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COZINHA
PROFESSORA GABRIELA TONOLLI
Molhos
“Não é preciso encharcar um prato com o molho para
torná-lo mais atraente. Muito molho arruína o prato;
algumas colheres de chá são o suficiente.”
Chef Jasper White.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Molho é um meio líquido utilizado para adicionar sabor, umidade,
aparência e ajustar o sabor e a textura de preparações culinárias.
Pode ser quente, frio, doce, salgado, liso ou com pedaços. A palavra
molho, que deriva do latim salsus (salgado), nasceu da necessidade
de salgar, temperar por igual um alimento. Depois o molho passou
apenas a umedecer e complementar as preparações, chegando até a
ser mais importante do que o próprio alimento, como sugere o dito
popular nordestino: “Faça o molho e bote pedras”.
Antigamente, os molhos eram utilizados para disfarçar o odor
desagradável de alimentos que começavam a deteriorar, e eram
compostos basicamente de vinagre, sal, azeite e cebola.
Deve-se observar os seguintes aspectos em
um bom molho:
Sabor
Umidade
Riqueza (proteínas, sais, etc.)
Apelo visual atraente
Com raras exceções, o preparo dos molhos se
baseia em alguns preceitos importantes:
Uso de equipamentos adequados, como panelas de fundo grosso para
garantir a distribuição uniforme de calor e evitar que o molho queime ou
talhe;
Uso de fundos de boa qualidade;
Uso dos agentes espessantes apropriados para se obter boa textura,
sabor e aparência;
Temperar corretamente, buscando um sabor adequado.
Além disso, os molhos devem ser compatíveis com o prato, com o estilo
de serviço, com o método de cocção e com o sabor final da preparação.
CLASSIFICAÇÃO DOS MOLHOS
O francês Antoine Carême foi o responsável pela criação da
metodologia de classificação dos molhos. Os molhos mãe e os molhos
compostos são as principais categorias. Há também os molhos
contemporâneos, que incluem uma série de molhos variados, como
os relishes, as salsas, as compotas, etc.
Molhos mãe
Um molho é considerado molho mãe quando puder ser preparado em
grandes quantidades, e depois aromatizado, finalizado e guarnecido de
inúmeras maneiras, produzindo os famosos molhos compostos.
Molho Aurora: 60 g de purê de tomate ou purê de tomate seco + 60 g de manteiga na hora de servir.
Molho velouté
O nome deste molho, que é a base para inúmeros molhos brancos, é
traduzido do francês como “aveludado, suave e macio ao paladar”. O
velouté é feito à base de fundo claro, roux amarelo e ingredientes
aromáticos, e deve seguir alguns padrões de qualidade:
Seu sabor deve refletir o sabor do fundo utilizado, ou seja, quase neutro;
Deve ter coloração pálida em tons marfim, nunca acinzentada;
Sua aparência deve ser translúcida e brilhante;
A textura deve ser aveludada, sem grumos ou traços de farinha de trigo;
O molho deve ser encorpado, ter consistência de nappé médio.
Aspectos importantes no preparo do velouté:
Partir de bons ingredientes. O fundo deve ser aquecido e provado antes de ser
incorporado ao molho;
Os ingredientes aromáticos e o tipo de fundo devem ser selecionados de acordo
com o produto final desejado;
Escolha uma panela adequada, tanto no tamanho quanto no material. Não se
aconselha o uso de panelas de alumínio no preparo deste molho, pois elas podem
alterar a coloração final. Prefira as panelas com fundos duplos e triplos, de
material mais pesado.
A quantidade de roux utilizada dependerá da consistência desejada, e pode-se
substituir roux por slurry de amido de milho ou araruta quando se quiser um
molho mais translúcido, claro e sem gordura;
Utilizar sempre roux quente em líquido frio e roux frio em líquido quente.
Derivados do velouté
Para cada litro de velouté adicione:
Partir de bons ingredientes. O fundo deve ser aquecido e provado antes de ser incorporado ao
molho;
A adição de mirepoix deve ser feita com cautela, pois se o fundo utilizado já estiver bastante
aromatizado, esta adição se torna desnecessária;
O purê de tomate deve ser caramelizado e cozido propriamente, podendo ser substituído por
extrato, tomate fresco ou até mesmo molho de tomate*;
O roux escuro contribui muito na textura e sabor final deste molho e deve ser bem preparado
(alguns chefes costumam preparar este roux no forno para evitar que queime e fique amargo);
Utilizar sempre roux quente com líquido frio e roux frio em líquido quente.
