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Compreensão, Interpretação de Textos

TEXTO – é um conjunto de idéias organizadas e


relacionadas entre si, formando um todo significa- A INTEGRAÇÃO DO MUN-
tivo capaz de produzir INTERAÇÃO COMUNICA- DO
TIVA (capacidade de CODIFICAR E DECODIFI- A INTEGRAÇÃO DA HUMA-
CAR). NIDADE
"O HOMEM
A UNIÃO DO HOMEM
UNIDO‖
CONTEXTO – um texto é constituído por diversas HOMEM + HOMEM = MUN-
frases. Em cada uma delas, há uma certa infor- DO
mação que a faz ligar-se com a anterior e/ou com A MACACADA SE UNIU
a posterior, criando condições para a estruturação (SÁTIRA)
do conteúdo a ser transmitido.

A essa interligação dá-se o nome de CONTEX-


TO. Nota-se que o relacionamento entre as frases
CONDIÇÕES BÁSICAS PARA INTERPRETAR
é tão grande, que, se uma frase for retirada de
seu contexto original e analisada separadamente, Fazem-se necessários:
poderá ter um significado diferente daquele inicial.
a) Conhecimento Histórico – literário (escolas e
INTERTEXTO - comumente, os textos apresen- gêneros literários, estrutura do texto), leitura e
tam referências diretas ou indiretas a outros auto- prática;
res através de citações. Esse tipo de recurso
denomina-se INTERTEXTO. b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualida-
des do texto) e semântico;
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - o primeiro obje-
tivo de uma interpretação de um texto é a identifi- OBSERVAÇÃO – na semântica (significado das
cação de sua idéia principal. A partir daí, locali- palavras) incluem-se: homônimos e parônimos,
zam-se as idéias secundárias, ou fundamenta- denotação e conotação, sinonímia e antonimia,
ções, as argumentações, ou explicações, que polissemia, figuras de linguagem, entre outros.
levem ao esclarecimento das questões apresen-
tadas na prova. c) Capacidade de observação e de síntese e

Normalmente, numa prova, o candidato é convi- d) Capacidade de raciocínio.


dado a:
INTERPRETAR x COMPREENDER
1. IDENTIFICAR – é reconhecer os elementos
fundamentais de uma argumentação, de um pro-
INTERPRETAR COMPREENDER SIG-
cesso, de uma época (neste caso, procuram-se
SIGNIFICA NIFICA
os verbos e os advérbios, os quais definem o
tempo).

2. COMPARAR – é descobrir as relações de se- - EXPLICAR, CO-


- INTELECÇÃO, EN-
melhança ou de diferenças entre as situações do MENTAR, JULGAR,
TENDIMENTO, ATEN-
texto. TIRAR CONCLU-
ÇÃO AO QUE REAL-
SÕES, DEDUZIR.
MENTE ESTÁ ESCRI-
3. COMENTAR - é relacionar o conteúdo apre- - TIPOS DE ENUN-
TO.
sentado com uma realidade, opinando a respei- CIADOS
- TIPOS DE ENUNCIA-
to. • Através do texto,
DOS:
INFERE-SE que...
4. RESUMIR – é concentrar as idéias centrais • O texto DIZ que...
• É possível DEDU-
e/ou secundárias em um só parágrafo. • É SUGERIDO pelo
ZIR que...
autor que...
• O autor permite
5. PARAFRASEAR – é reescrever o texto com • De acordo com o texto,
CONCLUIR que...
outras palavras. é CORRETA ou ERRA-
• Qual é a INTEN-
DA a afirmação...
ÇÃO do autor ao
EXEMPLO • O narrador AFIRMA...
afirmar que...

TÍTULO DO
PARÁFRASES
TEXTO
ERROS DE INTERPRETAÇÃO

1
É muito comum, mais do que se imagina, a ocor- CUJO (POSSE) - ANTES DELE, APARECE O
rência de erros de interpretação. Os mais fre- POSSUIDOR E DEPOIS, O OBJETO POSSUÍ-
qüentes são: DO.

a) Extrapolação (viagem) COMO (MODO)

Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ONDE (LUGAR)


idéias que não estão no texto, quer por conheci-
mento prévio do tema quer pela imaginação. QUANDO (TEMPO)

b) Redução QUANTO (MONTANTE)

É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção ape- EXEMPLO:


nas a um aspecto, esquecendo que um texto é
um conjunto de idéias, o que pode ser insuficiente Falou tudo QUANTO queria (correto)
para o total do entendimento do tema desenvolvi- Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE,
do. deveria aparecer o demonstrativo O ).

c) Contradição • VÍCIOS DE LINGUAGEM – há os vícios de lin-


guagem clássicos (BARBARISMO, SOLECIS-
Não raro, o texto apresenta idéias contrárias às MO,CACOFONIA...); no dia-a-dia, porém , exis-
do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo- tem expressões que são mal empregadas, e, por
cadas e, conseqüentemente, errando a questão. força desse hábito cometem-se erros graves co-
mo:

OBSERVAÇÃO - Muitos pensam que há a ótica - ― Ele correu risco de vida ―, quando a verdade o
do escritor e a ótica do leitor. Pode ser que exis- risco era de morte.
tam, mas numa prova de concurso qualquer, o
que deve ser levado em consideração é o que o - ― Senhor professor, eu lhe vi ontem ―. Neste
AUTOR DIZ e nada mais. caso, o pronome correto oblíquo átono correto é
O.
COESÃO - é o emprego de mecanismo de sinta-
xe que relacionam palavras, orações, frases e/ou - ‖No bar: ―ME VÊ um café‖. Além do erro de po-
parágrafos entre si. Em outras palavras, a coesão sição do pronome, há o mau uso.
dá-se quando, através de um pronome relativo,
uma conjunção (NEXOS), ou um pronome oblí- Estruturação do Parágrafo
quo átono, há uma relação correta entre o que se
vai dizer e o que já foi dito. Familiarizados com o tema a ser desenvolvido,
elencadas todas as ideias a serem discorridas...
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão finalmente estamos aptos a começarmos nossa
no dia-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pro- produção. Mas ainda resta outro detalhe de ex-
nome relativo e do pronome oblíquo átono. Este trema relevância – a eficácia do texto dependerá
depende da regência do verbo; aquele do seu da forma pela qual estas ideias se apresentarão
antecedente. Não se pode esquecer também de mediante o transcorrer do discurso.
que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação Partindo deste pressuposto, temos a noção de
ao antecedente. quão importante é a estruturação dos parágrafos,
que permitem que o pensamento seja distribuído
Os pronomes relativos são muito importantes na de forma lógica e precisa, com vistas a permitir
interpretação de texto, pois seu uso incorreto traz uma efetiva interação entre os interlocutores.
erros de coesão. Assim sedo, deve-se levar em
consideração que existe um pronome relativo Obviamente que outros fatores relacionados à
adequado a cada circunstância, a saber: competência linguística do emissor participam
deste processo, entre estes: pontuação adequa-
QUE (NEUTRO) - RELACIONA-SE COM QUAL- da, utilização correta dos elementos coesivos, de
QUER ANTECEDENTE. MAS DEPENDE DAS modo a estabelecer uma relação harmônica entre
CONDIÇÕES DA FRASE. uma ideia e outra, dentre outros.

QUAL (NEUTRO) IDEM AO ANTERIOR. Esteticamente, o parágrafo se caracteriza como


um sutil recuo em relação à margem esquerda da
QUEM (PESSOA) folha, atribuído por um conjunto de períodos que
representam uma ideia central em consonância

2
com outras secundárias, resultando num efetivo Modalidade em que se conta um fato, fictício ou
entrelaçamento e formando um todo coeso. não, que ocorreu num determinado tempo e lugar,
Quanto à extensão, é bom que se diga que não envolvendo certos personagens. Refere-se a
se trata de uma receita pronta e acabada, visto objetos do mundo real. Há uma relação de anteri-
que a habilidade do emissor determinará o mo- oridade e posterioridade. O tempo verbal predo-
mento de realizar a transição entre um posicio- minante é o passado. Estamos cercados de nar-
namento e outro, permitindo que o discurso seja rações desde as que nos contam histórias infantis
compreendido em sua totalidade. até às piadas do cotidiano. É o tipo predominante
nos gêneros: conto, fábula, crônica, romance,
Em se tratando de textos dissertativos, normal- novela, depoimento, piada, relato, etc.
mente os parágrafos costumam ser assim distri-
buídos: 2. Descrição

* Introdução – também denominada de tópico Um texto em que se faz um retrato por escrito de
frasal, constitui-se pela apresentação da ideia um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto.
principal, feita de maneira sintética e definida A classe de palavras mais utilizada nessa produ-
pelos objetivos aos quais o emissor se propõe. ção é o adjetivo, pela sua função caracterizadora.
Numa abordagem mais abstrata, pode-se até
* Desenvolvimento – fundamenta-se na amplia- descrever sensações ou sentimentos.
ção do tópico frasal, atribuído pelas ideias secun-
dárias, reconhecidas na exposição dos argumen- Não há relação de anterioridade e posterioridade.
tos com vistas a reforçar e conferir credibilidade Significa "criar" com palavras a imagem do objeto
ora em discussão. descrito. É fazer uma descrição minuciosa do
objeto ou da personagem a que o texto se Pega.
* Conclusão – caracteriza-se pela retomada da É um tipo textual que se agrega facilmente aos
ideia central associando-a aos pressupostos outros tipos em diversos gêneros textuais. Tem
mencionados no desenvolvimento, procurando predominância em gêneros como: cardápio, folhe-
arrematá-los de forma plausível. Pode, na maioria to turístico, anúncio classificado, etc.
das vezes, constar-se de uma solução por parte
do emissor no que se refere ao instaurar dos fa- 3. Dissertação
tos. Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar
um assunto, discorrer sobre ele. Dependendo do
Quanto aos textos narrativos, os parágrafos cos- objetivo do autor, pode ter caráter expositivo ou
tumam ser caracterizados pelo predomínio dos argumentativo.
verbos de ação, retratando o posicionamento dos
personagens mediante o desenrolar do enredo, 3.1 Dissertação-Exposição
bem como pela indicação de elementos circuns-
tanciais referentes à trama: quando, por que e Apresenta um saber já construído e legitimado,
com que ocorreram os fatos. ou um saber teórico. Apresenta informações so-
bre assuntos, expõe, reflete, explica e avalia idéi-
Nesta modalidade, a ocorrência dos parágrafos as de modo objetivo. O texto expositivo apenas
também se atribui à transcrição do discurso dire- expõe ideias sobre um determinado assunto. A
to, em especial às falas dos personagens. intenção é informar, esclarecer. Ex: aula, resu-
mo, textos científicos, enciclopédia, textos exposi-
Referindo-se aos textos descritivos, sua utilização tivos de revistas e jornais, etc.
está relacionada pela minuciosa exposição dos
detalhes acerca do objeto descrito, representado 3.1 Dissertação-Argumentação
por uma pessoa, objeto, animal, lugar, uma obra
de arte, dentre outros, de modo a permitir que o Um texto dissertativo-argumentativo faz a defesa
leitor crie o cenário em sua mente. de ideias ou um ponto de vista do autor. O texto,
além de explicar, também persuade o interlocutor,
Colaborando na concretização destes propósitos, objetivando convencê-lo de algo. Caracteriza-se
sobretudo pela finalidade discursiva – visando à pela progressão lógica de ideias. Geralmente
caracterização de algo –, há o predomínio de utiliza linguagem denotativa. É tipo predominante
verbos de ligação, bem como do uso de adjetivos em: sermão, ensaio, monografia, dissertação,
e de orações coordenadas ou justapostas. tese, ensaio, manifesto, crítica, editorial de jornais
e revistas.
Tipologia Textual
4. Injunção/Instrucional
1. Narração
Indica como realizar uma ação. Utiliza linguagem
objetiva e simples. Os verbos são, na sua maiori-

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a, empregados no modo imperativo, porém nota- Bula de remédio: é um gênero textual descritivo,
se também o uso do infinitivo e o uso do futuro do dissertativo-expositivo e injuntivo que tem por
presente do modo indicativo. Ex: ordens; pedidos; obrigação fornecer as informações necessárias
súplica; desejo; manuais e instruções para mon- para o correto uso do medicamento.
tagem ou uso de aparelhos e instrumentos; textos
com regras de comportamento; textos de orienta- Receita: é um gênero textual descritivo e injuntivo
ção (ex: recomendações de trânsito); receitas, que tem por objetivo informar a fórmula para pre-
cartões com votos e desejos (de natal, aniversá- parar tal comida, descrevendo os ingredientes e o
rio, etc.). preparo destes, além disso, com verbos no impe-
rativo, dado o sentido de ordem, para que o leitor
OBS: Os tipos listados acima são um consenso siga corretamente as instruções.
entre os gramáticos. Muitos consideram também
que o tipo Predição possui características sufici- Tutorial: é um gênero injuntivo que consiste num
entes para ser definido como tipo textual, e al- guia que tem por finalidade explicar ao leitor, pas-
guns outros possuem o mesmo entendimento so a passo e de maneira simplificada, como fazer
para o tipo Dialogal. algo.

5. Predição Editorial: é um gênero textual dissertativo-


argumentativo que expressa o posicionamento da
Caracterizado por predizer algo ou levar o interlo- empresa sobre determinado assunto, sem a obri-
cutor a crer em alguma coisa, a qual ainda está gação da presença da objetividade.
por ocorrer. É o tipo predominante nos gêneros:
previsões astrológicas, previsões meteorológicas, Notícia: podemos perfeitamente identificar carac-
previsões escatológicas/apocalípticas. terísticas narrativas, o fato ocorrido que se deu
em um determinado momento e em um determi-
6. Dialogal / Conversacional nado lugar, envolvendo determinadas persona-
gens. Características do lugar, bem como dos
Caracteriza-se pelo diálogo entre os interlocuto- personagens envolvidos são, muitas vezes, minu-
res. É o tipo predominante nos gêneros: entrevis- ciosamente descritos.
ta, conversa telefônica, chat, etc.
Reportagem: é um gênero textual jornalístico de
Gêneros textuais caráter dissertativo-expositivo. A reportagem tem,
por objetivo, informar e levar os fatos ao leitor de
Os Gêneros textuais são as estruturas com que uma maneira clara, com linguagem direta.
se compõem os textos, sejam eles orais ou escri-
tos. Essas estruturas são socialmente reconheci- Entrevista: é um gênero textual fundamentalmen-
das, pois se mantêm sempre muito parecidas, te dialogal, representado pela conversação de
com características comuns, procuram atingir duas ou mais pessoas, o entrevistador e o(s)
intenções comunicativas semelhantes e ocorrem entrevistado(s), para obter informações sobre ou
em situações específicas. do entrevistado, ou de algum outro assunto.
Pode-se dizer que se tratam das variadas formas Geralmente envolve também aspectos dissertati-
de linguagem que circulam em nossa sociedade, vo-expositivos, especialmente quando se trata de
sejam eles formais ou informais. Cada gênero entrevista a imprensa ou entrevista jornalística.
textual tem seu estilo próprio, podendo então, ser Mas pode também envolver aspectosnarrativos,
identificado e diferenciado dos demais através de como na entrevista de emprego, ou aspec-
suas características. Exemplos: tos descritivos, como na entrevista médica.
Carta: quando se trata de "carta aberta" ou "carta História em quadrinhos: é um gênero narrativo
ao leitor", tende a ser do tipo dissertativo- que consiste em enredos contados em pequenos
argumentativo com uma linguagem formal, em quadros através de diálogos diretos entre seus
que se escreve à sociedade ou a leitores. Quando personagens, gerando uma espécie de conversa-
se trata de "carta pessoal", a presença de aspec- ção.
tosnarrativos ou descritivos e uma linguagem
pessoal é mais comum.
Charge: é um gênero textual narrativo onde se
Propaganda: é um gênero textual dissertativo- faz uma espécie de ilustração cômica, através de
expositivo onde há a o intuito de propagar infor- caricaturas, com o objetivo de realizar uma sátira,
mações sobre algo, buscando sempre atingir e crítica ou comentário sobre algum acontecimento
influenciar o leitor apresentando, na maioria das atual, em sua grande maioria.
vezes, mensagens que despertam as emoções e
a sensibilidade do mesmo.

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Poema: trabalho elaborado e estruturado em Conto: é um texto narrativo breve, e de ficção,
versos. Além dos versos, pode ser estruturado geralmente em prosa, que conta situações rotinei-
em estrofes. Rimas e métrica também podem ras, anedotas e até folclores. Inicialmente, fazia
fazer parte de sua composição. Pode ou não ser parte da literatura oral. Boccacio foi o primeiro a
poético. Dependendo de sua estrutura, pode re- reproduzi-lo de forma escrita com a publicação
ceber classificações específicas, como haicai, de Decamerão. Diversos tipos do gênero textual
soneto, epopeia, poema figurado, dramático, etc. conto surgiram na tipologia textual narrativa: con-
Em geral, a presença de aspectos narrativos e to de fadas, que envolve personagens do mundo
descritivos são mais frequentes neste gênero. da fantasia; contos de aventura, que envolvem
personagens em um contexto mais próximo da
Poesia: é o conteúdo capaz de transmitir emo- realidade; contos folclóricos (conto popular); con-
ções por meio de uma linguagem , ou seja, tudo o tos de terror ou assombração, que se desenrolam
que toca e comove pode ser considerado como em um contexto sombrio e objetivam causar me-
poético (até mesmo uma peça ou um filme podem do no expectador; contos de mistério, que envol-
ser assim considerados). Um subgênero é a pro- vem o suspense e a solução de um mistério.
sa poética, marcada pela tipologia dialogal.
Fábula: é um texto de caráter fantástico que bus-
Gênero Narrativo: ca ser inverossímil. As personagens principais
são não humanos e a finalidade é transmitir al-
Na Antiguidade Clássica, os padrões literários guma lição de moral.
reconhecidos eram apenas o épico, o lírico e o
dramático. Com o passar dos anos, o gênero Crônica: é uma narrativa informal, breve, ligada
épico passou a ser considerado apenas uma va- à vida cotidiana, com linguagem coloquial. Pode
riante do gênero literário narrativo, devido ao sur- ter um tom humorístico ou um toque de crítica
gimento de concepções de prosa com caracterís- indireta, especialmente, quando aparece em se-
ticas diferentes: o romance, a novela, o conto, a ção ou artigo de jornal, revistas e programas da
crônica, a fábula. TV..

