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Coleta e Transporte de Material

Biológico para Fins de


Diagnóstico

Prof. Dr. Bruno Jaegger Laranjeira


INFORMAÇÕES PARA O
LABORATÓRIO DE
MICROBIOLOGIA
 Clareza na solicitação do exame.
 Dados clínicos (informações importantes, suspeita etiológica)
acompanhando o exame.
 Condições de coleta e transporte.
 Origem do material: sítio estéril ou não.
 Considerar limitações do laboratório.
 Isolamento ou não de patógenos anteriores.
COMPROMETEM EXAME
MICROBIOLÓGICO
 Hipótese mal elaborada

 Informações mal colhidas e/ou incompletas

 Coleta, conservação e/ou transporte inadequados

 Falhas técnicas no processamento da análise

 Má interpretação dos resultados


COLETA DE MATERIAL

 Sempre que possível, antes da antibioticoterapia.

 Instruções ao paciente sobre o procedimento.

 Local da coleta  onde for maior a probabilidade


de isolamento do germe.
COLETA DE MATERIAL

 Observação da anti-sepsia na coleta de todo o


material utilizado.

 Considerar o estágio da doença.

 Coletar quantidade suficiente de material para


permitir uma análise completa
COLETA DE MATERIAL
 Usar material adequado para coleta e
transporte.

 Encaminhar a amostra clínica imediatamente ao


laboratório.

 Preencher adequadamente o impresso de solicitação.

 Lavar as mãos e usar luvas para todos


procedimentos.
TRANSPORTE DE
MATERIAL
Transporte deve ser de imediato para:

 Assegurar a sobrevivência e isolamento do


microrganismo.

 Evitar erros de interpretação nas culturas quantitativas,


principalmente urina.

 Evitar o contato com medicamentos (pomadas, anestésicos,


anti-sépticos) alterações qualitativas ou quantitativas dos
germes existentes.
TRANSPORTE DE
MATERIAL
Na impossibilidade do transporte imediato:

 Meio de transporte adequado.

 Temperatura adequada.

 Observar limite de tempo.


TRANSPORTE DE
MATERIAL
Transporte de curta distância:

 Os tubos com amostras (sangue total, soro, plasma)


podem vir em estantes, transportados em caixas
térmicas.

Transporte de longa distância:

 Os tubos com amostras (sangue total, soro, plasma)


podem vir em caixas térmicas com gelo reciclado.

Transporte em viatura:

 Caixa bem vedada


 Kit de biossegurança
 Não ir junto de pacientes.
TRANSPORTE DE
MATERIAL
Temperatura de transporte

Não podem ser refrigerados:

 Líquor e outros fluidos corporais.

 Materiais do trato genital.

 Sangue.
TRANSPORTE DAS
AMOSTRAS
 O processamento deve ser efetuado o mais rápido
possível após a coleta.

 Utilizar meio de transporte adequado, caso não seja


possível  processar 1 ou 2h após a coleta.

 Os meios de transporte devem ser apropriados para evitar


a morte e/ou crescimento de algum microrganismo em
detrimento de outros.
Tempo crítico para entrega da amostra ao laboratório e meios de transporte

Amostra Tempo Crítico Frascos e Meio de


Transporte
Líquor Imediatamente (não refrigerar) Tubo seco estéril
Líquido Pleural Imediatamente (não refrigerar) Tubo seco estéril
Swab Imediatamente (não refrigerar) Tubo seco estéril ou meio
semi-sólido (Stuart, Amies)
Suspeita de anaeróbios 30 minutos Meio de transporte
apropriado
Fendas e Tecidos 30 minutos ou até 12h em meio Meio de transporte
de transporte apropriado
Hemocultura 30 minutos (não refrigerar) Frascos com meio para rotina
manual ou automatizada
Trato Respiratório 30 minutos Tubo seco estéril
Trato Gastrointestinal 1 hora Tubo seco estéril
Urina 1 hora ou refrigerada até 24h Pote seco estéril
Fezes 12 em meio de transporte Cary Blair
PUNÇÃO VENOSA

Instruções gerais:

 Limpeza com álcool a 70% (sentido centrífugo). Deixar agir 1


minuto.

 Aplicação de PVPI (produto a base de Polivinil Pirrolidona Iodo

em solução degermante) a 10% ou tintura de iodo a 1-2%.

Deixar agir 1 minuto. Após 1 minuto da aplicação, retirar a

solução do PVPI com álcool 70% e efetuar a coleta.


