O que é construtivismo?

Fernando Becker
Século XVI: desmoronamento da concepção de que a Terra era o
centro do universo;

Século XVIII: Darwin e Teoria da Evolução; Freud e psicanálise

(inconsciente = sistema dinâmico em permanente atividade,
enraizado nas relações sociais.
Sabe-se, hoje, que as espécies que vivem atualmente na Terra
pouco têm a ver com as que viveram há 650 milhões de anos ou
há 65 milhões de anos: mas as que vivem hoje, inclusive a
humana, são herdeiras das que viveram nessas épocas-herança
do que sobrou de grande catástrofes, como, por exemplo, chuva
de meteoritos. (BECKER, 2009, p. 1).
 Essas concepções que as ciências foram
construindo refletem-se na Filosofia e na
Sociologia. (BECKER, 2009, p. 1)

Dialética (HEGEL e MARX) Epistemologia genética

(PIAGET)
(...) o sujeito humano é um projeto a ser construído; o objeto é,
também, um projeto a ser construído. Sujeito e objeto não têm
existência prévia, a priori: eles se constituem mutuamente, na
interação. Eles se constroem. (BECKER, 2009, p. 1).

COMO?

ASSIMILAÇÃO ACOMODAÇÃO
Conhecer é transformar o objeto e
transformar a si mesmo.
SUJEITO MEIO

O conhecimento não nasce com o indivíduo, nem é dado pelo

meio social. O sujeito constrói seu conhecimento na interação
com o meio tanto físico como social. (BEKER, 2009, p. 2).

CONHECIMENTO-CONSTRUÇÃO
EPISTEMOLOGIA GENÉTICA

MUNDO DAS RELAÇÕES SOCIAIS

- Autocrítica -> OBJETO CONFLITO SOCIOCOGNITIVO

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA INTELIGÊNCIA

- Teoria construtivista que pesquisa sobre desenvolvimento humano

para explicar a gênese do conhecimento.
Construtivismo significa: a ideia de que nada, a rigor, está pronto,
acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em
nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação
do Indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com
o mundo das relações sociais; e se constitui por força de sua ação e não
por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal
modo que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem
consciência e, muito menos, pensamento. (BECKER, 2009, p. 2).

- TEORIA que permite (re)interpretar (ensino, aprendizagem, projeto

escolar, etc.) dentro do movimento da história (Humanidade + Universo).
Que sentido terá construtivismo na
Educação?
- Forma teórica ampla que reúna as várias tendências atuais do
pensamento educacional (BECKER, 2009, p. 3).

Problemática: Escola -> Repetir, recitar, Agir, operar, criar,

aprender, ensinar X construir a partir da
o que já está realidade vivida por
pronto alunos e
professores.
A educação deve ser um processo de construção de
conhecimento ao qual ocorrem, em condição de
complementaridade, por um lado, os alunos e professores e,
por outro, os problemas sociais atuais e o conhecimento já
construído (“acervo cultural da Humanidade”). (BECKER, 2009,
p. 3).
 “conhecimento se dá via 5 sentidos”

EMPIRISMO “conhecimento se dá à medida que

Sujeito -> ser passivo as coisas vão aparecendo e sendo
Objeto -> aquilo que é não-sujeito INTRODUZIDAS por nós nas
Conhecimento -> vem da experiência crianças”
sensorial, não da ação.
“conhecimento se dá através de
alguns estímulos”

APRIORISMO
Sujeito -> ser passivo que traz algo
(programado ou inato) na bagagem
hereditária e amadurece mais tarde
Conhecimento -> acontece em cada
indivíduo porque ele traz em seu
sistema nervoso, o programa pronto,
com as condições prévias todas
determinadas previamente.
“Ninguém pode transmitir. É o aluno
que aprende”
“Ah! Isso é difícil, porque acho que
ninguém pode ensinar ninguém;
pode tentar transmitir, pode tentar
mostrar”
“conhecimento para a criança é
intuitivo, não se ensina ou
transmite”
“conhecimento é alguma coisa que a
gente tenta despertar no aluno”
CONHECIMENTO = construção.

- Não é dado nem nos objetos (empirismo), nem na bagagem hereditária

(apriorismo).

