande aumento no cultivo da vinha. Próximo da zona da
Vidigueira foram encontrados pedaços de talhas de barro, grainhas de uvas e um lagar de granito.

Incentivos vitivinícolas

Após a expulsão dos mouros do Alentejo, o poder real e as ordens religiosas incentivaram a vitivinicultura. A
população era obrigada a cultivar as terras com vinha e depois de três, quatro ou cinco anos desde a plantação era
obrigada a dar uma determinada quantia da sua colheita. Em 1221, D. Afonso Henriques determinou que as uvas e
vinho produzido seriam posse da Sé de Évora
Muitas vezes considerado o paraíso turístico de Portugal, o
Algarve é uma região onde a área de vinha decresceu nos
últimos anos. A indústria turística ocupou grande parte da
área dos terrenos agrícolas e o vinho algarvio esteve próximo
da extinção. Hoje, há de novo interesse vitivinícola na região
e investe-se no desenvolvimento deste sector.
O Algarve situa-se no sul de Portugal. É uma região com um
clima muito específico: está próximo do mar, contudo
também sofre a influência da montanha (serras Espinhaço de
Cão, Caldeirão e Monchique). As serras são muito
importantes na agricultura algarvia, pois protegem as
explorações de ventos provenientes do norte. Deste modo, o
clima é quente, seco, com reduzidas amplitudes térmicas e
com uma média de 3000 horas de sol por ano.
O desenvolvimento do turismo na região, foi pouco benéfico para a viticultura. As
vinhas foram substituídas por hotéis, aldeamentos turísticos e campos de golfe.

Nos últimos anos, a região está a receber investimentos para revitalizar o sector
vitivinícola. Iniciou-se a replantação de castas, a modernização das adegas e
praticaram-se novos métodos de produção de vinhos.

A região do Algarve é constituída por quatro Denominações de Origem: Lagos,


Lagoa, Portimão e Tavira. Contudo, a maior parte do vinho produzido insere-se na
designação “vinho regional do Algarve”. As castas tradicionais da região são a
Castelão e a Negra Mole (nas variedades tintas) e a Arinto e a Síria (nas
variedades brancas). A casta Syrah foi umas das castas utilizadas na replantação
das vinhas e demonstrou total adaptabilidade ao clima da região, por isso tem sido
muito plantada pelos viticultores. Os vinhos algarvios são suaves e bastante
frutados.
Ocupação Muçulmana

Durante a ocupação muçulmana do Algarve, cultivava-se a vinha em grandes quantidades. Como a religião
muçulmana não permite a ingestão de álcool o vinho servia como moeda de troca para a aquisição de outros
produtos. Depois da reconquista do Algarve, os cristãos aproveitaram a organização económica deixada pelos
muçulmanos.

Importância comercial

A tradição vitivinícola algarvia não se limita ao cultivo e produção de vinho: a região desempenhou um papel de
extrema importância nas trocas comerciais efectuadas durante a Idade Média e Moderna.
Na ilha apelidada “pérola do Atlântico”, produz-se o vinho
generoso “Madeira”. Este vinho possui uma longevidade fora do
comum, aromas complexos e um sabor distintivo que ganhou
notoriedade mundial.
A ilha da Madeira tem um clima tipicamente mediterrânico:
temperaturas amenas durante todo o ano e baixas amplitudes
térmicas, embora a humidade atmosférica seja sempre elevada.
Os solos são de origem vulcânica e pouco férteis. O relevo da
ilha é muito irregular, por isso as vinhas são plantadas nas
encostas de origem vulcânica.