Porém, praticamente todas as obras narrativas Crônica narrativo-descritiva: Apresenta alter-


possuem elementos estruturais e estilísticos em nância entre os momentos narrativos e manifes-
comum e devem responder a questionamentos, tos descritivos.
como: quem? o que? quando? onde? por quê?
Vejamos a seguir: Ensaio: é um texto literário breve, situado entre o
poético e o didático, expondo ideias, críticas e
Épico (ou Epopeia): os textos épicos são geral- reflexões morais e filosóficas a respeito de certo
mente longos e narram histórias de um povo ou tema. É menos formal e mais flexível que o trata-
de uma nação, envolvem aventuras, guerras, do. Consiste também na defesa de um ponto de
viagens, gestos heroicos, etc. Normalmente apre- vista pessoal e subjetivo sobre um tema (huma-
sentam um tom de exaltação, isto é, de valoriza- nístico, filosófico, político, social, cultural, moral,
ção de seus heróis e seus feitos. Dois exemplos comportamental, etc.), sem que se paute em for-
são Os Lusíadas, de Luís de Camões, e Odisséia, malidades como documentos ou provas empíricas
de Homero. ou dedutivas de caráter científico. Exem-
plo: Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago
Romance: é um texto completo, com tempo, es- e Ensaio sobre a tolerância, de John Locke.
paço e personagens bem definidos e de caráter
mais verossímil. Também conta as façanhas de Gênero Dramático: Trata-se do texto escrito
um herói, mas principalmente uma história de para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto,
amor vivida por ele e uma mulher, muitas vezes, não há um narrador contando a história. Ela ―a-
―proibida‖ para ele. contece‖ no palco, ou seja, é representada por
atores, que assumem os papéis das personagens
Apesar dos obstáculos que o separam, o casal nas cenas.
vive sua paixão proibida, física, adúltera, pecami-
nosa e, por isso, costuma ser punido no final. É o Tragédia: é a representação de um fato trágico,
tipo de narrativa mais comum na Idade Média. suscetível de provocar compaixão e terror. Aristó-
Ex: Tristão e Isolda. teles afirmava que a tragédia era "uma represen-
tação duma ação grave, de alguma extensão e
Novela: é um texto caracterizado por ser inter- completa, em linguagem figurada, com atores
mediário entre a longevidade do romance e a agindo, não narrando, inspirando dó e terror".
brevidade do conto. Como exemplos de novelas, Ex: Romeu e Julieta, de Shakespeare.
podem ser citadas as obras O Alienista, de Ma-
chado de Assis, e A Metamorfose, de Kafka.

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Farsa: é uma pequena peça teatral, de caráter Sátira: é o poema lírico em que o emissor faz
ridículo e caricatural, que critica a sociedade e uma crítica a alguém ou a algo, em tom sério ou
seus costumes; baseia-se no lema latino ridendo irônico.
castigat mores (rindo, castigam-se os costumes).
A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao Acalanto: ou canção de ninar;
emprego de processos grosseiros, como o absur-
do, as incongruências, os equívocos, os enganos, Acróstico: (akros = extremidade; stikos = linha),
a caricatura, o humor primário, as situações ridí- composição lírica na qual as letras iniciais de
culas. cada verso formam uma palavra ou frase;

Comédia: é a representação de um fato inspirado Balada: uma das mais primitivas manifestações
na vida e no sentimento comum, de riso fácil. Sua poéticas, são cantigas de amigo (elegias) com
origem grega está ligada às festas populares. ritmo característico e refrão vocal que se desti-
nam à dança;
Tragicomédia: modalidade em que se misturam
elementos trágicos e cômicos. Originalmente, Canção (ou Cantiga, Trova): poema oral com
significava a mistura do real com o imaginário. acompanhamento musical;

Poesia de cordel: texto tipicamente brasileiro em Gazal (ou Gazel): poesia amorosa dos persas e
que se retrata, com forte apelo linguístico e cultu- árabes; odes do oriente médio;
ral nordestinos, fatos diversos da sociedade e da
realidade vivida por este povo. Haicai: expressão japonesa que significa ―versos
cômicos‖ (=sátira). E o poema japonês formado
Gênero Lírico: de três versos que somam 17 sílabas assim dis-
tribuídas: 1° verso= 5 sílabas; 2° verso = 7 síla-
É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz bas; 3° verso 5 sílabas;
que fala no poema e que nem sempre correspon-
de à do autor) exprime suas emoções, ideias e Soneto: é um texto em poesia com 14 versos,
impressões em face do mundo exterior. Normal- dividido em dois quartetos e dois tercetos, com
mente os pronomes e os verbos estão em 1ª pes- rima geralmente em a-ba-b a-b-b-a c-d-c d-c-d.
soa e há o predomínio da função emotiva da lin-
guagem. Vilancete: são as cantigas de autoria dos poetas
vilões (cantigas de escárnio e de maldizer); satíri-
Elegia: é um texto de exaltação à morte de al- cas, portanto.
guém, sendo que a morte é elevada como o pon-
to máximo do texto. O emissor expressa tristeza, Informações Implícitas
saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É
Muitas pessoas se perguntam como melhorar sua
um poema melancólico. Um bom exemplo é a
capacidade de interpretação dos textos. Primei-
peça Roan e yufa, de william shakespeare.
ramente, é preciso ter em mente que um texto é
Epitalâmia: é um texto relativo às noites nupci- formado por informações explícitas e implícitas.
ais líricas, ou seja, noites românticas com poe- As informações explícitas são aquelas manifesta-
mas e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é das pelo autor no próprio texto.
a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais.
As informações implícitas não são manifestadas
Ode (ou hino): é o poema lírico em que o emis- pelo autor no texto, mas podem ser subentendi-
sor faz uma homenagem à pátria (e aos seus das. Muitas vezes, para efetuarmos uma leitura
símbolos), às divindades, à mulher amada, ou a eficiente, é preciso ir além do que foi dito, ou seja,
alguém ou algo importante para ele. O hino é uma ler nas entrelinhas. Por exemplo, observe este
ode com acompanhamento musical; enunciado: Patrícia parou de tomar refrigerante.

Idílio (ou écloga): é o poema lírico em que o A informação explícita é ―Patrícia parou de tomar
emissor expressa uma homenagem à natureza, refrigerante‖. A informação implícita é ―Patrícia
às belezas e às riquezas que ela dá ao homem. tomava refrigerante antes‖.Agora, veja este outro
É o poema bucólico, ou seja, que expressa o exemplo: Felizmente, Patrícia parou de tomar
desejo de desfrutar de tais belezas e riquezas ao refrigerante.
lado da amada (pastora), que enriquece ainda
A informação explícita é ―Patrícia parou de tomar
mais a paisagem, espaço ideal para a paixão. A
refrigerante‖. A palavra ―felizmente‖ indica que o
écloga é um idílio com diálogos (muito rara);
falante tem uma opinião positiva sobre o fato –
essa é a informação implícita.

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Com esses exemplos, mostramos como podemos Sinônimos
inferir informações a partir de um texto. Fazer
uma inferência significa concluir alguma coisa a As palavras que possuem significados próximos
partir de outra já conhecida. Nos vestibulares, são chamadas sinônimos. Exemplos:
fazer inferências é uma habilidade fundamental
para a interpretação adequada dos textos e dos Casa - Lar - Moradia – Residência
enunciados.
Longe – Distante
A seguir, veremos dois tipos de informações que
podem ser inferidas: as pressupostas e as suben- Delicioso – Saboroso
tendidas.
Carro - Automóvel
Pressupostos

Uma informação é considerada pressuposta Observe que o sentido dessas palavras


quando um enunciado depende dela para fazer são próximos, mas não são exatamente equiva-
sentido. lentes. Dificilmente encontraremos um sinônimo
perfeito, uma palavra que signifique exatamente a
Considere, por exemplo, a seguinte pergunta: mesma coisa que outra.
―Quando Patrícia voltará para casa?‖. Esse enun-
ciado só faz sentido se considerarmos que Patrí- Há uma pequena diferença de significado entre
cia saiu de casa, ao menos temporariamente –
essa é a informação pressuposta. Caso Patrícia palavras sinônimas. Veja que, embora ca-
se encontre em casa, o pressuposto não é válido, sa e lar sejam sinônimos, ficaria estranho se fa-
o que torna o enunciado sem sentido. lássemos a seguinte frase:

Repare que as informações pressupostas estão Comprei um novo lar.


marcadas através de palavras e expressões pre-
sentes no próprio enunciado e resultam de um Obs: o uso de palavras sinônimas pode ser de
raciocínio lógico. grande utilidade nos processos de retomada de
elementos que inter-relacionam as partes dos
Portanto, no enunciado ―Patrícia ainda não voltou
para casa‖, a palavra ―ainda‖ indica que a volta de textos.
Patrícia para casa é dada como certa pelo falan-
te. Antônimos

Subtendidos São palavras que possuem significados opostos,


contrários. Exemplos:
Ao contrário das informações pressupostas, as
informações subentendidas não são marcadas no Mal / Bem
próprio enunciado, são apenas sugeridas, ou
seja, podem ser entendidas como insinuações. Ausência / Presença

O uso de subentendidos faz com que o enuncia- Fraco / Forte


dor se esconda atrás de uma afirmação, pois não
quer se comprometer com ela. Claro / Escuro
Por isso, dizemos que os subentendidos são de Subir / Descer
responsabilidade do receptor, enquanto os pres-
supostos são partilhados por enunciadores e re-
Cheio / Vazio
ceptores.

Em nosso cotidiano, somos cercados por infor- Possível / Impossível


mações subentendidas. A publicidade, por exem-
plo, parte de hábitos e pensamentos da socieda- Polissemia
de para criar subentendidos. Já a anedota é um
gênero textual cuja interpretação depende a que- Polissemia é a propriedade que uma mesma pa-
bra de subentendidos. lavra tem de apresentar mais de um significado
nos múltiplos contextos em que aparece. Veja
Quanto à significação, as palavras são divididas nas alguns exemplos de palavras polissêmicas:
seguintes categorias:

7
Cabo (posto militar, acidente geográfico, cabo da Desta lição, extrai-se que não se deve escrever
vassoura, da faca) frases ou textos desconexos – é imprescindível
que haja uma unidade, ou seja, que essas frases
Banco (instituição comercial financeira, assento) estejam coesas e coerentes formando o texto.

Manga (parte da roupa, fruta) Além disso, relembre-se que, por coesão, enten-
de-se ligação, relação, nexo entre os elementos
Coerência e Articulação no Texto que compõem a estrutura textual.

Na construção de um texto, assim como na fala, Há diversas formas de se garantir a coesão entre
usamos mecanismos para garantir ao interlocutor os elementos de uma frase ou de um texto:
a compreensão do que é dito, ou lido.
1. Substituição de palavras com o emprego de
Esses mecanismos linguísticos que estabelecem sinônimos, ou de palavras ou expressões do
a conectividade e retomada do que foi escrito ou mesmo campo associativo.
dito, são os referentes textuais e buscam garantir
2. Nominalização – emprego alternativo entre um
a coesão textual para que haja coerência, não só
verbo, o substantivo ou o adjetivo correspondente
entre os elementos que compõem a oração, como
(desgastar / desgaste / desgastante).
também entre a sequência de orações dentro do
texto. 3. Repetição na ligação semântica dos termos,
empregada como recurso estilístico de intenção
Essa coesão também pode muitas vezes se dar
articulatória, e não uma redundância - resultado
de modo implícito, baseado em conhecimentos
da pobreza de vocabulário. Por exemplo, ―Gran-
anteriores que os participantes do processo têm
de no pensamento, grande na ação, grande na
com o tema. Por exemplo, o uso de uma determi-
glória, grande no infortúnio, ele morreu desco-
nada sigla, que para o público a quem se dirige
nhecido e só.‖ (Rocha Lima)
deveria ser de conhecimento geral, evita que se
lance mão de repetições inúteis. 4. Uso de hipônimos – relação que se estabelece
com base na maior especificidade do significado
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha
de um deles. Por exemplo, mesa (mais específi-
imaginária - composta de termos e expressões -
co) e móvel (mais genérico).
que une os diversos elementos do texto e busca
estabelecer relações de sentido entre eles. 5. Emprego de hiperônimos - relações de um
termo de sentido mais amplo com outros de sen-
Dessa forma, com o emprego de diferentes pro-
tido mais específico. Por exemplo, felino está
cedimentos, sejam lexicais (repetição, substitui-
numa relação de hiperonímia com gato.
ção, associação), sejam gramaticais (emprego de
pronomes, conjunções, numerais, elipses), cons- 6. Substitutos universais, como os verbos vicários
troem-se frases, orações, períodos, que irão a- (ex.: Necessito viajar, porém só o farei no ano
presentar o contexto – decorre daí a coerência vindouro) A coesão apoiada na gramática dá-se
textual. no uso de conectivos, como certos pronomes,
certos advérbios e expressões adverbiais, con-
Um texto incoerente é o que carece de sentido ou
junções, elipses, entre outros.
o apresenta de forma contraditória. Muitas vezes
essa incoerência é resultado do mau uso daque- A elipse se justifica quando, ao remeter a um
les elementos de coesão textual. enunciado anterior, a palavra elidida é facilmente
identificável (Ex.: O jovem recolheu-se cedo. ...
Na organização de períodos e de parágrafos, um
Sabia que ia necessitar de todas as suas forças.
erro no emprego dos mecanismos gramaticais e
O termo o jovem deixa de ser repetido e, assim,
lexicais prejudica o entendimento do texto. Cons-
estabelece a relação entre as duas orações.).
truído com os elementos corretos, confere-se a
ele uma unidade formal. Dêiticos são elementos lingüísticos que têm a
propriedade de fazer referência ao contexto situa-
Nas palavras do mestre Evanildo Bechara (1), ―o
cional ou ao próprio discurso. Exercem, por exce-
enunciado não se constrói com um amontoado
lência, essa função de progressão textual, dada
de palavras e orações. Elas se organizam segun-
sua característica: são elementos que não signifi-
do princípios gerais de dependência e indepen-
cam, apenas indicam, remetem aos componentes
dência sintática e semântica, recobertos por uni-
da situação comunicativa.
dades melódicas e rítmicas que sedimentam es-
tes princípios‖.

8
Já os componentes concentram em si a significa- a) 1 – Tanto é assim que
ção. Elisa Guimarães (2) nos ensina a esse res-
peito: b) 2 – Lamentavelmente

―Os pronomes pessoais e as desinências verbais c) 3 – Ou seja


indicam os participantes do ato do discurso. Os
pronomes demonstrativos, certas locuções pre- d) 4 – Simultaneamente
positivas e adverbiais, bem como os advérbios de
tempo, referenciam o momento da enunciação, e) 5 – Se bem que
podendo indicar simultaneidade, anterioridade ou
COMENTÁRIO: As lacunas no texto ocultam pa-
posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste
lavras e expressões que atuam como conectores
momento (presente); ultimamente, recentemente,
– ligam orações estabelecendo relações semânti-
ontem, há alguns dias, antes de (pretérito); de
cas entre os períodos. A banca sugere algumas
agora em diante, no próximo ano, depois de (futu-
opções de preenchimento.
ro).‖
Dessas, a única que não atende ao solicitado é a
Esse conceito será de grande valia quando tra-
de número 5, uma vez que a expressão ―Se bem
tarmos do uso dos pronomes demonstrati-
que‖ deveria introduzir uma oração de valor con-
vos.Somente a coesão, contudo, não é suficiente
cessivo, estabelecendo, assim, idéia contrária à
para que haja sentido no texto, esse é o papel da
que foi apresentada até então pelo texto.
coerência, e coerência se relaciona intimamente a
contexto. Verifica-se, contudo, que o que se segue ratifica
as informações anteriores ao fornecer dados
Como nosso intuito nesta página é a apresenta-
complementares às estatísticas sobre homicídios.
ção de conceitos, sem aprofundá-los em demasi-
Sendo aceita a sugestão da banca, a coerência
a, bastam-nos essas informações.
textual seria prejudicada. Por isso, o gabarito é a
Vejamos como o examinador tem abordado o opção E.
assunto:
A Referenciarão/ Os Referentes/ Coerência E
Assinale a opção em que a estrutura sugerida Coesão
para preenchimento da lacuna correspondente
(Texto publicado no site da UFSC)
provoca defeito de coesão e incoerência nos sen-
tidos do texto. A fala e também o texto escrito constituem-se não
apenas numa seqüência de palavras ou de fra-
A violência no País há muito ultrapassou todos os
ses. A sucessão de coisas ditas ou escritas forma
limites. ___1___ dados recentes mostram o Brasil
uma cadeia que vai muito além da simples se-
como um dos países mais violentos do mundo,
qüencialidade: há um entrelaçamento significativo
levando-se em conta o risco de morte por homicí-
que aproxima as partes formadoras do texto fala-
dio.
do ou escrito.
Em 1980, tínhamos uma média de, aproximada-
Os mecanismos lingüísticos que estabelecem a
mente, doze homicídios por cem mil habitantes.
conectividade e a retomada e garantem a coesão
___2___, nas duas décadas seguintes, o grau de
são os referentes textuais. Cada uma das coisas
violência intencional aumentou, chegando a mais
ditas estabelece relações de sentido e significado
do que o dobro do índice verificado em 1980 –
tanto com os elementos que a antecedem como
121,6% –, ___3___, ao final dos anos 90 foi supe-
com os que a sucedem, construindo uma cadeia
rado o patamar de 25 homicídios por cem mil
textual significativa.
habitantes. ___4___, o PIB por pessoa em idade
de trabalho decresceu 26,4%, isto é, em média, a Essa coesão, que dá unidade ao texto, vai sendo
cada queda de 1% do PIB a violência crescia construída e se evidencia pelo emprego de dife-
mais do que 5% entre os anos 1980 e 1990. rentes procedimentos, tanto no campo do léxico,
como no da gramática.
Estudos do Banco Interamericano de Desenvol-
vimento mostram que os custos da violência con- (Não esqueçamos que, num texto, não existem
sumiram, apenas no setor saúde, 1,9% do PIB ou não deveriam existir elementos dispensáveis.
entre 1996 e 1997. ___5___ a vitimização letal se Os elementos constitutivos vão construindo o
distribui de forma desigual: são, sobretudo, os texto, e são as articulações entre vocábulos, entre
jovens pobres e negros, do sexo masculino, entre as partes de uma oração, entre as orações e en-
15 e 24 anos, que têm pago com a própria vida o tre os parágrafos que determinam a referencia-
preço da escalada da violência no Brasil.

