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Terapia analítico-

comportamental de
adolescente com Transtorno
de Personalidade Esquizoide
Marília Fontes de Castelo Branco
Doutoranda em Teoria e Pesquisa do Comportamento
Tríplice Psicologia Comportamental Pará
Dificuldades encontradas no processo terapêutico:

 Adesão dos pais e principalmente do cliente à terapia


 Falta de outras fontes de informação
 Demanda materna de um diagnóstico para o cliente
Motivos para
 Poucas oportunidades de generalização do repertório
supervisão treinado no setting terapêutico para outros ambientes?
 Pouca ‘motivação’ para generalização?
 Leandro, sexo e gênero masculino, 13 anos de idade,
filho único
 Mora com os pais, famílias maternas e paternas moram
em outros Estados
 Estuda em um colégio militar em Belém-PA
Descrição do  Histórico acadêmico excelente
cliente  Comportamentos inadequados ocorrem somente em
casa, segundo relatos dos pais
 Dificuldades de interação social presentes desde a
infância
 Ansiedade e frustração em situações acadêmicas
(provas)
Queixas  Baixo repertório de autocuidado e autonomia com
principais atividades de rotina
 Relatos de sentimentos de preocupação e perseguição
 L. afirma ouvir vozes de origem desconhecida
 Dificuldades de relacionamento com a mãe
Dificuldades de interação social presentes desde a
infância
 Pouca interação com outras crianças durante a infância
 A partir dos 12 anos passou a ter maior interação com
Histórico das crianças de menor idade do que ele
queixas  Na escola atual, há relatos de que socializa bem com
pares (pais e profissionais)
 “Ele não tem filtro, é muito sincero"
 Somente entende frases de forma literal, não
compreendendo bem uma ironia
 Colegas não podem frequentar sua casa
 Autopercepção condizente com a realidade?
 Modelo do pai
Ansiedade e frustração em provas
 Por volta dos 7 anos de idade L. tinha dificuldades de
seguir comandos e era disperso (escola)
 Aprendeu a ler sozinho e sempre teve desempenho
acadêmico excelente
Histórico das  Relatos próprios afirmam que sente nervosismo desde
queixas a primeira prova que precisou fazer, aos 7 anos
 Episódios de irritabilidade e descontrole emocional
(bater porta, jogar coisas no chão, etc.) ocorrem mais
na presença da mãe, segundo relatos do pai
 Pais consequenciavam o “tirar 10” com dinheiro
Baixo repertório de autocuidado e autonomia com
atividades de rotina
 Aos 7, 8 anos: dificuldades para aprender atividades
que exigem coordenação motora fina, como abotoar
camisa e amarrar cadarço
 Dificuldades para levantar pela manhã (perde o horário
Histórico das da escola)
queixas  Mãe relatou necessidade em chamar sua atenção para:
 Escovar os dentes
 Tomar banho
 Melhorar a higiene durante o banho
 Passar desodorante
 Por o lixo pra fora (sua responsabilidade)
Relatos de sentimentos de preocupação/perseguição
Ouve vozes de origem desconhecida
Histórico das  Tem histórico familiar de suicídio, provável esquizofrenia e
depressão pós-parto (mãe)
queixas  Primeiro ano de vida: mal-humorado, nervoso e irritado
 Aos 3, 4 anos: alegre, mas muito agitado, e havia
momentos em que mordia a si próprio quando na frente
dos pais
Relatos de sentimentos de preocupação/perseguição
Ouve vozes de origem desconhecida
 Durante a infância houve relatos de que via pessoas
Histórico das  Episódios atuais de que ouve alguém falar com ele
queixas  Sente-se seguido e tem sentimentos de preocupação e
desconfiança, sem conseguir identificar o motivo para
tanto
Dificuldades de relacionamento com a mãe
 Depressão pós-parto (síndrome genética?)
 Distantes das famílias
 Fibromialgia
 Estresse? Burnout?
Histórico das  Mãe: relatos frequentes de desobediência, cansaço por
queixas precisar chamar sua atenção para o autocuidado e
frustração em momentos de nervosismo de L.
 L.: relatos frequentes de muito estresse da mãe
quando está em casa, discussões acerca de atividades
por fazer; “Eu gosto mais do meu pai”.
 Aos 4 anos de idade L. foi avaliado por uma equipe
multiprofissional, incluindo um neuropediatra, a qual
Histórico de não o diagnosticou com nenhum tipo de transtorno
avaliações e  Síndrome do Pânico aos 7 anos (psicodiagnóstico)
 Não há relatos de realização de tomografia, Pet Scan
tratamento ou ressonância magnética
 Faz uso de medicação: Neuleptil (irritabilidade, agressividade,
reações de frustração, hiperemotividade, lentidão p.cognitivos)

 Segundo a mãe, o psiquiatra receitou esta medicação


para tratamento de autismo, porém não consegue
enxergar nenhuma melhora
Histórico de
avaliações e  Exame recente para identificar Distúrbio do
tratamento Processamento Auditivo Central, com resultado
negativo.

