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Mortes:
Pai: três meses antes de nascer
Irmãos mais velhos: morreram ainda bebês
Mãe: perdeu aos 3 anos
Infância:
Passou a viver com a avó viúva / Solidão e silêncio
Paixão por livros / Destaque na escola (Medalha de louvor)
Educadora:
Diplomou-se para dar aulas na Educação Infantil
Participou de projetos de reforma educacional e leitura
Escreveu livros infanto-juvenis (Disseminação da leitura)
1º casamento:
Casa-se com 21 anos com o artista plástico Fernando C. Dias
Maternidade / Suicídio do marido em 1935
Entre o efêmero e o eterno
(...) Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por
perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento
mesmo da minha personalidade.
(...) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem
negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi
sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios
inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o
segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde
foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e
seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo
como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida,
unidos como os fios de um pano."
I. Cecília Meireles (1901-1964)
Novo casamento / Jornalismo:
Casa-se novamente 5 anos depois
Escreve textos em jornais sobre educação
Carreira literária:
Iniciada precocemente aos 18 anos
Marcada pela influência do simbolismo
Conquistou diferentes prêmios em vida
Acadêmica:
Lecionou em universidades brasileiras, dos EUA e México
Viaja por diferentes lugares do mundo dando palestras
Morte:
Acometida de câncer no estômago morre em 1964
II. Poesia de Cecília Meireles
Traços comuns:
Influência neossimbolista (o vago, a musicalidade, a transcendência etc)
Temas universalizantes (O tempo, a morte, a efemeridade do ser etc)
Interesse pelo místico / Sonoridade herdada da tradição lusitana
III. O chamado – A escrita do livro
Viagem à Ouro Preto:
A poeta visitou a cidade na Semana Santa
Escreveu um artigo sobre ela para Travel in Brazil (1942)
Pesquisa histórica:
Realizou uma grande pesquisa – 10 anos
Informações complementares:
Textos de preocupação moral ou reflexão social
Tom episódico (passagens de uma épica)
Acompanhados de instrumentos musicais
Inserção de aspectos líricos num tema épico
Valores coletivos que inserem o homem na história
V. Estrutura do livro:
a) As partes do livro:
Romances: episódios narrativos (Minas Gerais do século XVIII)
Falas: entremeadas aos romances (Interlocução do narrador)
Cenários: diferentes espaços onde ocorrem a ação
b) Estrutura de rosa:
Partes separadas que formam o todo
Estrutura não sequencial (não linear)
Leitor:
1º - Pode ler cada romance separadamente (Uma pétala)
2º - Pode ler um conjunto de romances ( Pétalas reunidas)
3º - Pode ler o poema inteiro (A rosa como um todo)
VI. A estrutura narrativa
Divisão proposta pelo crítico Darcy Damasceno:
História composta por cinco blocos narrativos:
1ª A Sociedade do Ouro:
Ambição, violência, tragédias pessoais
Sociedade enferma pela febre do ouro
Destaque: Chica da Silva / Contratador Fernandes / Felipe dos Santos
2ª A Preparação da Conjuração:
Clima de perseguição, conspiração, medo e autoritarismo
Influência iluminista em homens da elite nacional
Mito messiânico de Tiradentes / O traidor Silvério dos Reis (Judas)
A bandeira da Inconfidência / A liberdade (Tema central da obra)
Aristóteles na Poética:
Literatura: Conta o que poderia ter sido
c) Entre a epopeia e a lírica:
A luta pela liberdade numa perspectiva lírica-reflexiva
Ver em Minas do século XVIII a luta de todas as épocas
Tomar de um acontecimento uma lição atemporal
OS IMPÍOS NUNCA VENCERÃO – O TEMPO É JUSTO
O poema declara a vitória dos Inconfidentes
Narrador:
Voz em 1ª pessoa / Realiza interlocuções (Postura dialógica)
Indaga / Lamenta / Louva / Reflete / Condena
Não apresenta uma postura neutra diante dos fatos e da história
Uso do parêntesis e itálica para marcar sua voz
Polifonia:
Além do narrador, outras vozes narram a história
Descentralização da voz épica (única / autoritária)
As várias vozes:
Popular, anônima / Poetas mineiros / Inconfidentes
Tiradentes / Ímpios / Tempo / Mulheres / Natureza
IX. Espaços
Espaços múltiplos:
Ouro Preto e cidades próximas especialmente
Rio de Janeiro / Tensão Brasil x Minas
Portugal: Espaço das decisões de poderosos
Casas: intimidade / Reuniões
Prisões / Lavras / Natureza mineira etc
Minas Gerais:
Espaço de autoritarismo e cobiça / Cobrança de impostos
Circulação de ideias iluministas / Dramas pessoais
Rio de Janeiro:
Prisão e degredo / Espaço de culpa (Rainha louca)
Metrópole:
Espaço de poder / Cobiça / Desumano
X. Tempo
Tempo: caleidoscópico (rosa)
Tempo da história:
Diferentes décadas entre os séculos XVIII e XIX
Em torno do Ouro, do Arcadismo e da Inconfidência
Tempos múltiplos:
A da poeta: século XX (1953)
A dos fatos : século XVIII especialmente Universalismo
A do gênero: século XIII (medieval)
Uso do Romanceiro:
Resgatar da Idade Média, via Alfares, valores como honra e nobreza
XI. Linguagem
Linguagem:
Grande apuro técnico
Uso comum de várias figuras de linguagem sobretudo a antítese
Antítese: revela a dualidade liberdade x opressão / justos e injustos
Forte presença do Presente do Indicativo – Presente Histórico (Universalismo)
Cenário:
Descrições / Experiência mística
O chamado: o passado a chama
O tempo que tudo leva (TEMA UNIVERSAL)
Romances:
Chegada dos lusitanos à região
Épocas iniciais da mineração (Antitética relação: Ouro poder x Ouro sofrimento)
Histórias:
Donzela morta pelo pai / Felipe dos Santos / Coroa portuguesa opressora (Assumar)
A sina de Tiradentes (infância) / Chico Rei / Ouvidor quase morto por amor
Conjunto de poemas:
Contratador Fernandes de Chica da Silva / O pérfido Conde de Valadares
Fala inicial
O eu lírico e suas impressões do ambiente:
Rezas, morte, voz da condenação (Locus horrendus) Fala inicial
Avista a masmorra / a sombra do carcereiro
A multidão pasmada Não posso mover meus passos,
por esse atroz labirinto
Os sons: de esquecimento e cegueira
Patas de cavalos / A voz do brigadeiro em que amores e ódios vão:
- pois sinto bater os sinos,
percebo o roçar das rezas,
Meio-dia:
vejo o arrepio da morte,
21 de abril sinistro / Intriga de ouro e sonho à voz da condenação;
O tempo roubará as razões da punição - avisto a negra masmorra
Tudo é consumido pelo tempo e a sombra do carcereiro
que transita sobre angústias,
Sem rastros: com chaves no coração;
Não há rastros pelo chão dos muitos padecimentos - descubro as altas madeiras
do excessivo cadafalso
Proposta do eu lírico: e, por muros e janelas,
o pasmo da multidão.
“Não choraremos o que houve” (Histórico?)
“Choramos as forças que constituem as vidas” (Universal)
Proposta do eu lírico
Aqui, além, pelo mundo
ossos, nomes, letras, poeira...
Onde, os rostos? onde, as almas?