9
ção, os contatos e conexões e estabelecem sen-  Substitutos universais (ex.: joão trabalha
tido ao todo.) muito. Também o faço. O verbo fazer em substitu-
ição ao verbo trabalhar);
Atenção especial concentram os procedimentos
que garantem ao texto coesão ecoerência. São  Enunciados que estabelecem a recapitula-
esses procedimentos que desenvolvem a dinâmi- ção da idéia global. Ex.: o curraldeserto, o chi-
ca articuladora e garantem a progressão textual. queiro das cabras arruinado e também deserto, a
casa do vaqueiro fechada, tudo anunciava aban-
A coesão é a manifestação lingüística da coerên- dono (vidas secas, p.11). Esse enunciado é
cia e se realiza nas relações entre elementos chamado de anáfora conceptual. Todo um enun-
sucessivos (artigos, pronomes adjetivos, adjetivos ciado anterior e a idéia global que ele refere são
em relação aos substantivos; formas verbais em retomados por outro enunciado que os resume
relação aos sujeitos; tempos verbais nas relações e/ou interpreta. Com esse recurso, evitam-se as
espaço-temporais constitutivas do texto etc.), na repetições e faz-se o discurso avançar, manten-
organização de períodos, de parágrafos, das par- do-se sua unidade.
tes do todo, como formadoras de uma cadeia de
sentido capaz de apresentar e desenvolver um 2. A coesão apoiada na gramática dá-se no uso
tema ou as unidades de um texto. Construída de:
com os mecanismos gramaticais e lexicais, confe-
re unidade formal ao texto.  Certos pronomes (pessoais adjetivos ou
substantivos). Destacam-se aqui os pronomes
1. Considere-se, inicialmente, a coesão apoiada pessoais de terceira pessoa, empregados como
no léxico. Ela pode dar-se pelareiteração, pe- substitutos de elementos anteriormente presentes
la substituição e pela associação. ª
no texto, diferentemente dos pronomes de 1 e
ª
2 pessoa que se referem à pessoa que fala e
É garantida com o emprego de: com quem esta fala.
 Enlaces semânticos de frases por meio  Certos advérbios e expressões adverbiais;
da repetição. A mensagem-tema do texto apoiada
na conexão de elementos léxicos sucessivos  Artigos;
pode dar-se por simples iteração (repetição). Ca-
be, nesse caso, fazer-se a diferenciação entre a  Conjunções;
simples redundância resultado da pobreza de
vocabulário e o emprego de repetições como  Numerais;
recurso estilístico, com intenção articulatória. Ex.:
―as contas do patrão eram diferentes, arranjadas  Elipses.
a tinta e contra o vaqueiro, mas fabiano sabia que
elas estavam erradas e o patrão queria enganá- A elipse se justifica quando, ao remeter a um
lo.enganava.‖Vidas secas, p. 143); enunciado anterior, a palavra elidida é facilmente
identificável (Ex.: O jovem recolheu-se cedo.…
 Substituição léxica, que se dá tanto pelo Sabia que ia necessitar de todas as suas for-
emprego de sinônimos como de palavras quase ças. O termo o jovem deixa de ser repetido e,
sinônimas. Considerem-se aqui além das pala- assim, estabelece a relação entre as duas ora-
vras sinônimas, aquelas resultantes de famílias ções.). É a própria ausência do termo que marca
ideológicas e do campo associativo, como, por a inter-relação.
exemplo, esvoaçar, revoar, voar;
A identificação pode dar-se com o próprio enunci-
 Hipônimos (relações de um termo específi- ado, como no exemplo anterior, ou com elemen-
co com um termo de sentido geral, tos extraverbais, exteriores ao enunciado. Vejam-
ex.: gato, felino) e hiperônimos (relações de um se os avisos em lugares públicos (ex.: Perigo!) e
termo de sentido mais amplo com outros de sen- as frases exclamativas, que remetem a uma situ-
tido mais específico, ex.: felino, gato); ação não-verbal. Nesse caso, a articulação se dá
entre texto e contexto (extratextual);
 Nominalizações (quando um fato, uma
ocorrência, aparece em forma de verbo e, mais  As concordâncias;
adiante, reaparece como substantivo,
ex.: consertar, o conserto; viajar,a viagem). É  A correlação entre os tempos verbais.
preciso distinguir-se entre nominalização estri-
ta e.generalizações (ex.: o cão < o animal) Os dêiticos exercem, por excelência, essa função
e especificações (ex.: planta > árvore > palmeira); de progressão textual, dada sua característica:
são elementos que não significam, apenas indi-

10
cam, remetem aos componentes da situação mesmo que o falante desconheça ou (re)conheça
comunicativa. Já os componentes concentram em este fato, isto não fará com que sua mensagem
si a significação. Referem os participantes do ato seja menos eficiente, pois os sentidos das pala-
de comunicação, o momento e o lugar da enunci- vras que emprega não se acham dissociados do
ação. próprio pensamento. Marx esclarece muito bem
esta relação entre fala e pensamento/consciência:
Elisa Guimarães ensina a respeito dos dêiticos:
A fala é velha como a consciência, a fala é uma
Os pronomes pessoais e as desinências verbais consciência prática, real, que existe tanto para os
indicam os participantes do ato do discurso. Os outros como para mim mesmo. E a fala, como a
pronomes demonstrativos, certas locuções pre- consciência, nasce apenas da necessidade, da
positivas e adverbiais, bem como os advérbios de imperiosidade de contato com outras pessoas.
tempo, referenciam o momento da enunciação, (Marx apud Schaff, 1968, p. 317.)
podendo indicar simultaneidade, anterioridade ou
posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste A necessidade inegável de que o homem sente
momento (presente); ultimamente, recentemente, em se comunicar com o outro resulta em esco-
ontem, há alguns dias, antes de (pretérito); de lhas: a quem falar, o que falar, como falar. O dis-
agora em diante, no próximo ano, depois de (futu- curso produzido a partir dessas escolhas será
ro). somente seu, visto que refletirá seus fracassos e
conquistas, sua história, seu ―eu‖.
Maria da Graça Costa Val lembra que ―esses
recursos expressam relações não só entre os Fazendo parte de uma sociedade, na qual estará
elementos no interior de uma frase, mas também em contato constante com outros, o indivíduo
entre frases e seqüências de frases dentro de um necessitará não apenas da linguagem oral para
texto‖. se comunicar. Dentre outras linguagens, a escrita
será mais um instrumento à disposição dele para
Não só a coesão explícita possibilita a compreen- demonstrar sua competência lingüística.
são de um texto. Muitas vezes a comunicação se
faz por meio de uma coesão implícita, apoiada no Acontece que esta competência é constantemen-
conhecimento mútuo anterior que os participantes te colocada à prova, como se o usuário da língua
do processo comunicativo têm da língua. nunca tivesse tido contato com ela. Referimo-nos
especificamente ao ensino da língua.
Variação da Língua
Ao tentar transportar os conhecimentos lingüísti-
Pelo estudo da seleção vocabular e da sintaxe, cos que já possui e que emprega eficientemente,
objetivamos descrever as mudanças que podem da linguagem oral para a linguagem escrita, reve-
ocorrer na produção textual escrita, a partir do la-se muitas vezes um fracassado.
vocabulário e do uso deste pelo emissor, nos
processos de comunicação dos quais faz parte. É difícil entender por que precisamos expressar-
mo-nos diferentemente na escrita. Por que exis-
Ao produzir seu texto, seja ele falado ou escrito, o tem tantas regras que já não traduzem a realida-
emissor estará, mesmo sem ter consciência disto, de do usuário da língua? Por que a cada esquina
envolvendo, além da seleção vocabular e da sin- de uma página há tantas exceções, contradições?
taxe, outros campos de pesquisa nesta produção.
Referimo-nos à semântica e à estilística. Há extrema urgência em se rever o ensino da
língua nas escolas, principalmente de ensino
Dessa forma, tentaremos desvendar a rede de fundamental, para que estas questões possam
relações que existe desde o momento em que o ser esclarecidas. E, antes de tudo, a reformulação
emissor pretende construir sua mensagem, pas- precisa estar presente também nos cursos de
sando pela influência que a oralidade pode exer- formação de professores, para que esta nova
cer sobre ela e pela sua escritura propriamente visão ganhe o devido espaço.
dita, até sua conseqüente interpretação por de-
terminado interlocutor. De outro modo, não vemos como o falante deixa-
rá de sentir-se perplexo diante de um ―Dê-me um
Para o falante, a sua língua materna é um instru- cigarro‖ no lugar de um ―Me dá um cigarro‖.
mento de suma importância tanto para a sua prá-
tica comunicativa quanto para sua afirmação en- O estudo da seleção vocabular e da sintaxe na
quanto sujeito que exerce determinado papel na produção dos sentidos durante a textualização
sociedade. justifica-se tendo em vista que

O que existe por trás do ato comunicativo, da fala


em si, não está explícito para o emissor. Porém,

11
· é através da seleção vocabular que o emissor que ele não quer deixar dúvidas de que está refe-
revela a sua intencionalidade ao produzir deter- rindo-se a um grupo de várias pessoas. No seu
minado texto; entender, o verbo no singular soa de forma estra-
nha, não condiz com a verdade que ele quer ex-
· o contexto situacional do ato comunicativo de- pressar.
terminará, em parte, a escolha vocabular do sujei-
to escritor; Sobre o papel do sentido nas relações entre as
palavras, afirma Guiraud (1972, p. 26-27):
· a organização das palavras selecionadas levará
à interpretação desejada pelo emissor; O sentido, tal como nos é comunicado no discur-
so, depende das relações da palavra com as ou-
· se faz necessário evitar as interferências negati- tras palavras do contexto, e tais relações são
vas no processo de produção textual escrita, uma determinadas pela estrutura do sistema lingüísti-
vez que, por serem negativas, prejudicam o bom co.
entendimento da mensagem.
À estrutura do sistema lingüístico chamamos
Estudo da Seleção Vocabular gramática internalizada por cada indivíduo, o
mesmo que conhecimento implícito da língua,
Chega mais perto e contempla as palavras. conforme Perini (2000, p. 12.). Por saber empre-
gá-la, o falante faz as relações que deseja com as
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neu- palavras escolhidas de seu léxico, de forma que
tra e te pergunta, sem interesse pela resposta, molda seu texto para este atenda às suas inten-
pobre ou terrível, que lhe deres: ções.
Trouxeste a chave? A disposição em que coloca as palavras valoriza
o significado delas. Wittgenstein (apud Rector,
Todo usuário da língua possui a chave que lhe dá
1980, p. 53.) corrobora esta idéia ao ―constatar
acesso ao mundo das palavras. A capacidade da
que as palavras só significam na medida em que
linguagem humana é essa chave. Quando crian-
estão num contexto interativo, isto é, como se seu
ça, o falante, de modo bastante natural, principia
valor variasse em função de sua disposição face
a utilizar o valioso instrumento da linguagem.
às demais‖.
Enquanto tímido aprendiz de palavras reproduz
muito e cria pouco. A interação da palavra com o contexto revela-se
no discurso, pois é nele ―que se manifestam estas
Porém, seguindo um caminho irretornável, não
relações da linguagem, visto que o discurso é o
mais necessita de que lhe digam o que falar como
lugar de encontro do significante e do significado
falar. Já se sente perfeitamente capaz de seguir
e o lugar das distorções da comunicação que
sozinho. Sente-se seguro do conhecimento que
ocorrem devido à liberdade da comunicação.‖
possui, do acervo vocabular de que dispõe. O uso
(Rector, 1980, p. 130.)
que fazemos desse acervo vocabular é determi-
nado pelas situações que vivenciamos. O falante não deseja perder a liberdade de comu-
nicar-se, de colocar no ato de comunicação do
Dessa forma, em um dado contexto, a seleção
qual faz parte sua marca pessoal. Atentemos aqui
vocabular da qual lançaremos mão para produzir
para a questão do estilo próprio.
um texto deverá estar de acordo com o sentido
que queremos dar à nossa mensagem. Então, Uma entonação diferente, uma determinada fle-
não nos causa espanto que o nosso alu- xão de grau, uma intencional ausência de flexão
no/usuário da língua queira manter-se fiel ao seu de número são exemplos de marcas pessoais
texto, reproduzindo na escrita aquilo que pensou que ocorrem na fala e que naturalmente se con-
e disse. Mesmo que esse texto passe a ser ―con- cretizam na escrita.
denado‖ por não se ajustar aos padrões impostos
pelas gramáticas normativas. Parece-lhe que, ao AMIGO 1: - Comprei um estojo ‗manero‘. Custou
mexerem no seu texto, estão retirando o seu di- só dois ‗real‘!
reito de ser autêntico.
AMIGO 2: - Também, você é filhote de loja de um
O pessoal fizeram muita bagunça na sala, profes- e noventa e nove!
sora!
Há tendência, por parte do falante de língua por-
A gente gostamos de aula vaga. tuguesa, a reduzir ditongos em simples vogais,
conforme atesta Coutinho em sua ―Gramática
É perfeitamente compreensível que tais constru- Histórica (COUTINHO, p. 108.). Assim, para o
ções sejam usadas pelo falante/escritor, uma vez usuário da língua, é perfeitamente correto falar

12
―manero‖ em vez de ―maneiro‖. Tal tendência língua materna) aproprie-se de conhecimentos
acaba por ser explicitada na escrita por influência que permitam que ele não apenas chegue perto e
da oralidade. Se ninguém praticamente fala ―man- contemple as palavras, mas que faça bom uso da
teiga‖, conseqüentemente estaremos diante da chave que possui para que não dê respostas
palavra ―mantega‖ nas redações de nossos alu- pobres ou terríveis às perguntas que lhe forem
nos. feitas.

Quanto à questão da ausência de flexão de nú- Sintaxe de Concordância


mero da palavra ―real‖, temos aqui duas coloca-
ções. Por um lado, poderíamos considerar a ex- A oralidade influencia constantemente a produção
pressão ―dois real‖ apenas um caso de erro de de um texto escrito. Muitas vezes, esta influência
concordância; por outro lado, estaríamos diante é considerada negativa, pois resulta nos chama-
de uma seleção vocabular empregada para ex- dos ―erros de concordância‖. As gramáticas nor-
pressar, por exemplo, esperteza de quem compra mativas costumam listar regras muitas vezes
um bom produto por um pequeno preço. inflexíveis para determinar o que é certo e o que é
errado. Porém, estudiosos mais modernos têm
Em nossa literatura, há muitos exemplos em que percebido e registrado casos passíveis de discus-
a seleção vocabular aliada à linguagem oral, só são.
para determo-nos em assuntos objetos de nosso
estudo, produzem obras originalíssimas. Citemos, Perini (2000, p. 19.) cita o caso da expressão ―os
para ilustrar, Mário de Andrade com ―Macunaíma‖ relógio‖, comprovadamente utilizada por falantes
(texto em prosa) e Oswald de Andrade com o ―cultos e incultos‖. Não estamos diante de um
texto em verso que vai transcrito a seguir: mero caso de erro de concordância e sim de uma
tendência lingüística da oralidade que vem sendo
brasil empregada também na escrita. Tendência esta
que não pode ser ignorada pelos profissionais
O Zé Pereira chegou de caravela que lidam com o ensino da língua.

E preguntou pro guarani da mata virgem Para Lapa (1991, p. 157.) o erro de concordância
não existe, pois a construção de um texto reflete
- Sois cristão? o estilo de cada um. Vejamos sua colocação so-
bre o assunto:
- Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
...esses desvios aparentes de concordância se
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê! explicam sobretudo por três motivos: um que
consiste em concordar com as palavras não se-
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
gundo a letra mas segundo a idéia; outro, segun-
O negro zonzo saído da fornalha do o qual a concordância varia conforme a posi-
ção dos termos do discurso; e um terceiro, que
Tomou a palavra e respondeu traduz o propósito de fazer a concordância com o
termo que mais interessa acentuar ou valorizar.
- Sim pela graça de Deus
É preciso que analisemos bem os casos dos
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum! chamados ―erros de concordância‖ que surgem
nos textos produzidos por nossos alunos. Muitas
E fizeram o Carnaval. vezes, a produção do aluno revela textos coeren-
tes e coesos, dentro de seus propósitos, ―diferen-
(Andrade apud Cereja & Magalhães, 1995, p. tes‖ do que esperamos e desejamos encontrar.
312.)
Observemos um trecho de uma redação de um
Para o falante/usuário da língua o que conta é a aluno da 7ª. Série do ensino fundamental:
praticidade. Se na linguagem oral, ele dispõe de
tanta liberdade para comunicar-se, por que não Gosto de sair curto muitos bailes fanks todos os
fazer uso dessa liberdade também na escrita? finais de semana vou ao baile. (sic)
Não queremos dizer com isso que devemos abo-
lir, no ensino da língua, as regras que estruturam Ignorando em nosso comentário as questões da
nosso sistema lingüístico, mas que precisamos pontuação e da grafia equivocada da palavra
adaptá-las à realidade do falante. Por que não ―funk‖, vamos ao caso de concordância que aí se
acompanhar na escrita a dinamicidade da língua? apresenta: ―curto muitos bailes fanks‖. Nós, pro-
fessores da língua, esperaríamos encontrar a
Concluindo, o ensino da língua pode contribuir seguinte construção: ―curto muito bailes funks‖,
para que o nosso aluno (falante competente da na qual a palavra muito estaria funcionando como

13
advérbio e não como pronome indefinido, tal co- de dependência é, por vezes, tarefa bastante
mo se encontra na redação do aluno. Para que se árdua.
considere errada a construção do aluno, é preciso
analisar seu texto com cuidado, tentando perce- Pesquisando em algumas gramáticas disponíveis
ber sua intenção, seu propósito. aos nossos estudantes, observamos que alguns
casos são tratados de forma diversa. Vejamos um
Acreditamos que a falta de organização do pen- caso: no ―Curso Prático de Gramática‖, de Ernani
samento influencia a produção do discurso do Terra (1996, p. 299.), há a seguinte afirmação
nosso aluno, seja tal produção oral ou escrita. A referente à regência do verbo chegar:
forma como o ensino da língua ainda é tratado
não tem oportunizado o exercício da organização ―O verbo chegar exige a preposição a e não a
do pensamento, uma vez que os conteúdos gra- preposição em.‖
maticais são priorizados em detrimento de outros
(produção oral e escrita, por exemplo), tornando a Já a ―Gramática‖, de Faraco e Moura (1999, p.
aula de português um ―amontoado de coisas sem 514.), apresenta a seguinte colocação em relação
sentido‖. ao mesmo verbo chegar:

Não temos dado ao nosso aluno espaço suficien- ―É intransitivo no sentido de atingir data ou local.
te para que ele exerça seu direito de fala. Nor- (...) Já é bastante comum o uso da preposi-
malmente, ele está na sala apenas para ouvir, ção em nesta acepção.‖
para copiar, para reproduzir o que se espera dele.
Ao ser solicitado a falar, muitas vezes, sua fala é Essas abordagens conflitantes apresentadas
truncada, inicia um assunto e não é capaz de pelas gramáticas citadas acabam por confundir o
concluí-lo. Questão de timidez? Em alguns casos, nosso aluno e, até mesmo, por dificultar o enten-
sim. Essa fala fragmentada, não desenvolvida, dimento deste assunto. Que frase é mais comum
concretiza-se na escrita de forma bem clara: au- nas redações de nossos alunos? ―Cheguei em
sência de coesão e de coerência, fuga ao tema casa muito tarde‖ ou Cheguei a minha casa muito
proposto, repetições excessivas, para citar ape- tarde‖? Com certeza, a primeira. Portanto, não é
nas os problemas mais encontrados. mais cabível afirmar que o verbo chegar não exi-
ge a preposição em. Uma ou outra preposição é
Prycila eu quero que você fiquei torcendo porque perfeitamente admissível.
agora porque no dia 16 de outubro vou fazer pro-
va com padre para crisma porque no final do vou Reconhece-se que a língua falada no Brasil não é
se alistar. (sic) (Trecho de um texto produzido por a mesma representada na escrita. É também
aluno de 6ª. Série do ensino fundamental.) dessa questão que temos tratado até então. O
falante, com o propósito de passar adiante seu
Atentemos para a mistura de assuntos que o alu- pensamento, suas idéias, seleciona as palavras
no realiza, utilizando basicamente um conectivo que melhor representam sua intenção e arruma-
(porque). Que relação existe entre os dois fatos, o as de maneira que estas atendam aos seus dese-
de ser crismado e o de se alistar no final do ano jos.
(palavra omitida, provavelmente sem que o aluno
tenha tido esta intenção)? Acreditamos que aqui Altera, propositalmente ou não, a sintaxe de con-
não estejamos diante de um caso de desconhe- cordância ou de regência, construindo seu próprio
cimento do significado do conectivo apenas. E estilo. Sua mensagem poderá ou não ser com-
sim de incapacidade de relacionar idéias, de fazer preendida da forma como gostaria de que fosse.
conexão de sentidos. As chances de que o entendimento ocorra tal
como planejou são grandes.
Por tudo o que foi exposto até aqui, cremos que o
exercício da leitura e da escrita, como forma de O estudo do emprego diversificado que se faz da
desenvolver a competência lingüística, seria uma língua falada (situações informais) e da língua
das estratégias numa tentativa de minimizar mui- escrita (situações formais) está cada vez mais
tos dos problemas citados. ocupando espaço nos meios acadêmicos que
tratam do ensino da língua. Algumas obras vêm
Sintaxe de Regência acrescentar novas idéias que auxiliam o presente
trabalho, como Mário Perini (Sofrendo a Gramáti-
Na maioria das gramáticas normativas, o conceito ca), Celso Pedro Luft (Língua e Liberdade) e E-
de regência aborda a relação de dependência vanildo Bechara (Ensino da Gramática.
entre termos da oração. Fazer com que o nosso
aluno, que traz influências (negativas e positivas) Opressão? Liberdade?). Porém, décadas de um
da oralidade, perceba e compreenda essa idéia ensino equivocado exigirão a adoção de um novo
modo de ensinar a gramática, a partir de uma
visão de linguagem que liberte, que permita a

