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Analista de 2006 do TRT da 4ª Região
Por Rodrigo Schmidt
Índice
1 Fontes do Direito do Trabalho
2 Princípios do Direito do Trabalho
3 Contrato individual do trabalho
4 Sujeitos do Contrato de trabalho
5. Espécies de Contratos de Trabalho
Contrato individual de trabalho: Disposições gerais, remuneração, alteração,
suspensão, interrupção, rescisão e aviso prévio. Prescrição. Duração do trabalho,
jornada de trabalho e
períodos de descanso. Férias. Direitos constitucionais dos trabalhadores (art. 7º da
Constituição Federal).
1 Fontes do Direito do Trabalho
− Constituição Federal: é o ordenamento máximo do Estado, o qual dá suporte a
todo o ordenamento jurídico posterior;
− Consolidação das Leis do Trabalho: embora não seja um código, é uma reunião
organizada e sistemática de diversas leis sobre o trabalho, é freqüentemente
atualizada, apontada pela CF como fonte específica;
− Leis esparsas: as diversas leis relativas ao trabalho, mas não incorporadas à CLT;
− Decretos, medidas provisórias e portarias: são normas oriundas do Poder
Executivo;
− Sentenças normativas: são emanadas pelo Poder Judiciário do Trabalho nas
decisões em dissídios coletivos;
− Jurisprudência: também emanada pelo Poder Judiciário, representa o consenso
resultante da reiteração de decisões dos Tribunais sobre a mesma questão,
servindo de diretriz para a solução de casos futuros iguais. Expressase na forma
de Enunciados do TST e de outros tribunais superiores; contudo, não é coercitiva
nem vinculante, pois estaria retirando do magistrado o seu livre convencimento
para decidir;
− Convenções e acordos coletivos: são fontes formais de Direito Privado, cuja
importância é peculiar ao Direito do Trabalho, pois se originam das partes
envolvidas, sem interferência do poder estatal, mas previstas e estimuladas por ele,
para fazer vontade entre as partes. Têm duração e abrangência limitadas;
− Regulamentos internos das empresas: são fontes também privadas. São criadas
pelo empregador para estabelecer as condições de trabalho e conduta profissional
no âmbito interno e fazem parte integrante do contrato de trabalho;
− Laudo arbitral: embora pouco utilizado, tratase de uma decisão sobre um conflito
de interesses, emitida por uma terceiro, indicado pelas partes, com força normativa
entre elas;
− Usos e costumes: podem ser usados como fonte, mas têm âmbito restrito e
ocasional, muito particular para uma empresa ou localidade;
− Tratados internacionais: são fontes cujas normas requerem aprovação do
Congresso para se efetivarem;
− Convenções da OIT: embora sejam fontes importantes, dependem de aprovação do
Congresso antes de se tornarem leis. Enquanto são apenas convenções sugeridas,
servem como fonte subsidiária.
2 Princípios de Direito do Trabalho
2.1 Princípios específicos do Direito do Trabalho
a) princípio da proteção
desdobrase em três:
I – in dubio pro operario:
indica que, em dúvida, devese interpretar favoravelmente ao empregado.
II – aplicação da norma mais favorável:
Em caso de conflito de normas, prevalecerá a que for mais favorável ao trabalhador,
ficando prejudicadas as demais que lhe estejam em oposição, independentemente de
hierarquia.
III – aplicação da condição mais benéfica:
Tal princípio não trata de normas em conflito, mas de fato ou condições praticadas
pelas partes, que não podem ser alteradas ou suprimidas em prejuízo daquelas já
adquiridas. Este princípio é chamado no Direito Civil de princípio do direito
adquirido) (ver enunciado 51 do TST abaixo).
b) Princípio da irrenunciabilidade de direitos
Os direitos trabalhistas são irrenunciáveis, pois, mesmo que forçado ou ameaçado, o
trabalhador não pode renunciar aos seus direitos estabelecidos pela legislação.
Entretanto, pode ocorrer renúncia de um benefício voluntário do empregador, por não
ser obrigatório, como uma gratificação ou prêmio ou poderá renunciar aos seus
direitos se estiver em juízo.