Sujeito -> age, espontaneamente (independente do ensino, mas não

independentemente do meio físico ou social)

SÍNTESE DINÂMICA DA AÇÃO E DA ABSTRAÇÃO: ação + abstração/fazer +

compreender/Teoria + prática
PROCESSO DE REFLEXÃO: PRÁTICA
DOCENTE
Ao apropriar-se de sua prática, ele constrói – ou reconstrói – as
estruturas do seu pensar, ampliando sua capacidade, simultaneamente,
em compreensão e em extensão. Essa construção é possível na medida
em que ele tem a prática, a ação própria; e, também, na medida em
que ele se apropria de teoria(s) suficientemente crítica (s) para dar
conta das qualidades e dos limites de sua prática. Essas duas condições
são absolutamente indispensáveis para o avanço do conhecimento,
para a ruptura com o senso comum na explicação do conhecimento.
(BECKER, 2009, p. 4).
EPISTEMOLOGIA do professor;
Conhecimento do ponto de vista construtivista:
- Aluno = sujeito cultural ativo (ASSIMILAÇÃO + ACOMODAÇÃO)

Assimilação: produz transformações no mundo objetivo

Acomodação: produz transformações em si mesmo, no mundo
subjetivo.
A superação do apriorismo e, sobretudo, do empirismo
é condição necessária, embora não suficiente, de
avanços apreciáveis e duradouros na prática docente.
(BECKER, 2009, p. 6).
Desenvolvimento e
Aprendizagem
Jean Piaget
• Embriogênese diz respeito ao desenvolvimento do corpo, mas
também ao desenvolvimento do sistema nervoso e ao
desenvolvimento das funções mentais.
Desenvolvimento = processo espontâneo ligado ao processo global da
embriogênese que se relaciona com a totalidade de estruturas do
conhecimento (contexto geral biológico e psicológico);

Aprendizagem = é provocada por situações; processo limitado a um

problema simples ou uma estrutura simples.

Desenvolvimento explica a aprendizagem (PIAGET, 2009, p. 1).

CONHECIMENTO
- Não é uma cópia da realidade
- Conhecer é transformar o objeto e compreender o processo dessa
transformação e, posteriormente, compreender o modo como o
objeto é construído
- Operação = essência do conhecimento; ação interiorizada
ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO
DAS ESTRUTURAS OPERACIONAIS
1. Sensório-motor

2. Pré-operacional

3. Operações concretas

4. Operações formais
Período sensório-motor

• Nesse período, a criança é capaz de lidar com informações em um

nível muito elementar. Ao interagir com um objeto, ela é capaz de
sentir sua temperatura (quente ou fria), a textura de sua superfície
(lisa ou áspera), a resistência do material (duro ou mole), se ele faz
algum barulho, quais partes do objeto são fixas e quais ela consegue
movimentar etc. Os esquemas da criança nesse período são
constituídos essencialmente de informações sensoriais e motoras.
Pré-operacional

• A evolução dos esquemas adquiridos no período anterior permite

que agora eles ganhem uma dimensão simbólica, ou seja, a criança
já é capaz de pensar e falar sobre coisas que não estão presentes,
assim como é capaz de raciocinar sobre elas em uma lógica “toda
sua” (egocêntrica), muitas vezes incompreensível ao adulto.
Operações concretas

• Nessa faixa etária, a criança consegue raciocinar sobre objetos e

situações concretas (que ela consegue ver e manipular) de forma
próxima a dos adultos. São capazes de perceber, por exemplo, que seus
pontos de vista nem sempre são compartilhados por outras pessoas,
embora tenham dificuldade em lidar com pontos de vista divergentes
do seu e com informações que pareçam desmentir a aparência do real,
ou seja, frequentemente deixam-se levar pelas aparências.
Operações formais

• Nesse período, o pensamento do indivíduo já é capaz de operar plenamente sobre

elementos abstratos, sem necessidade de vê-los ou manuseá-los. Conceitos
abstratos como liberdade, honestidade, equidade já podem ser perfeitamente
compreendidos, assim como pode ser exercitada muito da capacidade crítica do
sujeito, ainda que seus valores tendam a estar presos àqueles do seu grupo social
de referência (amigos e familiares). É possível captar com facilidade o sentido
figurado das expressões, criar hipóteses (explicações) sobre fenômenos e testá-
las.
 EXPERIÊNCIA DOS
MATURAÇÃO EFEITOS DO AMBIENTE
FÍSICO

TRANSMISSÃO EQUILIBRAÇÃO
SOCIAL
ASSIMILAÇÃO X ACOMODAÇÃO = EQUILIBRAÇÃO