Aula 4 - Conceitos Fundamentais Da Psicologia Analítica

Você também pode gostar

Você está na página 1de 45

PROF.

GIL CARLOS
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

SÍMBOLO E INDIVIDUAÇÃO

Jung utiliza o termo “símbolo” – do Quando se manifesta, o símbolo


Trata-se de uma espécie de ponte
grego symballo, que indica a anula os antagonismos, de
que liga a consciência ao
reunião de partes que se modo que mantém a vida
inconsciente, com função
encontram momentaneamente psíquica em constante fluxo e a
transcendente. Esta permite ir
separadas – para se referir à impulsiona em várias direções.
além da tensão que geralmente
tentativa inconsciente de Símbolo pode ser um termo, um
se estabelece entre a tendência
designar algo que oculta um nome ou mesmo uma imagem
unilateral e parcial do eu diante
sentido invisível e mais da vida cotidiana, embora tenha
dos demais complexos.
profundo por trás de sua conotações especiais além do
manifestação objetiva aparente. seu significado evidente e
convencional.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

SÍMBOLO E INDIVIDUAÇÃO

Jung diferencia o símbolo do Por exemplo, um logotipo em


Já o segundo é uma espécie de
signo, esclarecendo que o primeiro geral remete a sentido sabido por
abstração, uma nomenclatura de
é “melhor formulação possível todos, indicando um caminho
livre escolha que, por convenção
para algo desconhecido”, pois é unívoco para sua compreensão.
social, e liga a algo previamente
um elemento que sempre aponta Se tomarmos a marca Coca
designado. O signo, portanto, é um
para alguma coisa além do que se Cola em diferentes países,
elemento que pode ser explicado
apresenta, e da qual se pode embora ela seja apresentada em
por analogia ou referência
deduzir ou reconhecer algo novo. línguas diferentes, é fácil remetê-
abreviada de uma coisa já
Desse modo, um símbolo pode la ao nome Coca-Cola pela
conhecida, associado a sentidos
ser associado a sentidos simples combinação de cores e
fixos dados pela consciência
particulares e subjetivos, traços tipicamente associados a
coletiva.
individuais ou grupais. ela.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

SÍMBOLO E INDIVIDUAÇÃO

Jung nos diz que os símbolos jamais Por ser uma “imagem”, o símbolo estimula
são inventados pela consciência, pois todo o nosso ser, provocando uma reação
nascem espontaneamente. Por isso, a algo que nos afeta e convoca ao diálogo.
guardam um potencial fascinante, que Seu caráter ambivalente jamais poder ser
nunca se dirige a uma única esgotado pela compreensão racional, pois o
capacidade do homem, como significado etimológico do termo já aponta
raciocínio. para a ideia de multiplicidade de sentidos.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

SÍMBOLO E INDIVIDUAÇÃO

A individuação é um processo de diferenciação da


personalidade por meio do qual a pessoa consegue se
colocar no mundo com atributos próprios à medida que
tornam relativas as influências familiares e dos setores
sociais.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

VÍDEO: “JUNG (6) – INDIVIDUAÇÃO /AUTORREALIZAÇÃO” | PSICOLOGIA ANALÍTICA (SEGUNDA TEMPORADA)


Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=h5OvOO7kd7o&ab_channel=didatics
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

SÍMBOLO E INDIVIDUAÇÃO

PERGUNTA FUNDAMENTAL DO JUNG:


“O que faz com que uma substância comum (a personalidade) se torne uma substância
específica (um sujeito, no sentido psicológico)?

Depois que o indivíduo se coloca no mundo social


Para responder a essa questão, ele relaciona a
pelos atributos de escolaridade, inserção no
individuação ao processo de estruturação da
universo do trabalho e estabelecimento dos laços
personalidade, entendendo que na primeira
sociais, em geral passa a ter condições de
metade da vida há a primazia do
conviver com novas necessidades relativas à
desenvolvimento do eu, em função da
entrada na segunda metade da vida, classicamente
necessidade de adaptação ao mundo exterior.
falando, isso se daria a partir da crise da meia-
idade, a Jung deu o nome de “metanoia”
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

VÍDEO: “JUNG (1) – A PERSONALIDADE (PSIQUE)” – PSICOLOGIA ANALÍTICA (SEGUNDA TEMPORADA)


Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=y28W2naaI7Q&list=PLYb8MujOHWhCLtLc1DCKF-_lKw6PKIAXg&ab_channel=didatics
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

