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FORMAÇÃO DE

TRADUTORES/INTÉRPRETES:

Reflexões sobre desenho curricular no


contexto de formação por competências

Profª Drª Maria Lúcia Vasconcellos (UFSC)

Aula Inaugural 16 de março de 2019


Especialização em tradução e interpretação de Libras/Português
POSSÍVEIS CONTEXTOS DE AQUISIÇÃO DA COMPETÊNCIA – CT –
PARA TRADUZIR/INTERPRETAR

Fora do Dentro do
sistema sistema
educacional educacional

Aquisição
da CT
1 Como AUTODIDATA: bilíngue ‘se torna’
tradutor/intérprete, em circunstâncias
cotidianas, atos interativos e de mediação.

Fora do
2 Com ajuda de outro tradutor/intérprete:
sistema sistema de MENTORIA
educacional:
Dentro do sistema Didática:
educacional: O tipo de ensino
formação
condiciona a
sistematizada, maneira como se
adquire a
em uma intervenção
social programada competência
Objetivo

Propor o modelo de Competência Tradutória do


Grupo de Pesquisa PACTE
como base para desenho curricular para formação
de tradutores e intérpretes de Libras-português

http://grupsderecerca.uab.cat/pacte/en
AMPARO HURTADO ALBIR
BASE
CONCEITUAL

3 Bases da
proposta
BASE
DIDÁTICA BASE
PEDAGÓGICA PACTE METODOLÓGICA
Base conceitual:

1. Conceito de Tradução
2. Conceito de Competência
Tradutória (CT)
3. Aquisição da Competência
Tradutória
CONCEITO DE TRADUÇÃO – Concepção integradora de
tradução
Competência Tradutória (Modelo PACTE)
Competência Tradutória (Rodrigues, 2018)
Aquisição da Competência Tradutória

Processo dinâmico e
cíclico de
desenvolvimento de
subcompetencias,
demandando estratégias
de aprendizagem

Hurtado Albir 2007: 72


Base pedagógica:

Orientação construtivista da
aprendizagem
Formação por Competências
I- APRENDIZAGEM: Orientação construtivista
II –ENSINO: Formação por Competências (FPC)
PONTOS DE PARTIDA:
(a)Contexto social e institucional

(b) Definição de objetivos de aprendizagem a


partir de competências
definidas no perfil profissional
BASE PEDAGÓGICA DO GRUPO PACTE: Conceitos da teoria cognitivo-construtivista de
aprendizagem

Composição conceitual que envolve Piaget; Vygotsky e Ausubel:

PIAGET (1896-1980): Assimilação e Acomodação

VYGOTSKY (1896-1934): Aprendizagem mediada

AUSUBEL (1918-2008): Aprendizagem significativa


Impactos da orientação construtivista de aprendizagem
no modelo de Didática de Tradução do PACTE

Aluno como protagonista do próprio processo de aquisição da CT

Metodologia centrada no aprendiz e centralidade da subcompetência


estratégica

Mudança no papel do professor: de protagonista no processo de ensino a


facilitador da aprendizagem;

Tradução como conhecimento essencialmente operativo: ‘saber fazer’


IMPACTOS da Formação Por Competência (FPC) no modelo
de Didática de Tradução do PACTE

“Se nosso objetivo é formar tradutores/intérpretes profissionais,


um ponto de partida lógico seria uma
descrição do que tradutores profissionais são realmente requisitados a fazer”
(Kelly, 2005: 23-24).

Perfil Profissional: o que faz o tradutor/intérprete?

Descrição das competências desenho dos objetivos de aprendizagem:

“Ao final do curso o aluno será capaz de ......”


Perfil profissional, YÁNIZ e VILLARDÓN, 2006, p. 20), Hurtado Albir, 2008,
tradução de Lavínia Teixeira
Importância do perfil profissional

1) Identificar os conhecimentos, habilidades e atitudes que compõem as


competências;
2) Identificar a capacitação necessária para o desenvolvimentos dessas
competências

Com base em Hurtado Albir, 2007, e Rodrigues, 2018, sugerimos as seguintes


competências específicas para a formação de tradutores e intérpretes
Metodológicas e
Estratégicas

Competências
Intermodais: Conhecimentos
imagético- sobre tradução
sinestésicas

COMPETÊNCIAS
ESPECÍFICAS PARA
Ocupacionais FORMAÇÃO Contrastivas

Instrumentais
Extralinguísticas
Textuais
Base metodológica:

