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Teoria Cognitivo Comportamental II

UNIDADE III: Terapia da


Aceitação e Mindfullnes

Prof: Ana Claudia Ferreira Cezario


Terapia da Aceitação e Compromisso
(ACT)
“Aceitar não é concordar ou achar bom. Da mesma
forma, não é assumir uma postura conformista e
resignada. Aceitar implica receber as coisas como são
apresentadas, sem tentar controlar as emoções.” (W.V.M
apud Pergher & Melo, 2014, p. 344)

•Origem: autor Steven C. Hayes.


• Hayes passou a sofrer ataques de Pânico e Agorofobia (final
dos anos 1970).
• Submeteu-se aos protocolos de tratamento da TCC.
• Resultados foram poucos significativos.
Busca da não eficácia da TCC para seu
caso...
“o sofrimento psicológico intenso não é consequência da
atividade cognitiva ou das emoções em si, mas sim da
maneira como a pessoa se relaciona e responde a própria
atividade cognitiva e demais eventos internos.” (Hayes &
Lillis, 2012 apud Pergher & Melo, 2014, p. 344)

Aceitação Compromisso
Daquilo que está fora do Em praticar ações que
nosso controle (seja no possibilitem uma vida mais
mundo interno ou significativa independente da
externo) presença de eventos
indesejáveis.
Teoria do Quadro Relacional (RFT)
• Inflexibilidade Psicológica = resultado da
ação conjunta de 6 processos centrais 
hipotetizados como a base do sofrimento e da
psicopatologia.
• Reagimos à linguagem interna da mesma forma
que reagiríamos aos eventos reais que ela
representa.

Predispõe a pessoa a
Tendência de intensificação da lançar mão de resolução
dor experimentada frente a de problemas para aliviar
eventos indesejados. a dor sentida.

Estratégia fadada ao fracasso quando trata-se de eventos internos


(ansiedade, pensamentos intrusivos...).
“Uma vez que não há nada para ser objetivamente
resolvido.” (Pergher & Melo, 2014, p. 347)

Predominância do passado e
de um futuro temido

Falta de clareza de
Esquiva de valores, predominância
Experiência da influenciabilidade e
da esquiva

Inflexibilidade
psicológica

Fusão cognitiva Inércia,


impulsividade,
persistência na
esquiva
Atrelamento ao eu-
conceitual
Modelo da ACT de Psicopatologia
Evitação Experiencial:
- Tentativas que o indivíduo faz para evitar ou minimizar contato
com experiências indesejadas.
- Tais experiências não são indesejadas por representarem uma
real ameaça à pessoa.
- Tais eventos adquiriram suas propriedades aversivas na medida
em que o indivíduo passou a responder a eles da mesma
maneira que responderia às ameaças reais.
“O indivíduo passa a lidar com os estímulos internos
(inofensivos) da mesma forma que lidaria com os eventos
físicos associados (ameaças reais a sua sobrevivência).” (Dahl,
Stewart, Martell & Kaplan, 2014 apud Pergher & Melo, 2014,
p. 349)
Evitação Experiencial
• Efeito Deletério = quando a pessoa se vê em uma
batalha contra seus eventos internos.

“Assim seus recursos esgotam-se nas suas


tentativas de manejo de seus pensamentos,
emoções e reações fisiológicas (i. e, sintomas), de
modo que faltam recursos para a construção de
uma vida significativa.” (Pergher & Melo, 2014,
p. 349)
Fusão Cognitiva
• Fusão: “processo através do qual dois elementos,
inicialmente independentes, unem-se e formam
um único elemento.”
Os dois elementos serão o
Fusão Cognitiva pensamento e a realidade

“o comportamento do indivíduo passa a


ser influenciado cada vez menos pelos Tornando-se
estímulo do ambiente externo, indistinguíveis =
tornando-se progressivamente uma uma única
resposta a seus pensamentos.” (Pergher realidade
& Melo, 2014, p. 350)
“Sob a ótica da ACT, o que leva a pessoa a sair do
seu caminho em busca de uma vida significativa
não tem a ver com o fato de os pensamentos
distorcerem a realidade, mas sim com o fato da
pessoa reagir a seus pensamentos da mesma
forma que reagiria aos eventos concretos por ele
representados.” (Hayes, Barnes-Holmes &
Roche, 2001 apud Pergher & Melo, 2014, p. 350)
Apego ao Self Conceitualizado
• É definido conteúdo verbal que utilizamos para
descrever e definir a nós mesmos.

Ex:
Sou a Ana diretora da Pesquisa de Doutorado (Self
descritivo e observável).

Sou uma mulher fraca e uma péssima mãe (self de


julgamento de avaliação).
Apego ao Self Conceitualizado
• Self conceitualizado = são rótulos com os quais
nos identificamos.

Indica que
pertencemos a
uma determinada
categoria

• Para Heys os rótulos verbais que as pessoas


utilizam
Domínio do Passado e Futuro Conceitualizados
• Caracterizado pela ruminação e preocupação.

Mais comuns na ansiedade e depressão,


mas podem ser encontrados em outros
transtornos também.