14
construção de um discurso de sujeito, e não de O emprego da mesóclise é ainda mais complica-
quem se sujeita. do. Em primeiro lugar, há a preferência de o usu-
ário da língua portuguesa no Brasil utilizar para o
Voltando a mais um caso de sintaxe de regência. tempo futuro do presente do indicativo, por exem-
Se um dos significados da palavra ―com‖ é a idéia plo, a locução verbal: ―Vou fazer prova amanhã‖
de companhia, como considerar errada a constru- no lugar de ―Farei prova amanhã‖; em segundo
ção ―Namoro com Carlos‖? Para o falante/usuário lugar, o emprego da mesóclise soa como pedan-
da língua, a frase está corretíssima. tismo, próprio da linguagem rebuscada, empola-
da: ―Far-te-ei uma proposta amanhã‖. O uso da
Para tentarmos convencer este falante de que a mesóclise está reduzido à produção escrita de
sua construção é incorreta, só temos o argumento usuários com bom domínio da estrutura da língua.
de que o verbo namorar é transitivo direto (não
admitindo preposição), pois quem namora, namo- Façamos mais um comentário:
ra alguém. Porém não é argumento forte o sufici-
ente para deslegitimar a sua intenção de transmi- ―Está um calor! A janela está fechada, professora.
tir a idéia de um estar com o outro, de namo- Quer que abra ela?‖
rar com o outro.
É um tipo de construção amplamente empregada
Finalizando, a estrutura lingüística que cada usu- pelo falante. Devemos considerá-la totalmente
ário da língua internaliza, dá-lhe subsídios para errada? E o que podemos dizer de construções
que ele elabore construções que, na escrita, são do tipo ―Professora, eu se machuquei!‖? Não se-
consideradas como erros de concordância, de ria mais relevante preocuparmo-nos com frases
regência, entre tantos outros ―erros‖. Cabe ampli- desse tipo? E não é só uma questão de concor-
ar, na sistematização das regras que estruturam a dância ou de colocação.
língua, o registro das possibilidades de constru-
ções de que o usuário da língua dispõe. Até por- É uma questão de identidade. O falante não se
que as invariações dentro das variações é que reconhece no próprio discurso. Não é capaz de
dão vida à língua. reconhecer-se no me, pois é a partir do se que vê
o mundo: ―Entre, sente-se, cale-se, saia e vire-se;
Sintaxe de Colocação a minha parte eu já fiz.‖

No início de nosso trabalho, comentamos a res- Organização Frasal


peito de o falante sentir-se perplexo diante da
construção ―Dê-me um cigarro‖, verso conheci- Toda frase de uma língua consiste em uma orga-
díssimo do poema Pronominal‖, de Oswald de nização, uma combinação de elementos lingüísti-
Andrade, muito usado para exemplificar casos de cos agrupados segundo certos princípios, que a
colocação pronominal. É claro que o usuário da caracterizam como uma estrutura. Para evidenci-
língua estranha uma construção como essa, ar estas estruturas, temos uma estruturas, temos
quando, no seu falar revela-se a tendência de de decompor a frase/oração em unidades meno-
fazer uso da próclise. res, e substituir estas unidades, por aquelas e-
quivalentes, que desempenham a mesma função.
O nosso aluno jamais empregaria a frase ―Em- Este procedimento denomina-se comunicação:
preste-me uma caneta‖ ao dirigir-se ao colega a
seu lado. Até mesmo nós, professores e conhe- Ex:
cedores da língua, no dia a dia, empregamos a
próclise com abundância em nossa fala. Ainda Maria está na casa da vizinha
mais que a questão da colocação dos pronomes
na frase está mais a serviço da estilística que da Você fará o relatório como a professora pediu
sintaxe. Observemos:
Aquela menininha de cabelo loiro gosta de doce
A. Se atrasou hoje, professora. de leite.

B. Atrasou-se hoje, professora. Estes subconjuntos são blocos significativos e


possuem equivalência entre si,pois a troca de um
De acordo com as regras que norteiam o empre- pelo outro,não destrói a integridade das orações,
go da próclise, a frase A estaria fora dos padrões, como demonstraram os exemplos. A estes blo-
porém, numa linguagem informal, falada ou escri- cos, ou unidades significativas, chamamos:
ta, seria perfeitamente justificável, na medida em
que representaria um estilo despojado e simples Sintagmas.
do locutor/escritor. Já a frase B exemplifica o
Constituintes Oracionais > Os Sintagmas
correto emprego do pronome, mas na prática de
nossos alunos é pouco utilizada.

15
A Natureza do sintagma do sintagma depende - SN, SV, SP e SP
por tanto do tipo de elemento que constitui o seu
núcleo. O que é Redação Oficial?

Vantagens: Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial


é a maneira pela qual o Poder Público redige atos
* Ter controle sobre os mecanismos que utiliza- normativos e comunicações. Interessa-nos tratá-
mos nos usos da linguagem; la do ponto de vista do Poder Executivo.

* Aumentar a versatilidade no uso que podemos A redação oficial deve caracterizar-se pela im-
fazer desses mecanismos. pessoalidade, uso do padrão culto de linguagem,
clareza, concisão, formalidade e uniformidade.
Base da Oração {SN (subst) = SA > Sintagma Fundamentalmente esses atributos decorrem da
Adjetiva, SV (verbo) SP > Sintagma Preposi- Constituição, que dispõe, no artigo 37: "A admi-
cionado nistração pública direta, indireta ou fundacional,
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
Sintagma: elementos constituintes das unidades do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
significativas da oração – relaciona-se por depen- aos princípios de legalidade, impessoalidade,
dência e ordem. Possuem um núcleo em relação moralidade, publicidade e eficiência (...)".
aos demais constituintes, mas pode compor-se de
apenas um núcleo. Sendo a publicidade e a impessoalidade princí-
pios fundamentais de toda administração pública,
Além das orações com os dois sintagmas obriga- claro está que devem igualmente nortear a elabo-
tórios: SN + SV, há ainda a possibilidade de ora- ração dos atos e comunicações oficiais.
ção com três partes: SN+SV+SP.
Não se concebe que um ato normativo de qual-
Os Sintagmas Nominais e Verbais obrigatoria- quer natureza seja redigido de forma obscura,
mente existem como unidades significativas nas que dificulte ou impossibilite sua compreensão. A
frases. Por isso, as frases sempre podem ser transparência do sentido dos atos normativos,
decompostas nesses dois subconjuntos, mesmo bem como sua inteligibilidade, são requisitos do
que elas sejam longas, ou mesmo que o sujeito próprio Estado de Direito: é inaceitável que um
esteja oculto ou não seja lexicalmente preenchido texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A
(sujeito inexistente). publicidade implica, pois, necessariamente, clare-
za e concisão.
Ex: SN/SV
Além de atender à disposição constitucional, a
A irmã de uma conhecida de meu mari- forma dos atos normativos obedece a certa tradi-
do/recebeu uma belíssima homenagem de seus ção. Há normas para sua elaboração que remon-
companheiros de trabalho. tam ao período de nossa história imperial, como,
por exemplo, a obrigatoriedade – estabelecida por
A carrocinha de pão [que passava pela minha rua
decreto imperial de 10 de dezembro de 1822 – de
todos os dias]/pertencia a um antigo empregado
que se aponha, ao final desses atos, o número de
da prefeitura municipal.
anos transcorridos desde a Independência. Essa
Sintagma Preposicionado (SP) prática foi mantida no período republicano.

Os Sintagmas preposicionados, quando assu- Esses mesmos princípios (impessoalidade, clare-


mem função de advérbio, são facultativos na es- za, uniformidade, concisão e uso de linguagem
trutura sintática das frases; móveis, podendo ser formal) aplicam-se às comunicações oficiais: elas
deslocados de sua posição normal (após o SN e devem sempre permitir uma única interpretação e
o SV);apresentam-se como modificadores cir- ser estritamente impessoais e uniformes, o que
cunstanciais,geralmente sob a forma de locuções exige o uso de certo nível de linguagem.
adverbiais.
Nesse quadro, fica claro também que as comuni-
Exs: cações oficiais são necessariamente uniformes,
pois há sempre um único comunicador (o Serviço
As flores/ enfeitam os jardins/ na primavera. Público) e o receptor dessas comunicações ou é
o próprio Serviço Público (no caso de expedientes
- SN, SV e SP dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto
dos cidadãos ou instituições tratados de forma
O padeiro/ entrega o pão / na minha casa / de homogênea (o público).
madrugada

16
Outros procedimentos rotineiros na redação de assim, uma desejável padronização, que permite
comunicações oficiais foram incorporados ao que comunicações elaboradas em diferentes se-
longo do tempo, como as formas de tratamento e tores da Administração guardem entre si certa
de cortesia, certos clichês de redação, a estrutura uniformidade;
dos expedientes, etc. Mencione-se, por exemplo,
a fixação dos fechos para comunicações oficiais, b) da impessoalidade de quem recebe a comuni-
o
regulados pela Portaria n 1 do Ministro de Estado cação, com duas possibilidades: ela pode ser
da Justiça, de 8 de julho de 1937, que, após mais dirigida a um cidadão, sempre concebido co-
de meio século de vigência, foi revogado pelo mo público, ou a outro órgão público. Nos dois
Decreto que aprovou a primeira edição deste casos, temos um destinatário concebido de forma
Manual. homogênea e impessoal;

Acrescente-se, por fim, que a identificação que se c) do caráter impessoal do próprio assunto trata-
buscou fazer das características específicas da do: se o universo temático das comunicações
forma oficial de redigir não deve ensejar o enten- oficiais se restringe a questões que dizem respei-
dimento de que se proponha a criação – ou se to ao interesse público, é natural que não cabe
aceite a existência – de uma forma específica de qualquer tom particular ou pessoal.
linguagem administrativa, o que coloquialmente e
pejorativamente se chama burocratês. Este é Desta forma, não há lugar na redação oficial para
antes uma distorção do que deve ser a redação impressões pessoais, como as que, por exemplo,
oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões constam de uma carta a um amigo, ou de um
e clichês do jargão burocrático e de formas arcai- artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto
cas de construção de frases. literário. A redação oficial deve ser isenta da inter-
ferência da individualidade que a elabora.
A redação oficial não é, portanto, necessariamen-
te árida e infensa à evolução da língua. É que sua A concisão, a clareza, a objetividade e a formali-
finalidade básica – comunicar com impessoalida- dade de que nos valemos para elaborar os expe-
de e máxima clareza – impõe certos parâmetros dientes oficiais contribuem, ainda, para que seja
ao uso que se faz da língua, de maneira diversa alcançada a necessária impessoalidade.
daquele da literatura, do texto jornalístico, da
correspondência particular, etc. 1.2. A Linguagem dos Atos e Comunicações
Oficiais
Apresentadas essas características fundamentais
da redação oficial, passemos à análise pormeno- A necessidade de empregar determinado nível de
rizada de cada uma delas. linguagem nos atos e expedientes oficiais decor-
re, de um lado, do próprio caráter público desses
1.1. A Impessoalidade atos e comunicações; de outro, de sua finalidade.
Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, caráter normativo, ou estabelecem regras para a
quer pela escrita. Para que haja comunicação, conduta dos cidadãos, ou regulam o funciona-
são necessários: a) alguém que comunique, b) mento dos órgãos públicos, o que só é alcançado
algo a ser comunicado, e c) alguém que receba se em sua elaboração for empregada a lingua-
essa comunicação. No caso da redação oficial, gem adequada. O mesmo se dá com os expedi-
quem comunica é sempre o Serviço Público (este entes oficiais, cuja finalidade precípua é a de
ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, informar com clareza e objetividade.
Divisão, Serviço, Seção); o que se comunica é
sempre algum assunto relativo às atribuições do As comunicações que partem dos órgãos públi-
órgão que comunica; o destinatário dessa comu- cos federais devem ser compreendidas por todo e
nicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse
ou outro órgão público, do Executivo ou dos ou- objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem
tros Poderes da União. restrita a determinados grupos. Não há dúvida
que um texto marcado por expressões de circula-
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal ção restrita, como a gíria, os regionalismos voca-
que deve ser dado aos assuntos que constam bulares ou o jargão técnico, tem sua compreen-
das comunicações oficiais decorre: são dificultada.

a) da ausência de impressões individuais de Ressalte-se que há necessariamente uma distân-


quem comunica: embora se trate, por exemplo, cia entre a língua falada e a escrita. Aquela é
de um expediente assinado por Chefe de deter- extremamente dinâmica, reflete de forma imediata
minada Seção, é sempre em nome do Serviço qualquer alteração de costumes, e pode eventu-
Público que é feita a comunicação. Obtém-se, almente contar com outros elementos que auxili-

17
em a sua compreensão, como os gestos, a ento- dêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a deter-
ação, etc., para mencionar apenas alguns dos minada área, são de difícil entendimento por
fatores responsáveis por essa distância. Já a quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se
língua escrita incorpora mais lentamente as trans- ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comu-
formações, tem maior vocação para a permanên- nicações encaminhadas a outros órgãos da ad-
cia, e vale-se apenas de si mesma para comuni- ministração e em expedientes dirigidos aos cida-
car. dãos.

A língua escrita, como a falada, compreende dife- Outras questões sobre a linguagem, como o em-
rentes níveis, de acordo com o uso que dela se prego de neologismo e estrangeirismo, são trata-
faça. Por exemplo, em uma carta a um amigo, das em detalhe em 9.3. Semântica.
podemos nos valer de determinado padrão de
linguagem que incorpore expressões extrema- 1.3. Formalidade e Padronização
mente pessoais ou coloquiais; em um parecer
jurídico, não se há de estranhar a presença do As comunicações oficiais devem ser sempre for-
vocabulário técnico correspondente. Nos dois mais, isto é, obedecem a certas regras de forma:
casos, há um padrão de linguagem que atende ao além das já mencionadas exigências de impesso-
uso que se faz da língua, a finalidade com que a alidade e uso do padrão culto de linguagem, é
empregamos. imperativo, ainda, certa formalidade de tratamen-
to.
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu
caráter impessoal, por sua finalidade de informar Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao
com o máximo de clareza e concisão, eles reque- correto emprego deste ou daquele pronome de
rem o uso do padrão culto da língua. Há consen- tratamento para uma autoridade de certo nível (v.
so de que o padrão culto é aquele em que a) se a esse respeito2.1.3. Emprego dos Pronomes de
observam as regras da gramática formal, e b) se Tratamento); mais do que isso, a formalidade diz
emprega um vocabulário comum ao conjunto dos respeito à polidez, à civilidade no próprio enfoque
usuários do idioma. dado ao assunto do qual cuida a comunicação.

É importante ressaltar que a obrigatoriedade do A formalidade de tratamento vincula-se, também,


uso do padrão culto na redação oficial decorre do à necessária uniformidade das comunicações.
fato de que ele está acima das diferenças lexi- Ora, se a administração federal é una, é natural
cais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos que as comunicações que expede sigam um
modismos vocabulares, das idiossincrasias lin- mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão,
güísticas, permitindo, por essa razão, que se atin- uma das metas deste Manual, exige que se aten-
ja a pretendida compreensão por todos os cida- te para todas as características da redação oficial
dãos. e que se cuide, ainda, da apresentação dos tex-
tos.
Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a
simplicidade de expressão, desde que não seja A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes
confundida com pobreza de expressão. De ne- para o texto definitivo e a correta diagramação do
nhuma forma o uso do padrão culto implica em- texto são indispensáveis para a padronização.
prego de linguagem rebuscada, nem dos contor- Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais,
cionismos sintáticos e figuras de linguagem pró- a respeito de normas específicas para cada tipo
prios da língua literária. de expediente.

Pode-se concluir, então, que não existe propria- 1.4. Concisão e Clareza
mente um "padrão oficial de linguagem"; o que há
é o uso do padrão culto nos atos e comunicações A concisão é antes uma qualidade do que uma
oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso característica do texto oficial. Conciso é o texto
de determinadas expressões, ou será obedecida que consegue transmitir um máximo de informa-
certa tradição no emprego das formas sintáticas, ções com um mínimo de palavras. Para que se
mas isso não implica, necessariamente, que se redija com essa qualidade, é fundamental que se
consagre a utilização de uma forma de linguagem tenha, além de conhecimento do assunto sobre o
burocrática. O jargão burocrático, como todo jar- qual se escreve, o necessário tempo para revisar
gão, deve ser evitado, pois terá sempre sua com- o texto depois de pronto. É nessa releitura que
preensão limitada. muitas vezes se percebem eventuais redundân-
cias ou repetições desnecessárias de idéias.
A linguagem técnica deve ser empregada apenas
em situações que a exijam, sendo de evitar o seu O esforço de sermos concisos atende, basica-
uso indiscriminado. Certos rebuscamentos aca- mente ao princípio de economia lingüística, à
mencionada fórmula de empregar o mínimo de

18
palavras para informar o máximo. Não se deve de ações e os conceitos específicos que não possam
forma alguma entendê-la como economia de pen- ser dispensados.
samento, isto é, não se devem eliminar passa-
gens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em A revisão atenta exige, necessariamente, tempo.
tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar pala- A pressa com que são elaboradas certas comuni-
vras inúteis, redundâncias, passagens que nada cações quase sempre compromete sua clareza.
acrescentem ao que já foi dito. Não se deve proceder à redação de um texto que
não seja seguida por sua revisão. "Não há assun-
Procure perceber certa hierarquia de idéias que tos urgentes, há assuntos atrasados", diz a má-
existe em todo texto de alguma complexidade: xima. Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejá-
idéias fundamentais e idéias secundárias. Estas vel repercussão no redigir.
últimas podem esclarecer o sentido daquelas,
detalhá-las, exemplificá-las; mas existem também Estrutura e Formação de Palavras
idéias secundárias que não acrescentam informa-
ção alguma ao texto, nem têm maior relação com Observe as seguintes palavras:
as fundamentais, podendo, por isso, ser dispen-
sadas. Escol-A

A clareza deve ser a qualidade básica de todo Escol-Ar


texto oficial, conforme já sublinhado na introdução
Escol-Arização
deste capítulo. Pode-se definir como claro aquele
texto que possibilita imediata compreensão pelo Escol-Arizar
leitor. No entanto a clareza não é algo que se
atinja por si só: ela depende estritamente das Sub-Escol-Arização
demais características da redação oficial. Para
ela concorrem: Observando-as, percebemos que há um elemento
comum a todas elas: a forma escol-.
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de
interpretações que poderia decorrer de um trata- Além disso, em todas há elementos destacáveis,
mento personalista dado ao texto; responsáveis por algum detalhe de significação.

b) o uso do padrão culto de linguagem, em princí- Compare, por exemplo, escola e escolar: partindo
pio, de entendimento geral e por definição avesso de escola, formou-se escolar pelo acréscimo do
a vocábulos de circulação restrita, como a gíria e elemento destacável-ar.
o jargão;
Por meio desse trabalho de comparação entre as
c) a formalidade e a padronização, que possibili- diversas palavras que selecionamos, podemos
tam a imprescindível uniformidade dos textos; depreender a existência de diferentes elementos
formadores.
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os
excessos lingüísticos que nada lhe acrescentam. Cada um desses elementos formadores é uma
unidade mínima de significação, um elemento
É pela correta observação dessas características significativo indecomponível, a que damos o no-
que se redige com clareza. Contribuirá, ainda, a me de morfema.
indispensável releitura de todo texto redigido. A
ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscu- Classificação dos Morfemas:
ros e de erros gramaticais provém principalmente
da falta da releitura que torna possível sua corre- Radical
ção.
Há um morfema comum a todas as palavras que
Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, estamos analisando: escol-. É esse morfema
ainda, se ele será de fácil compreensão por seu comum – o radical – que faz com que as conside-
destinatário. O que nos parece óbvio pode ser remos palavras de uma mesma família de signifi-
desconhecido por terceiros. cação – os cognatos. O radical é a parte da pala-
vra responsável por sua significação principal.
O domínio que adquirimos sobre certos assuntos
em decorrência de nossa experiência profissional Afixos
muitas vezes faz com que os tomemos como de
conhecimento geral, o que nem sempre é verda- Como vimos, o acréscimo do morfema –ar cria
de. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os uma nova palavra a partir de escola. De maneira
termos técnicos, o significado das siglas e abrevi- semelhante, o acréscimo dos morfemas sub- e –
arização à forma escol- criou subescolarização.