HEMOCULTURA

Coleta:
 Volume de sangue: 1:5 – 1:10.
 Anticoagulante é o SPS (Polianetolsulfonato sódico)
 Número de amostras X condições clínicas do
paciente.
 3 culturas em 24h são suficientes para descartar
bacteremia e endocardite.

Em recém-nascidos: 2 culturas são recomendadas


para diagnóstico de bacteremias.
ESCARRO
Considerações gerais:

 Melhor coleta  sob supervisão do pessoal de


enfermagem treinado ou fisioterapeuta.
 Não é considerado ideal para avaliação
microbiológica.
 Paciente deve lavar a boca e garganta c/ água
antes da coleta.
 Coleta de escarro e não de saliva.
 Coletar 1 amostra/dia (manhã) em recipiente
estéril, de boca larga.
 Encaminhar de imediato ao laboratório.
SECREÇÃO TRAQUEAL

Considerações gerais:

 Em pacientes entubados, através da sonda de


aspiração.

 Interpretação muito complicada –


colonização do local.

 Cultura quantitativa: informação talvez


equivalente à do lavado brônquico.
OROFARINGE

Considerações gerais:

 Coletar da área inflamada, evitar contato com


a cavidade oral.
 Paciente com boca bem aberta  coletar das
amígdalas e faringe posterior, nas áreas de
hiperemia ou próximo às de supuração.
 Coletar 2 swabs - enviar imediatamente ao
laboratório. Evitar secagem do material.

Obs: CONTAMINAÇÃO COM SALIVA (flora


bacteriana variada) PODE DIFICULTAR O
ISOLAMENTO DO VERDADEIRO AGENTE
INFECCIOSO.
LAVADO
BRONCOALVEOLAR
Indicações:

 Pneumonias associadas à ventilação mecânica.


 Pacientes imunodeprimidos.
 Método mais fidedigno para investigação
microbiológica do trato respiratório inferior.

Técnica:

 Passa broncoscópio transnasal ou transoral ou pelo


tubo endotraqueal (pacientes entubados).
 Injetar 5 a 20 ml de NaCl 0,85% estéril (através de
uma seringa pelo canal do broncoscópio).
 Aspirar com cuidado o NaCl injetado  potes estéreis.
 Coletar as alíquotas em recipientes distintos.
SECREÇÃO DO OUVIDO

 Limpar a parte externa.

 Remover a secreção superficial com um swab


umedecido com solução salina estéril.

 Obter (com auxílio de swab) material da parte mais


profunda.

 Evitar tocar nas paredes externas do ouvido.

 Coletar dois swabs.

 Enviar de imediato ao laboratório.

 Miringotomia (aliviar a pressão; drenar o pus): após


aspirar, incluir a secreção em meio de transporte.
SECREÇÃO CONJUNTIVAL

 Culturas devem ser coletadas antes


Do uso de antibióticos, soluções ou colírios.

 Desprezar a secreção purulenta superficial e, com


swab, coletar o material da parte interna da pálpebra
inferior.

 Coletar 2 swabs: um para cultura, outro para


bacterioscopia.

 Enviar de imediato ao laboratório (evitar secagem do


material).

 Suspeita de Chlamydia  realizar raspado delicado


para obtenção de células.
FLUIDOS ORGÂNICOS
Líquidos pleural, ascítico, biliar, de articulações
e outros.

Coleta:

 Desinfecção local com álcool 70%. Solução de iodo 1%


a 2% ou PVPI 10%  Remoção com álcool 70%
 Aspiração percutânea asséptica.
 Expelir qualquer bolha de ar da seringa. (Anaeróbio)

Encaminhar o líquido coletado em tubo seco e estéril ou


inoculado diretamente nos frascos do equipamento de
automação.
LÍQUOR
Coleta:

 Recomenda-se jejum.

 Coletar 1 tubo: primeiro microbiologia; mas de 1 tubo,


aquele com menos sangue para a microbiologia

 Transportar imediatamente, nunca refrigerar.

 Os exames a serem realizados devem ser especificados


e priorizados de acordo com o volume coletado
BIÓPSIA DE PELE

Coleta:

 Descontaminação local com álcool 70%,


tintura de iodo 1% a 2% ou PVPI 10%.
 O iodo deverá ser removido com álcool 70%
ou sol. Fisiológica.

 Coletar 3 a 4mm de amostra (pele).


