Você está na página 1de 36

O DESENVOLVIMENTO DO

CAMPO DO CURRÍCULO
NO BRASIL

Prof. Mônica
Recordando:

• Pedagogia Tecnicista:
– Bobbitt e Tyler
• Pedagogia Progressivista:
– Dewey e Pioneiros da Escola
Nova
Tecnicismo X Escola Nova
• Tecnicismo:
– Ênfase no como fazer;
– Material instrucional;
– Preocupação com procedimentos, métodos, recursos, controle
da avaliação;
– Ensino previamente determinado;

*****
– Fonte: necessidades e interesses dos alunos;
– Importância das questões sociais;
– Foco nas experiências de aprendizagem e não no conteúdo;
Tecnicismo X Escola Nova
• Escola Nova:
– Centra-se nos alunos e em suas necessidades;
– Promove a integração do conteúdo;
– Enfatiza mais aprendizagem e atribuição de significados
que ensino e comportamentos previamente
determinados;

*****
– Crê no valor da ciência;
– Método científico;
– Meta principal: desenvolvimento do espírito científico
Brasil
• Início do séc. XX – Dewey
– Indústria incipiente
– Pioneiros da Escola Nova
– Reformas estaduais
• Anos 60 e 70 – Tyler
– Industrialização
– Escola de massas
– Ensino técnico
Pensamento Curricular Brasileiro:
• Origens (anos 20 – 50):
– ideias escolanovistas
– Tendência Progressivista:
• Interesse em compreensão e em controle
técnico
– Primeiros cursos em currículo combinaram
essa tendência com a tradição clássica e
do tecnicismo (INEP e PABAEE)
– Objetivo: controlar o processo e
elaborar e implementar currículo
harmonizando com os contextos sócio-
econômico e político do Brasil
– Busca de coesão social
– Formar o cidadão para mudança –
sociedade industrial
– Queriam professores eficientes
Pensamento Curricular Brasileiro:
• Anos 60 e 70:
– 1962 – Currículos e Programas foi
introduzido no curso de Pedagogia
(disciplina eletiva)
– 1969 – Currículos e Programas
disciplina obrigatória
– Anos 70 – 1ºs mestrados em currículo
Pensamento Curricular Brasileiro:
• Final da década de 50 era preciso criar um novo espaço
econômico;
• De 60 a 64 o povo brasileiro precisava optar entre o
socialismo e um desenvolvimento interdependente:
houve conflitos;
• Jânio Quadros renunciou em 61 e Goulart foi destituído
em 64;
• Os EUA deu assistência técnica, financeira e militar mas
não imediata por causa de sua orientação de esquerda
mas fizeram-se alguns acordos e o dinheiro foi mais para
os estados contrários à Goulart;
Pensamento Curricular Brasileiro:
• Anos 60 - 64:
• Inúmeros debates sobre educação:
– campanha de alfabetização de adultos;
– centros de cultura popular;
– movimento de educação de base liderados pela igreja;
– intelectuais e estudantes universitários na busca de
uma sociedade mais justa;
• Emerge uma tendência pedagógica crítica
centrada nas ideias de Paulo Freire (houve uma
abordagem mais sociológica)
Pensamento Curricular Brasileiro:
• LDB – 1961 abriu espaço para a organização
de cursos de formação de professores e o
desenvolvimento do campo do currículo;
• Nessa época a situação era mais liberal que
tecnicista e o trabalho pedagógico não era tão
fragmentado;
• A disciplina CP não se desenvolveu porque
não tinha grande utilidade e não havia
professores;
Pensamento Curricular Brasileiro:
• O campo curricular é ambiguo:
– Oscilou entre um enfoque mais autônomo e
a busca de modelos estrangeiros;
– Baseou-se em diferentes interesses e
abrigou tendências e orientações diversas;
– Paulo Freire – combinou autores
progressivistas com interesse em
emancipação (1º esforço no Brasil)
Pensamento Curricular Brasileiro:
• Paulo Freire:
– Educação visa conscientizar os oprimidos;
– Capacitá-los a refletir criticamente sobre seu
destino, suas responsabilidades e seu papel no
processo de vencer o atraso do país, a miséria e as
injustiças sociais;
– Currículo é abstrato, teórico e desligado da vida
real;
– currículo precisa corresponder às coisas que os
estudantes desejam entender melhor;
Pensamento Curricular Brasileiro:
– Ponto de partida da seleção e organização do
conteúdo curricular deve ser a situação existencial
presente e concreta dos alunos;