19
Esses morfemas recebem o nome de afixos. pretérito imperfeito do pretérito imperfeito do
Quando são colocados antes do radical, como indicativo) subjuntivo)
acontece com sub-, os afixos recebem o nome
deprefixos. Quando, como –arização, surgem -mos:desinência número- -is: desinência número-
depois do radical os afixos são chamados pessoal (caracteriza a pessoal (caracteriza a
de sufixos. primeira pessoa do plu- segunda pessoa do
ral) plural)
Prefixos e sufixos, além de operar mudança de
classe gramatical, são capazes de introduzir mo-
dificações de significado no radical a que são
acrescentados.
Vogal Temática
Desinências
Observe que, entre o radical cant- e a desinência
Quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se for- verbal surge sempre o morfema –a.
mas como amava, amavas, amava, amávamos Esse morfema, que liga o radical às desinências,
amáveis, amavam. Essas modificações ocorrem à é chamado de vogal temática. Sua função é ligar-
medida que o verbo vai sendo flexionado em nú- se ao radical, constituindo o chamado tema. É ao
mero (singular e plural) e pessoa (primeira se- tema (radical + vogal temática) que se acrescen-
gunda ou terceira). Também ocorrem se modifi- tam as desinências. Tanto os verbos como os
carmos o tempo e o modo do verbo (amava, ama- nomes apresentam vogais temáticas.
ra, amasse, por exemplo).
• Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o,
Podemos concluir, assim, que existem morfemas quando átonas finais, como em mesa, artista,
que indicam as flexões das palavras. Esses mor- busca, perda, escola, triste, base, combate. Nes-
femas sempre surgem no fim das palavras variá- ses casos, não poderíamos pensar que essas
veis e recebem o nome de desinências. Há desi- terminações são desinências indicadoras de gê-
nências nominais e desinências verbais. nero, pois a mesa, escola, por exemplo, não so-
frem esse tipo de flexão. É a essas vogais temáti-
• Desinências nominais: indicam o gênero e o cas que se liga a desinência indicadora de plural:
número dos nomes. Para a indicação de gênero, mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados
o português costuma opor as desinências -o/-a: em vogais tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por
garoto/garota; menino/menina. exemplo) não apresentam vogal temática.

Para a indicação de número, costuma-se utilizar o • Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que
morfema –s, que indica o plural em oposição à caracterizam três grupos de verbos a que se dá o
ausência de morfema, que indica o singular: garo- nome de conjugações. Assim, os verbos cuja
to/garotos; garota/garotas; menino/meninos; me- vogal temática é -a pertencem à primeira conju-
nina/meninas. gação; aqueles cuja vogal temática é -
e pertencem à segunda conjugação e os que têm
No caso dos nomes terminados em –r e –z, a vogal temática -i pertencem à terceira conjuga-
desinência de plural assume a forma -es: ção.
mar/mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes.
Primeira conju- Segunda conju- Terceira conju-
• Desinências verbais: em nossa língua, as desi- gação gação gação
nências verbais pertencem a dois tipos distintos.
Há aqueles que indicam o modo e o tempo (desi- Govern-a-va Estabelec-e-sse Defin-i-ra
nências modo-temporais) e aquelas que indicam
o número e a pessoa dos verbos (desinência
número-pessoais): Atac-a-va Cr-e-ra Imped-i-sse

cant-á-va-mos cant-á-sse-is Realiz-a-sse Mex-e-rá Ag-i-mos

cant:
cant: radical
Vogal ou Consoante de Ligação
radical
As vogais ou consoantes de ligação são morfe-
-á-: vogal temática -á-: vogal temática mas que surgem por motivos eufônicos, ou seja,
para facilitar ou mesmo possibilitar a leitura de
-va-: desinência modo- -sse-:desinência modo- uma determinada palavra.
temporal (caracteriza o temporal (caracteriza o

20
Temos um exemplo de vogal de ligação na pala- Vejamos a análise mórfica (uh!) da palavra linda.
vra escolaridade: o -i- entre os sufixos -ar- e - Onde estará o morfema lexical e o morfema gra-
dade facilita a emissão vocal da palavra. Outros matical?
exemplos: gasômetro, alvinegro, tecnocracia,
paulada, cafeteira, chaleira, tricota. Linda = lind – este é o morfema lexical indicando
o conceito básico da palavra: alguma coisa, ou
Os Elementos Mórficos alguém, homem ou mulher, de grande beleza.

linda = lind-a – o ‗a‘ é o morfema gramatical


que indica que a palavra está no gênero feminino
e no singular.

Vale observar aqui uma das propriedades dos


morfemas. Se mudarmos o morfema gramatical
‗a‘ para o morfema gramatical ‗o‘, a palavra flexi-
ona apenas o gênero, mantendo intacta a ideia de
grande beleza. Se mexermos no morfema lexical,
iremos alterar a raiz(1) da palavra e, consequen-
temente, seu conceito, sua ideia, seu significado
primitivo; tire o morfema lexical „lind‟, colo-
que „fei‟ e verá o que acontece.

Além disso, podemos brincar ainda mais. Inclua o


morfema gramatical ‗s‘ no final e a palavra será
flexionada em número.

Fei – a lind – a

Fei – a – s lind – a – s

Olá, ilustres! Como estão? Bem? I hope so! Fei – o lind – o

O título desta matéria é meio sinistro, não é? "Os Fei – o – s lind – o – s


elementos mórficos".

É... "forte", mas não há motivos para medo; pro-


Radical, Desinência, Afixo, Vogal Temática e
meto que essas coisas não irão assustá-los nem
Tema
mordê-los nem deixá-los loucos; são apenas mais
daqueles termos "pesados" da normatividade. Radical - (1) Falamos há pouco de raiz; sim, o
Esta matéria dá início aos nossos estudos morfo- morfema lexical é também chamado de raiz da
lógicos; inofensiva; sério! Bem-vindos à Morfolo- palavra ou radical. O radical vem carregado de
gia. sentido dando significado e rumo à palavra. Com-
binando o radical com alguns vários morfemas
Bom, se já está lendo este parágrafo, está na
gramaticais, é possível formar palavras cognatas.
hora de saber uma coisinha: usei o título "elemen-
―Ó pai, ó‖:
tos mórficos" só pra dar um pouco de tensão na
matéria. Na verdade, essas coisas são mais co- -a
nhecidas como morfemas. Ah, agora sim, né?
Muito bom… clareou, clareou. -eiro
Em uma palavra temos os morfemas como uni- morfema lexical (radical) pedr- -
dades possuidoras de significado. Há morfemas eira morfemas gramaticais
lexicais e morfemas gramaticais.
-ada
Morfemas lexicais (lexemas ou semantemas):
indicam o significado primitivo da palavra; a ideia -ejar
básica.
Desinência (morfemas flexionais) – as desi-
Morfemas gramaticais (gramemas ou forman- nências indicam as flexões das palavras. Temos:
tes): indicam as flexões da palavra quanto ao
gênero, número, pessoa, modo e tempo. Desinências nominais – ‗o‘ indicando gênero
masculino

21
– ‗a‘ indicando gênero feminino Resposta: T = estuda- (quem disse que
gramática não pode ser exata?)
– ‗s‘ indicando o plural (o singular é caracterizado
pela ausência de uma desinência. Morfema-zero, Ufa! Acho que basta por agora, né?
Ø)
Fala a verdade, não são tão assustadores, são?
Desinências verbais – indicam o modo, tempo,
pessoa e número nas formas verbais: É um prazer saber que estás lendo estas últimas
frases. A próxima matéria da parte de morfologia
escrev – erão = indicativo / futuro / 3ª pessoa / será formação das palavras. É melhor ter fôlego;
plural vai ser uma saga.

escrev – i = indicativo / pretérito perfeito / 1ª pes- Sinonímia, Antonímia, Homonímia e Paronímia


soa / singular
Sinonímia é um processo muito utilizado por
Afixos (morfemas derivacionais) – geralmente falantes de uma língua. Sabe quando não quere-
modificam o sentido da raiz à qual se agregam, mos repetir o mesmo termo ou palavra a todo
formando palavras novas. Temos dois tipos de momento? Uma das maneiras de sanarmos esse
afixos, os prefixos e os sufixos. problema é com uso de sinônimos.

Por exemplo, se digo: ―Passe um dia na mi-


- Os prefixos são os afixos que se antepõem ao nha casa.‖ e quiser referir-me novamente ao ter-
radical: mo sublinhado ―casa‖, posso lançar mão de um
sinônimo para não o ter que repetir: ―Passe um
Desleal dia na minha casa e verá como meu lar é acon-
chegante.‖
- Os sufixos são os afixos que se pospõem ao
radical: Para saber se o candidato domina mais esse
subterfúgio da Língua Portuguesa, a banca pede
Terreiro a ele que substitua palavras ou termos retirados
do texto e assinale em qual opção encontram-se
Vogal temática – é a responsável pela ligação aqueles que não alteram o sentido, ou os que
entre o radical e as demais desinências ou sufi- alteram.
xos. Analisemos os elementos formativos da pa-
lavra estudamos. Para se resolver esse tipo de questão é importan-
te que o candidato tenha um certo domínio lexi-
estud – a – mos (o morfema ‗a‘ liga o radical ‗es- cal, ou seja, que conheça muitas palavras, o que
tud‘ com a desinência verbal 'mos'; vogal temáti- é possível conseguir por meio de muita, mas mui-
ca, portanto) ta leitura.
Tema – este é fácil; é igual a uma fórmula mate- Pode-se ler de tudo. Jornais, revistas, livros, bu-
mática: las de remédio, outdoors, placas de trânsito… o
fundamental é ser um leitor crítico, aquele que
T = R + VT
busca informação, que reflete a respeito.
Onde: T = tema
Antonímia nada mais é do que palavras que
R = radical possuem significados contrários, como largo e
estreito, dentro e fora, grande e pequeno. O im-
VT = vogal temática portante, aqui, é saber que os significados
são opostos, ou seja, excluem-se.
Sendo assim, localizemos o tema da pala-
vra estudamos. Homonímia é a identidade fonética e/ou gráfica
de palavras com significados diferentes. Existem
T = R + VT três tipos de homônimos:

R = estud-  Homônimos homógrafos – palavras de


mesma grafia e significado diferente. Exemplo:
VT = -a- jogo (substantivo) e jogo (verbo).

Logo: T = estud + a  Homônimos homófonos – palavras com


mesmo som e grafia diferente. Exemplo: cessão

22
(ato de ceder), sessão (atividade), seção (setor) e Incipiente (principiante)
secção (corte).
Insipiente (ignorante),
 Homônimos homógrafos e homófonos –
palavras com mesma grafia e mesmo som. E- Incontinente (imoderado)
xemplo: planta (substantivo) e planta (verbo);
morro (substantivo) e morro (verbo). Incontinenti (imediatamente),

Paronímia é a semelhança gráfica e/ou fonética Mandado (ato de mandar)


entre palavras. É o caso dos pares de palavras
Mandato (procuração),
anteriormente expostas.
Paço (palácio)
Outros exemplos de parônimos:
Passo (marcha),
Acender (atear fogo)
Ratificar (validar)
Ascender (subir),
Retificar (corrigir),
Acento (sinal gráfico)
Tapar (fechar)
Assento (cadeira),
Tampar (cobrir com tampa),
Acerca de (a respeito de)
Vultoso (volumoso)
A cerca de (distância aproximada)
Vultuoso (rosto vermelho e inchado).
Há cerca de (aproximadamente),
Ortografia Oficial
Afim (parente)
O objetivo deste guia é expor ao leitor, de manei-
A fim (para),
ra objetiva, as alterações introduzidas na ortogra-
Ao invés de (ao contrário de) fia da língua portuguesa pelo Acordo Ortográfico
da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em
Em vez de (em lugar de), 16 de dezembro de 1990, por Portugal, Brasil,
Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Gui-
Apreçar (tomar preço) né-Bissau, Moçambique e, posteriormente, por
Timor Leste. No Brasil, o Acordo foi aprovado
Apressar (dar pressa), pelo Decreto Legislativo no 54, de 18 de abril de
1995.
Asado (alado)
Esse Acordo é meramente ortográfico; portanto,
Azado (oportuno), restringe-se à língua escrita, não afetando ne-
nhum aspecto da língua falada. Ele não elimina
Assoar (limpar o nariz) todas as diferenças ortográficas observadas nos
países que têm a língua portuguesa como idioma
Assuar (vaiar),
oficial, mas é um passo em direção à pretendida
À-toa (ruim) unificação ortográfica desses países.

À toa (sem rumo), Este guia foi elaborado de acordo com a 5.ª edi-
ção do Vocabulário Ortográfico da Língua Portu-
Descriminar (inocentar) guesa (VOLP), publicado pela Academia Brasilei-
ra de Letras em março de 2009.
Discriminar (separar),
Mudanças no alfabeto
Despensa (depósito)
O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintrodu-
Dispensa (licença), zidas as letras k, w e y. O alfabeto completo pas-
sa a ser:
Flagrante (evidente)
A B C D E F G H I J
Fragrante (perfumoso), K L M N O P Q R S
TUVWXYZ

23
As letras k, w e y, que na verdade não tinham Atenção: o trema permanece apenas nas pala-
desaparecido da maioria dos dicionários da nossa vras estrangeiras e em suas derivadas. Exem-
língua, são usadas em várias situações. Por e- plos: Müller, mülleriano.
xemplo:
Mudanças nas Regras de Acentuação
 na escrita de símbolos de unidades de
medida: km (quilômetro), kg (quilograma), W 1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos
(watt); éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que
têm acento tônico na penúltima sílaba).
 na escrita de palavras e nomes estrangei-
ros (e seus derivados): show, playboy, play- Como era Como fica
ground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kai-
ser, Kafka, kafkiano.
Alcalóide Alcaloide
Trema
Alcatéia Alcateia
Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre
a letra u para indicar que ela deve ser pronuncia-
Andróide Androide
da nos grupos gue, gui, que, qui.

Como era Como fica Apóia (verbo apoiar)apoia

Agüentar Aguentar Apóio (verbo apoiar)apoio

Argüir Arguir Asteróide Asteroide

Bilíngüe Bilíngue Bóia Boia

Cinqüenta Cinquenta Celulóide Celuloide

Delinqüente Delinquente Clarabóia Claraboia

Eloqüente Eloquente Colméia Colmeia

Ensangüentado Ensanguentado Coréia Coreia

Eqüestre Equestre Debilóide Debiloide

Freqüente Frequente Epopéia Epopeia

Lingüeta Lingueta Estóico Estoico

Lingüiça Linguiça Estréia Estreia

Qüinqüênio Quinquênio Estréio (verbo estrear) Estreio

Sagüi Sagui Geléia Geleia

Seqüência Sequência Heróico Heroico

Seqüestro Sequestro Idéia Ideia

Tranqüilo Tranquilo Jibóia Jiboia

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Jóia Joia Dôo (verbo doar) Doo

Odisséia Odisseia Enjôo Enjoo

Paranóia Paranoia Lêem (verbo ler) Leem

Paranóico Paranoico Magôo (verbo magoar) Magoo

Platéia Plateia Perdôo (verbo perdoar) Perdoo

Tramóia Tramoia Povôo (verbo povoar) Povoo

Atenção: essa regra é válida somente para pala- Vêem (verbo ver) Veem
vras paroxítonas. Assim, continuam a ser acentu-
adas as palavras oxítonas e os monossílabos
tônicos terminados em éis e ói(s). Exemplos: pa- Vôos Voos
péis, herói, heróis, dói (verbo doer), sóis etc.
Zôo Zoo
2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o
acento no i e no u tônicos quando vierem depois
de um ditongo.
4. Não se usa mais o acento que diferenciava os
Como era Como fica pares pára/para, péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s),
pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
Baiúca Baiuca
Como era Como fica
Bocaiúva Bocaiuva*
Ele pára o carro. Ele para o carro.
Cauíla Cauila**
Ele foi ao pólo Norte. Ele foi ao polo Norte.
* Bacaiuva = certo tipo de palmeira
**Cauila = avarento Ele gosta de jogar pólo. Ele gosta de jogar polo.

Atenção:
Esse gato tem pêlos Esse gato tem pelos
 Se a palavra for oxítona e o i ou o u estive- brancos. brancos.
rem em posição final (ou seguidos de s), o acento
permanece. Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí; Comi uma pêra. Comi uma pera.

 Se o i ou o u forem precedidos de ditongo Atenção:


crescente, o acento permanece. Exemplos: guaí-
ba, Guaíra.  Permanece o acento diferencial em pô-
de/pode. Pôde é a forma do passado do verbo
poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3ª pes-
soa do singular. Pode é a forma do presente do
3. Não se usa mais o acento das palavras termi- indicativo, na 3ª pessoa do singular.
nadas em êem e ôo(s). Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais cedo,
mas hoje ele pode.
Como era Como fica
 Permanece o acento diferencial em pôr/por.
Abençôo Abençoo Pôr é verbo. Por é preposição. Exemplo: Vou pôr
o livro na estante que foi feita por mim.
Crêem (verbo crer) Creem
 Permanecem os acentos que diferenciam o
singular do plural dos verbos ter e vir, assim co-
Dêem (verbo dar) Deem mo de seus derivados (manter, deter, reter, con-
ter, convir, intervir, advir etc.).

25
girassol, madressilva, mandachuva, pontapé,
Exemplos: paraquedas, paraquedista, paraquedismo.
Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba. 2. Usa-se o hífen em compostos que têm pala-
Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra. vras iguais ou quase iguais, sem elementos de
Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos ligação. Exemplos: reco-reco, blá-blá-blá, zum-
estudantes. zum, tico-tico, tique-taque, cri-cri, glu-glu, rom-
Ele detém o poder. / Eles detêm o poder. rom, pingue-pongue, zigue-zague, esconde-
Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm esconde, pega-pega, corre-corre.
em todas as aulas.
3. Não se usa o hífen em compostos que apre-
É facultativo o uso do acento circunflexo para sentam elementos de ligação. Exemplos: pé de
diferenciar as palavras forma/fôrma. Em alguns moleque, pé de vento, pai de todos, dia a dia, fim
casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. de semana, cor de vinho, ponto e vírgula, camisa
Veja este exemplo: Qual é a forma da fôrma do de força, cara de pau, olho de sogra.
bolo?
Incluem-se nesse caso os compostos de base
5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico oracional. Exemplos: maria vai com as outras,
das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, leva e traz, diz que diz que, deus me livre, deus
do presente do indicativo dos verbos arguir e nos acuda, cor de burro quando foge, bicho de
redarguir. sete cabeças, faz de conta.

6. Há uma variação na pronúncia dos verbos ter- * Exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-
minados em guar, quar e quir, como aguar, ave- de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-
riguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, dará, à queima-roupa.
delinquir etc. Esses verbos admitem duas pro-
núncias em algumas formas do presente do indi- 4. Usa-se o hífen nos compostos entre cujos ele-
cativo, do presente do subjuntivo e também do mentos há o emprego do apóstrofo. Exemplos:
imperativo. Veja: gota-d'água, pé-d'água.

