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Michael Serres
EMENTA:
1 - Conceito de Direito;
1.1 – As dimensões do Direito;
1.2 - Princípios do Direito Ambiental;
2 - Teoria Geral do Direito Ambiental: Notas preliminares;
2.1 – Direito Ambiental: Natureza Jurídica;
3 – Meios processuais para a defesa do meio ambiente;
4 – Ação popular;
4.1 – Inquérito Civil;
5. O Meio Ambiente na Constituição Brasileira;
5.1 – Competências;
5.2 – Competência comum;
5.3 – Competência privativa da União;
5.4 – Competência concorrente;
5.5 – Competência municipal;
6 – Inversão do ônus da prova – defesa do consumidor e a questão ambiental;
7 – O poder de polícia municipal e o licenciamento ambiental;
8 – A regra do artigo 333 CPC;
8.2 – A aplicabilidade do ônus da Prova na ação civil pública ambiental;
9 – Conceito de responsabilidade;
9.1 – Responsabilidade Civil;
10 – Dano Ambiental;
10.1 – Reparação do dano ambiental;
11 – Breve histórico da evolução da Legislação Penal Ambiental Brasileira;
11.1 – As Normas Penais Ambientais;
12 – A responsabilidade da pessoa jurídica por crimes ambientais;
12.1 – A aplicação da sanção.
13 – Estudos de caso
1 - CONCEITO DE DIREITO: NOTA INTRODUTÓRIA
4 - AÇÃO POPULAR
A Ação Popular é uma antiga forma jurisdicional, cujas origens remontam
o Direito Romano, porquanto o direito defendido não correspondia ao
individual, mas sim do indivíduo como membro da sociedade.
No Brasil, essa garantia constitucional foi prevista primeiramente na
Constituição de 1934.
A Constituição Federal de 88 em seu Art. 5º, LXXIII, dispõe que qualquer
cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular o ato lesivo
contra o meio ambiente e outros direitos e interesses difusos.
O pressuposto para a propositura da Ação Popular é a ocorrência de um
ato lesivo contra o meio ambiente.
A finalidade da Ação Popular é anular o ato lesivo, portanto desconstituir
o ato já praticado. No entanto, se for um ato material propriamente dito, por
exemplo, se uma empresa sem licença para funcionar desrespeitar a norma e
poluir o ambiente, a pretensão da Ação Popular será eliminar o ato que está
sendo praticado, de modo a prescrever a abstenção da prática.
É importante salientar que, estando o ato consumado, ainda que as
conseqüências nocivas ao meio ambiente estejam sendo produzidas, não
caberá Ação Popular, porquanto esta não se presta a reparação do dano-
senão estaríamos no campo de incidência da ACP, além do que visa atacar o
ato e não suas conseqüências.
Para a determinação do rito processual a ser seguido, deverá ser levado
em conta o bem tutelado. Na defesa dos bens públicos deverá ser observado o
procedimento prescrito pela Lei 4.717/65 e na defesa do meio ambiente o
procedimento adotado é o da Lei 7.347/ 85 e o Código de Defesa do
Consumidor (CDC).
Em se tratando da legitimidade ativa, estabelece a Lei 4.717/ 65 ser
necessária a prova de cidadania para ingresso em juízo, feita mediante a
apresentação do título eleitoral ou documento equivalente. No entanto, parte da
doutrina têm afirmado que na defesa do meio ambiente, seria o título eleitoral
uma prova dispensável, justamente pelo fato de ser o meio ambiente um bem
difuso.
5.1 - COMPETÊNCIAS
A Constituição, além de consagrar a preservação do meio ambiente,
anteriormente protegido somente a nível infraconstitucional, procurou definir as
competências dos entes da federação, inovando na técnica legislativa, por
incorporar ao seu texto diferentes artigos disciplinando a competência para
legislar e para administrar. Essa iniciativa teve como objetivo promover a
descentralização da proteção ambiental. Assim, União, Estados, Municípios e
Distrito Federal possuem ampla competência para legislarem sobre matéria
ambiental, apesar de não raro surgem os conflitos de competência,
principalmente junto às Administrações Públicas.
COMPETÊNCIA MUNICIPAL
A Constituição estabelece que mediante a observação da legislação
federal e estadual, os Municípios podem editar normas que atendam à
realidade local ou até mesmo preencham lacunas das legislações federal e
estadual (Competência Municipal Suplementar).
