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Simulação:

Um desafio
diagnóstico

Laysa Viana – Psicóloga – CRP 03 | 9086


Conceito
• Simulação significa,

• No senso comum:
• Ação ou efeito de simular, falta de
correspondência com a verdade,
fingimento, disfarce,
dissimulação; caráter do que
carece de sinceridade, hipocrisia,
impostura, falsidade;
Conceito
• Simulação significa,

• No Jurídico:
• declaração falsa da vontade de
uma ou ambas as partes, visando
fugir de determinado imperativo
local;
Conceito
• Simulação significa,

• Na Psicologia:
• manifestação exterior que tende a
falsear, exagerar ou prolongar
perturbações somáticas ou
psíquicas.
Conceito
• Ambas apresentam como elemento
básico a falsidade.

• Segundo o DSM-IV,
• Reside na produção ou exagero intencional de
sintomas gerados por incentivos externos;
• Não deve ser confundida com transtornos
factícios e do tipo psicossomáticos.
• Diferença por dois aspectos
principais:
• Objetivos e Controle da
Conduta.
Conceito
• Diferença diagnósticas

• Simulação
• De forma voluntária, age para obtenção de ganhos
ou evitando consequências.

• Transtornos factícios (artificial)


• Não há um objetivo consciente, ainda que a
produção do sintoma seja voluntária – os ganhos
estão relacionados a conflitos inconscientes.

• Psicossomáticos
• Tanto os objetivos quanto a produção da conduta
operam em nível inconsciente.
Conceito
• Diferença diagnósticas

TIPO CONTROLE MOTIVO

• FACTÍCIO • VOLUNTÁRIO • INCONSCIENTE


• SIMULAÇÃO • VOLUNTÁRIO • CONSCIENTE
• SOMATOFORME • INVOLUNTÁRIO • INCONSCIENTE
Conceito
• Resulta que a simulação é uma forma de logro
semelhante à mentira, ainda que os seus modos de
expressão sejam diversos.

• Uma e outra representam meios fraudulentos visando a obtenção de


determinados fins.

• Mas enquanto a mentira se esgota na simples expressão verbal da


falsidade, o processo de simulação, ainda que alicerçado na mentira,
implica a execução de atos e gestos destinados a alimentar, reforçar
e tornar credível a mentira.

• Dito de outro modo: a simulação não é uma mera deixa verbal como
a mentira, mas uma encenação da fraude para obter proveitos.
Conceito
• Resulta que a simulação é uma forma de logro
semelhante à mentira, ainda que os seus modos de
expressão sejam diversos.

• Uma e outra representam meios fraudulentos visando a obtenção de


determinados fins.

• Mas enquanto a mentira se esgota na simples expressão verbal da


falsidade, o processo de simulação, ainda que alicerçado na mentira,
implica a execução de atos e gestos destinados a alimentar, reforçar
e tornar credível a mentira.

• Dito de outro modo: a simulação não é uma mera deixa verbal como
a mentira, mas uma encenação da fraude para obter proveitos.
Simulaç
ão no
contexto
forense
Contexto Forense
• A mentira é comum nas mais diversas
situações sociais;
• Conduta apreendida de forma precoce, não necessita ser
explícita, podendo-se manifestar por meio de técnicas de
comunicação ambígua, insinuações ou omissões.
• Ainda que tenham aceitação social, tornam-
se críticas nas situações de avaliação forense,
pois, podem colocar em risco conclusões
realizadas por peritos.
• A simulação no contexto forense é um fator que pode
estar sempre presente, variando apenas em sua
intensidade.
• Ambiente coercitivo torna-se um fator relevante nesta
produção.
Contexto Forense
• Vargas (1990) descreve três tipos de
simulação:

Pré Simulação ou Simulação Anterior

Parassimulação, Supersimulação ou
Simulação Aumentada

Metassimulação ou Simulação
Residual
Pré Simulação ou
Simulação Anterior
• Premeditada;
• Planeja e executa seus sintomas
com antecedência ;
• Cria um reconhecimento social
de sua doença, para depois
buscar benefícios que deseja.
• Rara de acontecer com
transtornos psicopáticos.
Parassimulação,
Supersimulação ou Simulação
Aumentada
• Copia e Imita sintomas e
condutas de outras pessoas
doentes mentais, com o
objetivo de obter vantagens.
• Acontece por parte de pessoas
normais, como de enfermos,
principalmente com transtornos
psicopáticos.
Metassimulação ou Simulação
Residual
•Forma mais frequente;
• Após recuperar-se de
determinada doença mental,
continua a fingir os sintomas
da mesma com o objetivo de
obter vantagens.
• Casos comuns em perícias do
INSS.
Dissimulação
•Dissimulação
• De modo contrário, uma pessoa com sintomas
mentais pode ter interesse em esconder sua
patologia para atingir determinados objetivos.
• Buscam uma boa imagem ou mostrar-
se recuperado para se proteger de uma
possível internação ou interdição de
direitos.
Contexto Forense
• Ambos são de difícil detecção
• Erros mais frequentes:
• Acreditar que não acontece;
• Associar com doença mental;
• Valorizar excessivamente os traços em
detrimento da avaliação contextual;
• Falsa crença – minimiza a ocorrência
ou desloca o foco de análise para a
doença mental.
Contexto Forense
• Não há “fórmulas” para detectar
a presença de falsificações
• Pode-se descrever técnicas que, integradas, a
partir de múltiplas fontes, podem permitir a
conclusão sobre a presença ou não de
falsificação.
• Sempre verificar se existem fatores ou eventos
que podem provocar a presença de distorções da
realidade sem que haja a intencionalidade do
sujeito.
Contexto Forense
• Fatores que devem ser considerados:
• Características Pessoais:
• Nível de estresse, incapacidade física, limitação na inteligência, falta
de atenção, re-evocação de problemas, presença de nível de
pensamento psicótico.

• Características do Evento:
• Tempo de duração (muito rápido) e intensidade (muito fraca),
barreiras físicas quanto à sua observação, fatores de distração, relação
figura-fundo, estímulos sem singularidade.

• Erros de avaliação:
• Medidas pouco seguras ou inválidas, treinamento inadequado,
questões quanto aos procedimentos da obtenção das medidas,
contexto emocional e a necessidade de avaliação de eventos ocorridos
em um passado remoto.
Contexto Forense
• Qualquer conclusão sobre a
possibilidade da presença de
simulação, sem antes ter
verificado esta lista da fatores,
ficaria anulada:
• É do próprio conceito a noção de
que a distorção foi realizada de
forma intencional.
Avaliaç
ão da
Simulaç
ão
Contexto Forense
• Na entrevista clínica
• Umas das técnicas de grande validade
para a identificação da presença do uso
da simulação.
• Indicadores:
• Apresentação dramatizada e exagerada;
• Conduta cautelosa e premeditada
• Inconsistência no relato próprio;
• Confirmação de sintomas óbvios;
Contexto Forense
• Apenas 04 estratégias de
simulação tiveram confirmação
validada pelos estudos de
pesquisa:
• Sintomas
• Raros
• Indiscriminados
• Óbvios
• Improváveis
Contexto Forense
• Conduta do entrevistador
• Sugere questione sobre possíveis sintomas exóticos,
sempre que passar a confirmar todos os sintomas que lhe
são questionados.

• Usar entrevista clínica estruturada de diagnóstico, pois


permitiriam a comparação dos resultados através do
tempo e com outros entrevistadores.

• Entrevistar, de modo complementar, outros membros da


família, amigos, colegas de trabalho e outras pessoas que
possam trazer dados importantes sobre a pessoa avaliada.

• Dados que podem ser confrontados.