5. Usa-se o hífen nas palavras compostas deriva-


 Se forem pronunciadas com a ou i tônicos,
das de topônimos (nomes próprios de lugares),
essas formas devem ser acentuadas.
com ou sem elementos de ligação. Exemplos:
Exemplos:
Belo Horizonte - belo-horizontino
verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua,
enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem. Porto Alegre - porto-alegrense
verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque,
delínquem; delínqua, delínquas, delínquam. Mato Grosso do Sul - mato-grossense-do-sul
 Se forem pronunciadas com u tônico, es- Rio Grande do Norte - rio-grandense-do-norte
sas formas deixam de ser acentuadas.
Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, Õfrica do Sul - sul-africano
deve ser pronunciada mais fortemente que as
outras): 6. Usa-se o hífen nos compostos que designam
verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, espécies animais e botânicos (nomes de plantas,
enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem. flores, frutos, raízes, sementes), tenham ou não
verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, elementos de ligação. Exemplos: bem-te-vi, pei-
delinquem; delinqua, delinquas, delinquam. xe-espada, peixe-do-paraíso, mico-leão-dourado,
andorinha-da-serra, lebre-da-patagônia, erva-
Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a doce, ervilha-de-cheiro, pimenta-do-reino, peroba-
primeira, aquela com a e i tônicos. do-campo, cravo-da-índia.

Uso Do Hífen Com Compostos Obs.: não se usa o hífen, quando os compostos
que designam espécies botânicas e zoológicas
1. Usa-se o hífen nas palavras compostas que são empregados fora de seu sentido original.
não apresentam elementos de ligação. Exemplos: Observe a diferença de sentido entre os pares:
guarda-chuva, arco-íris, boa-fé, segunda-feira,
mesa-redonda, vaga-lume, joão-ninguém, porta- a) bico-de-papagaio (espécie de planta orna-
malas, porta-bandeira, pão-duro, bate-boca. mental) - bico de papagaio (deformação nas
vértebras).
*Exceções: Não se usa o hífen em certas pala-
vras que perderam a noção de composição, como

26
b) olho-de-boi (espécie de peixe) - olho de boi 1. Com os prefixos sub e sob, usa-se o hífen
(espécie de selo postal).Uso do hífen com prefi- também diante de palavra iniciada por r. Exem-
xos plos:

As observações a seguir referem-se ao uso do Sub-região


hífen em palavras formadas por prefixos (anti, Sub-reitor
super, ultra, sub etc.) ou por elementos que po- Sub-regional
dem funcionar como prefixos (aero, agro, auto, Sob-roda
eletro, geo, hidro, macro, micro, mini, multi, neo
etc.). 2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen
diante de palavra iniciada por m, n e vogal. E-
Casos Gerais xemplos:

1. Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h. Circum-murado


Exemplos: Circum-navegação
Pan-americano
Anti-higiênico
Anti-histórico 3. Usa-se o hífen com os prefixos ex, sem, além,
Macro-história aquém, recém, pós, pré, pró, vice.
Mini-hotel
Proto-história Exemplos:
Sobre-humano
super-homem Além-mar
ultra-humano além-túmulo
aquém-mar
2. Usa-se o hÃfen se o prefixo terminar com a ex-aluno
mesma letra com que se inicia a outra palavra. ex-diretor
Exemplos: ex-hospedeiro
ex-prefeito
Micro-ondas ex-presidente
anti-inflacionã¡rio pós-graduação
sub-bibliotecã¡rio pré-história
inter-regional pré-vestibular
pró-europeu
3. Não se usa o hífen se o prefixo terminar com recém-casado
letra diferente daquela com que se inicia a outra recém-nascido
palavra. sem-terra
vice-rei
Exemplos:
4. O prefixo co junta-se com o segundo elemento,
Autoescola mesmo quando este se inicia por o ou h. Neste
antiaéreo último caso, corta-se o h. Se a palavra seguinte
intermunicipal começar com r ou s, dobram-se essas letras.
supersônico Exemplos:
superinteressante
agroindustrial coobrigação
aeroespacial coedição
semicírculo coeducar
cofundador
* Se o prefixo terminar por vogal e a outra palavra coabitação
começar por r ou s, dobram-se essas letras. coerdeiro
Exemplos: corréu
corresponsável
Minissaia cosseno
antirracismo
ultrassom 5. Com os prefixos pre e re, não se usa o hífen,
semirreta mesmo diante de palavras começadas por e.
Exemplos:
Casos Particulares
preexistente
preelaborar

27
reescrever 5. Para clareza gráfica, se no final da linha a par-
reedição tição de uma palavra ou combinação de palavras
coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na
6. Na formação de palavras com ab, ob e ad, linha seguinte.
usa-se o hífen diante de palavra começada por b,
d ou r. Exemplos:

Exemplos: Na cidade, conta--se que ele foi viajar.

ad-digital O diretor foi receber os ex--alunos.


ad-renal
ob-rogar Emprego de Letras
ab-rogar
O conjunto de letras empregadas na comunica-
Outros Casos Do Uso Do Hífen ção escrita chama-se alfabeto. O alfabeto da
Língua Portuguesa é composto de 23 letras sen-
1. Não se usa o hífen na formação de palavras do cinco vogais e dezoito consoantes.
com não e quase.
As letras K, W e Y não integram o nosso alfabeto,
Exemplos: mas são aceitas em abreviaturas, símbolos e na
grafia de palavras estrangeiras, habitualmente
(acordo de) não agressão utilizadas no vocabulário cotidiano e que ainda
não foram traduzidas para o nosso idioma.
(isto é um) quase delito
Divisão Silábica
2. Com mal*, usa-se o hífen quando a palavra
seguinte começar por vogal, h ou l. A divisão das sílabas em português se faz, de um
modo geral, obedecendo à pronúncia das pala-
Exemplos: vras. Para tal, devem ser levadas em conta as
seguintes regras.
mal-entendido
mal-estar 1. Não se separam os ditongos e tritongos.
mal-humorado
mal-limpo Ex.: pei-xe, pau-sa, te-sou-ro, en-cai-xar, i-guais,
Pa-ra-guai, sa-guão
* Quando mal significa doença, usa-se o hífen se
não houver elemento de ligação. Exemplo: mal- 2. Separam-se os hiatos.
francês. Se houver elemento de ligação, escreve-
se sem o hífen. Exemplos: mal de lázaro, mal de Ex.: ru-í-do, sa-ú-de, en-jô-o, co-or-de-nar
sete dias.
3. Separam-se os dígrafos RR, SS, SC, SÇ e XC
3. Usa-se o hífen com sufixos de origem tupi-
guarani que representam formas adjetivas, como Ex.: car-ro, pas-so, nas-cer, nas-ça, ex-ce-der
açu, guaçu, mirim.
Obs.: Os demais dígrafos da língua (nh, lh, ch, qu
Exemplos: etc.) não admitem separação.

capim-açu Ex.: fi-lho, que-ro, fi-cha


amoré-guaçu
anajá-mirim 4. Quanto aos encontros consonantais, temos:

4. Usa-se o hífen para ligar duas ou mais pala- a. próprios ou inseparáveis (quando a última
vras que ocasionalmente se combinam, formando vogal é l ou r)
não propriamente vocábulos, mas encadeamen-
tos vocabulares. Ex.: a-tle-ta, a-gra-dar, a-bra-çar (br)

Exemplos: b. impróprios ou separáveis (deve ser separado,


sendo a última consoante destacada para formar
ponte Rio-Niterói sílaba com a vogal seguinte)

eixo Rio-São Paulo Ex.: rit-mo, ad-vo-ga-do, dig-no (gn), su-pers-tição


(rst), felds-pa-to (ldsp)

28
5. Separam-se as letras r e s dos prefixos quando Ex.: ab-rogar, ad-rogar, ob-repção,
a palavra a que eles se ligam começa por vogal.
6. pré, pró, pós, além, aquém, recém: sempre
Ex.: su-pe-ra-bun-dan-te, bi-sa-vô, su-per-mer-ca- com hífen.
do, bis-ne-to
Ex.: pré-militar, pós-guerra, além-túmulo, aquém-
6) Separa-se a letra b do prefixo sub quando a mar, recém-casado
palavra a que ele se liga começa por vogal.
Se os prefixos pré, pró e pós não forem acentua-
Ex.: su-ba-é-reo, su-bo-fi-ci-al, sub-se-ção, sub- dos, não haverá hífen.
te-nen-te
Ex.: preexistente, prorrogar, pospor.
6. Quando a palavra termina em fonemas vocáli-
cos, temos várias possibilidades. São exceções as palavras alentejo, alentejano,
aquentejo, aquentejano.
I) Um ditongo Ex.: se-cre-tá-ria
7. bem, sem: sempre com hífen.
II) Um hiato Ex.: se-cre-ra-ri-a
Ex.: bem-aventurança, sem-teto.
Emprego do Hífen
São exceções as palavras benfeitor, benfeitoria,
O hífen é um sinal gráfico cujo emprego requer benquisto, benfazejo.
cuidado.
8. vice, ex (significando "o que não é mais"):
I) Emprega-se o hífen em formas verbais com sempre com hífen.
pronome átono enclítico ou mesoclítico.
Ex.: vice-presidente, ex-deputado
Ex.: admiti-lo, depô-los, levá-la-ei, pedi-las-á
9. sota, soto: sempre com hífen.
II) Usa-se o hífen em substantivos ou adjetivos
compostos. Ex.: sota-piloto, soto-mestre

Ex.: guarda-roupa, amor-perfeito, surdo-mudo Excetuam-se as palavras sotavento e sotopor

III) Usa-se o hífen em palavras formadas por pre- 10. bi, di, tri, poli, re, uni, macro, micro, mini:
fixação, conforme as regras seguintes. sempre sem hífen.

1. pseudo, semi, infra, contra, auto, neo, extra, Ex.: bicampeão, polissílabo, redistribuir, acroeco-
proto, intra, ultra, supra: antes de H, R, S, ou nomia, minissaia.
VOGAL.
Existem expressões em que se pode usar o hífen
Ex.: proto-história, neo-romântico, pseudo-sábio, ou não, dependendo do sentido. Neste caso,
semi-árido ocorrerá o hífen se se tratar de um nome compos-
to:
A exceção é a palavra extraordinário.
Fizeram tudo sem vergonha (destituídos de ver-
2. ante, anti, arqui, sobre: antes de H, R ou S. gonha)

Ex.: sobre-humano, anti-rábico, ante-socrático Meu vizinho é um sem-vergonha

São exceções: sobressair (e flexões), sobressal- Ele é bem-educado.


tar (e flexões), sobressalto.
Ele foi bem educado pelos pais.
3. super, inter, hiper: antes de H ou R.
O ar-condicionado está com defeito.
Ex.: super-homem, inter-relacionamento
Não me sinto bem no ar condicionado.
4. mal, pan, circum: antes de H ou VOGAL.
As crianças brincavam de cabra-cega.
Ex.: mal-educado, pan-helenismo, circum-
hospitalar Tenho uma cabra cega.

5. ab, ad, ob, sob, sub: antes de R. Comprei um ótimo dois-quartos.

29
Minha casa tem dois quartos. Pronome Substantivo X Pronome Adjetivo

Aqui há um sem-número de equívocos. Esta classificação pode ser atribuída a qualquer


tipo de pronome, podendo variar em função do
Era uma propriedade sem número. contexto frasal.
Era uma pessoa à-toa. Pron. Substantivo: substitui um substantivo, re-
presentando-o. (ele prestou socorro)
Todos ali viviam à toa.
Pron. Adjetivo: acompanha um substantivo, de-
Comi um delicioso pé-de-moleque. terminando-o. (Aquele rapaz é belo)
Pé de moleque está sempre machucado. Obs.: Os pronomes pessoais são sempre subs-
tantivos
O seu dia-a-dia foi complicado.
Pessoas Do Discurso
Progrediremos dia a dia.
São três:
O candidato partiu para o corpo-a-corpo.
1ª pessoa: aquele que fala emissor
Os atletas disputaram corpo a corpo.
2ª pessoa: aquele com quem se fala receptor
Expressões que suscitam dúvidas:
3ª pessoa: aquele de que ou de quem se fala,
Com Hífen referente
Azeite-de-dendê, erva-mate, bem-estar, jardim- Tipos De Pronomes
de-infância, bem-vindo, livre-arbítrio, boa-fé, má-
fé, capim-gordura, mala-direta, capim-limão, · pessoal · demonstra · indefinid
maus-tratos, cartão-postal, obra-de-arte, dona-de- tivo o
casa, pôr-do-sol, dor-de-cotovelo (gír.), tão-só, · possess
edifício-garagem, tão-somente, erva-cidreira, ivo · relativo · interroga
zero-quilômetro, erva-doce, tivo
Sem Hífen Pessoal
Aperto de mão, dor de ouvido, azeite de oliva, má Indicam uma das três pessoas do discurso, subs-
vontade, boa vontade, marcha a ré, bom senso, tituindo um substantivo. Podem também repre-
meio ambiente, cadeira de balanço, óleo de soja, sentar, quando na 3ª pessoa, uma forma nominal
cartão de crédito, óleo de milho, chefe de família, anteriormente expressa.
olho mágico, disco voador, pai de família, dor de
dente, ponto de vista, dor de garganta, sangue Ex.:A moça era a melhor secretária, ela mesma
frio, ser humano. agendava os compromissos do chefe.
Pronomes Apresentam variações de forma dependendo da
função sintática que exercem na frase, dividindo-
Pronome é a palavra variável em gênero, número se em retos e oblíquos.
e pessoa que substitui ou acompanha o nome,
indicando-o como pessoa do discurso. Quando o Pronomes pessoais
pronome substituir um substantivo, será deno-
minado pronome substantivo; quando acompa- Número Pessoa Pronomes Pronomes oblí-
nhar um substantivo, será denominado pronome retos quos
adjetivo. Por exemplo, na frase Aqueles garotos
estudam bastante; eles serão aprovados com Tônicos Átonos
louvor. Aqueles é um pronome adjetivo, pois a-
companha o substantivo garotos eeles é um pro- 1a. Eu Mim, Me
nome substantivo, pois substitui o mesmo subs- 2a. tu comigo te
tantivo. Singular 3a. ele, ela ti, contigo se, o,
ele, ela, a, lhe
si, consi-
go

30
1a. Nós Nós, Nos pessoa e de Sua, quando fizermos referência a
2a. vós conosco vos ela. Troca-se na abreviatura o V. pelo S.
Plural 3a. eles, elas vós, con- se, os,
vosco as, · quando precedidos de preposição, os pron.
eles, lhes retos (exceto eu e tu) passam a funcionar como
elas, si, oblíquos
consigo
· os pron. acompanhados das pala-
Os pron. pessoais retos desempenham, normal- vras só ou todos assumem a forma reta (Estava
mente, função de sujeito; enquanto os oblíquos, só ele no banco / Encontramos todos eles ali)
geralmente, de complemento.
· as formas oblíquas o, a, os, as não vêm
Obs.: os pron. oblíquos tônicos devem vir regidos precedidas de preposição; enquan-
de preposição. to lhe e lhes vêm regidos das preposi-
ções a ou para (não expressas)
Em comigo, contigo, conosco econvosco, a pre-
posição com já é parte integrante do pronome. · eu e tu não podemos vir precedidos de
preposição, exceto se funcionarem como sujeito
Os pron. de tratamento estão enquadrados nos de um verbo no infinitivo (Isto é para eu fazer ?
pron. pessoais. São empregados como referência para mim fazer)
à pessoa com quem se fala (2ª pess.), entretanto,
a concordância é feita com a 3ª pess. · me, te, se, nos, vos - podem ter valor refle-
xivo
Abrev. Tratamento Uso
· se, nos, vos - podem ter valor reflexivo e
V. A. Vossa Alteza Príncipes, arqui- recíproco
duques, duques
· si e consigo - têm valor exclusivamente
V. Em.ª Vossa Eminência Cardeais reflexivo

V. Ex.ª Vossa Excelência Altas autoridades · conosco e convosco devem aparecer na


do governo e das sua forma analítica (com nós e com vós) quando
classes armadas vierem com modificadores (todos, outros, mes-
mos, próprios ou um numeral)
V. Mag.ª Vossa Magnificên- Reitores das uni-
· o, a, os e as viram lo(a/s), quando associa-
cia versidades
dos a verbos terminados em r, s ou z e viram-
V. M. Vossa Majestade Reis, imperadores no(a/s), se a terminação verbal for em ditongo
nasal
V. Vossa Reverendís- Sacerdotes em
ma · os pron. pess. retos podem desempenhar
Rev. sima geral
função de sujeito, predicativo do sujeito ou vocati-
V. S. Vossa Santidade Papas vo, este último com tu e vós (Nós temos uma
proposta / Eu sou eu e pronto / Ó, tu, Senhor
V. S.ª Vossa Senhoria Funcionários pú- Jesus)
blicos graduados,
· pode-se omitir o pron. sujeito, pois as
oficiais até coro-
DNPs verbais bastam para indicar a pessoa gra-
nel, pessoas de
matical
cerimônia
· plural de modéstia - uso do "nós" em lugar
Obs.: também são considerados pron. de trata-
do "eu", para evitar tom impositivo ou pessoal
mento as formas você, vocês (provenientes da
redução de Vossa Mercê), Senhor, Senhora e · num sujeito composto é de bom tom colo-
Senhorita. car o pron. de 1ª pess. por último (José, Maria e
eu fomos ao teatro). Porém se for algo desagra-
Emprego
dável ou que implique responsabilidade, usa-se
·
as
você hoje é usado no lugar das 2 pessoas inicialmente a 1ª pess. (Eu, José e Maria fomos
(tu/vós), levando o verbo para a 3ª pessoa os autores do erro)

· as formas de tratamento serão precedidas · não se pode contrair as preposi-


de Vossa, quando nos dirigirmos diretamente à ções de e em com pronomes que sejam sujeitos

31
(Em vez de ele continuar, desistiu ? Vi as bolsas · indicando localização temporal -
dele bem aqui) este (presente), esse (passado próximo)
e aquele (passado remoto ou bastante vago)
· os pronomes átonos podem assumir valor
possessivo (Levaram-me o dinheiro) · fazendo referência ao que já foi ou será
dito no texto - este (ainda se vai falar) e esse (já
Obs.: as regras de colocação dos pronomes pes- mencionado)
soais do caso oblíquos átonos serão vistas em
separado · o, a, os, as são demonstrativos quando
equivalem a aquele (a/s)
Possessivo
· tal é demonstrativo se puder ser substituído
Fazem referência às pessoas do discurso, apre- por esse (a), este (a) ou aquele (a)
sentando-as como possuidoras de algo. Concor-
dam em gênero e número com a coisa possuída. · mesmo e próprio são demonstrativos
quando significarem "idêntico" ou "em pessoa".
Pronomes possessivos Concordam com o nome a que se referem

Pessoa Um possuidor Vários possui- · podem apresentar valor intensificador ou


dores depreciativo, dependendo do contexto frasal (Ele
estava com aquela paciência / Aquilo é um mari-
1ª Meu (s), minha Nosso (a/s) do de enfeite)
(s)
· nisso e nisto (em + pron.) podem ser usa-
2ª Teu (a/s) Vosso (a/s) dos com valor de "então" ou "nesse momen-
to"(Nisso, ela entrou triunfante)
3ª Seu (a/s) Seu (a/s)
Relativo
Emprego
Retoma um termo expresso anteriormente (ante-
· normalmente, vem antes do nome a que se cedente).
refere; podendo, também, vir depois do substanti-
vo que determina. Neste último caso, pode até São eles que, quem e onde - invariáveis; além
alterar o sentido da frase de o qual (a/s), cujo (a/s) e quanto (a/s).

