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FACULDADE DE FILOSOFIA CIÊNCIA E

LETRAS DO ALTO SÃO FRANCISCO


Curso de Ciências Contábeis

CONTABILIDADE NAS INSTITUIÇÕES


FINANCEIRAS

Prof. Me Rafael Henrique Silva


rafaelhenriquesilva95@hotmail.com
(37) 9 91249395
Agenda

 Introdução e origem dos bancos.


 Fundamentos e funções dos bancos comerciais, bancos
múltiplos e cooperativas de crédito abordando os
fundamentos de economia monetária e do risco e liquidez das
instituições financeiras.
 Plano contábil das instituições do sistema financeiro nacional
– COSIF, trata da estrutura contábil dos demonstrativos
financeiros, e de suas normas básicas.
 Indicadores econômico-financeiros aplicados à análise de
balanços de bancos (solvência e liquidez, capital e risco,
rentabilidade e lucratividade).
Respostas às seguintes questões

 Como surgiram os bancos?


 Por que os bancos condem empréstimos a seus clientes?
 De que forma os bancos adquirem fundos?
 Como os bancos gerenciam seus ativos e passivos?
 De onde vem as receitas dos bancos?
 Como os bancos operam para maximizar seus lucros?
A origem dos bancos
A origem dos bancos é atrelada com...
 O surgimento da moeda no período das grandes civilizações, em que tornou-se comum
o ato de emprestar e guardar dinheiro das outras pessoas.
 As primeiras operações bancárias teriam ocorridas na civilização fenícia.
 Com o desenvolvimento do comércio na Idade Média, quando as pessoas trocavam ouro
por produtos nas feiras da Europa Central, o banqueiro era o responsável pela pesagem
das moedas em troca de comissão.
 Os banqueiros realizavam também a troca de moedas para pessoas de outras regiões,
surgindo assim o câmbio.
 Dado o risco de assaltos ao circular com grande volume de moedas, os banqueiros
passaram a receber depósitos em troca de certificados.
 Passaram também a conceder empréstimos com o dinheiro guardado em troca de juros.
 Com o passar do tempo estes banqueiros se estabeleceram em prédios próprios,
denominados “monte” surgindo em Veneza no ano de 1.117 o Monte Vecchio, mais
tarde denominado Banco de Veneza.
 No século XVIII surgiu o nome “bancos” por influência da palavra inglesa “banck”.
 Com a queda do feudalismo, os banqueiros receberam muitas terras.
 Foram esses negócios que deram origem a maioria dos bancos europeus no séc. XV.
 Essa foi a base para o enriquecimento dos banqueiros, que se tornou uma classe muito
poderosa e de grande influência em toda a sociedade até os dias atuais.
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

De acordo com o Banco Central do Brasil:

O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é formado por um conjunto


de entidades e instituições que promovem a intermediação
financeira, isto é, o encontro entre credores e tomadores de
recursos. O SFN é organizado por agentes normativos,
supervisores e operadores.

 Normativos: determinam regras gerais.


 Supervisores: fiscalizam se as regras estão sendo seguidas.
 Operadores: ofertam serviços financeiros, no papel de
intermediários.

É estruturado e regulado pela Lei 4.595/1964.


SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
TIPOS DE BANCOS

 Os bancos se em:

 • Bancos públicos – cuja maioria do capital social pertença


a União.
 • Bancos privados – cuja maioria do capital social pertença
a uma pessoa física ou jurídica da iniciativa privada.
TIPOS DE BANCOS

Os bancos podem ser classificados em três tipos*:

 Banco Comercial: Captam recursos por meio de depósitos à


vista e a prazo. O principal objetivo é o de atuar no
financiamento de pessoas físicas e empresas (indústria,
comércio e serviços) a curto e a médio prazos. “Criam moeda.”
 Banco de Investimento: Captam recursos apenas por meio
de depósito a prazo, repasses e fundos de investimentos.
Financiam investimentos de longo prazo das empresas, para
capital de giro e capital fixo.
 Banco Múltiplo: Atuam em mais de uma carteira
(arrendamento mercantil, câmbio etc.) sendo uma
obrigatoriamente de banco comercial ou banco múltiplo.
 Cooperativas de Crédito: É similar a um banco comercial, mas
não é banco.
Atividades de um banco comercial

Assaf Neto (2020):

 Um banco é uma instituição financeira que executa


basicamente duas atividades:

 Intermediação financeira;
 Serviços de cobrança e pagamentos.
Atividades de um banco comercial

FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos.