Nem os herdeiros recordam
rastro nenhum pelo chão.
Ó grandes muros sem eco,
presídios de sal e treva
onde os homens padeceram
sua vasta solidão...
Não choraremos o que houve,
nem os que chorar queremos:
contra rocas de ignorância
rebenta a nossa aflição.
Descrição subjetiva:
Colinas: silêncio / solidão /gado
Angústia de amor estremecia à frente do eu lírico
Passeio pela cidade: ouro já tirado / impressões
Lugares vividos por outros no passado
As vozes ouvidas:
“A voz ouvi de amigos e inimigos”
Ouve e compreende sentimentos / acontecimentos passados
Flores / O esquartejado / Capelas / Torres / Neblinas
Pontes / Córregos / Muros / Lajes: Tudo chama pelo eu lírico
ALITERAÇÕES ASSONÂNCIAS – O VAGO NEOSSIMBOLISTA
As vozes presas / O cemitério das almas / Fantasmagorias
O tempo que levou: metáfora ceciliana do vento que leva
Das grotas de ouro às escadarias:
Memória e saudades se confundiam com os caminhos do eu lírico
O ambiente da Inconfidência:
Agressores / Ferros
Natureza:
Espantada com o avanço dos homens alucinados E, atrás deles, filhos, netos,
seguindo os antepassados,
Morrem de audácia e miséria
vêm deixar a sua vida,
Ambiciosos e avarentos / Abomináveis e bravos caindo nos mesmos laços,
Olhos sem clareza / lábios secos e amargos perdidos na mesma sede,
teimosos, desesperados,
Eu lírico: por minas de prata e de ouro
Onde eles estão / O tempo os levou curtindo destino ingrato,
emaranhando seus nomes
Triste legado: para a glória e o desbarato,
quando, dos perigos de hoje,
Filhos e netos caindo nos mesmos laços
outros nascerem, mais altos.
Desesperados por prata e ouro
Que a sede de ouro é sem cura,
A sede de ouro é sem cura e, por ela subjugados,
Os homens matam-se e morrem os homens matam-se e morrem,
ficam mortos, mas não fartos.
Eu lírico: (Ai, Ouro Preto, Ouro Preto,
Lamenta que Ouro Preto assim foi revelado e assim foste revelado!)
Eis o trágico nascimento da cidade
Romance II ou do Ouro Incansável
A terra explorada:
A bateia e os sulcos na terra (extração do ouro)
A beleza do ouro e o seu poder entre homens
“É tão claro e turva tudo”
Mil galerias desabam;
Ouro: mil homens ficam sepultos;
Embeleza a vida dos poderosos mil intrigas, mil enredos
Acende sinistras rivalidades prendem culpados e justos;
já ninguém dorme tranquilo,
O preço do ouro: que a noite é um mundo de sustos.
Vida de negros / Morte por febres e fome Descem fantasmas dos morros,
Existência de ladrões e contrabandistas vêm almas dos cemitérios:
Ódio, cobiça e inveja – Ninguém dorme tranquilo todos pedem ouro e prata,
e estendem punhos severos,
Cansaços e mortes: mas vão sendo fabricadas
Os reis querem seus tributos muitas algemas de ferro.
Bateias não descansam / Mil galerias desabam
Vêm almas do cemitério pedindo ouro
Muitas algemas de ferros sendo fabricadas
Romance III ou do Caçador Infeliz
O levante:
Levante organizado por poderosos locais e por Filipe
Poderosos o traem / Filipe, o despossuído, é preso e morto.
Queima do morro:
Queima das propriedades de Pascoal Guimarães no Morro Podre, atual
Morro da Queimada em Ouro Preto
Fernandes do Rego:
Aventureiro português
Único objetivo, ficar rico, seja lá como fosse
Aplicava golpes em espertalhões como ele, roubando-lhes o ouro
Ficou muito rico / Influente na cidade
Tornou-se responsável pela cobrança do quinto
Roubo:
Organiza-o com o Governador Antônio da Silva Caldeira Pimentel
na primeira remessa dos quintos reais, substituíram a carga de ouro por chumbo.
O rei abriu os caixões na frente de seus convidados (Vergonha)
História:
Nascido no Congo / Comprou sua alforria e enriqueceu
Teria sido monarca no Congo / Nome original Galanga
Escravizado em Ouro Preto / Conquistou a liberdade
Comprou a Mina Encardideira e a alforria de outros negros
Religiosidade e Congado:
Associou-se à irmandade de S. Ifigênia
A 1ª a ter negros livres
Festas em homenagem a Nossa Senhora do Rosário
Chico aparecia vestido como rei trazendo uma rainha
Cortejo antes da missa com músicas
Origem da festa do congado
Imagem da Mina de Chico Rei
Romance IX ou De vira-e-sai
Pedido para que pise na Mina de Chico Rei: Ninguém descobre a princesa núbia,
Folhagens de ouro vão se prender aos seus vestidos na vasta mina do Chico-Rei.
Invisível, venha ouvir os cantos felizes dos negros Depois que passam o sol e a lua,
Ninguém a veria ali
Santa Ifigênia passa, também.
Último pedido:
Subir a ladeira quase a dançar Santa Ifigênia, princesa núbia,
Sacudir o ouro dos pés e do manto sobe a ladeira quase a dançar,
Chama seus anjos, e vira-e-sai O ouro sacode dos pés, do manto,
chama seus anjos, e vira-e-sai.
Romance X ou Da Donzelinha pobre
Donzelinha, donzelinha,
À donzelinha: Sem os parentes em busca do ouro e diamante mira os santos nos altares,
Parentes andam longe / Donzelinhas de olhos sombrios que apontam, compadecidos,
Andam pelas serras e rios / Tentam a sorte em barrancos já vazios para celestes lugares,
Olha os santos olhando para o alto / Lágrimas por causa da busca onde são de ouro e diamante
quantas lágrimas chorares!
Pedido à Donzelinha:
Fecha os olhos: as montanhas altas e os ribeiros frios Donzelinha, donzelinha,
Reino do céus longe / O dos humanos, desvarios fecha esses olhos sombrios.
As montanhas são tão altas!
Os ribeiros são tão frios!
O reino de Deus, tão Longe
dos humanos desvarios!
Romance XI ou Do punhal e da flor
Semana Santa em Tejuco (Diamantina):
Uma donzela rezando na Igreja
O ouvidor Bacelar a mirava
Apaixonado pela moça
Jogou-lhe uma flor no colo
Sobe pela rua a tropa
O mundo masculino: que já se mandou chamar.
Vem raivoso Felisberto (parente da moça) E era à saída da igreja,
Estavam diante do altar da Igreja depois do ofício acabar.
Vede a mão que há pouco esteve
Beleza e violência: contrita, diante do altar!
Muito bela era a flor e a donzela
Onde existir formosura, existe desventura Num botão resvala o ferro:
e assim se salva o Ouvidor.
Um punhal: Todo o Tejuco murmura,
Brilha o punhal na mão do Contratador - uns por ódio, uns por amor.
Na rua, uma tropa (policiais) mandam chamar Subir um punhal nos ares,
Num botão resvala o ferro ? O ouvidor se salva por ter descido uma flor!