– Valoriza o diálogo, a aprendizagem ativa e a
experiência significativa (interesse em
compreensão = tendência progressivista);
– Preocupação primordial:
• Transformação radical da realidade social na qual o
aluno está inserido (interesse em emancipação =
Tendência Progressista).
Pensamento Curricular Brasileiro:
• Com o golpe militar de 64 os enfoques críticos
desapareceram e o tecnicismo tornou-se
dominante no pensamento educacional
brasileiro e no currículo em particular;
• A disciplina tornou-se integrante
definitivamente nos cursos de prof.;
• A Tendência Tecnicista prevaleceu – interesse
em controle técnico
Pensamento Curricular Brasileiro:
• Ditadura Militar:
– Introduziram mudanças econômicas, políticas,
sociais e ideológicas;
– A influência da USAID aumentou e acordos MEC –
USAID foram feitos;
– Acordos diretamente entre universidades e EUA;
– CP sofreram influência americana = alguns
professores estudaram nos EUA
Pensamento Curricular Brasileiro:
• Reforma Universitária – Lei 5.540/ 1968
– CP foi introduzido nas universidades;
– levou a um ensino mais reorganizado de acordo
com os padrões da racionalidade tecnológica que
da racionalidade crítica e criativa;
– Refletidos no modelo de universidade, na
organização do curso de pedagogia e na
concepção de faculdade de educação
Pensamento Curricular Brasileiro:
• Currículo:
– Apresentação tecnicista;
– Maior ênfase em como fazer;
– Tyler e Taba (EUA) e Traldi e Sperb (Brasil)
– Lei 5692/71
– A questão do conhecimento não é tema central;
– O conhecimento curricular não era questionado,
era apresentado acriticamente como mero
instrumento para o alcance de fins pré
especificados;
Pensamento Curricular Brasileiro:
• Nos autores estudados há presença de
princípios progressivistas;
• Combinaram / misturaram interesses
parecendo imprimir um caráter humanista à
orientação tecnicista;
• Não questionaram a ordem capitalista;
• Interesse em controle técnico e em
compreensão
ANOS 1980
• Processo de abertura política:
– Geisel
– Figueiredo
• Abolição da censura
• Favorecimento da literatura educacional
crítica
• Tancredo / Sarney
• PMDB
ANOS 1980
• Pacotes econômicos:
– Cruzado II
– Plano Bresser
– Plano Verão
– 1989 – inflação 50% ao mês (hiper inflação)
• Houve organização das massas
– Sindicatos
– Associações diversas
• Fortaleceu-se a oposição
ANOS 1980 - Síntese
• Aprofundamento da crise econômica;
• Inflação desenfreada;
• Aumento da dívida externa;
• Agravamento das desigualdades;
• Recessão;
• Desemprego;
• Desvalorização dos salários;
• Aumento da violência na cidade e no campo
• Deterioração dos serviços públicos
• Greves
• Corrupção
• Falta de credibilidade no governo etc.
Por outro lado:
• Houve diversos seminários sobre os principais
problemas da educação;
• Os exilados voltaram;
• Literatura educacional crítica floresceu;
• Pensamento pedagógico desenvolveu-se;
• Desvalorização dos modelos educacionais do
governo militar;
• Aumento do nº de pós-graduação;
Por outro lado:
- Não foram assinados acordos para
treinamento em Univ. estrangeiras
- Estudos passaram a realizar-se mais na Europa
- Acordos CNPq com o Instituto de Educação
Univ. de Londres em 83 e 87 – com adesão do
INEP e CAPES
- maior influência de autores europeus
- Fortalecimento da oposição
• Na prática persistiram as características
tradicionais;
• 1982 – vitória de vários candidatos
oposicionistas:
– Política de educação alternativa
– Reformas dos anos 80:
• Guiomar – SP
• Neidson Rodrigues – MG
• Darci Ribeiro - RJ
– Final dos anos 80:
• Falta ensino básico de boa qualidade
Preocupação com a escola de 1º Grau
• Fracasso da escola com as camadas mais
carentes
• Currículo é o alvo da atenção das autoridades,
pesquisadores e educadores;
• Universalização da educação;
• Compromisso com a construção da democracia e
da justiça social;
• Garantia e obrigatoriedade de ensino
fundamental para todos;
• Relacionar conteúdos com a realidade;
CONTEÚDO CURRICULAR COMO O
PRINCIPAL INSTRUMENTO DO
PROCESSO DE ENSINO