Molho Mousseline
(Molho Chantilly): 250 ml de creme de leite batido em chantilly (junte ao holandês na hora do serviço).
MOLHOS CONTEMPORÂNEOS
Estes molhos não pertencem nem à categoria de molhos mãe, nem à categoria de
molhos compostos, e costumam serem preparações que exibem uma variedade muito
grande de ingredientes, possibilitando uma série de novas criações.
A função dos molhos contemporâneos, entretanto, é a mesma dos molhos mãe e seus
compostos: dar sabor, textura, umidade e cor às preparações.
Distinguem-se dos molhos mãe nos seguintes aspectos:
Demoram menos tempo para ser preparados;
São específicos para algumas preparações e/ou técnicas específicas;
Podem ser engrossados e finalizados mediante o uso de emulsões, amidos modificados,
ou reduções, e quase nunca o roux;
Não permitem derivações.
Jus lié
Molho feito com vinho seco e cebola picada, reduzido em fogo médio, ao qual
se acrescenta, gradualmente, manteiga sem sal, formando uma emulsão.
Acompanhamento ideal para peixes e vegetais. O beurre blanc tem textura e
leveza semelhante ao molho holandês. Seus três ingredientes básicos são:
échalotes, vinho e manteiga.
O beurre rouge é um molho preparado da mesma forma, com a substituição
de vinho branco por tinto. Um bom beurre blanc e um bom beurre rouge têm
sabor neutro, o que favorece a percepção de sabores de outros temperos
quando adicionados, como por exemplo, ervas, especiarias e purê de
vegetais, complementando assim os pratos que ele irá acompanhar.
A coloração básica é pálida e brilhante, e somente se altera mediante a
introdução de outros ingredientes saborosos.
Manteigas compostas
Fazem parte do rol dos molhos contemporâneos e são consideradas um tipo de molho usado na
finalização de carnes grelhadas ou assadas. A manteiga é aromatizada com uma série de ingredientes,
como ervas, nozes, raspas da casca de frutas cítricas, alho, échalotes, gengibre e vegetais. Ela dá sabor,
cor e textura a vários outros molhos e preparações.
Podem ser preparadas com muita antecedência e armazenadas em embalagem plástica sob refrigeração
por muitos dias, sem perder a qualidade. Alguns exemplos:
Salsinha: salsa e suco de limão.
Ervas: mix de ervas (cebolinha, estragão, dill, erva-doce) e suco de limão.
Alho: alho + suco de limão + erva de preferência.
Anchovas: óleo de anchovas.
Camarão: camarão seco moído.
Mostarda: mostarda Dijon.
Basílico: échalote + manjericão + suco de limão.
Maître d’hôtel: salsa + suco de limão + pimenta do reino branca.
Coulis
Caldo
Sopa à base de carne, não clarificada, podendo ser usada para as mesmas finalidades de
um fundo. O caldo, entretanto, pode ser servido puro.
Consommé
Caldo preparado com base em um fundo de carne, ave, peixe ou legumes, reduzido,
fortificado e clarificado.
Tem por característica ser cristalino, saboroso e livre de gorduras. Geralmente é servido
no início da refeição, podendo ser quente ou frio.
Princípios de clarificação:
Para se fazer um bom consommé é necessário partir de um bom fundo. Antes de
preparar o consommé, verifique a qualidade do fundo, levando uma pequena
quantidade à fervura para testar seu aroma e sabor.
A clarificação é um processo feito mediante uma mistura de carne moída, clara de ovo,
mirepoix, ervas e temperos, tomate ou algum outro ácido. Esta combinação de
ingredientes é responsável pelo sabor e aparência final do consommé.
A clarificação deve começar a frio, com os ingredientes preferencialmente gelados para
que a proteína coagule lentamente, possibilitando, assim, a extração de mais sabor e
nutrientes, bem como a absorção de impurezas.
O tamanho do corte do mirepoix é fundamental, devendo ser pequeno a fim de
possibilitar sua aglutinação junto com as claras e a carne. Se os pedaços estiverem
grandes, eles não ficarão presos ao “tampão”.
Independentemente do tipo de consommé, é importante notar que:
A guarnição do consommé deve ser tão bem preparada quanto o consommé;
O corte dos vegetais deve ser pequeno e uniforme;
Os temperos utilizados devem realçar o sabor do consommé e nunca predominar.