A cidade de Tejuco comenta o fato
Romance XII ou De Nossa Senhora da Ajuda
Capela do Pombal: Descrição de seus elementos (plasticidade)
Cortinas / Várias imagens de santos
S. Francisco e S.Antônio olhando para Jesus
Jesus explicava, noite e dia, sobre a cruz Sete crianças, na capela,
rezavam, cheias de fé,
Pratos, panos, castiçais: os santos, as virgens e Nosso Senhor
à grande Santa formosa.
Eram três de cada lado,
O que mais valia: os filhos do almotacé.
Era a Senhora da Ajuda: Seu cetro, manto e olhos de cristais
Suplicam as sete crianças
Sete crianças: que a Santa as livre do mal.
Dois grupos: 3 de cada lado / 3 meninas e 3 meninos Três meninas, três meninos...
Rezavam cheias de fé à Santa E um grande silêncio reina
Suplicam para a Santa os livrarem do mal na capela do Pombal.
Claro Enigma:
Viagem de Drummond por Igrejas mineiras
A Relíquia:
Altar luxuoso de Titi
Romance XIII ou Do Contratador Fernandes
Conde de Valadares:
Chegada ao Serro Frio (Diamantina) Eis que chega ao Serro Frio,
Missão de perseguir o contratador José Fernandes à terra dos diamantes,
Tudo pelo ouro / Ele chega cansado e fingido o Conde de Valadares,
Vem ao Tejuco com sua soberba / Cobiçoso fidalgo de nome e sangue,
José Luís de Meneses
João Fernandes: de Castelo Branco e Abranches.
O dono da terra pergunta a razão da tristeza do Conde Ordens traz do grão Ministro
Aqui você tem todo o conforto da casa de perseguir João Fernandes.
Tudo pela febre e o medo do ouro
Até mesmo as mulatas e negras, menos Chica da Silva
- febre e medo que, antes,
deceparam no ar a estrela
dos contratadores Brantes.
Contratador José Fernandes de Oliveira
Origem:
Nasceu em Diamantina em 1721
Família rica com a extração de Diamante
Estuda na Europa / Título de Cavaleiro
Regressa ao Brasil na década de 1750
Contratador:
Termo que designa aquele que é autorizado a extrair Diamantes pela Coroa
Infiltrou-se na sociedade de Arraial de Tejuco (apadrinhamento)
Padrinho de mulatos, escravos, filhos bastardos etc
Período Pombalino:
O Marquês cancelou seu direito de Contratador
Foi perseguido pelo governador Conde de Valadares
Regresso à Europa:
Levou os filhos e deixou as filhas para Chica cuidar
Morreu em 1779, sem rever Chica da Silva
Romance XIII ou Do Contratador Fernandes
Manteve durante mais de quinze anos uma união consensual estável com o
rico contratador dos diamantes João Fernandes de Oliveira,[3] tendo com
ele treze filhos.[1] O fato de uma escrava alforriada ter atingido posição de
destaque na sociedade local durante o apogeu da exploração de diamantes
deu origem a diversos mitos. E histórias fantasiosas.
Romance XV ou Das cismas da Chica da Silva
Chica está inquieta:
Em sua cama dourada, ela não dorme
Pensa no ouro, nas palavras do Conde
Alerta o marido sobre as reais intenções da visita do conde
Responde a Chica da Silva
O marido Contratador Fernandes responde: (assim dizem que pensava):
Afirma que o Conde sofre pelo familiares ausentes - Estes marotos do Reino
Se for de pobreza, o que custa ajudá-lo? só chegam por estas lavras
Os folhelhos de ouro iluminaram o homem para recolher o fruto
das grotas e das gupiaras.
Chica responde: Eles gastando na corte,
Este marotos do reino só vem às lavras em busca de ouro e a Morte aqui pelas catas,
Gastam na corte enquanto homens morrem na extração desmoronando barrancos,
Não sabe o que o conde quer , não gosta dele engrossando as enxurradas...
Não sei que tem este Conde:
O Conde: não gosto da sua cara!
Com os dia, foi perdendo o modo sério e sisudo
Caçadas, passeios, manda lapidar diamantes
E quando tiver fortuna, adeus aos formosos lugares
Romance XV ou Das cismas da Chica da Silva
Chica:
Sente que os seus pressentimentos estavam corretos Na sala passeia o Conde,
Tem pelo que vai ocorrer / Sabe que ele tem um segredo para trás e para diante.
- Por que me levais, amigo?
O Conde e o Contratador: (Era a voz de João Fernandes.)
O Conde informa que levará Fernandes Dei-vos o ouro que quisestes;
Fernandes não entende / Julga desleal a atitude ouro vos dei, mais diamantes,
Fingidamente, diz estar dividido entre a amizade e o Reino para a Casa dos Meneses
Fernandes lembra das palavras de Chica de Castelo Branco e Abranches
não soçobrar arruinada
Eu lírico ironicamente: enquanto andáveis distante.
(Como se fazem honrados / Os Condes de bolsos cheios) Como me levais agora
a prestar contas com os Grandes?
Narrador:
Evoca em tom de lamento diferentes imagens mineiras:
Natureza, mulatas, chicotes, capelas
Lamenta as diferentes vidas desgraçadas
Conta:
Que Fernandes foi levado para a Corte E lá seguiu para a Corte
Que uns sofrem na extração para outros terem lucros o dono do Serro Frio.
Chica ficou no Tejuco com doze mucamas Com suas doze mucamas,
ficava a Chica em suspiros.
O narrador amaldiçoa: Grossas vagas tenebrosas
O conde e o ouro nascem no humano destino!
Ouro é a causa de muitos males Uns, ali, nas rudes catas,
a apodrecerem nos rios,
Entre parêntesis: - e outros, ao longe, com os lucros
As doze mucamas gemiam dessas minas de martírio.
Prantos e dimantes Ai, que o coração não mente!
Romance XVIII ou Dos Velhos do Tejuco
Jogo poético: Voz dos velhos e (a do narrador) Ainda vai chegar o dia
Duas vozes: a dos fatos ocorridos e (a da reflexão atemporal) de nos virem perguntar:
- Quem foi a Chica da Silva,
Um dia vão nos perguntar quem foi Chica que viveu neste lugar?
(Tudo passa, o prazer é um intervalo na desgraça)
(Que tudo passa...
O Contratador foi levado como se fosse um negro fugido O prazer é um intervalo
(O poder destruidor do tempo) na desgraça...)
Narrador:
Acabou o tempo da Chica e do Contratador
O poder do tempo / As minas vão nos navios
Na terra despojada, ficam lágrimas e sangue
Oposição:
Ambiente de tensão política x Contexto do Arcadismo
Bucolismo utópico X Sofrimento pelo ouro / Opressão
Romances:
As paisagens árcades / os sofrimentos do ouro
A morte do príncipe D. José I / Maria, a Louca / Um Negro extraviou o ouro
Inconfidência
A bandeira da Inconfidência / O tropeiro Alferes (Quixote) / Influência iluminista / Maio
A Semana Santa / Os tropeiros riem / Silvério dos Reis / Tiradentes / Prisão de inconfidentes
O mito do embuçado / Os inconfidentes em Fuga
Fala aos pusilânimes: Os fortes vencerão com o tempo / O legado de submissão dos fracos
Cenário
Cenário:
Ambiente físico:
Estrada, ponte, montanha, a igreja branca
O cavalo, a soleira, o pátio, o lugar de esperança
Ambiente metafísico:
A fonte, a sombra, a voz que não fala
A névoa que forma nublados reinos de saudade e dor
Fala à Antiga Vila Rica
As fontes falam numa linguagem própria ou não? Mas, ai! não fala
Nossos ouvidos é que não entendem? a vossa língua
como estas fontes,
- palavras d'água,
rápidas, claras,
precipitadas,
intermináveis.