Contexto Forense
• Conduta do entrevistador
• Possibilitar ao periciado a reformulação do que já havia dito
através das seguintes técnicas: sintetizando a avaliação da
conduta.
• “Você está dizendo que não consegue lembrar de nada ocorreu naquela
noite?”
• Estimulando informações mais completas
• “Me fale mais sobre os motivos de sua primeira hospitalização”
• Dando uma chance de mudar seu primeiro relato
• “Pense sobre o que você me falou sobre ouvir vozes, você obedece a
elas todo o tempo? Quando não realiza, o que elas pedem?”
• Dando a possibilidade de eliminar discrepância no relato
• “Estou impressionado com o fato de você não se lembrar o que disse
ontem sobre o acidente sofrido!”
• Possibilitando que o cliente admita as distorções realizadas.
• “Se a sua ex-esposa (ou chefe, vítima, etc...) falasse sobre a sua verdade,
o que ela diria e por quê?”
Contexto Forense
• Conduta do entrevistador
• Deve não só esclarecer os sintomas
atuais do periciado, mas buscar o nível
de funcionamento prévio e a evolução
da doença.
• Requerer relatórios de rendimento escolar,
ficha funcional do local de trabalho ou de
serviço militar, atestados médicos
anteriores ou prontuários hospitalares.
Contexto Forense
• Conduta do entrevistador
• Ficar atentos à comunicação
verbal no momento de relatar
uma mentira
• Os que mentem apresentam
maior número de hesitações e
erros na fala quando a mentira
relatada apresentada certa
dificuldade cognitiva.
Contexto Forense
• Conduta do entrevistador
• Ficar atentos à comunicação
verbal no momento de relatar
uma mentira
• Os que mentem apresentam
maior número de hesitações e
erros na fala quando a mentira
relatada apresentada certa
dificuldade cognitiva.
Um Desafio
Diagnóstico
Um Desafio
Diagnóstico
• A arte do engano de iludir e driblar os sistemas de ataque
e defesa de outros seres vivos é parte expressiva para a
sobrevivência e reprodução no mundo natural.

• Duas estratégias básicas:


• Ocultamento - camuflagem, mimetismo e
dissimulação.
• Ilusão negativa onde a discrepância entre realidade e
aparência consiste em desaparecer, em não se fazer
notar , em induzir o outro a não perceber o que lá está.

• Desinformação Ativa – blefe, logro e manipulação


da atenção.
• Ilusão positiva, pois induz a ver coisas, a formar imagens
deturpadas ou a distrair-se momentaneamente, isto é, a
perceber algo que não está lá.
Um Desafio
Diagnóstico
• O Homem, dentre tantos animais, é o melhor
simulador.
• Mentira
• A fraude é exteriorizada mediante a linguagem. A
mentira se diz, não se faz.
• Imitação
• Fazer algo a semelhanças do imitado, que serve de
modelo.
• Simulação
• Fraude clínica intencionalmente provocada de
sintomas psicológicos para uma finalidade especulativa.
• Normal – Há nexo entre o objetivo da mentira com o
lucro.
• Patológica – Falta sentindo nesta relação.
Tipos de Simuladores
• Ingenieros (1925) classifica os simuladores
em três grupos:
ASTUTOS
MESOLÓGICOS
SERVIS

BURLÕES
SIMULADORES CONGÊNITOS
REFRATÁRIOS

SUGESTIONADOS
PATOLÓGICOS
PSICOPATAS
Mesológicos
• Meso - meio

• Pelo efeito do meio social intensificam a


simulação, que é sempre utilitária
• para se adaptarem ao meio simulam as
qualidade úteis e dissimulam as perniciosas.

• Costumam limitar-se a uma hábil simulação e


dissimulação de sentimentos.
• Classificam-se em dois grupos:
• ASTUTOS
• SERVIS
Astutos
• O que tem habilidade;
• Espertalhão – causando um “simulador
delinquente”
• A mímica está sempre preparada para a
simulação;
• A fisionomia oculta o estado interior;

