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TERAPIA COGNITIVO-

COMPORTAMENTAL PARA
DEPRESSÃO
Ligia M. Ito
Introdução
• O termo depressão utilizado refere-se ao transtorno de
humor não-bipolar e não-psicótico, o qual tem sido
extremamente investigado pela abordagem cognitivo-
comportamental.
• A terapia cognitivo-comportamental tem sido indicada
para tratamento da depressão, aplicada isoladamente ou
em associação a farmacologia.
• Visa não apenas a um alivio imediato dos sintomas
depressivos, mas principalmente a auxiliar na
manutenção de ganhos terapêuticos, reduzindo o risco de
recaídas a longo prazo.
Introdução
• A terapia cognitivo-comportamental é composta por
técnicas que, apesar de distintas, são feitas de forma
integrada.
• A grande vantagem desta terapia é que ela pode ser
administrada por diferentes profissionais, desde que
devidamente treinados. O tempo gasto pelo terapeuta é
pequeno, comparado com outras terapias, sendo que
grande parte do tratamento é desenvolvido pelo proprio
paciente entre as consultas.
Modelo teórico
• Um pressuposto disfuncional em si, não causa
depressão, mas dificuldade podem surgir, quando um
evento critico se encaixa perfeitamente com o sistemas
de valores da pessoa. Assim, para alguém que acredita
que seu valor pessoal depende inteiramente do seu
sucesso, ou que ser amado é essencial para a felicidade,
um evento critico que resulte em fracasso ou rejeição
pode ser um fator facilitador de um episodio depressivo.
Esse pensamento afeta diversas áreas de funcionamento
como o comportamento, a motivação, as emoções, a
cognição o físico.
Modelo teórico
• Esse processo é acelerado pelo aumento pervasivo do
humor deprimido, onde o um circulo vicioso é formado:
quando mais deprimida a pessoa, maior a ocorrência de
pensamentos negativos e maior a crença sobre sua
veracidade, mais deprimida a pessoa se torna.
• A cognição distorcida é um dos aspectos responsáveis
pela manutenção da depressão. A interação de fatores
como o biológico, o social e o psicológico parece
contribuir para a disposição e precipitação de um episodio
depressivo.
Tratamento
• A terapia cognitivo-comportamental consiste na utilização
de técnicas que visam a corrigir padrões distorcidos de
pensamento e comportamento disfuncionais.
• O principal objetivo é detectar e alterar atitudes que
restringem as atividades sociais, profissionais e de lazer
do individuo, melhorando assim, sua qualidade de vida.
• O tratamento é breve e baseado no aqui e agora, com
enfoque em novas oportunidades para um aprendizado
mais adaptativo, dentro e fora do contexto da terapia. A
resolução de problema é uma parte importante do
tratamento, mas o alivio dos sintomas deve ser o alvo
imediato.
Tratamento
• A terapia é limitada no tempo e realizada com a
colaboração mutua do terapeuta e do paciente, os quais
trabalham juntos no planejamento de estratégias e no
manejo de dificuldades claramente identificáveis. Para
cada uma delas, o paciente é instruído a abordar seus
pensamentos e crenças como hipótese a serem testadas,
aplicando técnicas aprendidas como uma nova habilidade
adquirida.
Etapas
• 1ª - avaliação
• Consiste na identificação comportamento disfuncional, dos
eventos que o antecedem, suas consequências e quaisquer outras
condições que possam afetá-los ou influencia-los.

• A coleta de informações detalhadas para o planejamento


terapêutico e o estabelecimento de um vinculo de confiança entre
o paciente e o terapeuta devendo incluir:
• Descrição, duração e gravidade do problema, grau de incapacitação e
repertórios de que o paciente dispõe;
• Presença de cognição depressiva e intenção suicida;
• Necessidade de medicação;
• Problemas clínicos associados;
• Avaliação dos fatores socioemocionais e de implicações familiares;
Etapas
• 1ª - avaliação
• O uso de um diário (elaborado pelo paciente) incluindo data,
ambiente físico para a ocorrência de pensamentos negativos e
comportamentos disfuncionais associados, é muito útil nesta fase.
Este diário deve servir como guia para o planejamento do
tratamento.

• 2ª - identificação dos problemas e objetivo


• Devem ser formulados claramente os principais problemas a
serem abordados e os respectivos objetivos a serem atingidos,
com base no diário feito pelo paciente, de forma operacional. As
tarefas escolhidas devem corresponder a um alvo que necessite
de intervenção imediata e devem respeitar o grau de capacidade
do paciente para executa-las.
Etapas
• 3ª - sessões de tratamento
• Cada sessão é planejada com o paciente através de uma agenda
dos problemas a serem discutidos. Na agenda do dia também são
incluídos um resumo dos acontecimentos desde a ultima consulta,
a revisão e a elaboração de tarefas de casas referentes as
atividades executadas pelo paciente. Um ou dois problemas são
eleitos para serem abordados na sessão e, para cada um, deve
sempre aplicar estratégia cognitiva. Ao final de cada consulta, o
paciente é convidado a expor o que ele aprendeu naquela sessão
e a utilidade desse aprendizado para futuras sessões.

