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INTRODUÇÃO
Mielomeningocele
3. Etiologia:
A maioria dos autores considera que a mielomeningocele tem etiologia
desconhecida. Porém, estudos mais recentes fazem uma associação entre a
patologia e alguns fatores. Dentre eles:
Fatores Genéticos:
Esta patologia é mais freqüente em indivíduos de raça branca, com menor
ocorrência nas raças negra e amarela. Outro fato importante é que casais que
já possuem uma criança portadora de mielomeningocele possuem um risco
maior de gerarem outra criança portadora dessa patologia;
Fatores Ambientais:
Indivíduos pertencentes a um mesmo grupo étnico que migraram para outro
continente, apresentaram em seus descendentes uma incidência diferente
dessa patologia, quando comparados ao local de origem;
Fatores Nutricionais:
Mulheres que receberam complementação vitamínica com ácido fólico,
apresentaram uma incidência muito menor de filhos portadores de
mielomeningocele.
4. Anatomia Patológica:
Medula e Raízes Nervosas: A medula espinhal pode se encontrar presa na
parte inferior do canal vertebral, fazendo com que as raízes nervosas passem
horizontalmente pelos buracos de conjugação, ao invés de se dirigirem para
baixo. Isto pode causar uma série de deficiências, dentre elas: hiperreflexia,
paresias musculares, diminuição de sensibilidade. Geralmente, as alterações
acontecem abaixo do nível do tumor formado pela mielomeningocele.
Vértebras: O defeito nas vértebras encontra-se nas lâminas e processos
espinhosos, de forma que eles não se fundem na região posterior da vértebra,
podendo, inclusive, estar ausentes.
Pele: A área da lesão não se encontra revestida por tecido cutâneo normal. No
entanto, a área de tumoração é rodeada lateralmente e na base por cútis
normal. A superfície pode apresentar ulceração ou tecido granuloso.
5. Manifestações Clínicas:
Os sintomas da mielomeningocele dependem da localização e do grau de
extrusão da medula espinhal. As alterações neurológicas geralmente
manifestam-se através de alterações motoras, sensitivas, tróficas e
esfincterianas.
Levando-se em consideração que a mielomeningocele manifesta-se na grande
maioria dos casos a nível da região lombossacra (L5-S1), os sintomas mais
relatados na literatura são:
> Paralisia flácida;
> Diminuição da força muscular;
> Atrofia muscular;
> Diminuição ou abolição dos reflexos tendíneos;
> Diminuição ou abolição da sensibilidade exterioceptiva e proprioceptiva;
> Incontinência dos esfíncteres de reto e bexiga;
> Deformidades de origem paralíticas e congênitas e;
> Hidrocefalia (acomete 100% das crianças com mielomeningocele torácica;
90% das lombotorácicas; 78% das lombares; 60% das lombossacras e 50%
das sacrais).
Além desses sinais, podem ainda surgir outras manifestações secundárias a
mielomeningocele, como:
> Úlceras de decúbito, já que há perda de sensibilidade, má nutrição da
epiderme e o paciente passa muito tempo na mesma posição (acamado ou em
cadeira de rodas);
> Alterações vasomotoras graves;
> Osteoporose e com ela, fraturas;
> Atraso do desenvolvimento mental, físico e psíquico, devido a incapacidade
da criança de se locomover e explorar seu ambiente e relacionar-se com outras
crianças;
> Contraturas dos tecidos moles e;
> Deformidades ósseas, devidas a falta de oposição à ação dos músculos, da
gravidade e da postura.
Também podem ser constatadas uma série de outras anomalias congênitas
associadas, como:
> Luxações da coxo-femural;
> Pé eqüinovaro;
> Presença de hemivértebras;
> Lábio leporino;
> Fenda palatina;
> Malformações cardíacas e;
> Malformações das vias urinárias.
6. Prognóstico:
O prognóstico da mielomeningocele está ligado ao nível da lesão, isto é,
quanto mais alta for a lesão (nível da paralisia), pior será o prognóstico relativo
a morbidade e mortalidade. Ele pode tornar-se ainda pior se houver
hidrocefalia, deformidades da coluna ou ainda lesões adicionais somadas ao
quadro.
7. Diagnóstico:
Pode ser feito ainda intra-uterinamente pela ultra-sonografia ou pelo elevado
nível de alfafetoproteína (AFP), que é a proteína circulante no início da vida
fetal e encontra-se aumentada quando as membranas e superfícies vasculares
sangüíneas fetais estão expostas e o tubo neural aberto.
8. Exames Complementares:
Radiologia Simples:
Geralmente o raio X da coluna tem como finalidade a avaliação do grau de
escolioses e cifoses, além de detectar anomalias ósseas nos corpos das
vértebras e lâminas;
Tomografia Computadorizada (TC):
É muito utilizada para identificar as malformações anatômicas dessa patologia
e;
Ressonância Magnética (RM):
Também se mostra de grande valia para a verificação de anormalidades na
coluna vertebral e na medula espinhal, além de orientar o tratamento.
Ultrassonografia Morfológica: detecta a má formação.
9. Tratamento:
Muitos são os problemas decorrentes da mielomeningocele, os quais não
podem ser considerados isoladamente. Portanto, faz-se necessário a
integração de uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, cirurgiões
ortopédicos e neurológicos, fisioterapeuta, psicólogo e assistente social. É
importante que os profissionais trabalhem de forma harmoniosa com a criança
e seus pais, que são de fundamental importância para o bom andamento do
tratamento.