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Estesiologia,

Intercorporeidade e
Ecologia Corporal
O que é estesia?

• Habilidade de entender
sentimentos/sensações; sensibilidade.
• Estética. Aptidão para compreender as
sensações causadas pela percepção do belo;
estese.
O corpo em
Merleau-Ponty

• O corpo próprio
• O corpo carne
• O corpo estesiológico
• O corpo estesiológico é o corpo
que se move e que deseja.
• marcado pela motricidade, pelo
desejo, pelos gestos e sua
expressividade
O corpo de Merleau-
Ponty
Estesiologia

Não se busca a
Considera o essência do
mundo cultural, círculo, o que
a historicidade, ele é em ideia,
o mundo da mas sua
linguagem e expressividade,
dos símbolos, ou seja, a
bem como o circularidade
mundo dos vivida como
afetos modulação
típica.
• O espetáculo implica uma certa orientação do meu
corpo e meu corpo uma certa orientação que faz
com que um alto e um baixo, um aqui e um lugar,
sejam, não pontos objetivos, mas certa tomada de
meu corpo sobre o mundo, uma segurança e uma
O estudo do facilidade do meu corpo no mundo, fazendo com
que eu o habite; há um lugar porque há um aqui
movimento meu que não sou corpo objetivo. O lugar é relação
entre eu e o mundo pelo meu corpo. O lugar é
antes de tudo situação (MERLEAU-PONTY, Le
monde sensible et le monde de l’expression, 2011,
p. 72, 73).
O estudo do movimento no cinema

• Eis porque a expressão do homem pode ser no cinema surpreendente: o


cinema não nos oferece – como o romance o faz longamente, os pensamentos
do homem, ele nos dá sua conduta ou seu comportamento, ele nos oferece
diretamente essa maneira especial de ser no mundo, de tratar as coisas e os
outros; o que é, para nós, visível nos gestos, o olhar, a mímica, e que define
com evidência cada pessoa que conhecemos. Se o cinema quer nos mostrar
um personagem que tem vertigem, ele não deverá buscar a paisagem interior
da vertigem (...). Nós sentiremos melhor a vertigem vendo-a do exterior,
contemplando esse corpo desequilibrado que se torce sobre um rochedo ou
essa marcha vacilante que tenta se adaptar a não sabemos qual transtorno
do espaço. Para o cinema como para a psicologia moderna, a vertigem, o
prazer, a dor, o amor, o ódio são condutas (MERLEAU-PONTY, 1996, p. 74)
(itálico do autor).
Não tenho palavras...
• A linguagem, em seu sentido
semântico, parece não dar conta
desse universo colorido das
sensações que configuram a
estesia do corpo, haja vista a
multiplicidade de sentidos
históricos, culturais ou
linguísticos, por exemplo,
atribuídos a uma cor, a cor
vermelha, como podemos
examinar neste trecho:
Transubstanciações
corpo e mundo
• É emprestando seu corpo ao mundo que o
pintor transforma o mundo em pintura. Para
compreender essas transubstanciações, faz-
se necessário reencontrar o corpo operante
e atual, aquele que não é um pedaço do
espaço, um feixe de funções, mas que é um
entrelaçamento de visão e movimento
(MERLEAU-PONTY, 1964, p. 16).

Habitar o sensível
• Trata-se de uma filosofia que habita o
sensível e que pensa o mundo a partir do
contato com o espaço, o tempo, a
presença e a animação do corpo através
do movimento que transforma o mundo
em obra de pensamento, obra de
linguagem, obra de arte.
Intercorporeidade:
corpo e mundo
• Sinergia do aperto de mãos
• As paisagens se cruzam, as ações e as paixões
se ajustam.

• Uma escuta sensível: “Se estou bastante


próximo do outro para ouvir-lhe o alento,
sentir-lhe a efeverscência e a fadiga...”
(Merleau-Ponty, O Visível e o Invisível, p. 140)
Intercorporeidade para Merleau-Ponty
• Extensão das ligações internas • Perceber o corpo do outro como
do corpo próprio, como é o caso uma aderência carnal do
da sinergia entre as mãos. sensível.
• No aperto de mão ou na visão o
• Essa sinergia é uma abertura a corpo do outro anima-se diante
uma existência generalizada de mim
(corpo e mundo) ( O filósofo e sua sombra, Signes,
1960)
Anexar o corpo do outro:
uma experiência
intercorpórea, estesiológica
• “Se, ao apertar a mão de outro
homem, tenho a evidência de seu
estar-ali, é porque meu corpo anexa o
corpo do outro” (Merleau-Ponty,
signos, p. 186)
• Trata-se de uma experiência
estesiológica fundada na empatia
• Trata-se de um vínculo entre o ser e
seu corpo
A Guerra aconteceu (Merleau-Ponty, 1945)
• A noção de intercorporeidade prolonga as • Viver durante quatro anos ao lado deles sem
reflexões sobre o social de 1945 (A Guerra viver um minuto com eles, sentir-nos sob seu
aconteceu). olhar como “franceses” e não como homens.

• Daqui em diante os Alemães que


encontrássemos na rua, no metro, no • Mesmo aqueles entre nós que não se
cinema, não nos era mais permitido tratar-
preocupavam e continuavam a pintar, a
lhes como humanamente (...) escrever, ao voltar do trabalho, sentia que
sua liberdade não era como antes. Não
• Era preciso distinguir os nazistas e os somos livres sozinhos.
alemães.
Empatia e
emoção
• A emoção não é um fato psíquico e
interno, mas uma variação de
nossas relações com o outro e com
o mundo, legível em nossa atitude
corporal (Merleau-Ponty, 1945)
O cinema como um dispositivo empático
• Esses elementos que constituem
a fórmula do pathos encontram-
se também na apreciação do
cinema. Para Aumont (2015), o
espectador diante do filme está
diante de uma imagem fabricada
e de um mundo imaginário que
lhe permite ver e se inserir na
história contada.
https://www.youtube.com/watc
h?v=UeAUNvcM_xk
O Homem e o cinema
(imaginário)

• O cinema, com toda figuração


(pintura, desenho) é uma imagem
de imagem, mas como a
fotografia, é uma imagem da
imagem perceptiva, e, melhor do
que na fotografia, é uma imagem
animada, quer dizer viva. É
enquanto representação de
representação viva que o cinema
nos convida a refletir sobre o
imaginário da realidade e sobre a
realidade do imaginário (MORIN,
1997, p. 16).

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