· seu (a/s) pode causar ambigüidade, para Emprego


desfazê-la, deve-se preferir o uso do dele
(a/s)(Ele disse que Maria estava trancada · quem será precedido de preposição se
em sua casa - casa de quem?) estiver relacionado a pessoas ou seres personifi-
cados
· pode indicar aproximação numérica (ele
tem lá seus 40 anos) · quem = relativo indefinido quando é em-
pregado sem antecedente claro, não vindo prece-
· nas expressões do tipo "Seu João", seu dido de preposição
não tem valor de posse por ser uma alteração
fonética de Senhor · cujo (a/s) é empregado para dar a idéia de
posse e não concorda com o antecedente e sim
Demonstrativo com seu conseqüente

Indicam posição de algo em relação às pessoas · quanto (a/s) normalmente tem por antece-
do discurso, situando-o no tempo e/ou no espaço. dente os pronomes indefinidos tudo, tanto (a/s)
São: este (a/s), isto, esse (a/s), isso, aquele (a/s),
aquilo. Indefinido

Mesmo, próprio, semelhante, tal e o (a/s) podem Referem-se à 3ª pessoa do discurso quando con-
desempenhar papel de pron. demonstrativo. siderada de modo vago, impreciso ou genérico.
Podem fazer referência a pessoas, coisas e luga-
Emprego res. Alguns também podem dar idéia de conjunto
ou quantidade indeterminada.
· indicando localização no espaço -
este (aqui), esse (aí) e aquele (lá) Pronomes indefinidos

32
Pessoas Quem, alguém, ninguém, outrem masculinas e femininas. Temos os gêneros mas-
culinos e femininos.
Lugares Onde, algures, alhures, nenhures
As classes de palavras que apresentam flexão de
Coisas Que, qual, quais, algo, tudo, nada, gênero são: substantivo, adjetivo, artigo, pronome
todo (a/s), algum (a/s), vários (a), e numeral.
nenhum (a/s), certo (a/s), outro (a/s),
muito (a/s), pouco (a/s), quanto (a/s), - palavras do gênero masculino.
um (a/s), qualquer (s), cada
Seres animais: moço, menino, leão, gato, cantor.
Emprego
Coisas: pente, lápis, disco, amor, mar.
· algum, após o substantivo a que se refere,
assume valor negativo (= nenhum) (Computador - palavras do gênero feminino.
algum resolverá o problema)
Seres animais: moça, menina, leoa, gata, cantora.
· cada deve ser sempre seguido de um subs-
Coisas: colher, revista, fumaça, raiva, chuva.
tantivo ou numeral (Elas receberam 3 balas cada
uma) As demais palavras que admitem esse tipo de
flexão (artigo, adjetivo, pronome e numeral) a-
· certo é indefinido se vier antes do nome a
companham o gênero do substantivo a que se
que estiver se referindo. Caso contrário é adjetivo
referem. Exemplos:
(Certas pessoas deveriam ter seus lugares cer-
tos) As crianças órfãs.
· bastante pode vir como adjetivo também, Pequenos índios.
se estiver determinando algum substantivo
Esses meninos.
· o pronome outrem equivale a "qualquer
pessoa" Duas crianças.
· o pronome nada, colocado junto a verbos * Flexão de Número
ou adjetivos, pode equivaler a advérbio (Ele não
está nada contente hoje) As palavras variáveis podem mudar sua termina-
ção para indicar singular ou plural. Apresentam
· o pronome outro (a/s) ganha valor adjetivo flexão de número: o substantivo, o artigo, o adje-
se equivaler a diferente" (Ela voltou outra das tivo, o numeral e o verbo.
férias)
Exemplo:
· existem algumas locuções pronominais
indefinidas - quem quer que seja, seja quem for, Sua irmã sofreu um arranhão. (singular)
cada um etc.
Suas irmãs sofreram uns arranhões. (plural)
Interrogativo
OBS:
Usados na formulação de uma pergunta direta ou
indireta. Referem-se à 3ª pessoa do discurso. 1) A flexão de gênero e de número do substantivo
implica flexão correspondente do adjetivo.
Na verdade, são os pronomes indefinidos que,
quem, qual (a/s) e quanto (a/s) em frases interro- Alunos espertos
gativas. (Quantos livros você tem? / Não sei
quem lhe contou) Subst. Adj.

Flexão Masc. Pl. Masc. Pl.

É a variação de forma e, conseqüentemente, de 2) Há casos de erro de concordância em que a


significado de uma palavra. concordância de número pode não acontecer de
fato e um dos termos pode ficar sem flexão numé-
* Flexão de Gênero rica.

Gênero é o termo que a gramática utiliza para Tinha mãos grande.


enquadrar as palavras variáveis da língua em
Achei coisas meio esquisita por aqui...

33
* Flexão de Grau Usos dos Pronomes Pessoais

São as mudanças efetuadas na terminação para 01) Eu, tu / Mim, ti


indicar tamanho (nos substantivos) e intensidade
(nos adjetivos). Eu e tu exercem a função sintática de sujei-
to. Mim e ti exercem a função sintática de com-
O menino estava nervoso. plemento verbal ou nominal, agente da passiva
ou adjunto adverbial e sempre são precedidos de
O menininho estava nervoso. preposição.

O menino estava nervosíssimo. Ex.


O grau pode expressar estado emotivo e não Trouxeram aquela encomenda para mim.
somente intensidade ou tamanho:
Era para eu conversar com o diretor, mas não
Que doutorzinho, hein ! (ironia) houve condições.
Filhinho, venha cá. (carinho) Agora, observe a oração Sei que não será fácil
para mim conseguir o empréstimo. O prono-
O advérbio, embora seja uma palavra invariável, me mim NÃO é sujeito do verbo conseguir, como
admite flexão de grau: à primeira vista possa parecer.
O fato aconteceu cedo. (advérbio não flexionado) Analisando mais detalhadamente, teremos o se-
guinte: O sujeito do verbo ser é a ora-
O fato aconteceu cedinho. (advérbio flexionado)
ção conseguir o empréstimo, pois que não
Pronomes Pessoais será fácil?

Os pronomes pessoais são aqueles que indicam Resposta: conseguir o empréstimo, portanto há
uma das três pessoas do discurso: a que fala, a uma oração subordinada substantiva subjetiva
com quem se fala e a de quem se fala. reduzida de infinitivo, que é a oração que funcio-
na como sujeito, tendo o verbo no infinitivo. O
Pronomes Pessoais Do Caso Reto verbo ser é verbo de ligação, portanto fácil é
predicativo do sujeito. O adjetivo fácil exige um
Pronomes pessoais do caso reto são os que de- complemento, pois conseguir o empréstimo
sempenham a função sintática de sujeito da ora- não será fácil para quem?
ção. São os pronomes: eu, tu, ele, ela, nós, vós
eles, elas. Resposta: para mim, que funciona como com-
plemento nominal. Ademais a ordem direta da
Pronomes Pessoais Do Caso Oblíquo oração é esta: Conseguir o empréstimo não
será fácil para mim.
São os que desempenham a função sintática de
complemento verbal (objeto direto ou indireto), 02) Se, si, consigo
complemento nominal, agente da passiva, adjunto
Se, si, consigo são pronomes reflexivos ou recí-
adverbial, adjunto adnominal ou sujeito acusativo
procos, portanto só poderão ser usados na voz
(sujeito de oração reduzida).
reflexiva ou na voz reflexiva recíproca.
Os pronomes pessoais do caso oblíquo se subdi-
Ex.
videm em dois tipos: os átonos, que não são
antecedidos por preposição, e os tônicos, prece- Quem não se cuida, acaba ficando doente.
didos por preposição.
Quem só pensa em si, acaba ficando sozinho.
Pronomes oblíquos átonos:
Gilberto trouxe consigo os três irmãos.
Os pronomes oblíquos átonos são os seguin-
tes: me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes. 03) Com nós, com vós / Conosco, convosco
Pronomes oblíquos tônicos: Usa-se com nós ou com vós, quando, à frente,
surgir qualquer palavra que indique quem "somos
Os pronomes oblíquos tônicos são os seguin- nós" ou quem "sois vós".
tes: mim, comigo, ti, contigo, ele, ela, si, con-
sigo, nós, conosco, vós, convosco, eles, elas. Ex.

34
Ele conversou com nós todos a respeito de seus As garotas ingênuas, o conquistador sedu-las
problemas. com facilidade.

Ele disse que sairia com nós dois. 03) Independentemente da predicação verbal, se
o verbo terminar em mos, seguido de nos ou
04) Dele, do + subst. / De ele, de o + subst. devos, retira-se a terminação -s.

Quando os pronomes pessoais ele(s), ela(s), ou Ex.


qualquer substantivo, funcionarem como sujeito,
não devem ser aglutinados com a preposição de. Encontramo-nos ontem à noite.

Ex. Recolhemo-nos cedo todos os dias.

É chegada a hora de ele assumir a responsabili- 04) Se o verbo for transitivo indireto terminado
dade. em s, seguido de lhe, lhes, não se retira a termi-
nação s.
No momento de o orador discursar, faltou-lhe a
palavra. Ex.

05) Pronomes Oblíquos Átonos Obedecemos-lhe cegamente.

Os pronomes oblíquos átonos são me, te, se, o, Tu obedeces-lhe?


a, lhe, nos, vos, os as, lhes. Eles podem exercer
diversas funções sintáticas nas orações. São B) Objeto Indireto
elas:
Os pronomes que funcionam como objeto indireto
A) Objeto Direto são me, te, se, lhe, nos, vos, lhes.

Os pronomes que funcionam como objeto direto Ex.


são me, te, se, o, a, nos, vos, os, as.
Traga-me as apostilas, quando as encontrar.
Ex.
Obedecemos-lhe cegamente.
Quando encontrar seu material, traga-o até mim.
C) Adjunto adnominal
Respeite-me, garoto.
Os pronomes que funcionam como adjunto ad-
Levar-te-ei a São Paulo amanhã. nominal são me, te, lhe, nos, vos, lhes, quando
indicarem posse (algo de alguém).
Notas:
Ex.
01) Se o verbo for terminado em M, ÃO ou ÕE, os
pronomes o, a, os, as se transformarão emno, Quando Clodoaldo morreu, Soraia recebeu-lhe a
na, nos, nas. herança. (a herança dele)

Ex. Roubaram-me os documentos. (os documentos


de alguém - meus)
Quando encontrarem o material, tragam-no até
mim. D) Complemento nominal

Os sapatos, põe-nos fora, para aliviar a dor. Os pronomes que funcionam como complemento
nominal são me, te, lhe, nos, vos, lhes, quando
02) Se o verbo terminar em R, S ou Z, essas ter- complementarem o sentido de adjetivos, advér-
minações serão retiradas, e os pronomes o, a, bios ou substantivos abstratos. (algo a alguém,
os, as mudarão para lo, la, los, las. não provindo a preposição a de um verbo).

Ex. Ex.

Quando encontrarem as apostilas, deverão trazê- Tenha-me respeito. (respeito a alguém)


las até mim.
É-me difícil suportar tanta dor. (difícil a alguém)
As apostilas, tu perde-las toda semana. (Pronun-
cia-se pérde-las) E) Sujeito acusativo

35
Os pronomes que funcionam como sujeito acusa- Junção de tudo = Encontrei o garoto que você
tivo são me, te, se, o, a, nos, vos, os, as, quan- estava procurando.
do estiverem em um período composto formado
pelos verbos fazer, mandar, ver, deixar, sen- Começando pela outra oração:
tir ou ouvir, e um verbo no infinitivo ou no ge-
rúndio. Colocação do pronome após o substantivo = Vo-
cê estava procurando o garoto que ...
Ex.
Restante da outra oração = ... Encontrei
Deixei-a entrar atrasada.
Junção de tudo = Você estava procurando o garo-
Mandaram-me conversar com o diretor. to que encontrei.

Pronomes Relativos 02) Eu vi o rapaz. O rapaz era seu amigo.

O Pronome Relativo Que Substantivo repetido = rapaz

Este pronome deve ser utilizado com o intuito de Colocação do pronome após o substantivo = Eu vi
substituir um substantivo (pessoa ou "coisa"), o rapaz que ...
evitando sua repetição. Na montagem do período,
deve-se colocá-lo imediatamente após o substan- Restante da outra oração = ... Era seu amigo.
tivo repetido, que passará a ser chamado de e-
Junção de tudo = Eu vi o rapaz que era seu ami-
lemento antecedente.
go.
Por exemplo, nas orações Roubaram a peça. A
Começando pela outra oração:
peça era rara no Brasil há o substantivo peça-
repetido. Pode-se usar o pronome relativo que e, Colocação do pronome após o substantivo = O
assim, evitar a repetição de peça. rapaz que ...
O pronome será colocado após o substantivo. Restante da outra oração = ... Eu vi ...
Então teremos Roubaram a peça que... Es-
te que está no lugar da palavra peça da outra Finalização da oração que se havia iniciado = ...
oração. Deve-se, agora, terminar a outra ora- Era seu amigo
ção: ...era rara no Brasil, ficando
Junção de tudo = O rapaz que eu vi era seu ami-
Roubaram a peça que era rara no Brasil. go.
Pode-se, também, iniciar o período pela outra 03) Nós assistimos ao filme. Vocês perderam o
oração, colocando o pronome após o substantivo. filme.
Então, tem-se A peça que... Este que está no
lugar da palavra peça da outra oração. Deve-se, Substantivo repetido = filme
agora, terminar a outra oração: ...roubaram, fi-
cando A peça que roubaram... . Finalmente, Colocação do pronome após o substantivo = Nós
conclui-se a oração que se havia iniciado: ...era assistimos ao filme que ...
rara no Brasil, ficando
Restante da outra oração = ... Vocês perderam.
A peça que roubaram era rara no Brasil.
Junção de tudo = Nós assistimos ao filme que
Outros exemplos: vocês perderam.

01) Encontrei o garoto. Você estava procurando o Começando pela outra oração:
garoto.
Colocação do pronome após o substantivo = Vo-
Substantivo repetido = garoto cês perderam o filme que ...

Colocação do pronome após o substantivo = En- Restante da outra oração = ... Nós assistimos
contrei o garoto que ...
Junção de tudo = Vocês perderam o filme que
Restante da outra oração = ... Você estava procu- nós assistimos.
rando.
Observe que, nesse último exemplo, a junção de
tudo ficou incompleta, pois a primeira oração
énós assistimos ao filme, porém, na junção, a

36
prep. A desapareceu. Portanto o período está O Pronome Relativo Cujo
inadequado gramaticalmente.
Este pronome indica posse (algo de alguém).
A explicação é a seguinte: Quando o verbo do Na montagem do período, deve-se colocá-lo entre
restante da outra oração exigir preposição, deve- o possuidor e o possuído (alguém cujo algo)
se colocá-la antes do pronome relativo. Então
teremos: Vocês perderam o filme a que nós Por exemplo, nas orações Antipatizei com o
assistimos. rapaz. Você conhece a namorada do rapaz.

04) O gerente precisa dos documentos. O asses- O substantivo repetido rapaz possui namorada.
sor encontrou os documentos
Deveremos, então usar o pronome relativo cujo,
Substantivo repetido = documentos que será colocado entre o possuidor e o possuí-
do: Algo de alguém = Alguém cujo algo. Então,
Colocação do pronome após o substantivo = O tem-se a namorada do rapaz = o rapaz cujo a
gerente precisa dos documentos que ... namorada.

Restante da outra oração = ... O assessor encon- Não se pode, porém, usar artigo (o, a, os, as)
trou depois de cujo. Ele deverá contrair-se com o
pronome, ficando: cujo + o = cujo; cujo + a =
Junção de tudo = O gerente precisa dos docu- cuja; cujo + os = cujos; cujo + as = cujas. En-
mentos que o assessor encontrou. tão a frase ficará o rapaz cuja namorada. So-
mando as duas orações, tem-se:
Começando pela outra oração:
Antipatizei com o rapaz cuja namorada você
Colocação do pronome após o substantivo = O conhece.
assessor encontrou os documentos que ...
Outros exemplos:
Restante da outra oração = ... O gerente precisa.
01) A árvore foi derrubada. Os frutos da árvore
O verbo precisar está usado com a prep. De, são venenosos.
portanto ela será colocada antes do pronome
relativo. Substantivo repetido = árvore - o substantivo re-
petido possui algo.
Junção de tudo = O assessor encontrou os do-
cumentos de que o gerente precisa. Algo de alguém = Alguém cujo algo: os frutos da
árvore = a árvore cujos frutos. Somando as duas
Obs: O pronome que pode ser substituído por o orações, tem-se:
qual, a qual, os quais e as quais sempre. O
gênero e o número são de acordo com o substan- A árvore cujos frutos são venenosos foi derruba-
tivo substituído. da.

Os exemplos apresentados ficarão, então, assim, Começando pela outra oração:


com o que substituído por qual:
Colocação do pronome que após o substantivo =
Encontrei o livro o qual você estava procurando. Os frutos da árvore que...
Você estava procurando o livro o qual encontrei.
Restante da outra oração = ...foi derrubada ...
Eu vi o rapaz o qual é seu amigo. O rapaz o qual
vi é seu amigo. Finalização da oração que se havia iniciado =
...são venenosos
Nós assistimos ao filme o qual vocês perderam.
Vocês perderam o filme ao qual nós assistimos. Junção de tudo = Os frutos da árvore que foi der-
rubada são venenosos.
O gerente precisa dos documentos os quais o
assessor encontrou. O assessor encontrou os 02) O artista morreu ontem. Eu falara da obra do
documentos dos quais o gerente precisa. artista.

Obs: Todos os pronomes relativos inici- Substantivo repetido = artista - o substantivo re-
am Oração Subordinada Adjetiva, portanto to- petido possui algo.
dos os períodos apresentados contêm oração
subordinada adjetiva.

37
Algo de alguém = Alguém cujo algo: a obra do xemplo na oração A garota que conheci está
artista = o artista cuja obra. Somando as duas em minha sala, o pronome que funciona como
orações, tem-se: objeto direto. Substituindo pelo pronome quem,
tem-se
O artista cuja obra eu falara morreu ontem.
A garota a quem conheci ontem está em mi-
Observe que, nesse último exemplo, a junção de nha sala.
tudo ficou incompleta, pois a segunda oração é:
Eu falara da obra do artista, porém, na junção, a Há apenas uma possibilidade de o prono-
prep. De desapareceu. Portanto o período está me quem não ser precedido de preposição:
inadequado gramaticalmente. quando funcionar como sujeito. Isso só ocorrerá,
quando possuir o mesmo valor de o que, a que,
A explicação é a seguinte: Quando o verbo da os que, as que, aquele que, aquela que, aque-
oração subordinada adjetiva exigir preposição, les que, aquelas que, ou seja, quando puder ser
deve-se colocá-la antes do pronome relativo. substituído por pronome demonstrativo (o, a, os,
Então, tem-se: O artista de cuja obra eu falara as, aquele, aquela, aqueles, aquelas) mais o
morreu ontem. pronome relativo que.