A Orientação Jurisprudencial n.º 270 da SBD1 do TST mostra que a transação extra
judicial que importa na rescisão do contrato de trabalho ante a adesão do empregado a
plano de demissão voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e valores
constantes do recibo.
c) Princípio da continuidade da relação de emprego
Por este princípio, o interprete considera que o empregado é o que menos trem
interesse em rescindir o contrato, de tal sorte que, em havendo rescisão, caberá ao
empregado provar que não foi ele quem dispensou o empregado, mas, sim, este pediu
demissão voluntariamente.
Enunciado 212 do TST: “O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando
negadas a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio
da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorávl ao empregado”.
d) Princípio da primazia da realidade
Serve de norteador na solução de conflitos de prevalência entre os fatos atestados por
documentos esscritos e assinados e os reais, como eles se deram, de acordo com
provas e testemunhos válidos.
e) Princípio da multinormatividade
Indica que são várias as normas que constituem o Direito do Trabalho e várias são as
fontes de criação, o que lhe é peculiar. As normas trabalhistas são oriundas da
atividade do Estado, mas, também, dos particulares, em especial dos sindicatos, que
em sua atividade negocial elaboram normas jurídicas trabalhistas.
f) Princípio da inalterabilidade ou imodificabilidade
É natural que, ao longo do contrato de trabalho, ocorram alterações nas condições de
trabalho, como função ou salário. Tais alterações somente serão lícitas se decorrerem
de mútuo consentimento e, ainda assim, não acarretarem prejuízos ao empregado
(CLT, art – 468).
Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas
condições, por mútuo consentimento, e, ainda assim, desde que não resultem, direta
ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade de cláusula
infrigente desta garantia.
3 Contrato individual do trabalho
Conceito: O contrato de trabalho é um negócio jurídico, tácito ou expresso, verbal ou
escrito, em que uma pessoa física (o empregado) obrigase a prestar serviços a uma
pessoa física ou jurídica (o empregador), de forma não eventual, subordinada, pessoal
e mediante pagamento de salário.
As suas características básicas são:
a) ato jurídico de direito privado;
b) bilateral, pois apenas duas pessoas tomam parte na contratação do trabalho;
c) contrato intuitu personae, orientado intencionalmente para uma certa pessoa e não
outra;
d) consensual, pois requer a vontade das partes, que consentem na relação de
emprego e nas condições de trabalho;
e) sinalagmático, pois gera deveres e obrigações entre as partes, contrárias e
equivalentes. O empregado tem o dever de obedinciência ao poder de direção do
empregador, de fidelidade, e não deve divulgar segredos do seu empregador. O
empregador tem a obrigação de oferecer trabalho e de pagar o salário ajustado;
f) onerosidade: há um custo par ao empregador, que paga ao empregado a
contraprestação pelo trabalho;
g) execução continuada ou trato sucessivo: o contrato é duradouro, renovandose a
cada dia as obrigações assumidas, até o termo eventual, diferentemente de outros
contratos que têm uma execução instantânea, como o de compra e venda, por
exemplo;
h) principal: dizse que o contrato de trabalho é principal, pois não depende de outro
contrato complementar.
Sérgio Pinto Martins sintetiza suas características à: bilateral, consensual, oneroso,
comutativo e de trato sucessivo.
E afirma como seus requisitos:
a) continuidade – sem caráter de eventualidade;
b) subordinação – acatando as ordens do empregador;
c) onerosidade – trabalho remunerado;
d) pessoalidade – o empregado é pessoa certa e determinada;
e) alteridade – o trabalho não é desenvolvido por conta e risco do empregado.
Elementos essenciais do contrato de trabalho:
Capacidade, nos termos do CC, é a aptidão do contratante para ser agente ativo ou
passivo numa relação jurídica. Seus requisitos são:
Idade do contratante: os menores de 16 anos são absolutamente incapazes de exercer
pessoalmente todos os atos da vida civil. Os menores com idade entre 16 e 18 anos
são relativamente incapazes para certos atos (art. 4º) ou à maneira de os exercer (CC,
art. 3º).
Fatos que poderão elidir a incapacidade do menor:
A capacidade jurídica para celebrar um contrato de trablaho, porém, não obedece ao
CC.
a) é proibido o trabalho para menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz a
partir dos 14 anos;
b) o critério do item anterior não se aplica caso o menor trabalhe em local
pertencente à sua família.
