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Abordagem Sistêmica nas Organizações

● Sistema é a disposição das partes ou dos elementos de um todo, coordenados entre si e que
funcionam como uma estrutura organizada.

→ A partir dessa definição, percebe-se que os sistemas podem abranger um número infinito de
estruturas que fazem parte do mundo, dispostas em partes que estão coordenadas, visando a
uma organização.

→ Sendo assim, os sistemas podem ser naturais, como os organismos vivos, ou elaborados,
como as organizações sociais. Alguns exemplos são:

- Administração pública ou privados;


- Uma classe escolar;
- Sistema de transporte, de água, de educação, econômico, judicial, político, entre outras
inúmeras classificações.
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→ Embora os sistemas de maneira geral sejam organizados, nem sempre o sistema consegue
funcionar adequadamente. Assim para tentar potencializar o funcionamento dos sistemas criou-
se a abordagem sistêmica;

● A abordagem sistêmica permite a efetiva resolução de problemas a partir de um extenso olhar


para o todo, em vez de uma análise específica das partes. Seu método de análise é aberto,
compreendendo que os sistemas sempre estão de alguma forma em interação contínua com o
ambiente;

→ A abordagem sistémica entende que a mudança e o aprendizado são constantes,


principalmente por ser um sistema adaptativo, sempre em busca de novo equilíbrio.
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● Há várias estruturas especializadas inseridas na abordagem sistêmica as mais populares,


no entanto, são a Teoria Geral de Sistemas (TGS), a cibernética, a análise sistêmica e a
engenharia de sistemas.

Mas quais os aspectos gerais dos sistemas?

→ Os Sistemas possuem objetivos e metas a serem cumpridos, estes se traduzem nas


finalidades que direcionam o sistema. Com relação a esse primeiro aspecto, não se pode
confundir o objetivo declarado com o objetivo real do sistema, pois nem sempre eles
coincidem.

Exemplo: Teoricamente um estudante deve ter o objetivo declarado de aprender, no


entanto muitas vezes seu objetivo real é adquirir nota;
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→ Todo sistema interage com um ambiente que é compreendido como algo fixo e externo ao sistema;

Exemplo: No caso do estudante o ambiente pode ser sua família ou a escola;

→ O ambiente, no entanto, poderá determinar o seu desempenho, dependendo da abertura que ele
possui e da sua capacidade de interação. Sistemas abertos, que trocam informações diretamente com o
ambiente, desenvolvem-se a partir dessas interações;

→ Os sistemas também se utilizam de recursos, que são tudo o que está disponível no sistema para
executar as atividades e para atingir os objetivos, isto é, o que está dentro do sistema. São, portanto, os
meios que este usa para desempenhar suas tarefas.

- Nos sistemas humanos como os estudantes, consideram-se recurso real não apenas as pessoas, o
dinheiro e os equipamentos, mas também as oportunidades inerentes ao sistema.
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→ Os componentes do sistema são a missão, os trabalhos e as atividades que o sistema


pode desempenhar para realizar objetivos, ou seja, as atividades que podem contribuir para a
realização de seus objetivos.

Exemplo: Em uma organização é a missão quem determina o que as pessoas deveriam fazer
para alcançar os objetivos da mesma;

→ Na administração do sistema estão incluídas as funções de planejamento e de controle.

- O planejamento envolve todos os aspectos encontrados no sistema: seus objetivos, suas


metas, o ambiente, a utilização dos recursos e os componentes e atividades.
- O controle abrange o exame e a execução dos planos e o planejamento das mudanças.
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→ Os administradores do sistema precisam verificar se os planos estão sendo executados


conforme foram gerados, pois, caso não estejam, é preciso descobrir a razão.

- É importante ressaltar a noção de feedback na administração do sistema, pois principalmente


o sistema aberto precisa estar sujeito a revisões periódicas e reavaliações em razão das
mudanças.

→ Os sistemas podem ser compostos por:

- Objetos: São os elementos do sistema. Do ponto de vista estático, são as partes do sistema e,
do ponto de vista funcional, são as funções básicas desempenhadas pelas partes do sistema.
Há três tipos de partes:
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1- As “entradas” (inputs), que são a força inicial, suprindo as necessidades operacionais do


sistema,
2- Os “processos”, que transformam as entradas em saídas;
3- As “saídas” (outputs), que são os resultados das operações do processo, ou,
alternativamente, o porquê da existência do sistema.

- Os “relacionamentos” são as fronteiras que ligam os objetos.


