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Acidentes com animais

peçonhentos

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Conceito
• Animais peçonhentos são aqueles que
possuem peçonha, ou seja, uma
secreção venenosa que é injetada
através de picadas ou mordeduras.

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 Os animais peçonhentos mais comuns
são:
• Serpentes,
• Aranhas,
• Escorpiões.

– Atingem maior incidência na zona rural.

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Envenenamento Ofídico
• São provocados por picadas de serpente
(cobra) venenosa.
• Os gêneros mais comuns são Bothrops,
Crotalus e Elapidal.
– Gênero Bothrops: acidentes botrópico –
representado pela jararaca.
– Gênero Crotalus: acidente crotálico –
representado pela cascavel.
– Gênero Elapidal: acidente elapídico –
representado pelas corais.

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Ação do veneno

• O veneno atinge todo o corpo,


iniciando pelo sistema nervoso,
sistema circulatório, rins e sangue.

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Características da picada das serpentes a
associada à ação do veneno.
Local da Associação ao grupo
picada Botrópico(jararaca) Crotálico(cascavel) Elapídico(coral)

Característi Picada dolorosa, Picada dolorosa, Picada menos


ca da picada região avermelhada sem sinais da picada dolorosa, local da
independent com edema e calor no local, dor não picada fica
e do local local, bolhas, dor de intensa, porém adormecido,pode
aumento progressivo persistente ocorrer
adormecimento de
todo o membro.

Face Sem alterações na Face depressiva, Disartria, disfagia,


face paralisisa da face deprimida,
musculatura dos sialorréia grossa.
olhos,visão turva.

Músculos Sem modificações Paralisia dos Sem modificações.


26/04/23 músculos atingidos e 6
do pescoço.
Características da picada das serpentes a
associada à ação do veneno.

Local da Associação ao grupo


picada Botrópico(jararaca) Crotálico(cascavel) Elapídico(coral)

Sangue Ocorre coagulação,


Epistaxes,
sangramento pela
boca, sangramento
por vias urinárias
(hematúria)

Urina Coloração Volume urinário


avermelhada, normal, coloração
diminuição do volume avermelhada.
urinário.

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Mecanismo de ação
 As peçonhas, após injetadas no corpo
humano, podem provocar reações
orgânicas, que se classificam em quatro
grupos:
• Anticoagulante
• Hemolítica
• Neurotóxica
• Proteolítica.

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Anticoagulante
• A peçonha age pela destruição do
fibrinogênio, fazendo com que o sangue não
coagule.
• O fibrinogênio é uma molécula que constitui
uma proteína abundante no plasma
sanguíneo, que faz a agregação plaquetária
e a formação de fibrina,em que há a
polimerização para a formação do coágulo
de fibrina.

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Hemolítica
• Esse tipo de peçonha ao atingir a corrente
sanguínea, age destruindo as hemácias do
sangue. A sua destruição provoca uma
anemia hemolítica aguda, e levará o
individuo ao óbito, por asfixia celular.

» As hemácias transportam o oxigênio para as células


e retira o gás carbônico.

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Neurotóxica
• A peçonha atua sobre o SNC,
provocando mudanças consideráveis
no equilíbrio, consciência, distúrbios
da visão e demais sentidos, dormência
no ponto da picada ou mordedura,
podendo levar o individuo ao estado
de choque, à insuficiência renal aguda
e, consequentemente, ao óbito.

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Proteolítica
• A peçonha, após inoculada pelo
animal, dá inicio ao desencadeamento
de um processo de decomposição de
proteínas, gerando a necrose do
tecido, que se não for tratado poderá
levar à perda do membro atingido, e
até mesmo ao óbito.

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Procedimentos Emergenciais,
fora do ambiente hospitalar
• O animal agressor deverá ser levado ao PS. Para
identificação dos profissionais corretamente para
ministrar a medicação adequada.
• Caso não seja possível, procurar colher o maior
numero de informações a respeito do animal.
• Remover a vítima para um lugar mais seguro, longe
da mata.
• Manter a vítima deitada, evitando que faça
esforço, principalmente quando a picada for em
MMII.
• Não garrotear a o membro afetado, pois só
prejudicará o atendimento posterior.