Vegetais
Sopa de vegetais cuja base é um caldo ou um fundo no qual os ingredientes são
cozidos total ou parcialmente.
Creme
Sopa com consistência cremosa e aveludada, feita à base de molhos mãe
(béchamel ou velouté) e finalizada com creme de leite ou liaison.
Sopa creme à base de fundo claro, espessada com roux amarelo e finalizada
classicamente com liaison de creme de leite e ovos é chamada de sopa
velouté.
O procedimento de preparo dessas duas sopas é bastante parecido, cujos
ingredientes principais geralmente são cozidos no velouté ou no béchamel
até ficarem macios. Depois de cozidos, os ingredientes sólidos são coados,
processados e novamente adicionados à sopa, que será finalizada da
maneira apropriada, resultando em uma consistência aveludada.
Procedimento básico de preparo
Suar os vegetais aromáticos em uma pequena quantidade de gordura;
Adicionar a farinha e cozinhar o roux;
Acrescentar o líquido frio (fundo ou leite) e deixar ferver lentamente;
Juntar os ingredientes principais, levando em consideração o tempo de cozimento de cada um;
Colocar o bouquet garni ou sachet d’épices;
Cozinhar em fogo lento até todos os ingredientes ficarem macios;
Escumar frequentemente a sopa;
Tirar o bouquet garni ou sachet d’épices, que não deve ficar muito tempo para que os condimentos
não percam o sabor de frescos;
Remover os ingredientes sólidos da sopa e passá-los no processador de alimentos, formando um
purê;
Reincorporar o purê ao líquido, adicionando apenas a quantidade necessária para atingir a
consistência correta da sopa;
Se desejar uma consistência mais aveludada, coar a sopa;
Ajustar os temperos;
Cuidados necessários para a adição do creme de leite ou liaison
Exemplos:
Chowder: sopa cujo ingrediente básico é a batata e carne de porco.
Minestrone: sopa de origem italiana que contém vegetais, grãos e massa.
Garbure: sopa tradicional francesa que contém repolho, batata e vegetais.
Gumbo: especialidade da cozinha creole, de Nova Orleans. É uma sopa estilo cozido,
que inclui vegetais como quiabo, tomate e cebola, e um ou mais tipos de carne,
além de roux negro, o que lhe confere um sabor incomparável e inconfundível.
Sopas frias
FIBRAS
A pectina e a celulose são as principais fibras contidas nos vegetais, estas dão ao vegetal estrutura e firmeza,
a cocção amolece-as.
A quantidade de fibras varia:
De acordo com o vegetal. Ex: espinafre e tomate contêm menos fibras do que as cenouras.
De acordo com suas características. Ex: cenouras velhas são mais fibrosas que cenouras novas.
De acordo com cada parte do vegetal. Ex: a ponta do aspargo contém menos fibra que seu caule, portanto é
mais macia e cozinha mais rapidamente.
As fibras se tornam mais firmes (duras) na presença de:
Ácidos: o contato com ácidos aumenta o tempo de cocção das fibras.
Açúcares: eles fortalecem a celulose, deixando-a mais firme.
BRANQUEAR
Consiste em pré cozinhar o alimento por alguns minutos sem chegar
ao cozimento completo, mantendo a cor, a textura, inativando
enzimas e inibindo microorganismos, com o intuito de finalizá-lo
posteriormente.
COCÇÃO POR COMPLETO
Método de cocção similar à fritura por imersão, diferindo apenas pela quantidade de
gordura utilizada e o tipo de panela.
Na fritura em frigideira a gordura deve cobrir apenas a metade do alimento e a cocção
se desenvolve em dois estágios. Frita-se a parte inferior do produto e vira-se para fritar
a parte superior. A fritura deve apresentar a mesma coloração dourada de ambos os
lados.
A panela adequada para este tipo de cocção é a sautoir.
Caso se deseje fazer um molho para acompanhar o produto frito, este deverá ser
servido à parte.