Romance XX ou Do país da Arcádia
O país da Arcádia: Utópico / Imaginário
Está dentro de um leque O país da Arcádia
Sonho que guarda em pálpebra leve jaz dentro de um leque:
Emoção campestre sob mil grinaldas,
Menção a Cupido e sua aljava verde-azul floresce.
Por ele resvala,
O país da Arcádia: resvala e se perde,
Já dentro de um leque a aérea palavra
que o zéfiro escreve.
Nomes de pastores e pastoras do Arcadismo
A luz é sem data.
Ovelhinhas, Sanfonas e flautas Nomes aparecem
nas fitas que esvoaçam:
O país da Arcádia: Marília, Glauceste, Dirceu,
De repente, escurece / lágrimas / fim da alegria Nise, Anarda...
A tormenta cresce - o bosque estremece:
nos arroios, claras
Entre parêntesis: ovelhinhas bebem.
(o tempo é indelével Sanfonas e frautas
suspiros repetem.
Em cinza adormece o país da Arcádia
Criação do ambiente Árcade
1788:
Morte de seu filho primogênito D. José I
Tal fato contribui para o agravamento da insanidade da mãe
O narrador lamenta a morte do príncipe:
Morreu quem poderia trazer um novo tempo.
Ai, terras de Vila Rica,
Lamento por Vila Rica: os tempos andam revoltos!
Tempos revoltosos: sábios e tolos articulam Neste levante das almas,
trabalham sábios e tolos.
Uns, avançam com prudência,
Ambiente fúnebre:
outros partem, com denodo.
Os sinos plangem / Calai mulheres e crianças E alguns, de esguelha,
Exéquias são rezadas / Tudo é loucura e desacordo calculam, com finos olhares torvos:
da sorte dos companheiros
(Perdeu-se a oportunidade, neste ano de 88) fazem seu negócio e jogo
Romance XVI ou Da Bandeira da Inconfidência
Clima de encontros políticos e traições:
Casas com Luzes acesas (Encontros de pessoas) Atrás de portas fechadas,
Vizinhança de olho vigiando ações alheias à luz de velas acesas,
brilham fardas e casacas,
Nas casas de luzes acesas: junto com batinas pretas.
Brilham fardas, casacas, batinas (classes sociais dos rebeldes) E há finas mãos pensativas,
Mãos pensativas, fortes e de púlpito (metonímias / Hipálages) entre galões, sedas, rendas,
Citam Virgílio e Horácio (poetas latinos) – Homens letrados e há grossas mãos vigorosas,
de unhas fortes, duras veias,
Falam de Minas, impostos, fazendas, ministros, colônias inglesas
e há mãos de púlpito e altares,
de Evangelhos, cruzes, bênçãos.
Propostas: Uns são reinóis, uns, mazombos;
Uns sugerem, outros recusam, outros ovem ou aconselham e pensam de mil maneiras;
Se a Derrama for lançada haverá revolta com certeza mas citam Vergílio e Horácio
e refletem, e argumentam,
Perguntas: falam de minas e impostos,
Quais ações? Onde falar? de lavras e de fazendas,
Que bandeira usar? Usar símbolos da Igreja, da maçonaria? de ministros e rainhas
e das colônias inglesas.
Contexto:
Desde 1711, alta taxas sobre mineradores pela metrópole
Intendência de Minas:
Pagamento do Quinto (1/5 da produção)
Conjurados:
Inspirados em ideias iluministas e na Independência dos EUA
Atrás das portas:
Entre o sigilo e a espionagem ocorre a Inconfidência
O Vigário ao poeta:
Pede para que escreva os versos de Virgílio num papel
O poeta pede:
Não mostre a ninguém: “Liberdade, ainda que tarde”
Liberdade - essa palavra
A bandeira: que o sonho humano alimenta:
Já está viva com a frase latina que não há ninguém que explique,
Os seus tristes inventores já são réus e ninguém que não entenda!)
Crime: ousaram falar em Liberdade
Os vizinhos:
Alvoraçados com os encontros / Especulam os homens
A palavra Liberdade: Todos entendem, mas não a explicam
Não sabem da bandeira, mas sentenciam os inconfidentes
Romance XXV ou Do aviso anônimo
Um sombra:
Persegue o Alfares / Conhece os seus passos
Narrador:
Que importa que o sigam ou o prendem?
Nomes de pastores árcades
Nenhum companheiro ele irá delatar Adeus aos caminhos!
Lá vai o que se oferece para o sacrifício - montes, águas, sebes,
ouro, nuvens, ranchos,
cavalos, casebres...
Despedida:
- Olham-no de longe
Adeus aos caminhos e à Natureza / Olham-nos os homens humildes os homens humildes.
Que venham soldados, escrivães, carrascos, maldições e preces E nos ares ergue a mão
Que o matem: ganhará quem perde sem retorno
que um dia os liberte.
O Alferes:
Desce espantado do cavalo / Parecem que sombras e janelas o olham
Falas sem sentido, perguntas, masmorras, sentença
Sentido esotérico: em sonho agradece – o audaz e valente Alferes
Romance XXVIII ou Da denúncia de Joaquim Silvério
No Palácio da Cachoeira:
Ai, que o traiçoeiro invejoso
Com sua pena bem aparada começa a escrever
junta às ambições a astúcia.
Vede a pena como enrola
Narrador: arabescos de volúpia,
Lamenta que o traiçoeiro distorça as palavras entre as palavras sinistras
Inclui palavras malignas na denúncia que faz desta carta de denúncia!
O traiçoeiro está contente com os horrores escritos
Homem subserviente aos ministros Que letras extravagantes,
com falsos intuitos de arte!
Intenções do traiçoeiro: Tortos ganchos de malícia,
grandes borrões de vaidade.
Ambiciona ter lucro com a delação
Quando a aranha estende a teia,
Distorce as verdades não se encontra asa que escape.
Posição social:
Coronel da cavalaria, fazendeiro e proprietário de minas de ouro
Delação:
Carta de delação em 11 de abril de 1789 enviada ao V. de Barbacena
Informava o levante em Vila Rica, os ideais republicanos e a Independência
No livro:
Assume o papel de Judas (O traidor sem caráter)
Avesso ao sonho de liberdade
Romance XIX ou Das velhas piedosas
Relato:
Atrás dele ia um cavaleiro levando um papel escrito
Era Semana Santa: Imagens dos santos cobertas
O traiçoeiro escreveu letras encaracoladas, mas não certas
Narrador: Tropeiros
Passou um louco, montado.
Um louco passou montado (Intert. Com Dom Quixote):
Passou um louco, a falar
Passou montado e disse que ia libertar a terra que isto era uma terra grande
Falava, montado, contra o governo e Portugal e que a ia libertar.