Um banco é uma instituição regulada pelo Banco Central do


Brasil e exerce três grandes funções:

a) remunerar as poupanças e economias das pessoas e


empresas mediante pagamento de juros;
b) promover o financiamento para consumo e investimentos
das pessoas e empresas em troca de uma remuneração
(juros e comissões);
c) realizar serviços de cobranças e pagamentos para seus
clientes através da cobrança de tarifas.
Intermediação financeira
Intermediação financeira
 Ativos (dinheiro emprestado)  Bens de capital fixo
 Crédito para consumo  Passivos (dinheiro captado)
 Crédito pessoal  Depósitos à vista/CC
 Cheque especial  Depósito a prazo
 Financiamento de bens ou  CDB/RDB
serviços  LCA/LCI
 Poupança
 Repasse de Recursos
 Crédito produtivo
 Capital de giro captados junto à outras IFs.
 Crédito rotativo
 Conta garantida
 Desconto de duplicatas
 Crédito rural

 Crédito para investimento


Prestação de Serviços
 Conta corrente
 Depósitos
 Saques
 Saldo e Extrato bancário
 Cartão de débito e crédito
 Cheques
 Compensação
 Transferências Bancárias (DOC, TED e PIX)
 Débito automático
 Pagamentos de contas e tributos
 Folha de pagamento
 Cofres inteligentes (de aluguel)
 Câmbio
 Recebimento/Envio de Remessas Exterior
 Canais de atendimento (Internet banking)
CRIAÇÃO DE MOEDA PELOS BANCOS

Moeda escritural

Uma prerrogativa exclusiva dos bancos como intermediários financeiros é a


capacidade de criação de moeda (moeda escritural).

ATIVO PASSIVO
Caixa 100.000 Depósitos 100.000
Operações de Crédito 90.000 Conta Corrente 90.000

Logo, os bancos comerciais criam moeda sempre que transformam os


depósitos em empréstimos e elevam os meios de pagamento da economia.
CRIAÇÃO DE MOEDA PELOS BANCOS

Limites ao crescimento dos bancos.

Preocupadas com o funcionamento de todo o sistema bancário, as


autoridades monetárias criaram contas de depósitos exclusivas aos bancos
com o objetivo de abrigarem recursos provenientes de:

 Depósitos compulsórios, representados por um percentual dos fundos


(depósitos) captados pelos bancos junto ao público e definido por
instrumentos legais. Atualmente fixado em 20% para depósito a prazo e
poupança.
 Depósito de livre movimentação, representados pelo dinheiro em poder
dos bancos, visando promover o encaixe necessário às operações
correntes de pagamentos e recebimentos verificadas nas agências
bancárias. Atualmente fixado em 21%.
 Centralização financeira, similar ao depósito compulsório, é aplicado às
cooperativas de crédito, sendo de no mínimo 30%.
RISCO DE LIQUIDEZ DOS BANCOS

O conflito liquidez e rentabilidade é bastante evidente nas atividades


dos bancos, que procuram simultaneamente, manter seus recursos
aplicados em ativos rentáveis e conviverem com folga financeira
suficiente para atender a toda demanda de seus depositantes e
aplicadores.

A atividade bancária convive estreitamente com dois tipos de risco:


 Liquidez: expressa-se pela falta de disponibilidades de caixa no
momento em que os credores da instituição demandam por seus
depósitos.
 Solvência: reflete a capacidade da instituição em cobrir suas
obrigações de prazos mais longos, ou seja, o valor de mercado de
seus ativos é maior o valor total de seus passivos.

Origem dos problemas: rendimentos de seus ativos versus custo de


seus passivos.
PRINCIPAIS RISCOS FINANCEIROS DOS BANCOS

Os principais riscos financeiros contemporâneos dos bancos


comerciais/cooperativas de crédito, são:

 Risco de Variação de Taxa de Juros – Sempre que os prazos dos ativos


(aplicações) forem diferentes dos prazos dos passivos (captações), o banco
incorre no risco de variação de taxas de juros.

 Risco de Mercado – Ocorre sempre que o banco negociar no mercado


seus ativos e passivos. Consiste na possibilidade de perda na negociação
em razão de um comportamento desfavorável dos preços dos ativos, taxas
de juros e taxas de câmbio.

