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Figuras Sonoras

Figuras Sonoras
Figuras sonoras são efeitos de sentido criados pela representação de sons na língua escrita em função de
objetivos comunicativos específicos.

Observe as expressões destacadas na letra da música de Vinícius de Moraes:

O Relógio
Que já estou
Passa, tempo, tic-tac Muito cansado
Tic-tac, passa, hora Já perdi
Chega logo, tic-tac Toda a alegria
Tic-tac, e vai-te embora De fazer
Passa, tempo Meu tic-tac
Bem depressa Dia e noite
Não atrasa Noite e dia
Não demora Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Como você deve ter notado, as expressões em destaque imitam o som de um relógio, não é mesmo?
Esse recurso é muito utilizado para criar efeitos de sentido no texto, que são chamados de figuras sonoras,
ou seja, são recursos que exploram os sons para produzir significados.

As figuras sonoras constituem-se em: onomatopeia, aliteração, assonância e paronomásia, entre outras.
Vamos analisar cada uma delas!
Onomatopeia: é o recurso que se utiliza de uma palavra especial para representar um
som específico.

Exemplos:

Onomatopeia: exemplos e explicação


Cri cri: o som que emite o grilo.
Toc toc: imita o som de alguém batendo na porta.
Din-don: o som de uma campainha.
Vrum vrum: o arranque de um carro.
Tic tac: o barulho do relógio.
Tibum: alguém caindo na água.
Atchim: espirro.
Aliteração: é o recurso que se utiliza da repetição de sons consonantais para criar um efeito sensorial.
Exemplos:
Violões que Choram
(...)
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
Tudo nas cordas dos violões ecoa
E vibra e se contorce no ar, convulso...
Tudo na noite, tudo clama e voa
Sob a febirl agitação de um pulso.
(…)
CRUZ E SOUSA. Violões que choram.

Perceba que a repetição do fonema /v/ nessa estrofe do poema tem como objetivo remeter o leitor ao som do violão.

Observe mais exemplos:

O rato roeu a roupa do rei de Roma – sugere o som de roer.

O sabiá não sabia que o sábio sabia que o sabiá não sabia assobiar. – sugere o som do assobio
Assonância – é o recurso que se utiliza da repetição de sons vocálicos para criar um efeito de sentido.
Exemplo:
“Juro que não acreditei, eu te estranhei/Me debrucei sobre teu corpo e duvidei/E me arrastei e te arranhei/E me
agarrei nos teus cabelos” (Atrás da Porta – Chico Buarque) – repetição das vogais “ei”.
Vilarejo- Guimarães Rosa

Observe outros exemplos:

Borboletinha tá na cozinha fazendo chocolate para a madrinha. – repetição de /a/

“Meu amor/O que você faria/Se só te restasse esse dia?/Se o mundo fosse acabar/Me diz o que você faria” (O
que você faria – Lenine) – repetição das vogais “ia”.
Aliteração e Assonância
A assonância pode ser confundida com a aliteração. No entanto, estas apresentam
diferenças: enquanto a aliteração consiste na repetição consonantal (consoantes), a
assonância é a repetição de sons vocálicos (vogais).

Exemplos:

Aliteração: “O pato pateta pintou” – repetição das consoantes “p” e “t”.

Assonância: “Minha foz do Iguaçu/Pólo sul, meu azul/Luz do sentimento nu (Djavan) –


repetição da vogal “u”.
Paronomásia – é o recurso que se utiliza de palavras que possuem o som e a escrita semelhantes,
mas significados diferentes, ou seja, palavras parônimas, com o objetivo de remeter o leitor para a
diferença de sentidos. É utilizada a semelhança sonora e gráfica para criar esse efeito de sentido.

Exemplo:

Quem conta um conto sempre aumenta um ponto. (dito popular)

Se o dirigente fosse diligente, não haveria tanto incumprimento de prazos…

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