É proíbido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre ao menor de 18 anos (art. 7º,
XXXIII, CF).
É nulo o contrato de aprendiz sem contrato escrito (art. 428, CLT).
Idoneidade do objeto: O exercício de um trabalho ilícito, ilegal ou imoral, ainda que
corretamente remunerado e com todas as exigências trabalhistas cumpridas, não tem
validade e é nulo.
4 Sujeitos do Contrato de Trabalho
EMPREGADO
As espécies de trabalhadores são:
a) empregado a domicílio;
b) empregado aprendiz;
c) empregado doméstico;
d) empregado rural;
e) empregado público;
f) diretor de sociedade;
g) trabalhador temporário;
h) trabalhador autônomo;
i) trabalhador eventual;
j) trabalhador avulso;
k) estagiário;
l) trabalhador voluntário;
m) empregado celetista.
Empregados especiais
Trabalho da mulher: Na verdade não se trata de um empregado especial, mas um
empregado que recebe proteção especial pela maternidade. A CF equiparou o
trabalho da mulher e do homem, eliminando qualquer discriminação (isonomia). A
proteção diz respeito a restrições e exigências que são feitas sobre a duração,
condições, higiene, horários de trabalho e facilidades para poder conciliar o trabalho
com a maternidade; são denominadas de proteção especial, modificando a igualdade,
no sentido geral (CLT, Título III, Capítulo III). Estas medidas são de interesse público
da sociedade. Destaques para: a licençamaternidade – 120 dias de afastamento; o
saláriomaternidade – para cobrir o período da licença, e a estabilidade no emprego
– desde o início da gravidez confirmada até 5 meses após o parto. Também foi
estendida a licençamaternidade para os casos de adoção (CLT, art. 392A).
Ao empregado menor é vedado: o trabalho noturno; o trabalho em ambiente insalubre
ou que prejudique a moral; o trabalho em ruas, praças, logradouros públicos, salvo
com autorização judicial; o trabalho que exija o emprego de força muscular superior a
20 quilos, se contínuo, ou 25 quilos, se ocasional.
Quanto à duração, a jornada de trabalho do menor é igual à do adulto; entretanto, o
trabalho extraordinário do menor só pode ser realizado nas hipóteses de compensação
ou força maior, que serão estudadas nos itens relativos à prorrogação da jornada de
trabalho. Há que se considerar a possibilidade de o menor ter mais de um emprego –
o que é permitido ; todavia, os períodos das jornadas se somam e não podem
ultrapassar o limite de 8 horas diárias. Caso o ultrapassem, será devido o adicional
extraordinário.
O menor pode firmar recibos de pagamentos, embora, na rescisão contratual, deva
estar assistido por seu representante legal.
Finalmente, enquanto menor, não se inicia a contagem do prazo de prescrição, o que
significa dizer que só após os 18 anos de idade este prazo começa a correr.
Menor aprendiz (CLT, arts. 403 e 428 a 433): contrato de aprendizagem é o contrato
de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, anotado na CTPS,
em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 anos e menor de 18
anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnicoprofissional
metódica, compatível com seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o
aprendiz, a executar, com zelo e diligência, as tarefas necessárias a essa formação.
Assim, o menor aprendiz é aquele que recebe ensinamentos metódicos de ofício, nas
escolas do Sistema “S” e Escolas Técnicas de Educação, tudo de acordo com as
normas estabelecidas no Ministério do Trabalho e Emprego.
A jornada de trabalho do aprendiz não excederá de seis horas diárias, sendo vedadas a
prorrogação e a compensação de jornada; nada obstante, a jornada poderá ser de até
oito horas diárias para os aprendizes que já tiverem completado o ensino
fundamental, se nelas forem computadas as horas destinadas à aprendizagem teórica.
O contrato de aprendizagem não poderá durar mais de dois anos e será extinto:
a) quando o empregado completar 18 (dezoito) anos;
b) ao término do curso de aprendizagem;
c) se houver desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz;
d) por falta disciplinar grave;
e) por ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo;
f) a pedido do aprendiz.