 Risco de Crédito – Pode ser entendido como a possibilidade do banco não


receber integralmente, na data pactuada, o principal e os juros do crédito
concedido a seus clientes. É também denominado de “risco de
inadimplência”.
PRINCIPAIS RISCOS FINANCEIROS DOS BANCOS
 Risco Operacional – Este tipo de risco surge das inovações tecnológicas e
processos de automação mais sofisticados adotados pela indústria
bancária. São determinados por falhas nos sistemas, fraudes, demoras,
interrupções nos serviços, erros e ineficiências, riscos de segurança etc.

 Risco de Liquidez – Surge do descasamento dos fluxos financeiros de


pagamentos e recebimentos refletindo sobre a capacidade do banco em
honrar seus compromissos. É o risco de uma instituição financeira não se
mostrar capaz em honrar suas obrigações atuais e futuras, inclusive
garantias. Pode ocorrer também o risco de liquidez de mercado, que se
caracteriza quando uma determinada negociação não pode ir seguindo os
valores (preços) de mercado. Nesse caso, a negociação para liquidação é
maior que o volume normalmente operado no mercado.

 Risco Soberano – Risco de um governo estrangeiro não honrar um


empréstimo ou outros compromissos em virtude de mudanças em sua
política nacional.
CAPITAL MÍNIMO DOS BANCOS – BASILEIA III

 O capital mínimo dos bancos é utilizado para que sejam definidos os


limites de empréstimos (e outras operações ativas) visando reduzir ou, até
mesmo, evitar os principais riscos financeiros (mercado, liquidez, crédito
etc.)

 Por determinação do Banco Central, os bancos que operam no Brasil


devem manter um Patrimônio Líquido Exigido (PLE) equivalente a 11% de
seus Ativos Ponderados Pelo Risco (APR), ou seja:

PLE = [8% (Capital Principal) + 2,5% (Colchão de Proteção) +


2,5% (Colchão Contracíclico)] × APR
ou
PLE = 11% × APR

 A ideia básica desta exigência origina-se do Acordo de Basileia, subscrito


pelos principais Bancos Centrais do mundo, e que definiu as linhas gerais
para a regulamentação da atividade bancária.
CAPITAL MÍNIMO DOS BANCOS - Índice de Basileia (IB)

 O Índice de Basileia (IB) é um indicador cuja função é mensurar o


risco de uma instituição financeira ou banco quebrar. O índice é
calculado pela relação entre patrimônio de referência de uma
instituição pelo valor dos ativos ponderados pelo risco (RWA*).
Interpretação: Quanto maior, melhor.

 Basicamente, o cálculo é feito da seguinte forma:

 Onde:

 IB: Índice de Basileia;


 PR: Patrimônio de Referência; e
 RWA: Valor dos ativos ponderados pelo risco.

*RWA - Risk Weighted Assets


CAPITAL MÍNIMO DOS BANCOS - Índice de Basileia (IB)

 O Ativo Ponderado pelo Risco (RWA) de um banco é formado


ponderando-se os vários ativos operacionais por um ponderador (fator) de
risco. Quanto maior o risco do ativo, mais elevado apresenta-se o
ponderador de risco usado, e também mais alta a participação do
patrimônio líquido na operação. Exemplo:

 Dinheiro em caixa – Risco 0%


 Disponibilidades em moedas estrangeiras – Risco 20%
 Títulos de instituições financeiras – Risco 50%
 Operações de Crédito – Risco 100%

 O Patrimônio de Referência (PR) de um banco representa o patrimônio


base para cálculo dos limites operacionais das instituições financeiras.
Considera um ajuste sobre o patrimônio líquido, levando em consideração
provisões, reservas, créditos tributários, entre outros valores.
CAPITAL MÍNIMO DOS BANCOS - Índice de Basileia (IB)

 Em síntese, o Índice de Basileia determina a relação entre o capital


próprio da instituição e o capital de terceiros (captações) que será
exposto a risco por meio da carteira de crédito.

 Por exemplo, se um banco possui Índice de Basiléia de 20%,


significa que, para cada R$ 100,00 emprestados, o banco possui
patrimônio de R$ 20. Quanto maior esse valor, menor risco do
banco quebrar. Logo, o investidor irá optar pelo banco de maior IB.