A Denominação de Origem Madeira é constituída por cerca de


450 hectares de vinha, onde são plantadas castas tintas e
brancas. A casta Tinta Mole é a mais plantada na região, contudo
também existem castas mais raras como a Sercial, a Boal, a
Malvasia e Verdelho.
Os melhores vinhos da Madeira são aqueles que provêm das vinhas plantadas nas zonas
de menor altitude. A casta Malvasia foi aquela que desde tempos seculares se destacou
na produção do vinho generoso da Madeira. Além da casta Malvasia utilizam-se, na
produção do Madeira, as castas Sercial, Boal e Verdelho que conferem quatro níveis de
doçura ao vinho (doce, meio doce, meio seco e seco).
O vinho da Madeira começou a ser exportado para todo o mundo a partir do século XVIII.
Os barris de vinho eram transportados em barcos, por isso ficavam sujeitos a inúmeras
variações de temperatura até chegarem ao destino. Uma vez no destino, havia vinho
que não sendo vendido, voltava para o destino de origem. Uma vez na Madeira,
verificava-se que o vinho apresentava-se muito mais aromático e com novo sabor. Deste
modo, a partir de 1730, os barris de Madeira começaram a ser enviados em longas
viagens com o objectivo de apurar as qualidades do vinho.
No início do século XIX, os produtores começaram a estudar formas de reproduzir os
fenómenos de aquecimento e arrefecimento a que os vinhos eram sujeitos em alto mar.
A estufagem e o canteiro foram os processos utilizados para simular as acções de
aquecimento/arrefecimento e consequentemente melhorar as qualidades do “Madeira”
Na estufagem o vinho é aquecido em recipientes durante três
meses. É um processo relativamente rápido, barato e utilizado nos
vinhos menos complexos e com menos qualidade. No método
canteiro, o vinho é colocado em pipas de madeira que são
colocadas junto ao telhado das adegas, de forma a receberem
mais calor e sol.
O período de envelhecimento do vinho determina a qualidade de
um Madeira. Os vinhos da Madeira podem ser classificados de
acordo com os anos de envelhecimento: cinco, dez e quinze anos.
Os vinhos da Madeira envelhecidos durante vinte anos e
elaborados a partir de uma única casta são denominados de
Frasqueira ou Vintage. Recentemente surgiu uma nova categoria
no vinho da Madeira, os vinhos de Colheita, produzidos a partir de
uma única variedade de uva, todavia mais jovens do que os
Frasqueira. Os vinhos de gama mais baixa são comercializados
sem indicação de idade.
Além das extraordinárias qualidades relativamente aos aromas e
sabor do vinho da Madeira, este generoso possui uma longevidade
pouco comum. O Madeira é praticamente eterno, pois passados
muitos anos após o seu engarrafamento, as suas características
permanecem inalteradas.
Shakespeare

Na peça que Shakespeare escreveu para o Rei Henrique IV, há referências ao vinho da Madeira. Na peça a personagem
Falstaaf vende a alma ao Diabo em troca de um pedaço de capão frio e um copo de Madeira

Um vinho requintado

O Madeira era considerado, pela maioria das cortes europeias, um vinho de elevado requinte. Inclusivamente era
utilizado para servir de perfume aos lenços das damas da corte. Em Inglaterra, o Madeira e o Vinho do Porto
disputavam o primeiro lugar nas preferências da corte.

Duque de Clarence

Duque de Clarence era um nobre inglês que após ter sido condenado à morte na sequência de um atentado contra o
seu irmão Eduardo IV, escolheu morrer por afogamento num tonel de Malvasia da Madeira.