Trabalhadores domésticos e empregados domésticos: os trabalhadores em residências
podem ser empregados e não empregados.
Empregado doméstico é todo aquele que presta serviços diversos em uma residência
familiar, podendo nela residir ou não, sob direção de seus proprietários, de modo
duradouro, mediante pagamento de um salário. Estão presentes todas as
características necessárias para o trabalho subordinado. As principais distinções que
podem ser feitas com relação ao trabalhador doméstico é que sua atividade não
resulta em um lucro para o seu empregador, como ocorre numa empresa, e que o
trabalho é prestado no âmbito residencial.
Os requisitos para a caracterização do contrato de trabalho doméstico são:
a) pessoa física;
b) pessoalidade;
c) habitualidade;
d) finalidade não lucrativa do empregador;
e) empregador pessoa física ou família.
Há situações em que a dona da casa pratica atos de comércio e solicita alguma ajuda
ao empregado doméstico para executar suas vendas, ou então para aqueles casos tão
comuns de pessoas que tomam conta de pequenas propriedades onde há algum tipo
de produção e comercialização; nessas hipóteses fica prejudicado o conceito de
doméstico, em razão da existência de aferição do doméstico como empregado (CLT,
art 3º) ou, se for o caso, como empregado rural (Lei n.º 5,889/73).
O empregado doméstico é regido plea Lei n.5,859/72 e pela CF, mas a CLT não lhe é
aplicável. A CF, art. 7º, parágrafo único, ampliou os direitos atribuídos pela lei
ordinária ao empregado doméstico:
a) salário mínimo;
b) irredutibilidade da remuneração;
c) décimo terceiro salário;
d) repouso semanal remunerado, de preferência aos domingos;
e) aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, no mínimo de 30 dias;
f) licença à gestante com duração de 120 dias;
g) licençapaternidade;
h) férias com remuneração acrescida em um terço; e
i) aposentadoria.
Também são seus direitos:
a) férias anuais remuneradas de 20 (vinte) dias úteis, após cada período de 12 (doze)
meses de trabalho prestado à mesma pessoa ou família;
b) os benefícios e serviços da Previdência Social, por serem segurados obrigatórios.
Trabalhador em domicílio: não se confunde com o empregado em domicílio, pois este
é empregado regido pela CLT e tem como característica principal o trabalho
desenvolvido em sua própria residência e não na residência do empregador (CLT, art.
6º). A única distinção nesta modalidade é a que diz respeito ao local onde o trabalho é
executado e quanto à liberdade, de horário em que ele é executado.
Trabalhador rural: é toda pessoa física que, em uma propriedade rural ou prédio
rústico, presta serviços de natureza nãoeventual a empregador rural, sob a
dependência deste e mediante salário. Também estão presentes as características
básicas de subordinação, continuidade, onerosidade e pessoalidade. A distinção é
sobre o local onde o trabalho é prestado: uma propriedade rural.
Os trabalhadores rurais possuem uma porcentagem maior (25%) no adicional noturno
para (o urbano é de apenas 20%); a alimentação que é fornecida ao trabalhador rural
pode ser deduzida do salário (até 25% do salário mínimo); como também a habitação
que recebe para morar (até 20 do salário mínimo), dentro da propriedade (Lei n.
5.889/73, art. 9º).
b) não empregados
Formas mais comuns de prestação de serviços que não se constituem relações de
emprego: trabalhadores autônomos, eventuais, avulsos, temporários e estagiários.
Exemplos: artistas de circo por temporada; auxiliares de serviços de buffet; auxiliares
de carga e descarga de caminhões (chapas); trabalhadores rurais ocasionais (bóia
frias) e faxineiras.
Trabalhador avulso: é uma pessoa física, que presta serviços com três características
básicas: intermediação do sindicato, trabalho de curta duração e pagamento em forma
de rateio. O exemplo clássico é o trabalhador do cais do porto. Embora não seja
considerado empregado, o art. 7º, XXXIV, da CF asseguralhe igualdade de direitos
com o trabalhador com vínculo de emprego.