 Obs.: para as cooperativas de crédito de menor porte a


metodologia de cálculo do Patrimônio Líquido Exigido (PLE) é
simplificada, no entanto, sendo requerido destas instituições Índice
de Basileia (IB) regulamentar igual ou superior a 12%.
RESOLUÇÃO BC nº 2.682/1999

 Prevê a classificação das operações de crédito por nível de risco e


respectivo provisionamento para créditos de liquidação duvidosa:

Classes de Risco AA A B C D E F G H

Provisionamento 0% 0,5% 1% 3% 10% 30% 50% 70% 100%

 A Resolução nº 2.682/99 determina, também, que as operações sejam


revisadas mensalmente, com base nos atrasos, e que os dias de atraso
impõem automaticamente nova classificação de risco.

De 91 a De 121 De 151 Acima


Até 14 De 15 a De 31 a De 61 a
Dias de atraso 120 a 150 a 180 de 180
dias 30 dias 60 dias 90 dias
dias dias dias dias
Classes de
A B C D E F G H
risco
FUNDOS GARANTIDORES DE CRÉDITO

 FGC (Bancos) e FGCOOP (Cooperativas de crédito) são Fundos


Garantidores de Crédito. Ambos os fundos funcionam como um
mecanismo de proteção aos correntistas, poupadores e investidores em
caso de falência das instituições financeiras, que contribuem
mensalmente com 0,0125% dos depósitos elegíveis à garantia.

 Os Fundos Garantidores de Crédito garantem os saldos investidos em


instituições financeiras até o limite de R$ 250.000,00 por CPF/CNPJ e
instituição.

 Entre os investimentos cobertos pelo fundo estão CDB, RDC, LCA, LCI, LH e
POUPANÇA.

 Títulos públicos, Debêntures, Fundos de Investimento, Previdência Privada


e Ações na Bolsa de Valores não possuem cobertura dos fundos
garantidores.
RESULTADO DE UM BANCO – SPREAD BANCÁRIO

Como um banco ganha dinheiro?

As funções básicas de captação e aplicação de recursos


comentadas anteriormente permitem que se classifiquem os
bancos como intermediários financeiros.

Nesse enquadramento, as instituições tomam recursos no


mercado, a determinada taxa de juros, e os aplicam a outra taxa
maior. O diferencial de taxa (taxa de aplicação menos taxa de
captação), denominado de spread, deve permitir que a
instituição cubra seus vários dispêndios e produza um resultado
final que remunere adequadamente o capital investido.
RESULTADO DE UM BANCO – SPREAD BANCÁRIO

Por exemplo, se um banco empresta dinheiro cobrando juros de


20% a.a., e capta recursos junto a investidores pagando juros de
14% a.a., pode-se dizer que o spread bancário, como diferencial
de taxas, é igual a 6% a.a. (20% – 14%) ou, por uma formulação
de juros compostos, atinge a: [(1,20/1,14) – 1] = 5,26% a.a.
RESULTADO DE UM BANCO – SPREAD BANCÁRIO
RESULTADO DE UM BANCO – SPREAD BANCÁRIO

Como um banco ganha dinheiro?

O diferencial de taxas (spread) descreve o desempenho


econômico da instituição, enquanto o equilíbrio entre a liquidez
dos elementos ativos e passivos reflete o objetivo da posição
financeira.
Ativos de Liquidez Passivos de Liquidez
$$ Receitas Ativos Operacionais Passivos Operacionais $$ Despesas
Volume Operações de Crédito Depósitos Volume
Compulsório Repasses
Centralização Financeira
Taxa de Custo de
Aplicação Captação

Lucro (R$) e Spread (%)


RESULTADO DE UM BANCO – SPREAD BANCÁRIO

Composição das taxas de juros de um banco:

 Custo de captação
 Custo operacional do banco (gastos administrativos)
 Risco de Inadimplência
 Impostos e contribuições pagas pelo banco
 Outras despesas (taxa para o fundo garantidor de crédito)
 Margem de lucro do banco e acionistas
PRINCÍPIOS DA AMINISTRAÇÃO BANCÁRIA

Um gestor de um banco/cooperativa deve concentrar suas ações


em quatros pontos:

 Administração da Liquidez;
 Administração de Ativos;
 Administração de Passivos;
 Administração da Proporcionalidade de Capital.