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Procedimentos Emergenciais,
fora do ambiente hospitalar
• Lavar o local com água e sabão.
• Elevar o membro afetado.
• Comprimir próximo a picada, para que
ocorra sangramento no local, pois ajuda a
expelir o veneno.
• Aplicar compressas frias ou gelo no local
da picada.
• Não colocar nada sobre o ferimento.
• Remover o mais rápido possível para o
hospital.

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Medidas a serem tomadas:
• Proceder as seguintes manobras para se
retirar o máximo de veneno inoculado,
tendo validade apenas nos primeiros 30
minutos após a picada:
1. Fazer perfurações ao redor do local
picado com agulha, alfinete, tesoura,
etc...
2. Provocar o sangramento, possibilitando
concomitantemente a saída do veneno,
espremendo a parte afetada.
3. A eliminação do veneno usando-se a
sucção com a boca.

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Mordidas de serpentes
peçonhentas
• Este ataque denomina-se acidente
ofídico.
• A principal medida é a ministração do
soro antiofídico.

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Gênero Botrópico
 São as cobras Jararacas.
 Seguintes espécies:
• Bothrops erythromelas;
• Bothrops neuwiedi lutzi;
• Bothrops piauyensis, etc.
 São animais vivíparos, parem seus filhotes.
 A peçonha é de ação proteolítica,
anticoagulante e hemorrágica.

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Quadro Clínico
• Dor local
• Edema
• Infecção
• Orifícios de perfuração (um ou dois)
• Necrose tecidual
• Déficit funcional
• Formação de microtrombos em microvasos.

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Complicações Sistêmicas

• Insuficiência renal aguda.

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Soro

• Recomenda-se ministração do soro


específico antibotrópico.

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Exames Laboratoriais

• Tempo de coagulação.

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Gênero Crotálico
(Crotalus)
 São as cascavéis.
 Seguinte espécie:
• Crotalus dirissus cascavella.
• São animais vivíparos, parem suas crias.
• A peçonha é de ação tóxico-enzimática
(neuro-tóxica, miotóxica, hemolítica e
coagulante).
» Neurotoxinas: crotoxina, crotamina, giroxina e
convulxina.

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Quadro Clínico
• Mal-estar, • Alterações da cor
da urina
• Náuseas,
(avermelhada ou
• Sudorese, com cor de caldo-
• Orifícios de de-cana),
perfuração, • Aumento sensível do
• Face miastênica, tempo de
• Mialgia, coagulação,
• Visão turva. • Dormência na área
da picada.

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Complicações Sistêmicas

• Insuficiência respiratória.

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Soro

• Recomenda-se a aplicação do soro


especifico anticrotálico.

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Gênero Micrurus
(acidente elapídico)
• Cobra coral verdadeira (Micrurus
ibibiboca).
• A peçonha é de ação neurotóxica, e
de grande potencialidade.

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Quadro Clínico
• Insuficiência respiratória aguda
• Orifícios de perfuração
• Dificuldade de deglutição
• Ptose palpebral
• Fase miastênica
• Etc...

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Soro

• Ministração de soro especifico


antielapídico, via EV.

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Gênero Lachesis
(laquético)
• Surucucu (Lachesis muta rhombeata).
• Maior serpente peçonhenta das Américas,
podendo atingir até 04 metros de
comprimento.
• São ovíparos, põem ovos em ninho, e que
serão chocados por força da natureza.
• A peçonha é de ação proteolítica,
coagulante, hemorrágica e neurotóxica.

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Quadro Clínico
• Diarréia
• Bradicardia
• Dor local elevadíssima
• Calor e vermelhidão local
• Hemorragias
• Aumento do tempo normal de coagulação
• Etc...

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Complicações Sistêmicas

• Insuficiência renal aguda


• Hipotensão arterial
• Estado de choque em estados mais
graves.

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Soro

• Recomenda-se a ministração do soro


especifico antilaquético via EV.