Abordagem por ‘tarefa de


tradução’ - núcleo organizador
da aprendizagem
ABORDAGEM POR TAREFAS
ORIGEM: ENSINO DE LINGUAS ESTRANGEIRAS nos anos 80, 90

CARACTERÍSTICAS DA TAREFA:

 ATIVIDADE EM SALA-DE-AULA: FOCO NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO

 PROTAGONISMO DO APRENDIZ - A TAREFA CENTRADA NA AÇÃO DO

APRENDIZ
 ALINHAMENTO COM OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
TAREFAS de TRADUÇÃO (Hurtado Albir, 1999; 2015)

“Uma unidade de trabalho na sala-de-aula representativa da prática


profissional, direcionada à aprendizagem de como traduzir e
desenhada com um objetivo específico, uma estrutura e uma
sequencia”

Pedagogia centrada no aprendiz: aluno se torna gradativamente autônomo e


1.
responsável por sua aprendizagem;

2.
Metodologia ativa – o estudante aprende a fazer fazendo;

Ao fazer, entende os princípios que regem a tradução e adquire estratégias para


3.
resolver problemas de tradução;

Alinhamento com objetivos de aprendizagem


ESTRUTURA HIERÁRQUICA de um PROGRAMA DE
ENSINO: Tarefa como núcleo organizador
UD1 Tarefa de
Tradução 1,2,3
Fichas
1,2,3 ...
...
Disciplina/
Tarefa de
curso UD2 Tradução Final

UD3 ... Tarefas ...tantas


quanto necessárias:
- Tarefa preparatória e
1 UD para cada de aprendizagem
Objetivo de - tarefa de integração
Aprendizagem - Tarefa integradoras
CONJUNTO de TAREFAS DE TRADUÇÃO formam UNIDADE DIDÁTICA (UD)
elaborada para alcançar OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

UNIDADE DIDÁTICA:
Objetivos de aprendizagem: “Ao final da UD o aluno será capaz de...”

ESTRUTURA DA UNIDADE DIDÁTICA (UD):


TAREFA 1:
TAREFA 2:
TAREFA 3:
TAREFA...
TAREFA FINAL:
ILUSTRAÇÃO
SILVA; VASCONCELLOS, 2019
SITUAÇÃO PEDAGÓGICA ESPECÍFICA

Formação continuada de Intérpretes Educacionais de Libras-


Português

CURSO: Extensão universitária (120 horas presenciais)


PÚBLICO-ALVO: Intérpretes educacionais de Libras-Português que se
encontram atuando nas escolas
DISCIPLINA: Fundamentos teóricos e práticos da interpretação
CARGA HORÁRIA: 6 encontros
Objetivos de aprendizagem: “Ao final da Unidade
Didática (UD) o aluno será capaz de...”

1. Conhecer os estudos que versam sobre os Estudos da Interpretação


da Língua de Sinais;

2. Identificar os estudos acerca do Intérprete Educacional;

3. Aplicar processos interpretativos que envolvam o par linguístico


Libras-Português.
Unidade didática

UD foi estruturada em 3 tarefas, as quais foram nomeadas da


seguinte forma:

Tarefa 1- (Re)Conhecendo as áreas;


Tarefa 2- Práticas de interpretação português-libras: Consecutiva;
Tarefa Final – Práticas de interpretação português-Libras:
Simultânea.
TAREFA 1 - (RE)CONHECIMENTO DAS ÁREAS E IDENTIFICAÇÃO
DOS ESTUDOS ACERCA DO INTÉRPRETE EDUCACIONAL
TAREFA 2 - APLICAÇÃO DOS PROCESSOS INTERPRETATIVOS:
PRÁTICAS DE INTERPRETAÇÃO PORTUGUÊS-LIBRAS -
CONSECUTIVA
TAREFA 2: APLICAÇÃO DOS PROCESSOS INTERPRETATIVOS:
PRÁTICAS DE INTERPRETAÇÃO PORTUGUÊS-LIBRAS -
CONSECUTIVA
TAREFA 3 – Final: APLICAÇÃO DOS PROCESSOS INTERPRETATIVOS:
PRÁTICAS DE INTERPRETAÇÃO PORTUGUÊS-LIBRAS - SIMULTANEA
Metodológicas e
Estratégicas