Art. 30. Compete aos Municípios:
I- legislar sobre assuntos de interesse local;
II- suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
CONCEITO DE RESPONSABILIDADE
A palavra responsabilidade significa obrigação de natureza contratual do
Direito Romano, pela qual o devedor se vinculava ao credor nos contratos
verbais, tendo, portanto, a idéia e concepção de responder por algo.
A responsabilidade pode adquirir um significado sociológico, no qual
ganha aspecto de realidade social, pois decorre de fatos sociais, é fato social.
Segundo Pontes de MIRANDA apud DIAS (1997, p. 7-10) os julgamentos de
responsabilidade são reflexos individuais, psicológicos, do fato exterior social,
objetivo, que é a relação de responsabilidade. Já sob o ponto de vista jurídico,
a idéia de responsabilidade adota um sentido obrigacional: é a obrigação que
tem o autor de um ato ilícito de indenizar a vítima pelos prejuízos a ela
causados.
RESPONSABILIDADE CIVIL
A responsabilidade civil é a situação de indenizar o dano moral ou
patrimonial, decorrente de inadimplemento culposo, de obrigação legal ou
contratual, ou imposta por lei.
De acordo com o exposto, a noção de responsabilidade, no campo
jurídico, amolda-se ao conceito genérico de obrigação, o direito de que é titular
o credor em face do dever, tendo por objeto determinada prestação. No caso
assume a vítima de um ato ilícito a posição de credora, podendo, então, exigir
do autor determinada prestação, cujo conteúdo consiste na reparação dos
danos causados.
Quando se aplica essa idéia à responsabilização civil, quem deve é o
devedor e quem responde pelo débito, ou pela reparação do dano é o seu
patrimônio.
Quanto à classificação da responsabilidade civil, há duas teorias: a
subjetiva e a objetiva.
A teoria subjetiva tem na culpa seu fundamento basilar, só existindo a
culpa se dela resulta um prejuízo. Todavia, esta teoria não responsabiliza
aquela pessoa que se portou de maneira irrepreensível, distante de qualquer
censura, mesmo que tenha causado um dano. Aqui, argüi-se a
responsabilidade do autor quando existe culpa, dano e nexo causal.
A teoria objetiva não exige a comprovação da culpa, e hodiernamente
tem sido subdividida em pura e impura.
A responsabilidade civil é objetiva pura, quando resultante de ato lícito
ou de fato jurídico, como alguém que age licitamente e, mesmo assim, deve
indenizar o prejuízo decorrente de sua ação. Neste caso, a lei deve dizer,
expressamente, que o indenizador deve indenizar independentemente de
culpa, como nos danos ambientais (art. 14, º 1º, da Lei 6938/81), nos danos
nucleares (art. 40, da Lei 6453/77) e em algumas hipóteses do Código do
Consumidor.
Por outro lado, a responsabilidade civil objetiva impura existe quando
alguém indeniza, por culpa de outrem, como no caso do empregador que,
mesmo não tendo culpa, responde pelo ato ilícito de seu empregado (art. 1521,
III, do Código Civil, e Súmula 341 do Supremo Tribunal Federal).
DANO AMBIENTAL
Sendo o dano, pressuposto indispensável para a formulação de uma
teoria jurídica adequada de responsabilidade ambiental, faz-se necessária uma
breve incursão no seu conceito jurídico.
O dano é toda a ofensa a bens ou interesses alheios protegidos pela
ordem jurídica.
Dano é o prejuízo causado a terceiros, ao se lesar bens juridicamente
protegidos. Ele pode ser visto sob dois aspectos: patrimonial, no qual se atinge
o patrimônio econômico do lesado; e extrapatrimonial ou moral, quando o
prejuízo é causado no psicológico da vítima, ou seja, os direitos da
personalidade que são afetados.
No que concerne ao dano ambiental, sua caracterização dependerá da
valoração dada ao bem jurídico lesado pelo dano e protegido pela ordem
jurídica. Destarte, para a definição do dano ambiental, torna-se essencial,
preliminarmente, que se caracterize o conceito jurídico de meio ambiente.
