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Fase chamada de: heróica ,

guerreira , caracterizada pela


combatividade e pela pluralidade
de linguagens e perspectivas . •
Um período rico em manifestos e
revistas de vida efêmera: são
grupos em busca de definição
 A primeira fase do  Em termos econômicos, o
Modernismo no Brasil mundo encaminhava-se
estende-se de 1922 a para um colapso,
1930. Período em que o concretizado pela quebra
da bolsa de Nova Iorque,
Brasil vive o fim da em 1929. O Brasil, que
chamada República velha, dependia em grande parte
quando as oligarquias das exportações de café,
ligadas aos grandes sofreu um duro golpe com
proprietários rurais a quebra da bolsa e
detinham o poder. passou a vivenciar um
período de grande
instabilidade econômica.
Também conhecida como Semana de 22, foi um evento
cultural e artístico de grande importância na história da
arte brasileira. Representou o marco inicial do
modernismo no país.
Ocorrida entre 13 e 17 de fevereiro de 1922 no Teatro
Municipal de São Paulo, congregou artistas de diversas
disciplinas, incluindo pintura, escultura, música, literatura e
arquitetura.
O evento visou romper com as tradições acadêmicas e
europeias que dominavam as expressões artísticas no
Brasil. Os autores participantes buscavam
uma linguagem própria, inspirada nas raízes
nacionais e na diversidade cultural do país.
Em 1917, Anita Malfatti
realizou uma exposição
de quadros em São
Paulo.
Monteiro Lobato, que
assistiu a exposição,
publicou um polêmico
texto: Paranóia ou
mistificação?
O grupo modernista
decide, em razão do
ataque sofrido, unir-se em
torno de objetivos
comuns, em uma tentativa
de tornar mais visível para
a opinião pública as novas
tendências artísticas
européias.
No Teatro municipal
de São Paulo, em
noite de gala, seriam
realizados os
eventos da Semana
de Arte Moderna!!
 Embora causassem
escândalo, os modernistas se
fizeram notar! Deixaram claro
que não tinham apenas
intenções artísticas, mas um
conjunto de obras em que as
novas propostas eram
concretizadas, demonstrando
a viabilidade dos novos rumos
estéticos.
Revistas: era criado Manifestos:
espaço para as funcionavam como
divulgações das espaço de definição e
produções literárias divulgação dos próprios
inspiradas pela nova princípios modernistas.
visão artística.
 O primeiro número da revista
foi aberto por um editorial
manifesto:
 A busca do atual
 O culto ao progresso
 Afirmação de que arte não é
cópia da realidade
 Incorporação de novas
formas artísticas, como o
cinema.
Como conciliar o direito à inovação estética com
o peso da tradição?
Como estabelecer o limite entre o regional, o
nacional e o universal?
O objetivo dos antropófagos era de promover
uma nova agitação cultural, de modo a manter
acesas as inquietações estéticas e culturais que
deram origem ao Modernismo Brasileiro, que
nos últimos anos assumira uma face bem
acomodada.
Estética, 1924.
A revista, 1925-1926.
Terra Roxa e Outras Terras, 1926.
Verde, 1927.
 No manifesto, Oswald  Fazer uso da língua sem
ironiza e critica a visão preconceitos, tal qual se
“oficial” da história manifesta na fala popular
brasileira.  “a contribuição milionária
 Contrapondo a uma visão de todos os erros”.
parótica e bem humorada.  Recuperação do passado
 Princípios do primeiro histórico sob uma
momento da literatura perspectiva crítica.
modernista:
 “Ver com olhos livres”.
 Oswald de Andrade, lança esse manifesto
aprofundando as teorias do Movimento pau-Brasil e
como resposta ao nacionalismo do Grupo da Anta,
movimento conservador, associado ao fascismo.