• As principais técnicas cognitivo-comportamental:


• Programação de atividade: terapeuta e paciente planejam um esquema
de atividades a serem realizadas entre as sessões, com os respectivos
pensamentos e emoções que devem ser relatados em um diário.
Etapas
• 3ª - sessões de tratamento
• As principais técnicas cognitivo-comportamental:
• Definição e identificação de pensamento negativos automáticos: o
paciente é instruído a prestar atenção a seus pensamentos para
identificar seu conteúdo e consequências;
• Explorar alternativas: o paciente deve procurar alternativas para
pensamento identificado, além daquela evocada de forma imediata;
• Analise de erros de logica: o terapeuta analisa com o paciente a lógica
contida nos pensamentos e identifica seus erros o distorções. Os erros
de lógica mais comuns são: catastrofizar as consequências de seus
sentimentos e ações; subestimar suas capacidades para lidar com
eventos; basear seu julgamento no que sentiu e não no que fez;
estabelecer padrões de condutas inatingíveis, etc;
• Testar hipóteses: o paciente é ensinado a analisar seus pensamentos
como hipoteses provaveis e não como fatos, podendo assim testa-las;
Etapas
• 3ª - sessões de tratamento
• As principais técnicas cognitivo-comportamental:
• Redistribuição: terapeuta e paciente analisam as circunstancias fora de
seu controle que causam uma emoção negativa, diminuindo, assim, a
tendência a se responsabilizar totalmente por elas;
• Identificar e modificar pressupostos disfuncionais: o paciente é
orientado a identificar eu sistema de crenças, incluindo o que pensa
sobre o bem estar, o que é certo e errado, etc, buscando maior
flexibilidade e menor exigência;
• Dialogo interno: o paciente aprende a questionar os pressupostos
disfuncionais através de uma conversa interior. Isto deve ser feito com o
auxilio das seguintes questões: qual a evidencia de que este
pensamento é verdadeiro?; que outras alternativas eu teria para pensar,
além desta?; quais as vantagens e as desvantagem de pensar desta
maneira ; quais os erros lógicos mais comuns contidos nessa forma de
pensar?
Etapas
• 4ª - termino
• O tratamento é concluído, quando os objetivos forem atingidos. A
possibilidade de recaída deve ser alertada, e o paciente deve ser
instruído situações futuras que possam facilitar um episodio
depressivo. O paciente deve ser informado de que, nesses casos,
algumas sessões de reforço são suficientes para obtenção de
melhora. Um programa deve ser visto no seguimento, com
retornos mensais a principio, e devido espaçamento durante a
evolução.
Considerações sobre a aplicação da TCC no idoso
• No planejamento do tratamento de pacientes idosos devem ser
consideradas as mudanças cognitivas decorrentes do processo de
envelhecimento tais como lentidão na aquisição de novas
aprendizagens e na capacidade de abstração, o que pode interferir
significativamente na resposta terapêutica.

• Déficits cognitivos, percentuais e sensoriais podem ser reduzidos com o


uso de material impresso, luzes claras e ambiente com pouco barulho.
Além disso conceitos complexos devem ser evitados, dando-se
preferencia para o uso de estratégias concretas e praticas. Outra
particularidade da depressão no paciente idoso, tais como mudança de
papeis advinda da institucionalização, perda do cônjuge, e debilidade
física podem levar a um aumento de dependência e sensação de
desamparo. Neste caso a terapia deve reinstituir o senso de auto
controle e avaliar as causas externas de fracasso, impedindo a
atribuição exclusiva de causa internas.
Considerações sobre a aplicação da TCC no idoso
• Técnicas comportamentais, como a criação de atividades
agradáveis que produzam recompensa imediata,
objetivos alcançáveis, bem como a dramatização das
situações de dificuldades, produzem efeito mais rápido do
que técnicas de reestruturação cognitiva. A terapia em
grupo é muitas vezes indicada por reduzir o isolamento e
encorajar a abertura para a discussões de dificuldades.

• A terapia deve incluir, ainda, o envolvimento do conjuge,


familiares e amigos próximos, que possam auxiliar como
coterapeuta no final do tratamento, garantindo a
manutenção e a generalização de ganhos.
Dificuldades do tratamento
• Uma pequena parcela de pacientes deprimidos não
responde a TCC. entre os fatores associados a ausência de
resposta, encontra-se:
• Longa duração da doença com respectiva disfunção cognitiva crônica
e generalizada, acompanhadas de déficit comportamentais extensos;
• Dificuldades interpessoais, conjugais e familiares;
• Transtornos de personalidades associados;
• Predominância de disfunção bioquímica;

• Essas informações permitem o profissional chegar a


decisões importantes, como por exemplo, não prosseguir
com o tratamento ou prolongar seu prazo, recomendando
então outras abordagens, como a farmacoperapia
Referencia bibliográfica
• Depressão e demência no idoso- Tratamento psicológico
e farmacológico/ editores Orestes V. Forlenza, Osvaldo P.
Almeida – São Paulo: Lemos editorial, 1997. 200p; 18-
25cm.

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