Competências
Intermodais: Conhecimentos
imagético- sobre tradução
sinestésicas

COMPETÊNCIAS
ESPECÍFICAS PARA
Ocupacionais FORMAÇÃO Contrastivas

Instrumentais
Extralinguísticas
Textuais
Reflexões sobre a UD ilustrativa:
 A competência explorada na UD foi a de Conhecimentos sobre
tradução/interpretação;
 Foco no processo de aprendizagem;
 A UD foi elaborada em torno de Tarefas de Tradução, alinhadas às
competências (Objetivos de aprendizagem), proporcionaram a
metodologia ativa;
 A metodologia é centrada no aprendiz, tendo relevância as reflexões dos
alunos com relação a sua própria aprendizagem (autorregulação e
autonomia);
 Mudança no papel do professor de protagonista a facilitador;
 Próximo passo é a validação dessa proposta.
REFLEXÕES FINAIS: Pesquisa em Didática de TILS
Libras-Português (inspirado em Hurtado Albir, 2005)
Estágio embrionário, necessidade de investigações de diversas ordens:
.
1. Avançar na descrição do perfil profissional para identificar a formação
necessária em termos de competências e objetivos de aprendizagem;
2. Avançar nas propostas de desenho curricular em diferentes contextos de
tradução/interpretação no par linguístico Libras-Português;
3. Avançar na elaboração de materiais didáticos;

4. Avançar na elaboração de instrumentos e tarefas avalição no contexto de


formação por competências;
Este trabalho pretendeu apenas ser um passo inicial nessa direção.
AZEVEDO, D.N. & VASCONCELLOS, M.L. (2013) Formação de tradutores: a contribuição da terminologia para uma proposta de desenho de ementa de
discipina a partir da abordagemm por tarefa de tradução. Traduzires, 2013, v.2, p. 41-52.
DELISLE, J. (1984) L’Analyse du discours comme méthode de traduction, Théorie et pratique. Ottawa: Édition de l’Université d’ Ottawa.
-------------- (1993) La traduction raisonnée. Ottawa: Édition de l’Université d’ Ottawa.
FRANCIS, M.; DURÃO, A.B.A.B.; VASCONCELLOS, M.L. Planejamento e proposta de uma Unidade Didática para ensino de tradução: uso de dicionários.
Tradterm, 2015.
http://www.revistas.usp.br/tradterm/article/view/113413
GALÁN-MAÑAZ, A. (2009) La Enseñanza de la Traducción en la Modalidad Semipresencial. Tesis doctoral, Directora: Amparo Hurtado Albir. Univeristat
Autònoma de Barcelona.
GONZÁLEZ DAVIES, M. (2004). Multiple voices in the Translation classroom. Amsterdam/Philadelphia: Benjamins.
HURTADO ALBIR, A. (ed.) (1999) Enseñar a traducir. Metodología en la formación de traductores e intérpretes. Madrid: Edelsa.
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KELLY, D. (2005). A Handbook for Translator Trainers. Oxford, UK: Alden Press.
NECKEL, F.; SILVA, D.; SANTOS, R.; GYSEL, E.; NOGUEIRA, T.C.; VASCONCELLOS, ML. Didática da Tradução em perspectivas cognitivo-construtivista e
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NOGUEIRA, Tiago C; SANTOS, Silvana A.; VASCONCELLOS, Maria Lúcia. Formação de intérpretes de português-libras: proposta de unidades didáticas
construídas em torno de ‘tarefas de interpretação’. Revista de Estudos da Linguagem. UFMG (2018).
PACTE Research Group: http://grupsderecerca.uab.cat/pacte/en
SILVA, K; VASCONCELLOS, ML. FORMAÇÃO DO INTÉRPRETE EDUCACIONAL DE LIBRAS-PORTUGUÊS:REFLEXÕES A PARTIR DAS CONTRIBUIÇÕES
DA PROPOSTA DIDÁTICA DO PACTE. In. Revista Belas infiéis, v.8,n.1. Brasília: UnB, 2019, p. 119-144.
VASCONCELLOS, ML; GYSEL, E.; ESPÍNDOLA, E. Interdisciplinaridade no Ensino da Tradução: Formação por Competências, Abordagem por Tarefas De
Tradução, Tipologia Textual Baseada em Contexto. Aceito para publicação em Cadernos de Tradução, 2017.
VASCONCELLOS, ML & FERNANDES, L. RESENHA: Hurtado Albir, Amparo. Aprender a Traducir del francés al español. Competencias y tareas para la
iniciación a la traducción. Série Aprender a Traducir 6. Castellón de la Plana: Publicacions de la Universitat Jaume I, Madrid: Edelsa, D.L. 2015. Cadernos
de Tradução, 2015, v. 2.p. 476-483.
WILLIS, J. (1996). A Framework for Task-based Learning. Harlow, UK: Longman.
OBRIGADA!
marialuciabv@gmail.com

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