 Valendo da antropofagia como metáfora do que


deveria ser culturalmente repudiado, assimilado e
superado para que alcançássemos uma verdadeira
independência cultural. O escritor sintetiza as
conquistas do movimento modernista ao mesmo
tempo que lança um lema para os tempos futuros:
 Assumindo um tom
contestador e anarquista,
Oswald propõe, no
“Manifesto Antropófago”,
o caminho contrário ao
das correntes
nacionalistas que
defendiam a idealização
de um estado forte.
de um lado, um de outro, um
nacionalismo crítico, nacionalismo ufanista,
consciente, de denúncia utópico, exagerado,
da realidade brasileira, identificado com as
politicamente correntes políticas de
identificado com as extrema direita.
esquerdas;
 A primeira fase do  Negação do passado;
modernismo, marcada  Eleição do moderno como
pelo signo de um valor em si mesmo;
transformação, ficou  Valorização do cotidiano;
conhecida como fase
 Nacionalismo;
“heróica” ou de
destruição. Tal  Redescoberta da
designação deveu-se, em realidade brasileira;
grande parte, à opção  Desejo de liberdade no
pelo rompimento com o uso das estruturas da
passado, postura vista por língua;
muitos como anárquica e  Predominância da poesia
destruidora. sobre a prosa;
Canção do exílio
Canto de regresso à pátria
Gonçalves Dias
Oswald de Andrade
 Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam, Minha terra tem palmares
Não gorjeiam como lá. Onde gorjeia o mar
 Nosso céu tem mais estrelas, Os passarinhos daqui
Nossas várzeas têm mais flores, Não cantam como os de lá
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores. Minha terra tem mais rosas
 Em cismar, sozinho, à noite, E quase que mais amores
Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem palmeiras, Minha terra tem mais terra
Onde canta o Sabiá.
 Minha terra tem primores, Ouro terra amor e rosas
Que tais não encontro eu cá; Eu quero tudo de lá
Em cismar –sozinho, à noite– Não permita Deus que eu morra
Mais prazer eu encontro lá; Sem que volte para lá
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra
 Não permita Deus que eu morra, Sem que volte pra São Paulo
Sem que eu volte para lá; Sem que veja a Rua 15
Sem que disfrute os primores E o progresso de São Paulo
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
 A obra de Oswald de
Andrade talvez seja a
única a reunir todas as
características que
marcaram a primeira
fase do Modernismo.
Ele escreveu poesia,
romance, teatro, crítica
e, em todos os gêneros,
deixou patente sua
vocação para
transgredir, quebrar
expectativas, polemizar.
Os romances escritos por Oswald de Andrade
trouxeram para a Literatura Brasileira uma estrutura
inovadora. Os capítulos curtos emprestam à
narrativa características da linguagem
cinematográfica, como uma sequência de cenas
encadeadas de um imenso mosaico em que a
realidade nacional é flagrada em flashes rápidos.
Escreveu poesia,
prosa e contos.
Foi o primeiro que
escreveu um texto
teórico, no Brasil,
sobre a natureza da
arte contemporânea
– No prefácio de
Paulicéia
Desvairada.
Encontramos em suas poesias um fluxo de lirismo,
muitas vezes associado ao cotidiano. Além de uma
visão crítica da elite, e a afirmação da possibilidade
de uma existência multifacetada (pessoal e cultural).
 Eu insulto o burguês! O burguês-níquel  Eu insulto o burguês-funesto[cruel]!
o burguês-burguês! O indigesto feijão com toucinho, dono das
tradições!
A digestão bem-feita de São Paulo! Fora os que algarismam os amanhãs!
O homem-curva! O homem-nádegas! Olha a vida dos nossos setembros!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, Fará Sol? Choverá? Arlequinal[Arlequim –
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! palhaço]!
Mas à chuva dos rosais
o êxtase fará sempre Sol!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!


Os barões lampiões! Os condes Joões! Os  Morte à gordura!
duques zurros! Morte às adiposidades cerebrais!
Que vivem dentro de muros sem pulos, Morte ao burguês-mensal!
e gemem sangue de alguns mil-réis fracos Ao burguês-cinema! Ao burguês-tiburi!
para dizerem que as filhas da senhora falam o Padaria Suíssa! Morte viva ao Adriano!
"— Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
francês — Um colar... — Conto e quinhentos!!!
e tocam os "Printemps“[primavera] com as Más nós morremos de fome!"
unhas!

 (...)
Assim como na prosa de Oswald, Mário
apresenta um questionamento das estruturas
típicas do romance do século XIX.
O autor experimenta diferentes organizações
para a prosa: ora eliminando a marcação de
capítulos, ora criando um narrador, que embora
onisciente, atua quase como uma personagem
do livro, numa linguagem que explicitava a
busca do português “brasileiro”.
Texto responsável pela redefinição do “herói”
brasileiro.
A personagem, a cada instante, se transforma
assumindo as feições das diferentes raças que
originaram o povo brasileiro (índio, negro e
europeu).
 A solidão, as frustrações
provocadas por uma
vida limitada pela
tuberculose, uma
ternura imensa e a
capacidade de perceber
o lirismo nas pequenas
coisas da vida, serão as
marcas características
da poesia de Manuel
Bandeira.
 Inovação modernista – Sua história pessoal
uso de formas livres, tanto empresta aos poemas
no que diz respeito a que escreve uma forte
métrica, quanto a rima. consciência da
 Capacidade de ver as
precariedade da vida.
cenas mais banais do dia
a dia filtradas por lentes
críticas e de recriá-las
poeticamente em uma
linguagem simples.
 Estou farto do lirismo comedido  De todo lirismo que capitula ao que

Do lirismo bem comportado quer que seja


fora de si mesmo
Do lirismo funcionário público com livro de
De resto não é lirismo
ponto expediente Será contabilidade tabela de co-senos
protocolo e manifestações de apreço ao secretário do amante
Sr. diretor. exemplar com cem modelos de cartas e
Estou farto do lirismo que pára e vai as diferentes
averiguar no dicionário maneiras de agradar às mulheres, etc
o cunho vernáculo de um vocábulo. Quero antes o lirismo dos loucos
Abaixo os puristas O lirismo dos bêbedos
Todas as palavras sobretudo os O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as
sintaxes de exceção — Não quero mais saber do lirismo que
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis não é libertação.
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
 Quando o enterro passou
Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida
Confiantes na vida.
Um no entanto se descobriu num
gesto largo e demorado
Olhando o esquife longamente
Este sabia que a vida é uma
agitação feroz e sem finalidade
Que a vida é traição
E saudava a matéria que passava
Liberta para sempre da alma extinta
Manuel Bandeira foi o único que conseguiu produzir
uma poesia que, embora refletindo as
transformações estéticas do momento, transcendeu
seus limites históricos e refletiu sobre angústias e
conflitos de natureza universal, como o amor, a
paixão pela vida, a saudade de uma infância
idealizada e o medo da morte.

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