Trabalhador temporário: é uma categoria intermediária que não se confunde com o
trabalhador eventual. Muitas empresas necessitam de trabalhadores por um tempo
determinado, para cobrir ausência de empregados ou para completar a mãodeobra
necessária para aumentos de produção por um certo tempo, nos ramos empresariais
sujeitos à sazonalidade. “É aquele prestado por pessoa física a uma empresa, para
atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente
ou a acréscimo extraordinário de serviços” (Lei n.º 6.019/74, art 2º).
Empresa de trabalho temporário é a pessoa física ou jurídica, urbana, “cuja atividade
consiste em colocar à disposição de outras empresas, temporariamente, trabalhadores,
devidamente qualificados, por elas remunerados e assistidos” (Lei n.º 6.019/74, art.
4º).
c) estagiário
O estágio realizado com o preenchimento dos requisitos legais não cria vínculo de
emprego.
O estagiário pode receber bolsa ou outra forma de contraprestação que venha a ser
acordada, sendo obrigatório o seguro contra acidentes pessoais.
EMPREGADOR
Para o Direito do Trabalho interessa a responsabilidade do grupo como empregador.
Na verdade, num grupo de empresas não se verifica a figura do empregador único. A
CLT estabelece que as empresas do grupo, qualquer que seja a atividade
desenvolvida, serão solidariamente responsáveis para os efeitos da relação de
emprego (CLT, art. 2º ,§ 2º).
Terceirização: significa a transferência de atividades denominadas “atividadesmeio”
da empresa para terceiros, mediante contrato.
Atividadesmeio são aquelas que não contribuem, diretamente, para a produção dos
bens ou serviços que constituem a atividadefim da empresa, nos termos do
Enunciado TST n. 331.
Nesse tipo de relação há três agentes: 1) a empresa que contrata os serviços; 2) a
empresa que presta os serviços; 3) os trabalhadores, empregados da prestadora de
serviços.
Há uma relação de trabalho entre os trabalhadores e a contratante, mas não relação de
emprego, desde que não haja a pessoalidade e a subordinação direta do trabalhador à
tomadora do serviço.
5. ESPÉCIES DE CONTRATO DE TRABALHO
Os contratos de trabalho podem ser dividos em duas espécies em função do seu termo
final, ou seja, do seu prazo de encerramento: a prazo indeterminado e a prazo
determinado.
Regra básica do Direito do Trabalho: em princípio, todo contrato de trabalho é por
tempo indeterminado. O termo final é indeterminado a fim de manter a continuidade
da relação de emprego, pois convém ao trabalhador como garantia do seu sustento.
Nota: O contrato de trabalho não possui uma forma para ser realizado. Pode ser feito
por escrito ou verbalmente (art. 445, CLT). Mas deverá o empregado ser registrado
desde o primeiro dia do ajuste de vontade bilateral e a anotação na CTPS deverá ser
no prazo de 48h (art. 29, CLT).
Algumas normas estabelecem que o contrato de trabalho tem de ser necessariamente
escrito, como o do atleta profissional de futebol (art. 3º da Lei n.º 6.354/76), o de
artistas (art. 9º da Lei n.º 6.533/78), o de aprendizagem (art. 428 da CLT) e o contrato
de trabalho temporário (art. 11 da Lei n.º 6.019/74).
Contratos por tempo determinado: todavia, há muitas situações em que os contratos
de trabalho têm um termo final determinável, evidente ou necessário, em função da
natureza ou da transitoriedade da atividade, como no caso dos contratos de
experiência (CLT, art. 443, § 2º).
Hipóteses de contratos por tempo determinado e seus motivos:
c) Contrato de experiência (§2º do art. 443, CLT): tem por finalidade permitir que o
empregador verifique as aptidões do empregado e que este tenha a oportunidade de
verificar as condições oferecidas pelo empregador, podendo resultar na conversão de
contrato por prazo indeterminado. A anotação na CTPS não é requisito essencial para
a válidade do contrato de experiência, pois o pacto laboral poderá ser celebrado
verbalmente e provado por qualquer meio de prova (art. 456, CLT). Este tipo de
contato pode ser prorrogado uma única vez, mas sem jamais ultrapassar o prazo de 90
dias (art. 451, CLT).