Visconde de Barbacena:
Nascido em Portugal / Formou-se em filosofia e leis / Professor
Protegido de Marquês de Pombal por sua notável inteligência
Nomeado em 1788 Governador de Minas Gerais
Veio substituir Luís da Cunha Meneses, acusado de corrupção
Atuação repressora:
Comandou prisões em Minas e no Rio de Janeiro
Responsável por degredos e pela execução de Tiradentes
Romance XXXII ou Das pilatas
Visão mítica:
Cecília parece tomar a mesma ideia de P. Américo
Associar Tiradentes a Cristo: o que veio nos salvar
Imagem santificada:
Pobre, despossuído, morto por ideais humanizados
Contrário ao apego aos bens
Viajante que dissemina ideias libertadoras
O messias traído:
Delatado por J. Silvério (Judas)
Tiradentes não traiu ninguém
Homem de um ideal:
Sem poder (alferes) social, mas livre de alma
Figura do louco: rompe com a lógica existente
Sentinelas:
De noite e de dia, seguem o Alferes
Estão disfarçados / São múltiplos
“Pobre do Alferes” – Não há neutralidade do narrador
Devem ser as sentinelas
Pergunta do Alferes à Joaquim Silvério: que amanhã me prenderão?
(Quem são esses vultos que seguem, Joaquim Silvério,
Quem nos leva á perdição) Quem as pôs sobre os meus passos?
Quem comete essa traição?
Intertextualidade: Cristo e Judas
Responde, Joaquim Silvério,
quem nos leva à perdição?)
Sem resposta:
O traidor cala diante do animoso Alferes
Romance XXXVII ou De maio de 1789
Maio de 1789:
Primeiro de Maio
Frias Neblinas Coronéis e poetas
Silvério imaginando receber dinheiro Passou por aqui o Alferes?
Padres, doutores, desejo de liberdade Sim, passou, mas já vai longe.
Cartas suspeitas, soldados, desejo de ouro e diamante Quem vem agora atrás dele?
O misterioso:
Homem ou mulher? Chapéu desabado / Todo embrulhado
Ele é o misterioso embuçado (rosto coberto)
Quem é? Fidalgo ou escravo?
Entra em casa errada / Assusta um menino
A) Francisco Antônio:
Gordo: vale por quatro / Vai montado para a Vila Formosa
Homem de parentes importantes / Dono de lugares e escravos
Vai comentando sobre a Derrama, Levante
Conspira, Organiza / Tão gordo, vale por quatro
Caça com amigos, pergunta quem foi Franklin (EUA)
Narrador:
Associa-o a um herói velhaco
Francisco Antônio
História:
Coronel / fazendeiro / Minerador
Participou da Inconfidência Mineira
Não estava com problemas financeiros como os demais
Obeso / Conhecido por falar muito rápido
Destino:
Degredado com TAG em 1792 para Moçambique
Romance XL ou do Alferes Vitoriano
Narrador indaga:
Para qual lugar ele vai? Nem amanheceu. Contrabando?
Advertência: Tenha cuidado – a sorte muda sempre
Vitoriano:
Vou na direção de Mariana / Leva uma carta e um recado
Narrador adverte:
Se te agarrarem, você vai ser preso e cumprirá sentença
Vitoriano:
Confessa que veio a mando do Coronel Francisco Antônio (Obeso)
Vinha, porém, tarde, pois ele estava preso ou morto
Romance XL ou do Alferes Vitoriano
Preso no caminho:
Barrado no caminho / Não houve quem o barrasse sua prisão
Penas, açoites – sem direito somente ao degredo
A carta não foi entregue / A masmorra o seu destino
Vitoriano Gonçalves Veloso:
Boatos:
O preso, o carcereiro, o capitão etc / Boatos pela cidade
Carcereiro e capitão foram promovidos
Traição como meio de ter vantagens / Eles foram presos também
Delator:
Digo por ter ouvido que os filhos do reino em breve será cativos
Minha denúncia é breve: não sei se ocorreu delito ou conspiração
Mesmo assim marco nomes e calo o meu / Denúncia sem provas
Romance XLII ou Do Sapateiro Capanema
“Quadras + 14 versos”:
O Sapateiro: 1ª pessoa
Noite de São Pedro / Viaja até Matosinhos
Bate à porta da taverna (quer diversão) / Está frio / Ninguém abre
O dono o trata como um bicho por não abrir
Conversas:
O Sapateiro conversou com pessoas sobre o fisco, prisões e levantes
Estava com seus amigos e o taverneiro na cama, sem abrir
Especula:
Será que o taverneiro tem medo? Ele está na cama?
O sapateiro e seus amigos gritam, mas não são ouvidos
Romance XLII ou Do Sapateiro Capanema
O sapateiro se apresenta:
Sou da comarca do Serro / Sapateiro por ofício
Não sabia do levante ? Preso pelas quadras que fez
Agora, na cadeia, entende muitas coisas (FIM DA ALIENAÇÃO)
História:
Foi buscar uma taverna e acabou encontrando a prisão
Espera a sentença: Açoites? Forca?
Narrador comenta:
Assim dizem que falava o sapateiro mulato
As quadras foram suas / O resto deve ser falso
Romance XLIII ou Das conversas indignadas
As prisões:
Eram muito mais participantes / Pegaram somente os delatados
Nada, nenhuma palavra, pode convencer o judiciário vendido
Visão de mundo:
O mal triunfa sobre o bem / Não há honra
Heróis são degolados / Não deseja ser um
A verdade é o que me convém
A delação:
Acusará qualquer um: basta que ordenem
Romance XLV ou Do Padre Rolin
História do Padre Rolin:
Carta de Vila Rica ao Tejuco: Ordem de prisão ?
Discutem se devem ou não prender o padre
Boatos sobre o seu paradeiro: já fugiu, está em casa etc
Família paterna:
Ligada ao contrabando de pedras, usura e tráfico de escravos
Participação na Inconfidência:
Ligou-se à Inconfidência por causa da Derrama
Grande influência sobre a região do Serro (A Coroa o temia)
Prisão:
15 anos preso / Liberto, lutou oara reaver seus bens
Soment com a Independência do país foi indenizado
Romance XLVI ou do cacheiro Vicente
O traidor hostilizado:
Vicente Vieira da Mota acusas, tu, Tiradentes
Dentes de víbora / Covarde / Peçonhento
Dentes de animal carniceiro que feria o Alferes
Romance XLVII ou dos Sequestros
O corrompido judiciário: ostentação e corrupção
Ordens mandadas, meirinhos apressados
As roupas engomadas do judiciário
Erudição vazia:
Tantos livros: Romanos, dicionários, tratados
Sugestões perigosas: França, EUA, Voltaire etc
Justiça vendida:
Meirinhos se preparam / Ordens já dadas
Curvam-se ao vil desejo
Meirinhos:
Monótono exercício de executar os sequestros
Considerações do narrador:
Pobres coisas desamadas
Qual a maior desgraça: a do réu ou dos que julgam?
Parte III
Parte III – Morte de CMC e Tiradentes (XLVIII- LXV)
Romances:
A vida como jogo:
Os lances / as estratégias – todos perdem / todos submissos a vontades superiores
Os árcades:
Cláudio Manuel da Costa (versões da morte?)