• Aprendeu a refrear seus ímpetos


• Dirigi-se pela inteligência, sem nenhuma
espontaneidade.
Servil
• O bajulador
• Dissimulam suas mais íntimas
tendências e desejos
• Simulam ser seus os desejos do amo
ou senhor;
• Estão sempre disposto a servir os
poderosos e fazer com que todos
adorem os seus governantes, e se
deixem conduzir e manejar como
seres inferiores subordinados ao
amo.
Congênito
• Congênito – Nasce com
• o indivíduo
• Predomina o fator orgânico na
determinação da tendência para simular.
• Simula desinteressadamente;
• A simulação é o fim de sua conduta e não um meio
para obter vantagens de outra índole.
• Classificam-se em dois grupos:
• Burlões
• Refratários
Burlões
• O zombador
• Tem por hábito “trolar”ou fazer
zombarias;
• Enganam o cérebro das vítimas
• Sentem prazer em enganar os mais
inteligentes e com maior formação
acadêmica.
• Gostam de tirar vantagem da
tendência natural dos seres humanos
para confiar nos outros.
Refratários
• O rebelde
• Simulam pelo desejo de “soar
mal” com o seu ambiente;
• Desagrega ideia a fim de atrair a
atenção para si, sem a menor
sinceridade ou convicção.
• É uma simulação negativa que
costuma prejudicar o simulador.
Patológicos
• Patos - Doença

• Quando se manifesta em qualquer


circunstância, de maneira irresistível como
um fenômeno automático
• Uma anomalia do funcionamento
mental que acarreta em uma perda do
sentido de “adaptação ao meio”
• É a que mais nos interessa diante do
desafio diagnóstico de diferenciar o
simulador normal e o patológico.
Tipos de Simuladores
• Batistelli (1963) dividiu o quadro patológicos em três:

FANFARRÃO

GABAROLAS CHARLATÃO

BURLÃO

VAIDOSO
PATOLÓGICOS MITÔMANOS
LUCRATIVO

MALIGNO
PATOLÓGICOS HISTÉRICO

CONFABULAÇÃO
DELIRANTE
Tipos de Mentira
Patológica
Gabarolas
• Gostam de se destacar e aproveitam qualquer
oportunidade para este fim, sem qualquer senso
crítico.
• Inoportunos, não consideram o ridículo, vêem tudo
de forma exagerada.
• Sua conduta não apresenta perversão ou
malignidade
• Está na fronteira entre a mentira normal e a
simulação, pois nem sempre quer obter prestígio
próprio.
Gabarolas
• Fanfarrão
• Exaltação pessoal – conta estórias fantásticas sem se
preocupar em ser flagrado.

• Charlatão
• Quer obter lucros, mas age com tanta leviandade que
não tem muita chance de conseguir credibilidade.

• Burlão Mórbido
• Mais pernicioso – Age de modo absurdo e sua
pretensiosiadade não escolhe ambiente adequado ou
não.
Tipos de Mentira
Patológica
Mitômano
• Trata-se de um estado patológico;

• Adultera os fatos com tendência a


grandiosidade;
• Os acontecimentos tem conotação
extraordinária ou chocante.
• Vai de encontro com a realidade objetiva
• Se deflagrado, acaba por admiti-las, mas tenta
resistir com argumentos lógicos.
Mitômanos
• Vaidoso
• Procura impressionar ao máximo seu ouvinte.

• Lucrativo
• Procura iludir com o intuito de obter lucro visado.

• Maligno
• Perfil criminoso - tenta atrair a vítima para si a simpatia e o
interesse do grupo para obter o que deseja.

• Histérico
• Atua por vezes como absoluta perfeição.
Tipos de Mentira
Patológica
Patológicos
• Devem ser consideradas como
possibilidades de estarem
associadas com outros sintomas
que irão sugerir transtornos
mentais crítico.
Patológicos
• Confabulação
• Mente sem o objetivo de engodo ou lucro e sem
qualquer premeditação;
• Geralmente tem origem orgânica.

• Delírio
• Aparece em diferentes formas: melancólica, maníaca e
paranóica;
• Constitui-se como meio e não como fim.
• Quando deflagrados tem reações imprevisíveis, que
variam de agressão, ofensas e infâmias até s que se
retraem e se calam.

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