O prazo de duração do contrato por tempo determinado é de dois anos, salvo no caso
de contrato de experiência, quando o prazo é de, nom máximo, 90 dias (parágrafo
único do art. 445, CLT), incluída eventual prorrogação da experiência, valendo
lembrar que 90 dias não significam três meses.
O fato de o último dia do contrato de trabalho por tempo determinado cair em feriado,
domingo ou dia útil não o prorroga para o dia seguinte. Caso se observe o dia
seguinte ao término do pacto, este já será de prazo indeterminado.
O Decretolei n.º 229/67 deu a seguinte redação ao art. 445 da CLT: “O contrato de
trabalho por tempo determinado não poderá ser estipulado por mais de 2 (dois) anos,
observada a regra do art. 451”.
O prazo máximo será de dois anos, inluída a prorrogação.
O contrato de trabalho do jogador de futebol é determinado, nunca inferior a três
meses e nem superior a cinco anos (art. 30 da Lei n.º 9.615/98).
É impossível fazer novo contrato de trabalho por tempo determinado com o mesmo
empregado senão após seis meses da conclusão do pacto anterior (art. 452, CLT),
exceto se a expiração do pacto dependeu de certos acontecimentos.
Ao dispensar o empregado antes do termo final do contrato, o empregador deverá
pagarlhe, a título de indenização, e por metade a remuneração a que teria direito até
o término do contrato (art. 473, CLT).
Contrato de trabalho por obra certa: Espécie de contrato de trabalho por tempo
determinado enquadrado na condição de “serviços especificados” de que trata o §1º
do art. 443 da CLT e também de um “acontecimento suscetível de previsão
aproximada”.
Também não pode ultrapassar o prazo de dois anos (art. 445, CLT). Ao término da
obra, cessa o contrato.
“Como regra, todo contrato que suceder dentro de seis meses a outro contrato por
tempo determinado é um contrato por tempo indeterminado em seu todo (art.
452,CLT). A exceção da regra está inserida na parte final do art. 452, quando se
utiliza da expressão “salvo se a expiração deste (contrato) depender da execução de
serviços especificados ou da realização de certos acontecimentos” Tanto pode
enquadrarse a sucessão de contratos por obra certa na expressão “execução de
serviços especializados” (obra) como na “realização de certos acontecimentos”:
Como a construção de um edifício (MARTINS, 2004, p. 145146).
O art. 1º da Lei n.º 2.959/56 exige que a anotação do contrato por obra certa na CTPS
do obreiro seja feita pelo construtor.
O § 1º do art. 15 da Lei n.º 8.036/90 (FGTS) também considera o tomador de mão
deobra como empregador. Caso o construtor não procesda às anotações na CTPS do
operário, sofrerá multa administrativa, nos termos do art. 3º da Lei n.º 2.959/95.
Caso o construtor não proceda às anotações na CTPS do operário, sofrerá multa
administrativa, nos termos do art. 3º da Lei n.º 2.959/95.
Faz jus o empregado contratado por prazo certo a 13º e férias proporcionais (art. 147,
CLT).
Possui direito ao levantamento do FGTS (art. 20, IX, Lei n.º 8.036/90), mas não à
indenização de 40%.
Contrato de trabalho por tempo determinado da Lei 9.601/98.
A Lei n.º 9.601/98 pretendeu estimular as empresas a contratarem mais empregados
mediante a concessão do benefício de incentivos financeiros, pela redução de
encargos e contribuições sociais dos trabalhadores contratados, os quais, na hipótese
de rescisão, não teriam direito a indenização, salvo a prevista em instrumento
normativo, o aviso prévio e os depósitos do FGTS reduzidos para 2%. Esta situação
especial deveria ser usada para a contratação de empregados por tempo determinado,
devendo produzir aumento efetivo na contratação dos temporários em relação ao
número de empregados a prazo indeterminado.
O §1º do art. 1º da Lei n.º 9.601/98 dispõe que a contratação é feita mediante
convenção ou acordo coletivo (não individual). A contratação com o sindicato passa a
ser imprescindível.
Para a contratação de trabalhadores por esse sistema, deve ser observado o seguinte
porcentual cumulativo, considerandose a média aritmética mensal do número de
empregados contratados por prazo indeterminado do estabelecimento, nos seis meses
imediatamente anteriores:
a) 50 % do número de trabalhadores, para parcela inferior a 50 empregados;
b) 35% do número de trabalhadores, para parcela entre 50 e 199 empregados;
c) 20 % do número de trabalhadores, para parcela acima de 200 empregados.