Tomás Antônio Gonzaga (noivado / prisão )
O Mártir:
Tiradentes (o que luta por ideias, o despossuído, o que veio trazer LIBERDADE)
Prisão (pluriperspectivismo – polifonia mais intensa)
Os pensamentos do Alfares / A reconstituição de seus momentos antes da morte
A caminhada até o cadafalso / A visão de um bêbado sobre a execução do Alferes
A pedra Crisólita:
A pedra sem valor comercial – Símbolo da não corrupção / de LIBERDADE
Utopia:
Se não fossem pusilânimes, falariam de um lugar com belezas
Lugar de beleza natural, de cavalos livres
A bela paisagem, a algazarra dos negros, os indígenas, a Liberdade
Contraiam histórias em varandas / Repetiriam rezas feitas
Realidade:
Os pusilânimes fecharam as almas e as janelas (locus horrendus)
Escreveram cartas anônimas / Denunciam irmãos, pais e filhos
Esconderam ouro, fugiram com povos e remorsos
Condenaram a masmorras, à morte com línguas peçonhentas
Queimaram a primavera /
O sonho humano
Mas o tempo passa e no futuro:
Novos homens no futuro bradarão revoltas contra os ossos dos pusilânimes
Palpita no céu o luto pelo que desperdiçastes
Recado final:
Vós, que estais no inferno, olhai, vinde vê-lo, o seu nome:
Pusilanimidade
Romance XLVIII ou Do jogo de cartas
Narrador:
Jogos são jogados por anos, meses e dias: em todas as épocas
Todos (soldados, camponeses, fidalgos) compõem o baralho
Nas partidas, a perda é certa
Morrem culpados e justos / Ouros, espadas, naipes, enigmas, lance
Minas, sangue, sofrimento
O vento:
O vento bate no baralho e o jogo segue outras voltas
Romance XLIX ou de Cláudio Manuel da Costa
Versão duvidosa:
Contam ter sido enforcado, mas tal versão não é a certa
Uns dizem que foi morto por punhal, outros veneno
Que não foi suicídio, mas assassinado
Ninguém saberá o que ocorreu
Talvez colocaram outra pessoa em seu lugar
Romance XLIX ou de Cláudio Manuel da Costa
Poeta:
Homem de muita luz / respeitado pelo povo
Secretário do governo / Tinham uma casa enorme /Dinheiro emprestado
Afilhada de João Fernandes
O narrador:
Não acredita na versão dada: punhal, veneno etc
Versões não confiáveis de pessoas não confiáveis
Fica o mistério:
Glauceste Satúrnio morto ou vivo deixou de existir
Cláudio Manuel da Costa (1729-1789)
Um homem letrado e rico:
Nascido em Mariana / pai ligado à mineração
Formou-se em Direito em Coimbra
Homem de letras:
Pseudônimo: Glausceste Satúrnio (importante poeta do Arcadismo)
Grande influência literária em Ouro Preto (lido por todos)
Homem de Conjuração:
Aos setenta anos de idade, foi preso / Interrogado uma única vez
Versão oficial de suicídio / Queima de arquivo?
Inácio Pamplona:
Homem de força e orgulho / Alegre / Passou em 4 de julho
Disse ter sido mandado para serra atrás de ouro e diamantes
Ele não o disse. Mas acharam o Dr. Cláudio morto neste dia
Passou com um fugitivo
Talvez seu companheiro fosse o Dr. Cláudio fugitivo.
História:
Bandeirante / Um dos delatores da Inconfidência
Comerciante / Comandante de tropa
Romance LI ou Das Sentenças
Sentenças:
Vem o peso do mundo com suas fortes sentenças.
Sobre mentira e verdades vêm as mesmas penas.
Masmorras, o peso da morte, inocentes ou culpados
Justiça mais severa com homens desonrados (pobres)
Justiça corrompida:
Peso da usura, as influências políticas
Culpados com dinheiro sempre fogem dos castigos
Vem o peso do tempo e da vida: tormentos e forças
Os donos da Justiça vêm com suas balanças e preços dar suas sentenças.
Romance LII ou Do carcereiro
Corrompida justiça:
O escrivão nunca escreve o que foi dito
Não tem lei ou justiça para quem nasceu infeliz
A verdade não defende acusados/ enredos (tramas) surgem
Morrem os justos nas tramas do mundo.
Romance LIII ou Das palavras aéreas
Nova interlocução:
Mirai, palavras, o que sois agora
Acusações, sentinelas, perfídia, presídios úmidos, solidão, duro ferro
Esperança que não volta/ Coração que vacila
Romance LIV ou Do enxoval interrompido
Agulhas do noivo:
Em sonhos trançava um novo madrigal/ “Ó, pastora, sabe por que colocam algema no noivo?”
A agulha quebrou/ “Procurai, pastora, o rosto do chacal?”
Lamento (clima de tristeza no ar)/ “Pastora, onde está o noivo que bordava?”
Romance LV ou De um preso chamado Gonzaga
Falas perdidas:
Inocente, culpado? / Enganoso, sincero?
Nada do que falar trará o amor de volta
Ó surda gente, nem ouro quero.
Romance LVI ou da arrematação dos bens do Alferes
Embargos
Quint: Olhai vós, condenados, a grande sombra que avança/ Este é o que aperta o pescoço
Terc: Para o assombro de todos, ainda lhes cavalga os ombros e nos ares balança.
Quint: Permite que te beije os pés e as mãos. Também morrei na cruz despido Cristo
Terc: Vede o carrasco ajoelhado, todo em lágrimas lavado, lamentar sua sorte
A hora da morte:
Quint: “Nem por um... traias teu Rei”/ Na praça, um silencioso tumulto
Grito de remorso oculto, sentimento de desgraça
Terc: Para o tempo, de repente, fica o dia diferente/ E agora a carreta passa.
Romance LIX ou da reflexão dos justos
O traído: reflexões
Foi trabalhar para todos/ Não conhece mais ninguém/ Quando vem a desgraça quem ajuda?
Tanto lugar visitado/ Agora um simples Alferes – louco, sozinho e perdido
O caminho da forca
Os militares, o clero, os meirinhos, os fidalgos que o conheciam de vista
As donzelas, os meninos, os ciganos, os escravos, os seus pacientes veem ele chegar à forca
Ele pensa nos enganos e traições
O caminho:
Pensamentos do Alferes: Ondes estão os poderosos? Eram fracos/ Almas mesquinhas
Morrerá sozinho no cadafalso
Hino de morte:
Ah, solidão do destino/ Ah, solidão do Calvário
Tocam os sinos. Qual igreja e santo? / Frades rezam
Caminha a bandeira da misericórdia
Recado a D. Maria I:
Os que foram salvos não livram o remorso dela em função de não perdoar o Alferes
Pobre rainha. Entre intrigas ficou demente: Gemendo a palavra Inferno.
Alferes:
Tudo leva na memória/ As belezas de Minas e os sofrimentos dos negros
Narrador:
Agora é quase um morto/ Partido em 4 pedaços
Para que Deus o aviste – foi levantado em poste alto
Estrofe em itálico
O nome Domingos por toda a parte a seguia
Conversa:
Domingos de Abreu Vieira quem batizaria meu filho? Ela pergunta ao amigo poderoso
Teme os tempos que chegam
Domingos: As datas
Domingo após domingo. Cartas a Silvério, subida à cachoeira, etc
Soneto:
“Ai! De domingo a domingo chega ao caminho do rio”
Encontra Domingos Pires
Estrofe em itálico
Domingos conta a Domingos (é nome predestinado)
já vem da vila à cidade do Visconde ao Vice-Rei
Domingos
Vê sentinelas os seus passos rodarem
Sobe por aquela escada envolto na noite escura como um vil criminoso
Era a casa de Domingos na rua dos Latoeiros
Entre imagens de prata e crucifixos Domingos Fernandes Cruz
Estrofe em itálico:
Era a casa de Domingos no domingo
Última teia de sonho / agora os domingos seriam de prisão
Assassinato (execução)
Certa manhã tenebrosa – no Campo de São Domingos
Um homem de nome Domingos aponta a forca de 5 degraus
Num dia de domingo
Itálico:
Lá vai cortado em pedaços pela serra acima
Domingos Rodrigues Neves tranquilamente o conduz com os oficiais de justiça
Domingos Fernandes da Cruz:
O que escondeu Tiradentes
Tiradentes foi para o Rio de Janeiro e sabendo que o governo já tinha conhecimento da revolta tentou se
esconder. O padre Inácio Nogueira levou Tiradentes para a casa do artesão Domingos Fernandes da Cruz, 64
anos, solteiro, paulista de Mogi das Cruzes que morava sozinho com mais dois escravos na rua dos Latoeiros,
hoje rua Gonçalves Dias.