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Assistência de enfermagem
na hospitalização
• Colher história do paciente para verificar a
possibilidade de identificação da serpente.
• Providenciar soro específico de acordo com a
orientação do centro de controle de intoxicação
local e administrar o mais rápido possível.
• Verificar SSVV e monitorização do paciente.
• Fazer limpeza com SF 0,9% no local da picada e no
membro afetado.
• Manter o membro elevado.
• Puncionar acesso venoso de grosso calibre e
manter hidratação com.

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Assistência de enfermagem
na hospitalização
• Fazer controle rigoroso da diurese,
separar as micções em frascos limpos e
orientar o paciente que cada vez que urinar
deve colocar a urina em um frasco, que
deve estar identificado com o seu nome,
data, número da amostra, e colocar horário
no ato. Observar o volume e a cor da urina.
• Providenciar transferência do paciente
para ala de internação.

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Acidente botrópico

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Acidente botrópico

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Acidente botrópico

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Acidente crotálico

Acidente Elapídico
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Identificação das
Serpentes Peçonhentas

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Um grupo de detalhes auxilia
na identificação das cobras
peçonhentas:
1. Fosseta:
Orifício localizado entre as narinas
e os olhos, fazendo com que o animal
seja capaz de captar a temperatura
de 0,2°C, num raio de 05 metros de
diâmetro.

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2. Pupilas:
podem ser triangulares ou
arredondadas.
3. Escamas:
As cobras peçonhentas são
escamosas.

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4. Ausência de Brilho:
As cobras peçonhentas não são
brilhosas, e sim opacas. Com exceção
da cobra coral, que é brilhosa.
5. Placa Labial:
Algumas cobras peçonhentas não
possuem fosseta, mas possuem placa
labial, que efetua o mesmo papel.

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6. Presas/dentes:
Cobras não peçonhentas possuem
dentes pequenos e iguais. Cobras
peçonhentas possuem um par de
presas.
7. Formato da Cabeça:
Cabeça arredondada sugere cobra
não peçonhenta, e cabeça triangular,
cobra peçonhenta.

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8. Orifícios da Mordida:
Orifícios arredondados e profundos
no local afetado indicam mordida de
cobra peçonhenta, geralmente em nº.
de 2.
Cobra não peçonhenta causa furos e
em número maior.

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• O soro deverá ser aplicado sempre
por via EV. O soro antiofídico
polivalente não possui eficácia em
peçonha de cobras corais.
• O soro, quando aplicado, poderá
ocasionar choque anafilático, devendo
a equipe de saúde deverá estar
preparada para intervir.

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Picadas de Escorpião

• A peçonha do escorpião é
neurotóxica, atinge o SNC.

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Sintomas
• Forte dor local
• Inchaço
• Formigamento
• Convulsões
• Distúrbios dos sentidos
• Choque
• Colapso cardiorrespiratório.

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 Os escorpiões que são potencialmente
perigosos ao ser humano pertencem à
família dos buthidae.
 No Brasil, destacamos os mais comuns:
• Tityus stigmurus
• Tityus bahiensis
• Tityus serrulatus.
 Por possuir uma proteína de baixa
densidade, a ação da peçonha é geralmente
rápida.

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Quadro Clínico
 Sintomas locais:  Sintomas gerais:
• Dor aguda e violenta • Tremores.
com sensação de • Vômitos.
queimação. • Agitação.
• Edema. • Dores abdominais.
• Vermelhidão. • Pancreatite.
• Sudorese local. • Náuseas
• Alteração da • Distensão
temperatura. abdominal.

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 Sintomas no  Complicações
Sistema neuromusculares:
Respiratório: • Sonolência
• Dispnéia. • Fraqueza muscular,
• Bradipnéia, • Torpor,
• Quantidade • Alteração da visão
elevada de e demais sentidos,
secreções,
• Tonturas,
• Edema de pulmão, • Astenia,
• Etc...
• Etc...

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Procedimento
Emergencial
• Lavar o local da picada com água e
sabão, limpar com álcool e aplicar
gelo.
• Remover imediatamente o acidentado
para o hospital.

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Soro
• Inicia-se o tratamento de soroterapia
especifico.
• Nos casos moderados, a ministração
de 02 a 04 ampolas; e nos casos
graves, de 04 a 08 ampolas.
• Na pediatria, recomenda-se a
ministração de 30ml/kg de massa
(peso), já com o volume das ampolas.