INIMIGOS DA GORDURA:
Sal
Altas temperaturas
Umidade
Exposição ao ar (oxidação)
MetaisResíduos
Ácidos graxos
INDICADORES DA NECESSIDADE DA TROCA DA GORDURA:
Baixo ponto de fumaça
Presença de espuma
Alteração na cor
Alteração no sabor
Alteração no odor
Cocção lenta
Escurecimento do alimento posto em contato com ela
SALTEAR
As batatas cerosas têm muita umidade e menos amido que as farináceas. A sua
pele é relativamente fina e sua polpa tem uma cor amarelada e um aspecto
ceroso. São rijas, cozinham bem e não se desfazem se forem cozidas alguns
minutos além do tempo necessário. São ótimas para saladas, caçarolas e purês.
As batatas farináceas têm pouca umidade e açúcar e, por terem muito amido,
ficam douradas quando fritas ou assadas, sendo indicadas para fritura. A maioria
das batatas velhas é farinácea.
Qualquer que seja a variedade deve-se escolher batatas rijas e pesadas
e eliminar as moles, com manchas, com brotos e esverdeadas.
RISOTTO
Esta técnica explora as propriedades de certas variedades de arroz italiano cujos grãos são envoltos por
um amido macio conhecido como amilopectina. Durante a cocção, este amido se dissolve, ligando-se
cremosamente aos grãos e fundindo-os.
Os aromáticos do risotto geralmente são a cebola e a manteiga, mas qualquer produto comestível poderá
agregar sabor ao risotto básico.
Para se produzir um bom risotto, deve-se seguir corretamente seu método de preparo, mexendo
constantemente para que o amido se solte e se torne um agente aglutinador.
A panela utilizada deve transmitir e reter calor suficiente para cozinhar o arroz em chama alta sem grudar
no fundo, portanto, panelas de fundo grosso e ligas pesadas são mais indicadas.
Os risottos podem ser agrupados em dois estilos que diferem quanto à cremosidade: mais denso (muito
usado no Piemonte e na Emilia-Romagna) e mais alongado (abundância de líquido), ou “all’onda”, muito
TIPOS DE ARROZ, TEMPO DE COZIMENTO E RENDIMENTO
* em volume
Rendimento*
Tipo Quantidade seca* Quantidade de líquido* Tempo de cocção
(em minutos)
Polido 1 2 15 a 20 3
Enriquecido 1 2 15 a 20 3
Parboilizado 1 2 20 a 25 3a4
Integral 1 3 40 a 45 4
Selvagem 1 3 30 a 45 4
MÉTODOS DE COCÇÃO DE OVOS
Ovos fritos
É a técnica de cozinhar o ovo em calor seco com uma quantidade pequena de gordura,
obtém-se diferentes tipos de resultado final baseados no tempo de cocção.
Selecione uma sauteuse grande para acomodar o número de ovos a serem fritos (uma
panela com 20cm de diâmetro é apropriada para 3 ovos).
Adicione uma quantia pequena de manteiga clarificada ou óleo e aqueça até a gordura
começar a borbulhar.
Com cuidado, quebre os ovos e frite-os até que a clara fique firme e a gema cremosa.
Para que a gema também cozinhe, vire o ovo e frite-o por mais alguns segundos.
Retire o ovo frito com cuidado, usando uma espátula.
Omelete dobrada:
Aqueça uma sauteuse e adicione manteiga clarificada.
Bata os ovos em uma tigela pequena, tempere com sal e pimenta.
Despeje os ovos na panela e cozinhe mexendo constantemente até eles
começarem a solidificar.
Com uma colher, coloque o recheio sobre os ovos na parte central e
cozinhe até ela estar firme.
Quando estiver cozida, leve os lados da omelete em direção ao centro,
como se estivesse dobrando ao meio.
Decore como desejar e sirva imediatamente.
MASSAS
A composição básica da massa fresca é: farinha, ovos, sal e azeite (opcional). A proporção média
é de 100g de farinha de trigo para cada ovo, diminuindo progressivamente até chegar a 1 quilo
de farinha para 7 ovos (em produções em masserias), podendo usar uma proporção de até 50%
de farinha de trigo para 50% de semolina.
A massa é feita manualmente, aberta à mão (com o rolo de macarrão) ou à máquina, cortada ou
recheada.
Existem algumas considerações importantes quando se prepara massa fresca, a saber:
Instalações e Equipamento:
Mesa comprida e larga de superfície lisa e limpa.
Rolo de abrir massa ou máquina de abrir massa (manual ou automática).
Espátula de ferro (para recolher resíduos da mesa).
Carretilha (para cortar a massa).
PONTOS DE COCÇÃO DE CARNE