Deverá ser escrito o contrato de trabalho por tempo determinado nos termos da Lei
n.º 9.601/98, pois o inciso II do art. 4º e o §2º mencionam que deverá haver depósito
do contrato no Ministério do Trabalho.
Os salários dos contratados por tempo determinado deverão ser iguais aos dos
empregados contratados por tempo indeterminado que exerçam a mesa função. Salvo
se a diferença de tempo de função for superior a dois anos (§1º do art. 461, CLT).
O contrato de trabalho por tempo determinado regulado pela Lei n.º 9.601/98 pode
ser prorrogado mais de uma vez, mas o tempo total de contratação não pode
ultrapassar dois anos.
O contrato por prazo determinado – previsto pela CLT – é exceção no Direito do
Trabalho e, para que não se converta em contrato por prazo indeterminado, há que se
observar as seguintes regras:
Limite de prazo: caso o empregado continue prestando serviços após o término do
prazo determinado no contrato de trabalho, este passará, automaticamente, a ser
considerado por prazo indeterminado;
Prorrogação: só é permitida uma única vez, e ainda assim, dentro do prazo original,
isto é, dois anos ou 90 dias (CLT, art. 445);
Sucessão: o contrato por prazo determinado que suceder a outro, dentro do período de
seis meses do término deste, será considerado por prazo indeterminado (art. 452,
CLT) salvo se a expiração deste dependeu da execução de serviços especializados ou
de realização de certos acontecimentos;
Antecipação: por fim, existe ainda uma possibilidade de que o trabalho contratado a
prazo determinado seja concluído antes do termo fixado no contrato. Nesta hipótese,
a rescisão pode se operar nos termos dos arts. 479 e 480 da CLT, isto é, se o
empregador quiser rescindir o contrato de trabalho por prazo determinado antes do
seu término, fica obrigado a pagar ao empregado metade dos salários devidos até o
final do contrato. Se o empregador quiser rescindir, terá que indenizar o empregador
pelos prejuízos a que deu causa, limitado ao valor que seria devido na hipótese de ser
do empregador a iniciativa do rompimento antecipado.
Há também, no art. 481, a possibilidade de uma cláusula contratual – denominada
cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão antecipada – que assegura a
ambas as partes o direito recíproco de rescisão antes de expirado o prazo avençado,
mas grava o exercício deste direito com a transformação automática do contrato de
prazo determinado em indeterminado, passando a ser regido pelas normas de rescisão
deste último, ou seja, incide a obrigação de aviso prévio, mesmo que indenizado, de
FGTS etc. O rigor visa coibir os maus usos do contrato a prazo determinado.
Em algumas atividades poderá ser possível prever, com exatidão, o final do trabalho,
para marcar o termo do contrato por tempo determinado, mas não em outras, quando
é possível prever a data final de modo aproximado. Aquelas ressalvas da lei facultam
ao empregador e ao empregado ajustaremse adequadamente quando a possíveis
variações daquela data final, sem incorrer em ilícito. Exemplo: contrato de safra.
Concluída a safra, encerrase o contrato;
Prorrogação: como já se viu, os contratos de trabalho por tempo determinado podem
ser renovados ao chegarem ao seu termo. A renovação pode darse de modo
voluntário, que se chama renovação expressa, ou de modo automático, chamado
renovação tácita. Como visto, o art. 451 da CLT autoriza apenas uma prorrogação, ou
renovação expressa, na forma de prazo determinado. Na eventualidade de uma nova
prorrogação, ou seja, na segunda prorrogação, transformase, automaticamente, em
contrato por tempo indeterminado.
Contratos de trabalho por safra e por temporada: Os contratos de safra são aqueles
em que os trabalhadores começam a trabalhar no início da colheita, indo até o seu
final, quando se encerra o contrato (Lei n.º 5.889/73). É comum, nas áreas rurais, que
trabalhadores que moram em pequenas cidades prestem serviços de plantio e de
colheita, trabalhando em diferentes locais e pe´r