 Recipiente estéril com meio de cultura líquido
 enviar imediatamente ao laboratório.
LESÃO SUPERFICIAL /
FUNGOS
 Superfície limpa com água destilada ou solução fisiológica
estéreis. Não utilizar iodo.
 Raspar os bordos da lesão usando um bisturi. (Amostras do
couro cabeludo incluem o cabelo que é seletivamente coletado
para exame).
 Amostra de unha  obter raspado e/ou material abaixo da unha.
 Transporte em frasco estéril.

http://www.medicinanet.com.br http://www.exame-aracatuba.com.br http://www.icb.ufmg.br


FERIDA DE
QUEIMADURA
Coleta:

 Coleta após extensa limpeza e debridamento das


lesões.

 Biópsia de tecido profundo (coletar de áreas


diferentes). Superfície colonizada pela
microbiota do próprio paciente
(desaconselhável).

 Amostra de 3 a 4 mm de tecido.

 Cultura quantitativa.
OSSOS

Coleta:

 Obter amostra óssea através de procedimento


cirúrgico.

 Colocar em recipiente estéril com NaCl 0,85% e


não usar formalina.
PONTA DE CATETER
VASCULAR
 Rigorosa anti-sepsia da pele ao redor do cateter com
álcool 70% e depois solução de iodo 1% a 2% ou PVPI
10%, que deverá ser removida com álcool.

 Remover o cateter e, assepticamente cortar 5 cm da


parte mais distal. Não usar tesouras embebidas em
soluções anti-sépticas.

 Colocar o pedaço do cateter em frasco estéril, sem


líquido.

 Transportar de imediato ao laboratório.

 Presença de número igual ou > 15 colônias de único tipo


 cateter é fonte de infecção.
MATERIAL GENITAL PCR para
Chlamydia
Cultura
Micoplasma
TRATO NÃO INDICADO INDICADO PARA
ANAERÓBIOS ANAERÓBIOS
FEMININO Endocérvix Placenta (cesárea)
Vagina Endométrio
Swab: Uretra Trompa de Falópio
* Bacterioscopia
* Cultura para Placenta Aspirado cervical
fungo/aeróbio Vulva Ovário
Genitália externa Glândulas de Bartholin
Períneo
MASCULINO Uretra
Fluido prostático
Fluido Seminal
URINA
Métodos de coleta:

Crianças:

 Jato médio espontâneo


 Saco coletor
 (trocar de 30 em 30 minutos, repetindo-se
higienização do períneo)
 Punção suprapúbica (RN e crianças pequenas) –
Realizada por médico.
URINA

Métodos de coleta:

Adultos:

 jato médio, após a higienização da genitália


externa com água e sabão.
 Em pacientes cateterizados com sistema de
drenagem fechada  coleta da proximidade da
junção com o tubo de drenagem.
 Não deve ser coletada a urina de bolsa coletora.
URINA

Coleta para pesquisa de BAAR:

 1ª urina da manhã, após higiene prévia (toda a micção no


frasco fornecido).

 Coleta por 3 dias consecutivos, enviando as amostras


diariamente para o laboratório.

Toda solicitação de BAAR em urina deve ser acompanhada de


cultura.
SWAB RETAL

Coleta:

 Swab de algodão.

 Umedecer o swab em solução salina estéril.

 Introduzir no esfíncter retal (utilizando


movimentos rotatórios).

 Identificar e enviar de imediato ao laboratório.


Entregar em até 1h ou até 12h sob refrigeração.
FEZES
 Coleta no início ou fase aguda da doença

 Preferencialmente, antes da antibioticoterapia.

 Meio de transporte com meio conservante (Cary Blair)


quando recomendado.

 Colocar uma porção de fezes no meio conservante. Preferir


sempre a parte mucosa das fezes.

 Fechar bem o frasco e agitar o material.


 Entregar em até 1h ou até 12h sob refrigeração

 Não usar papel higiênico na coleta (contém sais de bário


 inibe bactérias patogênicas).
COLETA, CONSERVAÇÃO
E TRANSPORTE
Erros mais frequentes:

 Isolamento de duas ou mais bactérias na


urina  falhas técnicas de anti-sepsia.

 Culturas de líquor com resultado negativo (com evidência de


bactéria no gram) meio de transporte ou conservação
inadequados.

 Coleta de secreção purulenta em ferimentos.

 Coleta da secreção na superfície e não do


material profundo.
Obrigado!

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