Domingos Fernandes Cruz aceitou esconder em sua casa/oficina um oficial fugitivo que nunca tinha visto antes
atendendo a um pedido de sua comadre Inácia (Gertrudes de Almeida) – a viúva explicou ao artesão que aquele
homem havia curado sua filha, portanto tinha a obrigação de ajudá-lo.
Tiradentes teve a casa cercada ainda no dia 10 de maio de 1789 por soldados originais da cidade de Estremoz.
Escondeu-se atrás das cortinas da cama, segurando um bacamarte carregado, cedido por Matias Sanches
Brandão, e mantendo duas pistolas por perto, cedidas por Francisco Xavier Machado. Quando os soldados
invadiram o quarto, Tiradentes entregou-se.
Romance LXII ou do bêbado descrente
1ª pessoa (bêbado):
Vi o penitente com a corda no pescoço
A morte era o menos, grande o alvoroço
Se morrer é triste, por que a cara de contente das pessoas?
(Lamento do narrador:
“Ai Deus, homens, rainhas/ Eu vi a forca e voltei/ Os paus vermelhos que tinha)
Bêbado:
“Sinos, tambores rufavam, uniforme cavalos
Se era criminoso, por que tantos veludos e sedas?
(Quando me respondereis?)”
Bêbado:
Parecia um santo! Mãos amarradas no meio das cruzes
Se já conheciam a sentença, por que retardaram a agonia?
(Não soube. Ninguém sabia)
Bêbado:
Traziam-lhe cestas doce e vinhos para ter forças no caminho
Se ia morrer, por que queriam que morresse forte?
(Ninguém sabia. Não sei)
Bêbado:
Não era festa, enterro, verdade ou erro
Por que se ouve salmo, ladainha, se tudo era vontade da rainha?
(Deus, homens, reis, rainhas – Grande desgraça a minha. Nunca vos entendereis!)
Romance LXIII ou Do silêncio do Alferes
Solidão do Quixotesco:
Amigos longe, sem amada. Leva uma estrela no sonho e uma tristeza e mais nada
(“Ah se eu me apanhasse em Minas” suspira com a voz cansada? Largo é o rio na serra)
Entre parênteses e itálico – conjunto de estrofes
Alfares: o despossuído
Os algozes sobem a escada com duros passos. Chumbo no bacamarte
Tanto tempo na masmorra. Os outros têm privilégios: amigos, ouro, parentes
Só ele nada tem
Romances:
Gonzaga:
Os maledicentes / os judiciário corrompido / a prisão / o degredo em Maio
Juliana de Mascarenhas / Novo casamento / Coração que se esqueceu de Marília
Marília:
Solidão daquela que ficou por casar / Vida de reclusão e solidão
Alvarenga Peixoto:
Prisão / Degredo na África / Morte /
Mulheres do poeta: Bárbara Heliodora e Maria Ifigênia
Rainha Maria I:
Melancolia: companheira de infância
Olhar voltado à transcendência / Culpa e remorsos
Cenário
Conversas:
A esperança já foi / - Mas segue com seus embargos
São coisas de Fortuna (Destino/ Sorte)
Não sendo a hora oportuna, tudo se perde
Romance LXVI OU Das naus dos maldizentes
A nau parte:
Colocam os bens dos desterrados em leilão
A – Dizem que vai fazer falta, pois dizem que ele tinha um .... no mundo que pisava
B – Agora veremos cena do cavalo solto
A – Tanta seda/
B – Tanto verso
Lamento:
- Ai, terras negras d’África, portos de desespero
- Quem sai é escravo, quem vem desterrado (África – litoral dos medos)
Em maio:
Fim da quaresma / Sol vagaroso nas montanhas / névoa fina
A ti, pobre pastor, te viram cercar a casa, dando-te voz de prisão
Choro grande dos fortes/ rudes ordens duros sons
Em maio:
Sem calhandra ou rouxinol/ Sem o correr das águas nas pedras
Adeus a Vila Rica/ Adeus: o bravo tempo agressor tudo nos tira
Já vem meirinhos com seus papeis
Adeus pontes sonolentas, riachos, montes/ Sairei das masmorras?
Maio:
Veio e se foi sem calhandra ou rouxinol/ as pedras das fortalezas são de pesado nó
Ai, como ao pé destas penhas roda o mar e escuna, triste (prisão no RJ)
Noite com os sons dos passos do carcereiro.
Maios se passaram:
Quantos maios já foram? O corpo gasto e a saudade maior
Quem sou, que não me conheço? Onde estou? Onde está a Arcádia e o pastor?
Maio:
Depois da forca e da festa, lá vai a nau pelos mares
Sem adeuses. O que espera no Oriente/ silêncio no peito
(Ouro nas minas fechado. Dizem que és o causador destes males)
Maio:
Sem calhandra ou rouxinol/ As amadas choram, falam os delatores
O ouvidor é levado ao degredo pela nau
Tudo longe: Minas os negros no trabalho, os fortes, o alto relógio, os santos: tudo
Em maio:
Por causa de maio! Mundo de fraco valor. Nem Deus te salvou
Olhos d’água... amargor/ Mártir no seu andor/ Semana Santa na Vila
Moçambique:
Quem passeia de cabeça descoberta sem perceber o que está em volta?
A sorte muda rapidamente
Entre negros e tristes noite, a morada abre em sonhos a janela
Ao som das águas ofuscam-se igrejas, cavalos, pontes (Minas)
A lua desponta
Interlocução:
Dize, Amor, qual é teu prazo? Quem se fia no futuro?
Acabou-se a estrela certa
Pode ser que não fique exilado para sempre, errante e calmo
Pode ser que vai notando a memória/ Moçambique pode alentá-lo
A lua:
Atravessa entre Igrejas, a Vila de ouro/ Ninguém ali canta amores e desejos
Assim, branca e límpida a noite/ No Oriente, que negro dia reconheço?
Romance LXX ou Do lenço do exílio
Voz escondida:
Se ouvísseis o que digo entre quatro paredes
Mas o tempo é seu amigo e não me ouves ou cedes (Minha dor é só comigo)
Casa triste, nobre e fria/ Sensação de prisão (Tudo é covardia)
Estrofes de murmúrio:
Estrofe 1: Como era o vestido que sua mão bordou? Cetim? E o dedal?
Estrofe 2: Responde: Bordado só de quimeras com suspiro/ Dizem que pesava muito”.