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Tratamento Clínico
• Manutenção das funções vitais,
• Desobstrução das vias aéreas,
• Tratamento sintomático.
• Havendo dor local: proceder ao
bloqueio analgésico local.

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Exame laboratorial

• Glicose sanguínea.

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Picada de Aranhas
• Geralmente são mordidas que causam
forte dor local, e sintomas que variam
de acordo com a forma de ação da
peçonha.

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Sintomas
• Cefaléia,
• Câimbras musculares,
• Vermelhidão,
• Fraqueza,
• Febre alta,
• Paralisia,
• Convulsões,
• Dispnéia,
• Choque e colapso cardiorrespiratório.

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Identificação das
Aranhas
1. Armadeira:
Animal de coloração marrom-escuro,
é responsável pela maioria dos
acidentes no Brasil.

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2. Ermitã-Arron:
Animal de coloração marron-claro, é
mais comum nas regiões Sudeste e
Sul do Brasil.

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3. viúva-negra:
É encontrada no mundo inteiro.
As fêmeas são negras, com uma
mancha vermelha no dorso.

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Procedimento
Emergencial

• Lavar o local da picada com água e


sabão, limpar com álcool, e aplicar
gelo, até a chegada ao hospital.

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Tratamento Médico
• Soroterapia • SN transfusão
sanguínea ou de
• Antibioticoterapia plasma sanguíneo.
• Controlar a dor com • Drenagem dos
analgésicos abscessos.
• Manter a hidratação • Debridamento
da vitima cirúrgico dos tecidos
• O membro lesionado necrosados.
deverá permanecer • Antitetânica
acima do nível do profilática.
coração e com uma • Outras medidas
postura estendida. serão sintomáticas.

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Prevenção
• Uso de luvas e botas de couro até o
joelho, quando tiver que mexer em
buracos no chão,tocos de arvores ou
monte de tijolos.
• Sempre que o individuo for picado, o
animal deve ser levado junto, pois sua
identificação será importante na
escolha do soro ideal para o
tratamento.

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Observar as seguintes
regras para ministração do
soro antiofídico:
• A observância de todas as medidas
recomendadas;
• O transporte adequado da vítima;
• A rapidez na chegada ao hospital;
• A ministração do soro antiofídico
especifico;
• A ministração do soro nas quantidades
necessárias.

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Tipos de soros antiofídicos
disponíveis no Brasil
TIPOS DE SORO CARACTERISTICAS
SAB Soro Antibotrópico
SAC Soro Anticrotálico
SAL Soro Antilaquético
SAE Soro Antielapídico
SABC (*) Soro Antibotrópico-
Crotálico
SABL (*) Soro Antibotrópico-
laquético
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Reações gerais Pós-
soroterapia

• Choque anafilático;
• Doença do soro (urticária, febre alta
e artralgia).

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Mordidas por animais

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 Uma mordida de cão, gato ou outro
mamífero pode infectar a vitima com
organismos da boca do animal.
 A infecção é mais provável quando:
• O paciente tiver abaixo de 4 anos ou acima
de 50;
• O ferimento for por punção;
• Se o atendimento médico não for imediato;
• Se o ferimento for em área pobremente
vascularizada, como o lobo da orelha.

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Sinais e Sintomas
 Obtenha o histórico do incidente e
observe:
• Ferimentos por punção,
• Dor,
• Edema,
• Inflamação e sinais de infecção
• Febre baixa.

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Intervenção
• Irrigar e friccionar meticulosamente
o local.
• Debridamento do tecido
desvitalizado.
• Curativo SN.
• Antibioticoterapia.
• Profilaxia antitetânica, e SN a
profilaxia anti-rábica.

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Prevenção anti-rábica
• Administre a profilaxia anti-rábica se:
• O animal que mordeu tem ou pode ter
raiva;
• A animal fica com raiva após isolamento de
10 dias;
• O animal não pode ser localizado e o seu
estado de vacinação anti-rábica é
desconhecida.
• O animal é um mamífero silvestre, como
gambá, morcego, quati.

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