Delicioso Madeira

O vinho da Madeira era largamente exportado para Inglaterra, França, Flandres e Estados Unidos. Francisco I
(1708/ 1765), afirmava que o vinho da Madeira era o mais rico e delicioso vinho europeu. As famílias mais
importantes de Boston, Charleston, Nova Iorque e Filadélfia competiam entre si para adquirem os melhores vinhos da
Madeira.
As nove ilhas do arquipélago dos Açores apresentam condições
climáticas pouco favoráveis à plantação de vinha. Contudo, a vinha
tem uma longa tradição na região, pois é cultivada desde o século XV.
Os Açores destacam-se na produção de vinho generoso da região do
Pico e Graciosa. Na ilha Terceira produz-se um vinho branco leve e
seco
O arquipélago dos Açores, em pleno oceano Atlântico, é constituído
por solos vulcânicos e tem um clima profundamente marítimo. As
temperaturas são amenas durante todo o ano, apesar do elevado
nível de precipitação e humidade atmosférica. Deste modo, as vinhas
têm de ser plantadas em locais onde fiquem naturalmente abrigadas
ou são protegidas por acção do Homem. Os currais, são muros de
pedras onde se plantam as vinhas que desta forma ficam protegidas
do vento e do ar salgado do mar.
As Denominações de Origem Graciosa, Biscoitos (na ilha Terceira) e
Pico foram criadas em 1994. Na Graciosa produz-se vinho branco a
partir das castas Verdelho, Arinto, Terrantez, Boal e Fernão Pires. Na
ilha Terceira, na região de Biscoitos, as castas Verdelho, Arinto e
Terrantez são utilizadas para elaborar vinho generoso. As mesmas
As primeiras vinhas

O arquipélago dos Açores, descoberto em 1427 por Diogo Alves, é constituído por nove ilhas. Em meados de 1427,
chegaram os primeiros colonos às ilhas e iniciaram o cultivo da vinha.

Verdelho

A Verdelho é a casta mais famosa e mais cultivada nos Açores. Pensa-se que será originária da Sicília ou Chipre e foi
levada para os Açores através dos Frades Franciscanos que a cultivaram abundantemente pelas ilhas.

Verdelho do Pico

No século XVII e XVIII os vinhos produzidos nos Açores, nomeadamente os produzidos na ilha do Pico, foram
exportados para a Rússia e para a maioria dos países do norte da Europa. Depois da revolução russa de 1917,
descobriram-se várias garrafas de vinho Verdelho do Pico guardadas em caves dos antigos czares da Rússia.
Como se faz um vinho

A boa qualidade das uvas é uma condição essencial para a elaboração de


vinhos de qualidade, mas não a única. É essencial controlar a forma de
transportar as uvas, selecioná-las, controlar as cubas onde o mosto
fermenta, realizar operações enológicas necessárias e decidir quanto
tempo o vinho ficará em estágio.

Ainda que a história de um vinho comece na vindima e termine na garrafa, os


métodos para produzir um vinho diferem. Na elaboração de vinho branco é
essencial retirar as peles dos bagos e qualquer parte lenhosa do cacho, por
outro lado, nos vinhos tintos as peles ricas em taninos e pigmentos são
utilizadas na fermentação e fundamentais para criar vinhos com boa cor e
complexos. Os vinhos rosés podem ser elaborados através de métodos
semelhantes aos do vinho branco ou tinto.
Tranquilo:

Na elaboração de vinhos
tranquilos o sumo de uva é
transformado em vinho
através da fermentação. Se o
vinho é produzido através do
método de “bica aberta”, a
fermentação é realizada com
uvas sem pele e levemente
esmagadas. Este método é
utilizado no vinho branco e no
vinho rosé produzido através
do método branco. Por outro
lado, se é importante
conservar os pigmentos e
taninos das uvas, o vinho é
produzido através de
curtimenta (método comum
nos tintos e rosés elaborados
através do método tinto).
Espumante