A identificação dos problemas dos bancos pode ser feita com


base em seus demonstrativos financeiros formalmente
apurados, avaliando-se a natureza de suas contas e principais
modificações em seus ativos, passivos e resultados.
CONTABILIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES BANCÁRIAS

É competência do Conselho Monetário Nacional expedir normas


gerais de contabilidade e estatística a serem observadas pelas
instituições financeiras. Tal competência foi delegada ao Banco
Central do Brasil, em reunião daquele Conselho, de 19/07/78.

Lei 4.595/1964 - Art. 4º “Compete ao Conselho


Monetário Nacional, segundo diretrizes
estabelecidas pelo Presidente da República:
(...)
XII - Expedir normas gerais de contabilidade e
estatística a serem observadas pelas instituições
financeiras.”
COSIF - PADRÃO CONTÁBIL DAS INSTITUIÇÕES DO SFN

Definição do COSIF:

“O Cosif é uma consolidação das normas de reconhecimento,


mensuração e evidenciação contábeis estabelecidas na
regulamentação emanada do Conselho Monetário Nacional e
do Banco Central do Brasil e do elenco de contas a serem
observados pelas instituições autorizadas a funcionar pelo Banco
Central do Brasil na escrituração contábil.” COSIF – Capitulo 0, Seção 2

Em outras palavras, são as normas gerais de contabilidade


aplicadas às instituições financeiras do SFN, instituídas pela
Resolução CMN nº 4.858/2020 e Resolução BCB nº 92/2021.
COSIF - PADRÃO CONTÁBIL DAS INSTITUIÇÕES DO SFN
COSIF - PADRÃO CONTÁBIL DAS INSTITUIÇÕES DO SFN

Objetivos do COSIF:

 Uniformizar os registros contábeis dos eventos, transações e


atos e fatos administrativos praticados.
 Racionalizar a utilização de contas.
 Estabelecer regras e procedimentos necessários para
divulgação de informações contábeis e financeiras.
 Possibilitar a supervisão e controle pelo BACEN.
 Possibilitar a avaliação do desempenho pelos usuários da
informação contábil.
COSIF - PADRÃO CONTÁBIL DAS INSTITUIÇÕES DO SFN

Estrutura do COSIF:

Capítulo 1 - Normas Básicas: consolida os princípios, os critérios


e os procedimentos contábeis estabelecidos que devem ser
obedecidos e seguidos pelas instituições financeiras.
Capítulo 2 - Elenco de Contas: consolida as rubricas contábeis e
suas respectivas funções.
Capítulo 3 - Modelos: apresenta os modelos de documentos
contábeis a fim de atender ao BACEN.
Capítulo 4 - Documentos Complementares: apresenta padrões e
pronunciamentos contábeis emitidos por outras entidades que
foram recepcionados pela regulamentação emanada do
Conselho Monetário Nacional ou do Banco Central do Brasil.
COSIF - PADRÃO CONTÁBIL DAS INSTITUIÇÕES DO SFN

A par da utilização do COSIF, cabe às instituições financeiras, ainda, a


observância dos princípios fundamentais da Contabilidade, principalmente
no que se refere a:

a. uso de métodos e critérios contábeis uniformes no tempo, registrando


qualquer alteração relevante nos procedimentos em notas explicativas;
b. respeito pleno ao regime de competência no registro contábil das
receitas e despesas;
c. definição de um período fixo para apuração dos resultados (de 1º de
janeiro a 30 de junho e 1º de julho a 31 de Dezembro);
d. independentemente da periodicidade em que os resultados são
apurados, proceder à apropriação mensal de seus valores (rendas,
inclusive mora, receitas, ganhos, lucros, despesas, perdas e prejuízos).
e. e) proceder às devidas conciliações dos títulos contábeis com os
respectivos controles analíticos e mantê-las atualizadas, conforme
determinado nas seções próprias deste Plano, devendo a respectiva
documentação ser arquivada por, pelo menos, um ano.
COSIF - PADRÃO CONTÁBIL DAS INSTITUIÇÕES DO SFN

Escrituração:

A escrituração deve ser completa, mantendo-se em registros permanentes


todos os atos e fatos administrativos que modifiquem ou venham a
modificar, imediatamente ou não, sua composição patrimonial.