• Têm em comum: o indivíduo de não vivenciar o


presente, vivendo o passado ou o futuro (que
existe apenas em sua mente).
Vida significativa = só pode ser
Passado = ruminação construída através do comportamento
da pessoa (para a ACT). Entretanto o
Futuro = preocupação comportamento só pode influenciar a
realidade objetiva.
Falta de Clareza dos Valores
• Para os indivíduos uma vida significativa é aquela
que reflete seus valores.

Entretanto estes nunca podem


ser satisfeitos ou alcançados
por completo.
• Para a ACT, valores não podem ser confundidos
com metas e objetivos.

• Valores=bússula  “sempre aponta na mesma


direção independente de onde estejamos” (Pergher
& Melo, 2014, p. 353).
“ Se não possuímos valores bem definidos,
teremos uma inflexibilidade psicológica na
medida em que nosso comportamento será
determinado apenas pelas contingências
imediatas nas quais nos encontramos.” (Pergher
& Melo, 2014, p. 354)
Inação, Impulsividade ou Persistência
Evitativa
“O fato de possuirmos valores bem definidos, por si só,
não nos leva automaticamente a agirmos de maneira
consistente com esses valores – afinal de contas,
experiências internas indesejadas surgirão quando
colocarmos em prática a ação valorizada.” (Pergher &
Melo, 2014, p. 354)

Inação, impulsividade ou persistência evitativa =


diferentes manifestações comportamentais que são
limitadas e inflexíveis.
Processos Terapêuticos Centrais em ACT
• O aspecto central da ACT é levar o indivíduo a
aceitar acontecimentos pessoais negativos (e
aqui se incluem pensamentos, emoções,
memórias e vivências) sem a utilização de
qualquer tipo de esquiva.

• 6 processos centrais para trabalhar a aceitação


do paciente.
Processo Definição

Aceitação Ajudar o paciente a reduzir as tentativas de mudar a frequência


ou forma de pensamentos e emoções indesejáveis ou que trazem
algum tipo de sofrimento, conhecendo-os e aceitando-os.
Defusão cognitiva Busca modificar as funções indesejáveis dos eventos pessoais,
alterando, basicamente, a forma com que o indivíduo interage e
se relaciona com os pensamentos através da criação de contextos
nos quais as funções nocivas são diminuídas.

Self-como-contexto Visa que o sujeito perceba o Self como transcendental, não um


objeto mutável. Cria um senso de segurança, já que apesar de
todas as mudanças emocionais/comportamentais/ou de
pensamentos, o Self permanece íntegro.

Ação comprometida Nesta etapa o objetivo é identificar dificuldades do sujeito em


alcançar suas metas já estabelecidas, dando ferramentas e
modificando padrões de funcionamento disfuncionais.
Definindo direções Visa estabelecer diretivas/metas, passo a passo, em vários
valorizadas domínios (familiar, profissional, espiritual, entre outros) da vida
do sujeito sem que o mesmo apresente algum tipo de esquiva.
Contato com o Busca levar o sujeito a visualizar acontecimentos pessoais de
momento presente maneira direta, sem atribuição de qualquer juízo de valor.
Mindfulness
• Estratégia bastante presente na ACT.
• Objetivo: desenvolver a flexibilidade psicológica e por
consequência, a aceitação para lidar com pensamentos e
sentimentos indesejáveis.
• Estar “totalmente presente”  atenção plena.
• Trazer a consciência para experiências internas e
externas.
• Aumentar a capacidade de atenção de forma geral.
Exercícios mais básicos:
- Exercícios de consciência e meditação mais básicos
(reconhecimento dos seus próprios pensamentos)
- Nas próprias respostas corporais.
- Prática da atenção plena no início da terapia.
Diferenciando Valores de Metas

• Participando do seu próprio funeral: solicita-se


ao paciente que imagine a cena de seu funeral.
Então algum familiar ou amigo leria algumas
palavras sobre você. Peça para que o mesmo
pense nas coisas que ele tema que seja dito sobre
ele. E que escreva tudo o que gostaria que fosse
dito ao seu respeito.
Tudo o que for escrito é considerado como um
propósito de vida (valores).
Alguns domínios que podem ser
trabalhados na dinâmica do funeral...
• Casamento/ Casal/ Relações íntimas;
• Parentalidade;
• Relações familiares (outras);
• Amizades/ Relações sociais;
• Carreira/Emprego;
• Educação/ Formação/ Crescimento e desenvolvimento
pessoal;
• Recreação/Lazer;
• Espiritualidade;
• Cidadania;
• Saúde e bem estar físico.
Pode ser perguntado...
• Qual o grau de importância de cada uma das áreas têm
em sua vida atual?
• Aponte em uma escala de 0 a 10.
• Qual o grau de importância que o paciente gostaria que
cada domínio tivesse em sua vida?

Subtraia o escore do índice da avaliação da primeira com a


segunda avaliação. O resultado será o índice de desvio da
vida do indivíduo.
Quanto mais alto o desvio for, maiores são as mudanças
necessárias naquele domínio do indivíduo.
Altos índices também são sinais de fontes de sofrimento.
“Ação e compromisso se refere a encorajar o
paciente a buscar ações e comportamentos
congruentes com os valores identificados ou
construídos.” (Pergher & Melo, 2014, p. 364)

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