SÍMBOLO E INDIVIDUAÇÃO

É importante considerar eu essa


Jung relacionava essa ideia ao
concepção é marcada pelas referências
movimento ascendente do Sol no céu:
culturais de seu tempo; hoje pensa-se
na primeira metade do dia, o astro tende
que esse movimento de religação do
a subir até o centro do céu e o calor
eu com outras partes da
alcança seu ápice; a partir do meio-dia
personalidade pode acontecer
(meia-idade), começa a cair no horizonte
independentemente de uma idade
e esfria.
previamente estabelecida.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

SÍMBOLO E INDIVIDUAÇÃO

Jung toma emprestado a


Na individuação, há um
investimento da energia psíquica expressão da alquimia opus
em necessidades que visam a Ele se volta para a busca de contra natura para
uma adaptação ao mundo significados pessoais para esclarecer que, embora
interior, quando é possível rever esteja potencialmente
as bases criadas pelo indivíduo
as experiências que já foram
disponível a qualquer ser
para o seu “mito pessoal” – uma vividas e para aquelas que humano, a individuação não
história com a qual se identificou ainda estão por vir. é gratuita, pois requer um
por designação social, ainda que
inconscientemente.
envolvimento ativo do eu
com os processos
simbólicos da alma.
Os 12 Estágios da Jornada do Herói:

1º) Mundo Comum - O mundo normal do herói antes da história começar.


2º) O Chamado da Aventura - Um problema se apresenta ao herói: um desafio ou a aventura.
3º) Reticência do Herói ou Recusa do Chamado - O herói recusa ou demora a aceitar o desafio ou
aventura, geralmente porque tem medo.
4º) Encontro com o mentor ou Ajuda Sobrenatural - O herói encontra um mentor que o faz aceitar o
chamado e o informa e treina para sua aventura.
5º) Cruzamento do Primeiro Portal - O herói abandona o mundo comum para entrar no mundo
especial ou mágico.
6º) Provações, aliados e inimigos - O herói enfrenta testes, encontra aliados e enfrenta inimigos, de
forma que aprende as regras do mundo especial.
Os 12 Estágios da Jornada do Herói:

7º) Aproximação - O herói tem êxitos durante as provações


8º Provação difícil ou traumática - A maior crise da aventura, de vida ou morte.
9º) Recompensa - O herói enfrentou a morte, se sobrepõe ao seu medo e agora ganha uma
recompensa (o elixir).
10º) O caminho de volta – É o momento de escolha entre a realização de um objetivo pessoal ou um
bem coletivo maior.
11º) A ressurreição – É nesse ponto que ele destrói o inimigo definitivamente — ou não — e pode, de
fato, renascer para uma nova vida, totalmente transformada para todos.
12º) O retorno com o elixir – Chegou o momento do reconhecimento efetivo do nosso herói. A
chegada ao seu local de origem simboliza o seu sucesso, conquista e mudança. Aqueles que nunca
acreditaram nele ou mesmo os que tentaram prejudicá-lo serão punidos, além de ficar muito claro para
todos que as coisas nunca mais serão as mesmas por ali.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

SÍMBOLO E INDIVIDUAÇÃO

Aqui se trata menos de uma


A individuação não deve ser
concepção de que o indivíduo
interpretada de modo elitista,
deve se fechar em seu mundo,
na medida em que diz respeito a
numa espécie de autoerotismo ou
cada homem em particular, nem
egocentrismo, e mais de um
remeter equivocadamente à ideia
processo de distinção e
de individualismo.
particularização ante os valores
sociais do mundo em que vive.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

SÍMBOLO E INDIVIDUAÇÃO

Na psicoterapia, a
Isso é possível graças à
individuação é o fio O objetivo é promover
norteador de um processo particularização dos uma aproximação dos
recursivo pautado pela conteúdos sistemas consciente-
diferenciação do eu em inconscientes em inconsciente a partir da
relação aos complexos e relação aos sentidos criação de significados
sua progressiva pessoais para os
coletivos impregnados
integração ao campo da símbolos.
consciência. na personalidade.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

SÍMBOLO E INDIVIDUAÇÃO

A individuação guarda íntima relação com a “função


transcendente”, entendida como uma matriz de símbolos
inconscientes. Pois a relação com o símbolo permite ao
indivíduo diferenciar-se dos caminhos prescritos pelas normas
coletivas, e é uma oportunidade de particularizar os temas
universais (arquétipos).
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

QUATRO ARQUÉTIPOS

No processo de individuação há quatro arquétipos envolvidos:

PERSONA & SOMBRA ANIMA & ANIMUS

Falam da relação do indivíduo com Retratam a relação de cada um


as referências dadas pela com os processos da fantasia
consciência coletiva. consciente.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

PERSONA:
Ela configura o conjunto
Tido como “segmento O conceito indica uma espécie
específico das condições
arbitrário da psique de compromisso entre a coletivas, representadas por
coletiva”, o termo persona consciência pessoal e a valores e formas de vida
originalmente se referia à norma coletiva. A persona é, guardados e veiculados pela
mascara usada pelos atores portanto, um conjunto de cultura, que são assumidos
no teatro grego, tanto na elementos que “veste” o eu, por cada indivíduo,
tragédia como na comédia, com a função de defesa e contribuindo para a formação
para compor os papéis e adaptação do indivíduo ao de seus complexos. A persona
é limite e condição de
personagens. mundo social.
exercício da própria ação
pública ou particular.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

Há vários perigos oferecidos por essa “mascara porosa”, que medeia a


relação entre o indivíduo e a sociedade: de um lado, o risco de
identificação eu-persona, que leva à fragilidade e adaptação “cega”
aos papéis sociais; de outro, o de dissolução da persona, com a
consequente exposição do eu ao inconsciente coletivo – nesse caso,
ocorre justamente a perda das referências particulares que
caracterizam a identidade do sujeito.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

Um paciente, por exemplo, em certa Outra paciente abandonou todos os


ocasião, deixou de usar o pronome “eu” e espaços e relações a que se
passou a falar de si como “legião”, encontrava pessoalmente ligada, por
indicando justamente a dissolução do exemplo, o coral, o cursinho, a família e o
complexo do eu que guardava as namorado, pois havia se transformado
representações dos traços particulares de numa “bombeira” ocupada com a tarefa
sua personalidade. de salvar o mundo.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

Vídeo: “Persona: as máscaras que (TODOS) usamos”


Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=8s0GZp7-684&t=59s&ab_channel=ConhecimentosdaHumanidade
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

SOMBRA:
Arquétipo relativo à “experiência com o
duplo”, é a soma de elementos O conteúdo da sombra não é composto
psíquicos pessoais e coletivos que apenas de tendências moralmente
permanecem inconscientes, formando repreensíveis, mas também de certo
uma personalidade parcial, número de qualidades, instintos,
relativamente autônoma, com reações apropriadas, percepções
tendências opostas ou realistas e impulsos criadores.
complementares à atividade habitual
do eu.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

QUATRO ARQUÉTIPOS

Pelo aspecto dinâmico, É um conjunto de funções


esse arquétipo forma um e atitudes psicológicas Elas se apresentam na
par oposto com a ainda não desenvolvidas forma de símbolos,
persona e tende a na personalidade, que tentando promover uma
compensar o conjunto de podem permanecer síntese de tendências
referências e fantasias indiferenciadas ou opostas entre si.
que compõe o eu. inconscientes.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

Vídeo: “Arquétipo da Sombra”


Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=AjkL-AZCM54&t=15s&ab_channel=Sebasti%C3%A3oCartaxo
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

SOMBRA:
A sombra se apresenta É possível perceber sua
comumente nos sonhos em manifestação também nos
conteúdos projetados nas relações
figuras do mesmo sexo do
interpessoais quando aparecem
sonhador, em elementos ligados sentimentos de persecutoriedade
a temas periféricos da vida ou empatia, nos romances,
psíquica, como assalto, estupro, parcerias familiares ou
invasão. profissionais.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

QUATRO ARQUÉTIPOS

Em termos terapêuticos,
O eu pode estabelecer
busca-se diferenciá-la do Com isso, há uma
relações muito distintas
eu e aproximá-la da retomada da energia
com a sombra, mas os
consciência, o que só é psíquica que estava
principais mecanismos
possível pelo investida em temas
relacionados a ela são
reconhecimento crítico e conflitivos para o
projeção, a cisão e a
pela aceitação de aspectos sujeito.
identificação.
inconscientes da
personalidade.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

VÍDEO: “COMO LIMPAR SUA SOMBRA?” (CARL G. JUNG)


Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=YohTU-38s00&t=2s&ab_channel=CanalArt%C3%A9tipos
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

ANIMA & ANIMUS:

“Assim como a anima produz caprichos, o


animus produz opiniões”. Por essa definição A discussão de Jung sobre esses arquétipos
de Jung, apresentada em 1906, já é possível guarda forte relação também cm a teoria dos
perceber o quanto esses conceitos, na sua opostos, com base na ideia de uma
forma original, conformam e são conformados contraparte sexual e psíquica que se forma
por um pano de fundo histórico marcado por por oposição à identidade sexual da
preconceitos relacionados a questões de persona desenvolvida pelo individuo.
gênero e papéis sociais.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