 Fatos Permutativos: são aqueles que não alteram o valor do patrimônio


líquido, pois representam apenas permutáveis (trocas) entre elementos
patrimoniais.
 Fatos Modificativos Diminutivos: são aqueles que diminuem o valor do
Patrimônio Líquido.
 Fatos Modificativos Aumentativos: são aqueles que aumentam a situação
líquida patrimonial.
 Fatos Mistos ou Compostos: são simultaneamente permutativos e
modificativos.
COSIF - PADRÃO CONTÁBIL DAS INSTITUIÇÕES DO SFN

Elenco de Contas do COSIF:

O elenco de contas do Cosif é formado por:

a) contas patrimoniais, nas quais devem ser registrados os ativos, os passivos


e o patrimônio líquido da instituição;
b) contas de resultado, nas quais devem ser registradas as receitas e as
despesas; e
c) contas de compensação, nas quais devem ser registradas:
I - informações sobre eventos e transações cujos efeitos possam se traduzir em
modificações futuras no patrimônio da instituição; e
II - informações de controle relativas aos elementos patrimoniais e de resultado.
COSIF - PADRÃO CONTÁBIL DAS INSTITUIÇÕES DO SFN

Estrutura das rubricas contábeis:

 A estrutura das rubricas contábeis do elenco de contas do Cosif é formada pelos


seguintes componentes:

a) código;
b) nomenclatura; e
c) Função

 O código das rubricas contábeis do elenco de contas do COSIF é formado por, no


mínimo, cinco níveis de agregação, seguido do dígito de controle, sendo:

a) o 1º nível, denominado grupo contábil, de um dígito;


b) o 2º nível, denominado subgrupo contábil, de um dígito;
c) o 3º nível, denominado desdobramento de subgrupo contábil, de um dígito;
d) o 4º nível, denominado título contábil, de dois dígitos; e
e) o 5º nível, denominado subtítulo contábil de primeiro grau, de dois dígitos.
COSIF - PADRÃO CONTÁBIL DAS INSTITUIÇÕES DO SFN

Grupos contábeis no elenco de contas:

Ficam definidos os seguintes grupos contábeis no elenco de contas do COSIF:

a) 1.0.0.00.00-7 Ativo Realizável;


b) 2.0.0.00.00-4 Ativo Permanente;
c) 3.0.0.00.00-1 Compensação Ativa;
d) 4.0.0.00.00-8 Passivo Exigível;
e) 6.0.0.00.00-2 Patrimônio Líquido;
f) 7.0.0.00.00-9 Resultado Credor;
g) 8.0.0.00.00-6 Resultado Devedor; e
h) 9.0.0.00.00-3 Compensação Passiva
COSIF - PADRÃO CONTÁBIL DAS INSTITUIÇÕES DO SFN

Lista de Atributo Identificador do Tipo da Instituição:


COSIF - PADRÃO CONTÁBIL DAS INSTITUIÇÕES DO SFN

Das Disposições Gerais e Finais do COSIF

O fornecimento de informações inexatas, a falta ou o atraso de conciliações


contábeis e a escrituração mantida em atraso por período superior a 15 (quinze)
dias, subsequentes ao encerramento de cada mês, ou processados em desacordo
com as normas emanadas do Conselho Monetário Nacional ou do Banco Central
do Brasil, colocam a instituição, seus administradores, membros da diretoria, do
conselho de administração, do conselho fiscal, do comitê de auditoria e de outros
órgãos previstos no estatuto ou no contrato social da instituição sujeitos a
penalidades cabíveis, nos termos da lei.

Observadas as disposições legais e regulamentares específicas atinentes à


escrituração, a forma de classificação contábil de receitas ou despesas e ativos ou
passivos não altera as suas características para efeitos fiscais e tributários, que se
regem por regulamentação própria.

