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Discussão clinica

Transtornos do Neurodesenvolvimento
Na idade Pré-escolar
História clínica

JMR, 3 anos, sexo masculino, branco, foi levado pela mãe ao ambulatório por
queixa de atraso na fala.
Sempre apresentou irritabilidade fácil. Atualmente, a criança não fala
nenhuma palavra, é agitado, irrita-se com sons altos (como ventilador e
liquidificador), não interage com crianças da mesma idade ou com adultos.
A criança apresenta ainda dificuldades significativas na alimentação,
evitando alimentos mais consistentes, além de apresentar sono
fragmentado. Percebendo que após 6 meses de escolarização não houve
melhora significativa do comportamento, além de receber queixas acerca
das dificuldades com as professoras, decidiu buscar avaliação médica.
Pré natal

Mãe G1P1A0, 27 anos


Pré Natal com mais de 6 consultas médicas, sem Intercorrências
Fez uso de cálcio, acido fólico e ferro
Não fez uso de demais medicações
Nascimento

O bebê nasceu de parto vaginal, com 37semanas, apresentando boletim de


Apgar 8 e 9, pesando 2.680g e recebendo alta aos 2 dias de vida, sem
intercorrências, mediu 49 cm e tinha um PC no percentual 50 ( 34,5cm).

Dos testes de triagem neonatal: realizou Pezinho, porém não foi buscar o
resultado, coraçãozinho e olhinho: sem alterações.
Marcos do desenvolvimento

Os marcos do desenvolvimento nunca foram avaliados por médicos ou


enfermeiros.

A mãe relata que a criança:


• sentou-se sem apoio aos seis meses de idade
• engatinhou de forma típica aos 10 meses de idade
• andou sem apoio aos 14 meses de idade
• Falou papai e mamãe os 11 meses, porém aos 15 meses, parou de fazê-lo.
História médica pregressa

Só foi levado às consultas quando ele apresentava sinais e


sintomas clínicos de adoecimento.

Ele foi internado 1 vez por uma febre não aferida que foi
acompanhada por uma crise convulsiva em um hospital por 4
dias. Mãe não sabe referir o diagnóstico de internação e não
possui mais o sumário de alta.
História Familiar
• A mãe tem histórico familiar de depressão.

História Social
• Renda familiar fixa de 2 salários-mínimos, água encanada, esgoto
sanitário. Pra beber, faz uso de água mineral e, às vezes, de poço com
hipoclorito.
• A mãe é recepcionista e o pai é auxiliar em serviço de buffet.
• Além dos cuidados do pai e da mãe, o menor é assistido pela sua avó
materna que mora junto a família.
EXAME FÍSICO

• Abdome: plano, sem cicatrizes, lesões, retrações ou abaulamentos, RHA audíveis e percussão timpânica nos
quatro quadrantes. Ausência de dor ou rigidez abdominal a palpação.
• Pulmonar: Tórax plano sem retrações ou abaulamentos, eupnêico, com ritmo respiratório regular (20 irpm) e
expansibilidade preservada. Expansibilidade e FTV simétricos a palpação. Som claro pulmonar a ausculta em
ambos hemitóraxes. Murmúrio vesicular fisiológico presente em ambos hemitóraces, sem ruídos
adventícios.
• Cardíaco: Área precordial sem alterações com ictus não visível. Ictus palpável em ritmo regular, sem frêmito.
Bulhas cardíacas normofonéticas com ritmo regular em 2T em foco pulmonar, aórtico, mitral e tricúspide,
sem sopros.
• Neurológico: perímetro cefálico no percentil 50 (52 cm), ausência de lesões cutâneas. Durante a avaliação, a
criança não apresentou contato visual com o examinador ou com a mãe, não apontou objetos de interesse,
não atendeu quando chamado pelo nome. Emitiu sons altos e gritos quando irritado ou feliz. Não brincou
com brinquedos de forma habitual e, quando ofertado um carro, rodou de forma insistente a roda.
Apresentou movimentos repetidos de balançar de mãos e andou nas pontas dos pés durante a consulta.
Questões
1. O que fazer para a investigação do caso no ambulatório?
2. Como avaliar o desenvolvimento desta criança?
3. Que instrumento (s) utilizar? Onde eles estão?
4. Como classificá-lo em relação ao desenvolvimento?
5. Quais exames complementares devem ser solicitados e por quais especialistas?
6. Com base no exame clínico e na anamnese, qual a principal hipótese diagnóstica?
7. Quais as comorbidades mais frequentes nesta situação?
8. Quais os principais diagnósticos diferenciais?
9. A solicitação de exames complementares foi realizada de forma adequada?
10. Qual a conduta apropriada?
Classificar o
desenvolvimento:
Caderneta da criança
EXAMES COMPLEMENTARES

Potencial evocado auditivo de tronco cerebral: normal.

Ressonância magnética de crânio: normal.

Eletroencefalograma: atividade de base organizada e simétrica.


Ausência de atividade epileptiforme.
RASTREIO
DIAGNÓSTICO
Ansiedade
Depressão
Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
Transtorno Opositor Desafiador
COMORBIDAD Transtorno de Integração Sensorial
ES Deficiência intelectual
Convulsões, epilepsia
Distúrbios do sono
Gastrointestinais (constipação)
E o Transtorno de Défcit de
Atenção e Hiperatividade?
Em 2011, a Academia Americana de Pediatria atualizou a diretriz sobre
TDAH para incluir recomendações para o diagnóstico e tratamento de
crianças em idade pré-escolar (idade de 4 e 5 anos).
As diretrizes anteriores tinham somente orientações sobre o diagnóstico e
tratamento para crianças com idade entre 6 e 12 anos.
ENCAMINHAMENTOS

Neurologista Psiquiatra
Pediatra Fonoaudiólogo
infantil Infantil

Terapeuta
Psicólogo Pedagogo
Ocupacional
Tratamento Não Farmacológico

Objetivo: reabilitação para alcançar os pares ou as plenas capacidades

Aconselhamento e treinamento familiar

Abordagens dependem da faixa etária

Análise do Comportamento Aplicada

Facilitador Escolar
Tratamento Farmacológico

Objetivos: reduzir agitação, transtornos do sono, auto e


heterolesão

Antipsicóticos atípicos

Risperidona e Aripripazol

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