- Os “atributos” são as propriedades (características) tanto dos objetos como dos
relacionamentos. Elas manifestam o modo como algo é conhecido, observado ou
introduzido no processo.
- O “ambiente” é o que está fora do sistema. Contudo, não inclui apenas o que está fora do
controle, mas também aquilo que pode determinar seu desempenho. O ambiente externo foi
estabelecido, fixado e nada tem a ver com o sistema em si, mas o ambiente interno tem
significativa influência no desempenho do sistema.
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"Para qualquer teórico de sistemas, há postulados, pressupostos ou julgamentos de valor


a serem considerados, respeitados e seguidos, ou seja, devem preferir a ordem e a
regularidade em detrimento do caos, pois, assim como as leis e as regras, a regularidade
faz o mundo melhor. São desejadas, inclusive, leis sobre as leis; para se conseguir ordem
é preciso privilegiar a quantificação e a matemática; e, finalmente, para se buscar a
ordem, deve-se ter referências empíricas." (MARTINELLI, 2012, p.49);

→ Existem sistemas abertos e sistemas fechados;

- Os sistemas abertos importam recursos do ambiente e os transformam em


saídas/produtos que serão exportados ao ambiente. Há interação contínua, é um sistema
autorrenovador, pronto para receber e interagir. Pode-se considerar que as propriedades
dos sistemas abertos são dez:
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1. Inter-relação e interdependência dos objetos e seus atributos;


2. Holismo (o todo não é a soma de partes divididas, e sim de partes interdependentes);
3. Busca pela consecução dos objetivos;
4. Inputs e outputs (relacionar entradas e saídas para consecução da meta);
5. Processo de transformação;
6. Entropia (energia para trabalho útil);
7. Regulação;
8. Hierarquia;
9. Diferenciação;
10. Equifinalidade.“
(MARTINELLI, 2012, p.51)
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- Nos sistemas fechados por sua vez, não há entrada de recursos adicionais do ambiente.
Não há, portanto, interação com o ambiente: o sistema é autossuficiente quanto aos
recursos.

"A função básica de um sistema é a de converter os insumos retirados de seu ambiente,


em produtos de natureza qualitativa diferente de seus insumos, para serem, então,
devolvidos para seu ambiente.

Apesar de parecerem triviais, os sistemas apresentam grande número de estados


internos, o que os torna sistemas complexos. É preciso buscar formas alternativas de
exploração da realidade que sejam menos reducionistas e que possibilitem gerir a
complexidade." (MARTINELLI, 2012, p.58)
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"A ideia essencial da Teoria Geral de Sistemas é estabelecer uma nova visão da
realidade, que transcenda os problemas tecnológicos das várias ciências e que tenha
generalidade suficiente para ser transdisciplinar." (MARTINELLI, 2012, p.59);

● Os sistemas se utilizam de três elementos básicos em sua conceituação:

1- Subsistemas (elementos do sistema);


2- Relações (interações entre os elementos);
3- Propósito (objetivos);
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Qual a diferença entre os sistemas abertos e fechados?

● Os sistemas abertos partem do princípio que os estados internos do sistema interferem


no processo de transformação enquanto eles mesmos sofrem mudanças e perturbações
originárias do ambiente que podem impactá-lo de forma adversa nesse processo.

- Já os sistemas fechados não estabelecem nenhum tipo de troca com o ambiente e,


abandonados à sua própria sorte, entram num processo de falta de energia e
cooperação crescente.
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→ Para compreender e estudar as teorias do sistema utilizamos três abordagens


estratégicas:

- Caixa branca: Quando se tem acesso a todos os estados internos do sistema, permitindo
estabelecer todas as relações causais entre as entradas, saídas e estados internos, além
de explicar precisamente todos os fenômenos que acontecem no interior do sistema.

Esse é o tipo de abordagem que segue a tradição do reducionismo científico, já que


todos os elementos internos do sistema podem ser analisados isolada e
detalhadamente e, com base nos resultados dessa análise, o modelo do sistema
completo pode ser sintetizado. Infelizmente, esse tipo de abordagem só é possível
para sistemas relativamente simples, para os quais a teia de relações causais pode
ser levantada.
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- Caixa preta: Nessa abordagem o observador tem de se contentar com a possibilidade de
explorar suas entradas e saídas para, a partir delas, deduzir ou intuir o tipo de
transformação que o sistema realiza. Não há como conhecer exatamente tudo o que se
encontra nos estados internos e por isso não há como prever exatamente seus
resultados;

- Caixa Turva: Conceito introduzido para demonstrar que a maioria das caixas com as
quais os gerentes lidam não é completamente transparente nem completamente opaca.
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● A abordagem sistêmica deve ser utilizada por um observador que será o sujeito que
analisa ou define o sistema.

→ Por isso, os fatos acerca do sistema estão nos olhos do contemplador e a própria ideia
de que sistemas em geral têm um propósito vem do observador que reconhece esse
propósito. Assim, o observador deve ser alguém preparado na teoria e na prática. A essa
capacidade do observador dá-se a designação de pensamento sistêmico e prática
sistêmica.

● O observador precisa lhe dar com a complexidade de um sistema que é fruto do número
de estados internos que este exibe.

→ Dado a variedade (número grande de estados internos) que os sistemas possuem, as


relações causais são tantas e tão intrincadas que abordá-las todas levaria ao colapso do
processo de análise por overdose de detalhes.
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- Controlar a variedade não quer dizer contar todos as variáveis existentes no sistema em
questão mas que ele consiga manter o sistema em equilíbrio;
→ Para lhe dar com a complexidade dos sistemas é necessário lançar mão de:

1- Decomposição: Um problema complexo pode ser decomposto em problemas


sucessivamente menores e proporcionalmente mais simples de serem resolvidos, cujas
soluções recompõem a solução do problema original.