Meio ambiente é um bem jurídico, que pertence a todos os cidadãos
indistintamente, podendo, desse modo, ser usufruído pela sociedade em geral.
Contudo, toda a coletividade tem o dever jurídico de protegê-lo, o qual pode ser
exercido pelo Ministério publico, pelas associações, pelo próprio Estado e até
mesmo por um cidadão.
O conceito de meio ambiente foi, primeiramente trazido pela Lei
6.938/81, no seu artigo 3º, I, conhecida como Lei de Política Nacional do Meio-
Ambiente. Tal definição posteriormente foi recepcionada pela Constituição
Federal de 1988, que, de acordo com o seu artigo 225, tutelou tanto o meio
ambiente natural, como o artificial, o cultural e o do trabalho, como pode ser
constatado:
“Art. 225 - Todos tem direito ao meio-ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se
ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações”.
Diante do que foi exposto, o dano ambiental, pode ser compreendido
como sendo o prejuízo causado a todos os recursos ambientais indispensáveis
para a garantia de um meio ecologicamente equilibrado, provocando a
degradação, e conseqüentemente o desequilíbrio ecológico.
O dano ambiental, assim como o dano, tanto pode ser tanto patrimonial
como moral. É considerado dano ambiental patrimonial, quando há a obrigação
de uma reparação a um bem ambiental lesado, que pertence a toda a
sociedade. O dano moral ambiental, por sua vez, tem ligação com todo prejuízo
que não seja econômico, causado à coletividade, em razão da lesão ao meio-
ambiente.
Não se pode olvidar da questão social desencadeada pelo dano
ambiental. O dano ao meio-ambiente representa lesão a um direito difuso, um
bem imaterial, incorpóreo, autônomo, de interesse da coletividade, garantido
constitucionalmente para o uso comum do povo e para contribuir com a
qualidade de vida das pessoas.
Assim, não apenas a agressão à natureza que deve ser objeto de
reparação, mas também a privação do equilíbrio ecológico, do bem estar e da
qualidade de vida imposta à coletividade.
Aterro controlado – aterro para lixo residencial urbano, onde os resíduos são
depositados recebendo depois uma camada de terra por cima. Na
impossibilidade de se proceder a reciclagem do lixo, pela compostagem
acelerada ou pela compostagem a céu aberto, as normas sanitárias e
ambientais recomendam a adoção de aterro sanitário e não do controlado.
Bentos – conjunto de seres vivos que vivem restritos ao fundo de rios, lagos,
lagos ou oceanos.
Ecologia – ciência que estuda a relação dos seres vivos entre si e com o
ambiente físico. Palavra originado do grego: oikos = casa, moradia + logos =
estudo.
Mata ciliar: mata existente à beira dos rios. A legislação estabelece o tamanho
mínimo, de acordo com o tamanho do curso dágua.
Meio ambiente – Tudo o que cerca o ser vivo, que o influencia e que é
indispensável à sua sustentação. Estas condições incluem solo, clima, recursos
hídricos, ar, nutrientes e os outros organismos. O meio ambiente não é
constituído apenas do meio físico e biológico, mas também do meio sócio-
cultural e sua relação com os modelos de desenvolvimento adotados pelo
homem.
RIMA – sigla do Relatório de Impacto do Meio Ambiente. É feito com base nas
informações do EIA - Estudo de Impacto Ambiental que é obrigatório para o
licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como
construção de estradas, metrôs, ferrovias, aeroportos, portos, assentamentos
urbanos, mineração, construção de usinas de geração de eletricidade e suas
linhas de transmissão, aterros sanitários, complexos industriais e agrícolas,
exploração econômica de madeira, etc.
Ruderal: Diz-se da vegetação que cresce sobre escombros, em terrenos
baldios,etc.
Rupestre: Gravado, traçado ou desenvolvido sobre a rocha. Em biologia,
referese ao vegetal que cresce sobre rochedos. Este termo também é usado
para se referir a desenhos antigos feitos por habitantes de cavernas.
MILARÉ, E.; Direito do Ambiente. São Paulo; Revista dos Tribunais, 2001.
MIRALÉ, E; Direito do Ambiente – doutrina – jurisprudência – glossário. 3ª
edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. p. 492.
MACHADO, P.A.L.; Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo; Ed. Malheiros;
2001.