ANIMA & ANIMUS:

Considerando-se que ao nascer todos Na mulher, a imagem compensatória é


nós somos bissexuais, mas que, ao de caráter masculino, designada pelo
longo do desenvolvimento, tendemos a termo “animus”. Esses arquétipos
constituir uma persona mais aparecem pela via da projeção, de
identificada com papéis dados pela preferência no exterior, sobre pessoas
cultura, Jung parte do princípio de que a reais, estando sempre presentes nas
“anima” é a figura inconsciente que problemáticas do amor (suas ilusões e
compensa a persona masculina do desilusões) e nas parcerias de
homem. qualquer ordem.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

ANIMA & ANIMUS:

A função da anima é permitir o


Em outros termos, a anima relaciona-se
relacionamento com o mundo interior,
a um princípio orientado por Eros,
na qualidade de intermediária entre
como divindade que promove ligação
consciente e inconsciente. A do animus
entre os objetos. Já o animus refere-se
está associada à capacidade de
a Logos, gerador da capacidade de
reflexão racional, autoconhecimento e
discriminar objetos.
“gosto pelas coisas do espírito”.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

O problema dessa discussão é


que Jung associa de modo Visto desse modo, ele propõe certa
exclusivo a capacidade afetiva e naturalização de atributos que O mesmo vale para os
relacional (Eros) à mulher, na são constituídos historicamente; homens, sua limitação afetiva
época estava presa a esse afinal não se pode dizer que uma não é dada como uma
universo por uma convenção mulher tenha a racionalidade incapacidade natural, mas
social que designava tarefas e inferiorizada por natureza, e sim pelo discurso social atribuído
necessidades no âmbito familiar, e porque se encontrava socialmente ao papel dado a eles
a capacidade intelectual e racional impedida de desenvolver tais
segundo a época e o lugar.
(Logos) ao homem, em geral qualidades.
envolvido com a política e o
mundo social.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

ANIMA & ANIMUS:

Assim, à parte ser homem ou mulher,


A revisão pós-junguiana, proposta pelo
qualquer pessoa teria uma dimensão de
analista Andrew Samuels, suspende a
sua personalidade associada aos
separação baseada em papéis sexuais,
animus, sob a forma da capacidade para
datada do ponto de vista histórico,
desenvolver consciência focalizada e
privilegiando a função dos arquétipos
atenção aos fatos, e anima, entendida
independentemente do sexo.
como uma relação com fantasia e a
subjetividade.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

Vídeo: “Anima e Animus: Como Reconciliar o Feminino e o Masculino em Nós?”


Disponível:
https://www.youtube.com/watch?v=vmsqagmUcpM&list=PLPWfNH3DdJDgCwvXgP7axTQVMqTOJlcU_&index=4
&ab_channel=ConhecimentosdaHumanidade
SINCRONICIDADE:

Sincronicidade é a experiência de
A sincronicidade difere da coincidência, pois
ocorrerem dois (ou mais) eventos que
não implica somente na aleatoriedade das
coincidem de uma maneira que seja
circunstâncias, mas sim num padrão
significativa para a pessoa (ou pessoas)
subjacente ou dinâmico que é expresso
que vivenciaram essa "coincidência
através de eventos ou relações
significativa", onde esse significado
significativos. Foi este princípio, que Jung
sugere um padrão subjacente, uma
sentiu abrangido por seus conceitos
sincronia.
de Arquétipo e Inconsciente coletivo.
Exemplo 1:

"Uma jovem paciente sonhou, em um momento decisivo de seu tratamento, que


lhe presenteavam com um escaravelho de ouro. Enquanto ela me contava o
sonho, eu estava sentado de costas à janela fechada. De repente, ouvi de trás de
mim um ruído como se algo golpeasse suavemente a janela. Dei meia volta e vi
que foi um inseto voador que chocava contra ela. Abri-a e o apanhei. Era a
analogia mais próxima a um escaravelho de ouro que se pode encontrar em
nossas latitudes”
Exemplo 2:

"Na manhã do dia 1º de abril de 1949 eu transcrevera uma inscrição referente a uma figura que era metade
homem, metade peixe. Ao almoço houve peixe. Alguém nos lembrou o costume do "Peixe em Abril" (primeiro de
abril). De tarde, uma antiga paciente minha, que eu já não via por vários meses, me mostrou algumas figuras
impressionantes de peixe. De noite, alguém me mostrou uma peça de bordado, representando um monstro
marinho. Na manhã seguinte, bem cedo, eu vi uma outra antiga paciente, que veio me visitar pela primeira vez
depois de dez anos. Na noite anterior ela sonhara com um grande peixe. Alguns meses depois, ao empregar esta
série em um trabalho maior, e tendo encerrado justamente a sua redação, eu me dirigi a um local à beira do lago,
em frente à minha casa, onde já estivera diversas vezes, naquela mesma manhã. Desta vez encontrei um peixe
morto, de mais ou menos um pé (30 cm) de comprimento, sobre a amurada do lago. Como ninguém pôde estar lá,
não tenho ideia de como o peixe foi parar ali."
São aqueles
Jung criou o termo A causalidade é bem fenômenos que por
A sincronicidade é conhecida do
vezes tomamos por
empírico pensamento cartesiano
um dos termos mais simples
sincronicidade para de causa e efeito.
controversos e Entretanto alguns coincidência, mas
poder explicar
menos acontecimentos em que escapam de
acontecimentos nossas vidas escapam qualquer explicação
compreendido da
que fogem da dessa lei, onde um
lógica, e a lei de
Psicologia Analítica acontecimento tem uma
causalidade e das causa e efeito não da
de Carl Jung. causa conhecida e que
leis do tempo e pode se encaixar em um conta desses
espaço. postulado ou lei. fenômenos raros e
aleatórios.
Os fenômenos sincronísticos São fenômenos que, se
por serem acausais não estão analisados com seriedade e
cuidado, possuem grande
limitados ao espaço e ao
tempo. Para o inconsciente
São eventos valor terapêutico na
tempo e espaço são relativos,
mas a sincronicidade é uma
imprevisíveis, análise, pois chamam a
atenção para áreas
quebra na consciência do espontâneos. problemáticas que, por
ego que é pautada no estarem inconscientes,
pensamento cartesiano e
eram até então intocadas.
presa no espaço-tempo.
É muito comum
3 - A sincronicidade
ocorrer eventos 2 - Como se
pode ocorrer em
sincronísticos 1 - Como se referindo a eventos
estado de vigília
quando a referindo a eventos que coincidem no
bem como em
psicoterapia está relacionados de tempo e no espaço,
Jung desenvolveu sonhos. Sonhar
estagnada e sem a forma significativa, mas que também
esse conceito de com algo e logo
possibilidade de mas não causal podem ser julgados
vários modos: após haver uma
progredir. Esses (isto é, não como tendo
coincidência
eventos então coincidentes no conexões
externa, possui um
ocorrem trazendo tempo e no espaço); psicológicas
significado
novos horizontes significativas;
psicológico latente.
ao paciente.
Um deles é Em nossa sociedade ocidental,
Como se trata superestimar a A sincronicidade escrava da racionalidade se dá
de um assunto pouca importância a esses
sincronicidade. É mostra então um
profundo e de eventos. Entretanto quanto mais
claro que não se deve caminho a ser nos aproximarmos do nosso
grande subestimar esses trilhado pelo ego, de inconsciente e prestamos
dificuldade de fenômenos, mas dar forma a colocar o atenção aos sinais enviados,
interpretação uma importância individuo no podemos nos tornar mais
podemos cair indevida a eles pode processo de completos, mais humanos e
em alguns nos levar ao erro de individuação. assim mais sincronicidades
equívocos. achar que tudo é podem ocorrer em nossas
vidas.
sincronicidade!
Jung, para sua teoria de que tudo no Universo
estava interligado por um tipo de vibração, e que
“Não posso provar a você que Deus existe, mas
duas dimensões (física e não física) estavam em
meu trabalho provou empiricamente que o "padrão
algum tipo de sincronia, que fazia certos eventos
isolados parecerem repetidos, em perspectivas de Deus" existe em cada homem, e que esse
diferentes. Tal ideia desenvolveu-se primeiramente padrão (pattern) é a maior energia transformadora
em conversas com Albert Einstein, quando ele de que a vida é capaz de dispor ao indivíduo.
estava começando a desenvolver a Teoria da Encontre esse padrão em você mesmo e a vida
Relatividade. Einstein levou a ideia adiante no será transformada”
campo físico, e Jung, no psíquico. (C.G. Jung)
Vídeo: “ Jung e a sincronicidade”
Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=Z9Yeu7Aasxg&ab_channel=MeteoroBrasil
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

Você também pode gostar