Segundo o COSIF, o exercício social tem duração de um ano e a data de seu


término, 31 de dezembro, deve ser fixada no estatuto ou contrato social.
COSIF - PADRÃO CONTÁBIL DAS INSTITUIÇÕES DO SFN

A estrutura básica dos grupos patrimoniais ativos e passivos das instituições


financeiras apresenta-se de acordo com a Lei n º 11.638/07, da seguinte
forma:
COSIF - PADRÃO CONTÁBIL DAS INSTITUIÇÕES DO SFN

Os conceitos de curto prazo (circulante) e longo prazo seguem,


evidentemente, a orientação da Lei das Sociedades por Ações
(Lei 6.404/76):

 Curto prazo: direito e obrigações realizáveis financeiramente


no curso dos 12 meses seguintes ao encerramento do
balanço.
 Longo prazo: direito e obrigações realizáveis financeiramente
posterior ao término dos 12 meses subsequentes ao balanço.
COSIF - PADRÃO CONTÁBIL DAS INSTITUIÇÕES DO SFN

 Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo (Não Circulante)


– disponibilidade
– direitos realizáveis
– aplicações de recursos

 Ativo Não Circulante


– investimentos
– imobilizado
– intangível

 Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo (Não Circulante)


– obrigações

 Patrimônio Líquido
– capital social
– reservas de capital
– ajustes de avaliação patrimonial
– reservas de lucros
BALANÇO PATRIMONIAL DE UM BANCO

Como nas demais empresas, o balanço patrimonial de uma


instituição financeira bancária/cooperativa relaciona as fontes de
recursos com suas aplicações de recursos.

ATIVO PASSIVO
Recursos emprestados Recursos captados
pelo banco ao agentes pelo banco de agentes
deficitários. superavitários.

Logo, o Balanço Patrimonial dos bancos/cooperativas demonstra


a sua função de intermediação financeira.
BALANÇO PATRIMONIAL DE UM BANCO

Inicialmente pode haver confusão ao analisar o Balaço


Patrimonial de um banco. Por exemplo:

 No Ativo estão relacionados os Empréstimos.


 Quando concede um empréstimo, o banco passa a ter direito
de ter o recurso em algum momento do futuro.

 No Passivo, estão relacionados os Depósitos.


 Quando alguém faz um depósito, o banco assume o
compromisso de devolver este recurso em algum momento no
futuro.
ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Estrutura do Balanço Patrimonial em Instituições Financeiras


Operações Ativas Operações Passivas
– Carteira de Títulos e Valores – Depósitos à vista, a prazo e
Mobiliários Poupança
– Operações de Crédito – Obrigações por empréstimos e
Repasses
– Provisão p/ Crédito de
Liquidação Duvidosa – Obrigações junto a depositantes e
aplicadores: letras de câmbio, letra
– Recursos transitórios de imobiliária, CDB, letra financeira etc.
Terceiros
– Recursos transitórios de
– Permanente Terceiros
– Passivos de funcionamento
– Patrimônio líquido

Adaptado de Assaf Neto (2020).


ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Estrutura do Balanço em Bancos Comerciais/Cooperativas


ATIVO PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
Disponibilidades Depósitos
Instrumentos Financeiros Depósitos à Vista
Aplicações Financeiras de Liquidez Depósitos a Prazo
Títulos e Valores Mobiliários Poupança
Depósitos compulsórios/Centralização financeira
Operações de Crédito e Arrendamento Mercantil Captações no Mercado Aberto
(-) Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa
Outros créditos Demais Instrumentos Financeiros
Repasses
ATIVO NÃO CIRCULANTE
Realizável a Longo Prazo Obrigações Fiscais e Previdenciárias
Investimentos
Imobilizado PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Intangível Exigível a Longo Prazo
(-) Depreciações e amortizações
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Social
Reservas
ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Estrutura da demonstração de resultado em bancos comerciais/cooperativas

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
Receitas da Intermediação Financeira
(-) Despesas da intermediação financeira
(-) Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa
(=) Resultado Bruto da intermediação financeira
(-/+) Outras receitas (despesas) operacionais
(=) Resultado operacional
(-/+) Resultado não operacional
(-) Imposto de Renda e Contribuição Social
(-) Participações no lucro
(=) Lucro líquido
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

BANCO CENTRAL DO BRASIL. COSIF - Padrão Contábil das Instituições


Reguladas pelo Banco Central do Brasil. Disponível em:
https://www3.bcb.gov.br/aplica/cosif; Acesso: 07 mar. 2023.

NIYAMA, J. K.; GOMES, A. L. O. Contabilidade de instituições financeiras. 4. ed.


Rio de Janeiro: Atlas, 2012.

ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-


financeiro. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2020.
ANEXOS

 Demonstrações contábeis dos grandes Bancos.


Até a próxima aula,
Obrigado!
Rafael Henrique Silva
rafaelhenriquesilva95@hotmail.com

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