• TODOS concordam que é preciso


reformular os currículos, métodos e
avaliação;
• Discordam quanto ao currículo;
PAULO FREIRE
X
DEMERVAL SAVIANI

PEDAGOGIA LIBERTADORA
X
PEDAGOGIA CRÍTICO SOCIAL DOS CONTEÚDOS
TENDÊNCIA CURRICULAR CRÍTICA
PEDAGOGIA DOS CONTEÚDOS PEDAGOGIA POPULAR
- Função básica da escola – - As camadas populares
transmissão de conhecimento devem desenvolver um
- Idéias escolanovistas são conhecimento que reforce
reacionárias, pseudocientíficas, seu poder de luta e
não democráticas resistência
- Crítica ao tecnicismo pela - Necessidades e exigências
eficiência e controle do
da vida social – não às
processo – articular o técnico
disciplinas escolares
com o político para
assimilação crítica do
conhecimento
PEDAGOGIA DOS CONTEÚDOS PEDAGOGIA POPULAR
- ACUSAM os Conteúdos de:
- ACUSAM A Educação
- Supervalorizarem o saber
Popular – Escola Nova:
sistematizado e a cultura
- registringir-se ao universo dominante
do aluno - Ênfase mais na transmissão
- realçar o diálogo e deixar do que na produção do
de lado o conteúdo, saber
- preocupar-se demais com a - Não realce do desenvolvi-
produção do conhecimento mento da consciência crítica
e não com a aquisição do - Questionam se o domínio
conhecimento existente da cultura burguesa pode
ser um caminho para a
libertação
PEDAGOGIA DOS CONTEÚDOS PEDAGOGIA POPULAR
- Moreira diz: - Valorizam o saber popular e
- Exageram na crítica porque usá-lo como instrumento de
simplificam demais – acham
que não há diferenças entre o conscientização da situação
universo cultural do aluno e a de opressão das camadas
cultura da escola subalternas
- Combinação de interesses –
emancipação/técnico - Combina interesses:
- Privilegiam a cultura erudita emancipação/compreensão
- Defendem a socilaização do - Ajudar a melhorar as
conhecimento objetivo pro-
duzido por todos e reservado condições de vida que
a uns poucos integre aquisição de co-
- Democratização da escola nhecimentos e conscien-
pública tização
Representam esforços concretos
de analisar as questões
curriculares e instrucionais da
escola brasileira contemporânea

Se criticam de forma exagerada e


um diálogo mais frutífero deixa de
acontecer
PARADIGMA DINÂMICO - DIALÓGICO
• Tendência Progressista
• Questões curriculares e economia, estado,
ideologia, poder e cultura
• Não se voltam para técnicas de planejamento
curricular
• Buscam oferecer princípios curriculares que
reduzam ou eliminem a opressão nas escolas
• Apple e Giroux (EUA)
• Paulo Freire e Demerval Saviani (Brasil)
Temas:
- seleção de conhecimento
- Controle social
- Pesquisa educacional
- Avaliação
- Rotulação
- Ideologia
- Contradições
- mediações
- Consideram os aspectos de
reprodução, resistência e
conflitos nas questões
curriculares
- Relações de fatores estruturais e
culturais com possíveis efeitos
transformadores
Bibliografia:
• MOREIRA, A. F. B. 1995. Currículos e
Programas no Brasil

Você também pode gostar