Romance LXXVIII ou da Inconformada Marília
Marília:
Sofria nos sonhos: voava, procurava o amor perdido
Oráculos oníricos a aconselhavam regressar
O pastor não se lembrava mais dela
Dormindo gemia: “Só se ele estivesse alienado”
Os dias de Marília:
Andava em lágrimas / piedosas vozes a aconselhavam
Pediam para que não chorasse mais pelo amor acabado
O que poderia fazer o pastor exilado
Ela gemia: “Só se ele estivesse alienado”
Névoa da tarde:
A névoa vinha envolver a torre, a morte, o chafariz
O tempo passava / E os versos? As Juras? O vestido bordado?
Seu coração dizia que ele talvez tivesse esquecido, casado
Seu lábio, porém, gemia: “Só se estivesse alienado”
Marília (Maria J. Doroteia de Seixas)
Maria Joaquina Doroteia de Seixas Brandão (1767-1853):
História:
Filha de capitão de regimento / Nascida em Ouro Preto
Órfão de mãe, passou a morar na casa dos tios
D. Maria I:
Ai, filha de Marianinha / Ai, neta do rei D. João!
Princesa de mãos suaves em oração / Lindas letras desenhava Maria
Melancólica princesa subirá ao trono – todos eles são amargos
Entre intrigas de nobres, criados, detestava pecados
Entre os sangue dos esquartejados e as lágrimas de quem olha o céu
Rainha:
Que um dia foi aclamada em roupas lampejantes
Mas com os olhos tristes mirava a tudo e a todos
Tendo o crucifixo na mão, ela fez seu juramento
Mandava abrir masmorras, alimentava pobres
Chorava por culpas e suplicava por piedade
Rainha:
Preservava-se isenta sobre os desencontros humanos
Seus olhos estavam voltados para o além-mundo
Muito além dos rebeldes americanos, ministros etc / Vê na terra, falência
Tenta elevar-se a esferas elevadas: Arte, Ciência e Pensamento
Achava-se livre de decretos sangrentos
Via outros ensinamentos nos livros, diferentes da realeza
Rainha:
Sem pai, sem marido, sem filho, sem confessor na densa noite
Pergunta pelos seus mortos / Sente-se no inferno com sua família
Piedosa e meiga, tornava-se desvairada
Clamam por ela Inconfidentes que a funda masmorra tortura.
O tempo age:
Sobre as sacadas as barbas dos velhos que não sabemos vivos ou não
Sobre as ruas cansadas – Ai que lenta morte / Um céu azul silencioso
Interlocução:
Cantai pássaros das sombras sobre as esvaídas lavras
Os vagalumes brilham em festa nas solidões
Onde estão os santos da Igreja com ouro?
(Era de seda vermelha o sobrecéu que velava a cabeceira
Em que dormia o Padre Toledo)
O tempo:
Dois séculos se foram / Suas atividades diárias acabaram
O padre Toledo dormia / Nos seus altares, os santos esperavam
Indagações finais:
- Onde estão seus vastos sonhos, ò cidade abandonada?
De onde vinham? Para onde iam? Por onde passaram?
Alvarenga, Bárbara e M. Ifigênia
Inácio José de Alvarenga Peixoto (1742-1792):
História:
Nascido no Rio de Janeiro / Estudou direito em Coimbra
Lá conheceu o poeta Basílio da Gama de quem foi grande amigo
Inconfidência:
Amigo de pessoas ricas e intelectualizadas
Foi amigo de Rolim, TAG, CMC e outros
Atribui-se a ele o lema da Bandeira dos Inconfidentes
Preso e degredado para Angola / Morreu assim que lá chegou (febre tropical)
Seus bens foram leiloados em praça pública
História:
Descendente da família do abastado Amador Bueno
Casou-se com Alvarenga, participante da Conjuração
Foi chamada de heroína da Inconfidência
Pós Inconfidência:
Marido degredado para Ambaca (Angola) / Bens confiscados
Suposta demência em função das desgraças pessoais
Romance LXXV ou De Dona Bárbara Heliodora
Má sina:
Das três donzelas, ela era a mias excelente / Era a coroa
Rolaram sombras na terra / Partiu-se a estrela Bárbara Heliodora
Romance LXXVI ou Do Ouro Fala
O Ouro Fala:
Nos longos canais abertos, ou ouro fala, o ouro delira
Nas lavras do Ouro Fala, o ouro fala e conspira
Muito além de lavras conhecidas por homens, há sítios de segredos
Soldados comentam:
Era ele o tal Alvarenga que teve apagada a sua antiga glória
Romance LXXIX ou Da morte de Maria Ifigênia
A morte da menina:
Se o Brasil fosse um reino, ela poderia ser princesa
O cavalo a levava nas negras terras de Ambacas
Cenário:
D. Maria no Rio de Janeiro – Velha, solitária, louca e culpada
Não se lembra com nitidez dos homens que condenou
Passeios pela cidade / Medo do Inferno
Romances:
Os cavalos da Inconfidência:
Poema síntese: imagem da Inconfidência pelos animais
Testamento de Marília:
A velhice e a solidão da antiga noiva de Gonzaga
Cenário
Triste coleção de cenas sobre o teatro da história
Naus:
Buscaram terras de exílio / homens iam para eterna ausência
Morros:
Não existem mais lavras imensas / Só decadência
Floresta de silêncio e tristeza
Lamento:
Ai parentes, ministros, fidalgos perseguidos, pobres inconfidentes
Falas da Rainha:
“Vou para o Inferno – murmura. Já estou no Inferno”
(Sobre chamas do Inferno que vai com celeridade a dourada sege)
Louca:
Do cetro nãos e lembra, nem de mortos ou coroas
Tem o demônio / Cabelo grisalho, vestida de preto
Velhinha chorando de medo: D. Maria I passeia pela cidade.
Romance LXXXIII ou Da Rainha morta
O velório:
Prantos de criados / A cruz no altar / Mantos de Ordens religiosas
O braço esquerdo sobre o peito / A corte comovida / O beija-mão
Cortejo:
O clero, o povo e a nobreza acompanhavam o corpo levado
O resto era noite: lembrança da mão que causara degredo e morte
Assinatura que levou sofrimento e morte
Romance LXXXIV ou Dos Cavalos da Inconfidência
Seres anônimos:
Ninguém sabe os seus nomes, sua origem ou pelagem
Iam tão alto e tão longe
Lamento:
Ai fortunas, dinheiros antigos, prêmios de traidores
dores de condenados
À Marília:
Escreve Marília seu pequeno testamento
Por que escreve se a morte é seu destino?
Cortesias de quem diz adeus ao mundo
Que sois vós, Ouro de Minas, no Oceano de Deus tão fundo?
Aos materialistas:
Triste pena / Triste Marília que escreve / Tão longa idade sofrida
Muitas missas (Que a terra lhe seja leve)
Fala aos Inconfidentes
Passado o tempo:
Treva da noite, agora tido jaz em silêncio
Amor, ódio, inocência: o tempo leva / Grosso cascalho da vida humana
Negros orgulhos, fingimentos, covardia: tudo dá volta no tempo
O poder do tempo:
O tempo dá voltas e tudo vai expor
Noite:
Parada a noite não se avistam os fundos leitos
Mas no horizonte que é a memória da eternidade
Referve o embate das antigas horas, dos antigos fatos e homens
Nós:
Ficamos contritos (pesarosos) ouvindo o desconforme
Submerso curso dessa torrente do purgatório
Pergunta final:
Quais os que tombam em crimes exaustos? Quais sobem purificados?