2- Abstração: A abstração é a habilidade e a técnica de capturar num modelo abstrato


somente os elementos importantes para a solução do problema, no contexto em que se
quer resolvê-lo, filtrando-se uma infinidade de detalhes irrelevantes para a solução nesse
contexto.

3- Hierarquia: classificar e organizar o grande número de abstrações gerado pela


decomposição de um sistema complexo.
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● A forma como se resolve os problemas e se considera a hierarquia também é um


ponto que chama a atenção na abordagem sistêmica. As diferentes resoluções definem
níveis hierárquicos diferentes. Entretanto, os sistemas de nível mais baixo não são
piores nem melhores que os sistemas dos níveis superiores, eles apenas necessitam
de formas diferentes de resolução de problemas;

● Como vimos todo sistema pode sofrer influência do ambiente podendo se


desestabilizar. Para manter o equilíbrio de uma organização faz-se necessário conhecer
os princípios da Cibernética que aplicada a teoria das organizações sistémicas significa
“a ciência da organização efetiva”.

→ A cibernética está nos mecanismos que permitem aos sistemas manter o seu
equilíbrio interno, ou homeostase (busca pelo equilíbrio), e continuar sua existência
diante dos desafios impostos pelo ambiente.
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● Passar por desafios impostos pelo ambiente incluí a expressão de alguns


comportamentos:

- Regulação: A busca por formas de tornar as variáveis ambientais, mecânicas ou


humanas agradáveis. Nem sempre o acesso a variável é possível, assim sendo pode-se
trabalhar outras variáveis, verificando se o resultado final é alterado;

- Aprendizagem: "a vida é um constante processo de aprendizagem e desenvolvimento


das habilidades físicas e das capacidades racionais e emocionais, em busca de se
ajustar e se adaptar ao mundo e seus desafios. E a forma como o mundo desafia cada
pessoa é ricamente variável no espaço e no tempo. Os sistemas que aprendem exibem,
então, a capacidade de se adaptar às mais diversas condições." (MARTINELLI, 2012,
p.84);
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- Auto-organização: O sistema, por meio de um organizador, cria mecanismo de
aprendizagem diante da exposição a novas situações de perturbações externas
modificando muitas vezes o regulador para que seja capaz de continuar se auto
regulando;

- Adaptação: Os sistemas se adaptam para que possam se manter sob controle, mesmo
diante de grandes mudanças no ambiente.

- Evolução: O sistema precisa se modificar toda vez que houver alguma ameaça ou que
haja oportunidades de melhora no ambiente externo;
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Sistemas de atividade humana e social:

"É importante observar que a característica distintiva dos sistemas de atividade


humana está relacionada à autoconsciência do homem, que tem como
consequência a liberdade de escolha para selecionar suas ações. Essa
característica é muito importante para um entendimento da natureza dos sistemas
de atividade humana, em contraste com os sistemas naturais." (MARTINELLI, 2012,
p.85)
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● Com os conceitos apresentados até aqui, pode-se, para fins didáticos, delinear três
grandes paradigmas sistêmicos bem distintos. Cada um deles constitui uma metáfora
diferente, uma analogia distintiva, na medida em que concebem os sistemas ora como
máquinas, ora como organismo vivo, ora como organizações sociais.

1- O modelo mecanicista: Um sistema pode ser concebido como uma máquina que tem
uma estrutura perfeitamente delineável e que realiza um processo que pode ser
completamente identificado. Estando bem ajustada, essa máquina apresentaria um
funcionamento perfeito. As máquinas possuem mecanismos de regulação que permitem
algum controle dos seus processos internos. Porém, visto que as máquinas não têm
cérebro, elas não exibem comportamento inteligente nem apresentam capacidade de
aprendizagem. Portanto, possuem uma capacidade de adaptação limitada.

→ As pessoas são vistas como peças da máquina. A máquina social existe e pode ser
estudada e retratada com relativa precisão com o emprego de métodos objetivos. Ela
restringe a liberdade das pessoas, disciplinando o seu comportamento, segundo as leis e
normas de funcionamento da máquina.
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2- O modelo organicista: Sistema concebido como um organismo vivo, geralmente


mais sofisticado que o das máquinas. Em relação à cibernética, os organismos possuem
elaborados mecanismos de regulação que garantem a homeostase, mesmo em face de
condições bastante adversas no seu ambiente. Os organismos exibem comportamento
inteligente e apresentam uma capacidade de aprendizagem que os distingue das
máquinas. Isso lhes confere capacidade de adaptação muito grande durante a sua
existência.

3- O modelo social: Um sistema pode ser concebido como uma complexa organização
social, composta de pessoas com visões de mundo distintas, interesses contrastantes e
conflitantes e poder de influência assimétricos e desequilibrados. Quanto à cibernética,
processos de negociação envolvendo questões políticas, econômicas e sociais
garantem a manutenção de um clima organizacional propício para uma articulação
adequada dos interesses organizacionais, em face das mudanças no ambiente global.

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