A produção de um
espumante começa com a
elaboração de um vinho
tranquilo. A segunda fase
da produção varia
mediante o método de
elaboração escolhido pelo
produtor: método
tradicional, método de
cuba fechada e método
de transferência. Em
quaisquer dos métodos
realiza-se uma segunda
fermentação (em garrafa
ou cuba) precedida da
introdução do licor de
fermentação (contém
mosto e açúcar). A
segunda fermentação
origina o gás carbónico
característico do vinho
Generoso
Na elaboração do vinho
generoso, a fermentação é
interrompida mais cedo do que
no vinho tranquilo, de modo a
impedir a transformação total
do açúcar do mosto em álcool.
Os vinhos generosos
apresentam uma graduação
alcoólica mais elevada do que
os tranquilos, uma vez que
passam por uma etapa de
vinificação denominada
aguardentação. Isto é, depois
da fermentação é acrescentada
aguardente ao vinho. Os vinhos
generosos são depositados em
garrafas ou barris onde passam
por um período de estágio (às
vezes com a duração de
décadas) antes de serem
comercializados.
Um vinho não deve ser bebido, mas sim apreciado. Apreciar um vinho é
observar a sua garrafa, guardá-lo, abri-lo e servi-lo com todo o cuidado
para que as suas propriedades não sejam alteradas. Escolher copos
adequados e verificar se o vinho está à temperatura ideal. Observar a cor
do vinho, inspirar cuidadosamente os seus aromas e levar o líquido à
boca. Aí, deixar o vinho percorrer todas as zonas para que a estrutura,
intensidade e textura sejam degustadas. Alguns especialistas consideram
que as potencialidades do vinho só são devidamente apreciadas na mesa
com amigos, especialidades gastronómicas e convívio. Assim, conjugar o
prato com o vinho é uma tarefa delicada e também criativa.
Métodos conservação de vinhos
Antes de guardar um vinho, informe-se acerca do estado em que este deve ser
consumido. Há vinhos que não ganham nada com o estágio em garrafa, porque se
encontram prontos a consumir quando são colocados no mercado. Exemplos desses
vinhos são os produzidos na região dos Vinhos Verdes ou vinhos tintos do Alentejo e
Ribatejo.

Se pretender constituir uma garrafeira, é importante escolher, de acordo com o seu


gosto pessoal, os vinhos a incluir na sua colecção. O número de garrafas existentes deve
ser proporcional aos seus hábitos de consumo.
A garrafeira deve ser um espaço amplo, protegido da luz e de variações de temperatura
(que deve situar-se entre os 7ºC e os 13ºC). Quando existem grandes variações de
temperatura, o vinho pode sair pela rolha ou cápsula da garrafa, o que significa que
A garrafeira
aqueceu devea ser
ou que umsecou
rolha espaço
emamplo, protegido da luz e de variações de
demasia.
temperatura (que deve situar-se entre os 7ºC e os 13ºC). Quando existem grandes
variações de temperatura, o vinho pode sair pela rolha ou cápsula da garrafa, o que
significa que aqueceu ou que a rolha secou em demasia.
A humidade do ar é outro aspecto a ter em conta: deve rondar valores
entre os 60% e os 75%. Se o local destinado a guardar o vinho for
demasiado húmido pode comprar blocos de cal para absorver a
humidade ou um aparelho desumidificador. Mas, se precisar de
aumentar a humidade do ar, o melhor é regar o chão (se for possível).
Para se assegurar dos valores da temperatura e da humidade, o melhor
é adquirir um termómetro e um higrómetro. Uma opção mais cara é a
aquisição de uma garrafeira tipo “frigorífico”, onde a temperatura e
humidade são constantes e facilmente controladas.
A garrafeira deve ter uma boa circulação de ar para que cheiros indesejáveis
(como, por exemplo, o cheiro a mofo) sejam rapidamente eliminados.

Uma vez na garrafeira o vinho deve ser movido o menos possível, por isso o
ideal é planificar a organização das suas garrafas antes de as colocar no lugar.

Geralmente, as garrafas são guardadas deitadas, para que o vinho fique em


contacto com a rolha. Deste modo, a rolha não seca e não deixa entrar ar. As
melhores garrafas devem estar mais perto do solo, porque é a zona mais
fresca da garrafeira. As garrafas de vinho do Porto Tawny, Madeira e outros
generosos devem ser armazenadas de pé, pois são vinhos constituídos por
elementos que podem danificar as rolhas se estiverem em permanente
contacto com elas.

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