 Avaliação recente com neuropsicóloga


Total de nove sessões de:
Levantamento de informações com os pais
Levantamento de informações na escola
Sessões com L. no setting terapêutico para:
 Vínculo terapêutico
 Observação do comportamento em situação social
Avaliação Aplicação de instrumentos:
 Lista de Verificação Comportamental Infantil (CBCL)
 Inventário de Ansiedade de Beck (BAI)
 Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes
(IHSA)
 Inventário de Habilidades Sociais (SSRS)
 Manual de Transtornos Mentais, 5ª edição (DSM-V) –
para consulta
CBCL
 Faixa clínica para competência social, problemas
internalizantes, problemas afetivos, problemas de
ansiedade e problemas de estresse pós-traumático
 Faixa limítrofe para problemas externalizantes e
Resultados dos tempo cognitivo lento
instrumentos  Resultados corroborados pelo relato dos pais, por
observações em setting terapêutico e informações
provenientes do relatório técnico-científico da
neuropsicóloga
BAI
 Grau mínimo de ansiedade, segundo relatos de L.
 Observações no setting terapêutico e acesso a vídeos
realizados pela mãe de L. em momentos anteriores ao
Resultados dos dia de realização de provas (em que ele demonstra
instrumentos frustração e medo) permitem questionar o resultado
do teste
 Baixo nível de autoconhecimento?
 Fonte secundária de informações para avaliação?
IHSA
 Habilidades sociais na faixa médio/superior
Resultados dos  Civilidade e Abordagem afetiva - escores baixos
instrumentos  Baixo autoconhecimento?
 Hipótese de enviesamento dos resultados do IHSA
SSRS
 Múltiplos avaliadores: crianças, pais e professores
 Autoavaliação: nível médio inferior de habilidades sociais,
indicando treino de repertórios sociais Empatia/Afetividade e
Assertividade
Resultados dos  Avaliação materna: faixa indicativa de déficit de habilidades
sociais em todas as categorias (Responsabilidade, Autocontrole,
instrumentos Afetividade/Cooperação, Desenvoltura Social e Civilidade)
 Acontecem com frequência problemas de comportamento
internalizantes, tais como 'mostra-se triste ou deprimido', 'tem
baixa autoestima', etc.
 Avaliação professor: nível médio superior
 Autismo Leve
 Síndrome de Klinefelter
 Espectro da Esquizofrenia
Hipóteses  Transtorno de Personalidade Esquizóide
diagnósticas  Transtorno de Personalidade Esquizotípica
 Síndrome de Irlen
 Baixos níveis de energia
 Timidez
 Dificuldade para expressar sentimentos ou
socializar
Síndrome de
Klinefelter

*(Maia, Coelho, Andrade, & Araújo, 2002)


Crenças excêntricas / estranhas e pensamento
mágico (superstições, paranormalidade, esoterismo
e misticismo, etc.);
Transtorno de  Experiências perceptivas não usuais;
Personalidade
 Comportamento excêntrico, peculiar, esquisito;
Esquizotípica
 Podem ocorrer desconfiança e ideação
autoreferente, com ansiedade e isolamento social
associados, além de comprometimento do afeto.

*APA (2013)
Distanciamento social, preferência por atividades
solitárias, ausência de desejo ou prazer em amizades ou
atividades sexuais;

 Indiferença a opinião alheia;


Transtorno de
Personalidade  Afeto frio, achatado ou indiferente;
Esquizóide  Sem amigos próximos ou confidentes, exceto
familiares;

 Passividade em situações adversas e ausência de


habilidades sociais frequentes.

*APA (2013)
 Uma disfunção cerebral no processamento da
imagem devido a uma sensibilidade na
percepção da luz.

 Devido à sensibilidade a certas ondas de luz,


Síndrome de podem ocorrer por exemplo, distorções no
Irlen material de leitura e escrita, resultando em
menor qualidade no desempenho escolar e
atividades cotidianas.
 Agitação; esforço p/ terminar tarefas;
depressão, frustação e/ou agressividade; baixa
autoestima; inabilidade na socialização

*Loew & Watson (2012)


 Encaminhamento para realização de exames genéticos
 Treino de habilidades sociais
 Treino de autodescrição de comportamentos e
sentimentos
 Treino de relaxamento
Estratégias
 Orientação aos pais em relação a habilidades de
terapêuticas autocuidado e seguimento de regras
 Sugestão de terapia para a mãe
 Recomendação de leituras para os pais (Eduque com
carinho)
 Sugestões de atividades extras para L.
Referências
 American Psychiatry Association. (2013). Diagnostic and Statistical
Manual of Mental disorders – dsm-5 (5th. ed.). Washington:
American Psychiatric Association.
 Loew, S. J., & Watson, K. (2012). A prospective genetic marker of
the visual-perception disorder Meares-Irlen syndrome. Percept
Mot Skills, 114(3), 870-882.
 Maia, F.R., Coelho, A.Z., Andrade, C. G., & Araújo, L. R. (2002).
Diagnóstico Tardio da Síndrome de Klinefelter – Relato de Caso.
Arq Bras Endocrinol Metab, 46 (3).
Marília Fontes de Castelo Branco
Doutoranda em Teoria e Pesquisa do Comportamento
Tríplice Psicologia Comportamental Pará
mariliafcb@gmail.com

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