03) As pessoas estão presas. Eu acreditei nas Por exemplo: Foi ele quem me disse a verdade
palavras das pessoas. = Foi ele o que me disse a verdade. Nesses
casos o pronome quem será denominado de
Substantivo repetido = pessoas - o substantivo Pronome Relativo Indefinido.
repetido possui algo.
Na montagem do período, deve-se colocar o pro-
Algo de alguém = Alguém cujo algo: as palavras nome relativo quem imediatamente após o subs-
das pessoas = as pessoas cujas palavras. So- tantivo repetido, que passará a ser chamado de
mando as duas orações, tem-se elemento antecedente.
As pessoas cujas palavras acreditei estão Por exemplo: nas orações Este é o artista. Eu
presas. me referi ao artista ontem, há o substantivoar-
tista repetido. Pode-se usar o pronome relati-
O verbo acreditar está usado com a prep. Em, vo quem e, assim, evitar a repetição de artista.
portanto ela será colocada antes do pronome
relativo. As pessoas em cujas palavras acredi- O pronome será colocado após o substantivo.
tei estão presas.
Então, tem-se Este é o artista quem... Es-
Começando pela outra oração: te quem está no lugar da palavra artista da outra
oração. Deve-se, agora, terminar a outra ora-
Colocação do pronome que após o substantivo = ção: ...eu me referi ontem, ficando Este é o ar-
Eu acreditei nas palavras das pessoas que ... tista quem me referi ontem. Como o ver-
bo referir-seexige a preposição a, ela será colo-
Restante da outra oração = ... Estão presas
cada antes do pronome relativo. Então tem-se:
Junção de tudo = Eu acreditei nas palavras das
Este é o artista a quem me referi ontem.
pessoas que estão presas.
Não se pode iniciar o período pela outra oração,
Obs: Todos os pronomes relativos iniciam Oração
pois o pronome relativo quem só funciona como
Subordinada Adjetiva, portanto todos os períodos
sujeito, quando puder ser substituído por o que, a
apresentados contêm oração subordinada adjeti-
que, os que, as que, aquele que, aqueles que,
va.
aquela que, aquelas que.
O Pronome Relativo Quem
Outros exemplos:
Este pronome substitui um substantivo que repre-
01) Encontrei o garoto. Você estava procuran-
senta uma pessoa, evitando sua repetição. So-
do o garoto.
mente deve ser utilizado antecedido de preposi-
ção, inclusive quando funcionar como objeto dire- Substantivo repetido = garoto
to, Nesse caso, haverá a anteposição obrigatória
da prep. Colocação do pronome após o substantivo = En-
contrei o garoto quem...
A, e o pronome passará a exercer a função sintá-
tica de objeto direto preposicionado. Por e-

38
Restante da outra oração = ...você estava procu- É sempre antecedido de artigo, que concorda
rando. com o elemento antecedente, ficando o qual, a
qual, os quais, as quais.
Junção de tudo = Encontrei o garoto quem você
estava procurando. Como procurar é verbo tran- Se a preposição que anteceder o pronome relati-
sitivo direto, o pronome quem funciona como vo possuir duas ou mais sílabas, só poderemos
objeto direto. Então, deve-se antepor a prep.a ao usar o pronome qual, e não que ou quem. Então
pronome relativo, funcionando como objeto direto só se pode dizer O juiz perante o qual testemu-
preposicionado. nhei.

Encontrei o garoto a quem você estava procu- Os assuntos sobre os quais conversamos, e
rando. não O juiz perante quem testemunhei nem Os
assuntos sobre que conversamos.
Começando pela outra oração:
Outro exemplo:
Colocação do pronome após o substantivo = Vo-
cê estava procurando o garoto quem ... Meu irmão comprou o restaurante. Eu falei a
você sobre o restaurante.
Restante da outra oração = ... Encontrei
Substantivo repetido = restaurante
Junção de tudo = Você estava procurando o garo-
to quem encontrei. Novamente objeto direto pre- Colocação do pronome após o substantivo = Meu
posicionado: irmão comprou o restaurante que ...

Você estava procurando o garoto a quem en- Restante da outra oração = ... Eu falei a você.
contrei.
Junção de tudo = Meu irmão comprou o restau-
02) Aquele é o homem. Eu lhe falei do homem. rante que eu falei a você. Observe que o verbofa-
lar, na oração apresentada, foi usado com a pre-
Substantivo repetido = homem posição sobre, que deverá ser anteposta ao pro-
nome relativo: Meu irmão comprou o restauran-
Colocação do pronome após o substantivo = A- te sobre que eu falei a você.
quele é o homem quem...
Como a preposição sobre possui duas sílabas,
Restante da outra oração = ...lhe falei. não se pode usar o pronome que, e sim o qual,
ficando, então:
Junção de tudo = Aquele é o homem quem lhe
falei. Como falar está usado com a prep. De, Meu irmão comprou o restaurante sobre o
deve-se antepô-la ao pronome relativo, ficando qual eu falei a você.
Aquele é o homem de quem lhe falei. O Pronome Relativo Onde
Não se esqueça disto: Este pronome tem o mesmo valor de em que.
O pronome relativo quem somente deve ser utili- Sempre indica lugar, por isso funciona sintatica-
zado antecedido de preposição; mente como Adjunto Adverbial de Lugar.
Quando for objeto direto, será antecedido da Se a preposição em for substituída pela prep.
prep. A, transformando-se em objeto direto pre-
posicionado; A ou pela prep. De, substituiremos onde por a-
ondee donde, respectivamente.
Somente funciona como sujeito, quando puder
ser substituído por o que, os que, a que, as que, Por exemplo: O sítio aonde fui é aprazível. A
aquele que, aqueles que, aquela que, aquelas cidade donde vim fica longe.
que.
Será Pronome Relativo Indefinido, quando puder
O Pronome Relativo Qual ser substituído por O lugar em que. Por exemplo,
na frase: Eu nasci onde você nasceu. = Eu
Este pronome tem o mesmo valor de que e nasci no lugar em que você nasceu.
de quem.
Outro exemplo:

39
a
Eu conheço a cidade. Sua sobrinha mora na 1 - Vossa Excelência - V. Ex. - Presidente da
cidade. República, Senadores da República, Ministro de
Estado, Governadores, Deputados Federais e
Substantivo repetido = cidade Estaduais, Prefeitos, Embaixadores, Vereadores,
Cônsules, Chefes das Casas Civis e Casas Milita-
Colocação do pronome após o substantivo = Eu res.
conheço a cidade que...
2 - Vossa Magnificência - V. M. - Reitores de
Restante da outra oração = ... Sua sobrinha mora. Universidade
Junção de tudo = Eu conheço a cidade que sua a
3 - Vossa Senhoria - V. S. - Diretores de Autar-
sobrinha mora. O verbo morar exige a prep.em, quias Federais, Estaduais e Municipais.
pois quem mora, mora em algum lugar. Então:
Judiciárias
Eu conheço a cidade em que sua sobrinha
mora. Pronome de tratamento – Abreviatura - Usado
para
Eu conheço a cidade na qual sua sobrinha
a
mora. 1 - Vossa Excelência - V. Ex. - Desembargador
da Justiça, curador, promotor
Eu conheço a cidade onde sua sobrinha mora.
2 - Meritíssimo Juiz - M. - Juiz, Juízes de Direito
O Pronome Relativo Quanto
a
3 - Vossa Senhoria - V. S. - Diretores de Autar-
Este pronome é sempre antecedido de tudo, quias Federais, Estaduais e Municipais
todos ou todas, concordando com esses ele-
mentos (quanto, quantos, quantas). Militares

Ex: Pronome de tratamento – Abreviatura - Usado


para
Fale tudo quanto quiser falar.
a
1 - Vossa Excelência - V. Ex. - Oficiais generais
Traga todos quantos quiser trazer. (até coronéis)
Beba todas quantas quiser beber. a
2 - Vossa Senhoria - V. S. - Outras patentes
militares
Pronomes de Tratamento
a
3 - Vossa Senhoria - V. S. - Diretores de Autar-
São pronomes empregados no trato com as pes- quias Federais, Estaduais e Municipais
soas, familiarmente ou respeitosamente. Embora
opronome de tratamento se dirija à segunda Autoridades Eclesiásticas
pessoa, toda a concordância deve ser feita com
aterceira pessoa. Usa-se Vossa, quando con- Pronome de tratamento – Abreviatura - Usado
versamos com a pessoa, e Sua, quan- para
do falamos da pessoa.
1 - Vossa Santidade - V. S. - Papa
Ex.
2 - Vossa Eminência Reverendíssima - V.
a a
Vossa Senhoria deveria preocupar-se com suas Em. Revm. - Cardeais, arcebispos e bispos
responsabilidades e não com as dele.
a
3 - Vossa Reverendíssima - V. Revm - Abades,
Sua Excelência, o Prefeito, que se encontra au- superiores de conventos, outras autoridades e-
sente. clesiásticas e sacerdotes em geral
Eis uma pequena lista de pronomes de tratamen- Autoridades Monárquicas
to:
Pronome de tratamento – Abreviatura - Usado
Autoridades De Estado para

Civis 1 - Vossa Majestade - V. M. - Reis e Imperadores


Pronome de tratamento – Abreviatura - Usado 2 - Vossa Alteza - V. A. - Príncipe, Arquiduques e
para Duques

40
a
3 - Vossa Reverendíssima - V. Revm - Abades, Menino! Cuidado para não machucar os pés!
superiores de conventos, outras autoridades e-
clesiásticas e sacerdotes em geral 04) Não se devem usar pronomes possessivos
diante da palavra casa, quando for a residência
Outras Autoridades da pessoa que estiver falando.

Pronome de tratamento – Abreviatura - Usado Ex.


para
Acabei de chegar de casa.
a
1 - Vossa Senhoria - V. S. - Dom
Estou em casa, tranqüilo.
2 - Doutor - Dr. - Doutor
Pronomes Demonstrativos
3 – Comendador - Com. - Comendador
Pronomes demonstrativos são aqueles que situ-
4 – Professor - Prof. – Professor am os seres no tempo e no espaço, em relação
às pessoas do discurso. São os seguintes:
Pronomes Possessivos
01) Este, esta, isto:
São aqueles que indicam posse, em relação às
três pessoas do discurso. São eles: meu(s), mi- São usados para o que está próximo da pessoa
nha(s), teu(s), tua(s), seu(s), sua(s), nosso(s), que fala e para o tempo presente.
nossa(s), vosso(s), vossa(s).
Ex.
Empregos dos pronomes possessivos:
Este chapéu que estou usando é de couro.
01) O emprego dos possessivos de terceira pes-
soa seu, sua, seus, suas pode dar duplo sentido Este ano está sendo cheio de surpresas.
à frase (ambigüidade). Para evitar isso, coloca-se
à frente do substantivo dele, dela, deles, delas, ou 02) Esse, essa, isso:
troca-se o possessivo por esses elementos.
Ex. São usados para o que está próximo da pessoa
com quem se fala, para o tempo passado recente
Joaquim contou-me que Sandra desaparecera e para o futuro.
com seus documentos.
Ex.
De quem eram os documentos? Não há como
saber. Então a frase está ambígua. Para tirar a Esse chapéu que você está usando é de couro?
ambigüidade, coloca-se, após o substantivo, o
2003. Esse ano será envolto em mistérios.
elemento referente ao dono dos documentos: se
for Joaquim: Joaquim contou-me que Sandra Em novembro de 2001, inauguramos a loja. Até
desaparecera com seus documentos dele; se for esse mês, nada sabíamos sobre comércio.
Sandra: Joaquim contou-me que Sandra desapa-
recera com seus documentos dela. 03) Aquele, aquela, aquilo:
Pode-se, ainda, eliminar o pronome possessivo: São usados para o que está distante da pessoa
Joaquim contou-me que Sandra desaparecera que fala, e da pessoa com quem se fala e para o
com os documentos dele (ou dela). tempo passado remoto.
02) É facultativo o uso de artigo diante dos pos- Ex.
sessivos.
Ex. Aquele chapéu que ele está usando é de couro?

Trate bem seus amigos. Ou Trate bem os seus Em 1974, eu tinha 15 anos. Naquela época, Lon-
amigos. drina era uma cidade pequena.

03) Não se devem usar pronomes possessivos Outros usos dos demonstrativos:
diante de partes do próprio corpo.
Ex. 01) Em uma citação oral ou escrita, usa-se este,
esta, isto para o que ainda vai ser dito ou escrito,
Amanhã, irei cortar os cabelos. e esse, essa, isso para o que já foi dito ou escri-
to.
Vou lavar as mãos.

41
Ex. um, cada qual, quem quer que, todo aquele
que, tudo o mais...
Esta é a verdade: existe a violência, porque a
sociedade a permitiu. Usos de alguns pronomes indefinidos:

Existe a violência, porque a sociedade a permitiu. 01) Todo:


A verdade é essa.
O pronome indefinido todo deve ser usado com
02) Usa-se este, esta, isto em referência a um artigo, se significar inteiro e o substantivo à sua
termo imediatamente anterior. frente o exigir; caso signifique cada ou todos não
terá artigo, mesmo que o substantivo exija.
Ex.
Ex.
O fumo é prejudicial à saúde, e esta deve ser
preservada. Todo dia telefono a ela. (Todos os dias)

Quando interpelei Roberval, este assustou-se Fiquei todo o dia em casa. (O dia inteiro)
inexplicavelmente.
Todo ele ficou machucado. (Ele inteiro, mas a
03) Para estabelecer-se a distinção entre dois palavra ele não admite artigo)
elementos anteriormente citados, usa-se este,
esta, isto em relação ao que foi mencionado por 02) Todos, todas:
último e aquele, aquela, aquilo, em relação ao
que foi nomeado em primeiro lugar. Os pronomes indefinidos todos e todas devem ser
usados com artigo, se o substantivo à sua frente
Ex. o exigir.

Sabemos que a relação entre o Brasil e os Esta- Ex.


dos Unidos é de domínio destes sobre aquele.
Todos os colegas o desprezam.
Os filmes brasileiros não são tão respeitados
quanto as novelas, mas eu prefiro aqueles a es- Todas as meninas foram à festa.
tas.
Todos vocês merecem respeito.
04) O, a, os, as são pronomes demonstrativos,
quando equivalem a isto, isso, aquilo ou aque- 03) Algum:
le(s), aquela(s).
O pronome indefinido algum tem sentido afirmati-
Ex. vo, quando usado antes do substantivo; passa a
ter sentido negativo, quando estiver depois do
Não concordo com o que ele falou. (aquilo que substantivo.
ele falou) Ex.

Tudo o que aconteceu foi um equívoco. (aquilo Amigo algum o ajudou. (Nenhum amigo)
que aconteceu)
Algum amigo o ajudará. (Alguém)
Pronomes Indefinidos
04) Certo:
Os pronomes indefinidos referem-se à terceira
pessoa do discurso de uma maneira vaga, impre- A palavra certo será pronome indefinido, quando
cisa, genérica. anteceder substantivo e será adjetivo, quando
estiver posposto a substantivo.
São eles: alguém, ninguém, tudo, nada, algo,
cada, outrem, mais, menos, demais, algum, Ex
alguns, alguma, algumas, nenhum, nenhuns,
Certas pessoas não se preocupam com os de-
nenhuma, nenhumas, todo, todos, toda, todas,
mais.
muito, muitos, muita, muitas, bastante, bas-
tantes, pouco, poucos, pouca, poucas, certo, As pessoas certas sempre nos ajudam.
certos, certa, certas, tanto, tantos, tanta, tan-
tas, quanto, quantos, quanta, quantas, um, 05) Qualquer:
uns, uma, umas, qualquer, quaisquer, (além
das locuções pronominais indefinidas): cada O pronome indefinido qualquer não deve ser usa-
do em sentido negativo. Em seu lugar, deve-se

42
usar algum, posteriormente ao substantivo, ou
nenhum. Advérbio Palavra que modifica o verbo, o
adjetivo ou outro advérbio, ex-
Ex. pressando uma circunstância.
Exemplos:
Ele entrou na festa sem qualquer problema. Essa Ali:lá,naquele lugar.
frase está inadequada gramaticalmente. O ade- Não: expressa negação.
quado seria: Logo: prontamente, imediata-
mente.
Ele entrou na festa sem problema algum.

Ele entrou na festa sem nenhum problema. Preposição Termo que subordina uma pala-
vra a outra. Exemplos:
Pronomes Interrogativos Livro de João, peso sobre o
São os pronomes que, quem, qual e quanto papel, espaço entre as árvores,
morava em Belo Horizonte.
usados em frases interrogativas diretas ou indire-
tas.

Ex. Conjunção Termo que liga duas palavras,


dois membros de uma oração
Que farei agora? - Interrogativa direta. ou duas orações. Exemplos:
E: exprime ideia de adição (adi-
Quanto te devo, meu amigo? - Interrogativa dire- tiva).
ta. Mas: relaciona pensamentos em
contraste ou oposição.
Qual é o seu nome? - Interrogativa direta. Quando: conjunção temporal.
Se: conjunção que exprime con-
Não sei quanto devo cobrar por esse trabalho. - dição.
Interrogativa indireta.

Notas:

01) Na expressão interrogativa Que é de? Suben- Flexão Verbal


tende-se a palavra feito: Que é do sorriso? (=
Que é feito do sorriso? ), Que é dele? (= Que é Dentre todas as classe gramaticais, a que mais
feito dele?). se apresenta passível de flexões é a representa-
da pelos verbos. Flexões estas relacionadas a:
Nunca se deve usar quédê, quedê ou cadê, pois
essas palavras oficialmente não existem, apesar Pessoa– Indica as três pessoas relacionadas ao
de, no Brasil, o uso de cadê ser cada dia mais discurso, representadas tanto no modo singular,
constante. quanto no plural.

02) Não se deve usar a forma o que como pro- Número – Representa a forma pela qual o verbo
nome interrogativo; usa-se apenas que, a não ser se refere a essas pessoas gramaticais.
que o pronome seja colocado depois do verbo.

Ex.

Que você fará hoje à noite? E não: O que você


fará hoje à noite?
Por meio dos exemplos em evidência, podemos
Que queres de mim? E não: O que queres de
constatar que o processo verbal se encontra de-
mim?
vidamente flexionado, tendo em vista as pessoas
Você fará o quê? do discurso (eu, tu, ele, nós, vós, eles).

Tempo – Relaciona-se ao momento expresso


Classes Função ou sentido pela ação verbal, denotando a ideia de um pro-
gramaticais cesso ora concluído, em fase de conclusão ou
que ainda está para concluir, representado pelo
tempo presente, pretérito e futuro.

43
Modo – Revela a circunstância em que o fato Quando falamos em semântica, falamos
verbal ocorre. Assim expresso: em significação. Ora, quando digo que vamos
estudar a semântica dos modos e tempos ver-
Modo indicativo – exprime um fato certo, con-
creto. bais, quero dizer que estudaremos o que eles
significam, quais os significados que carregam.
Modo subjuntivo – exprime um fato hipotético,
duvidoso. Estudaremos as semânticas dos modos e tempos
verbais, isto quer dizer que estudaremos o que
Modo imperativo – exprime uma ordem, ex- cada modo e cada tempo significam.
pressa um pedido.
Semântica dos MODOS e TEMPOS Verbais
Para que possamos constatar acerca de todos
esses pressupostos, basear-nos-emos no caso
O modo verbal é aquilo que vai mostrar minha
do verbo cantar, tendo em vista o modo indicati-
vo. posição de dúvida, de certeza, de desejo, de
ordem a respeito da ação expressa pelo verbo.
Modo Indicativo Vamos ver como funciona na prática?

Modo Imperativo

O que é imperar? Segundo o dicionário


é dominar, governar, reinar, estabelecer. Pensan-
do assim, entendemos a semântica (agora que já
sabemos que semântica é o mesmo que signifi-
cação) deste modo. O imperativo é o modo que
dá uma ordem, um conselho, uma dica, uma
súplica, uma sugestão ou faz um pedido.

Voz Ex.: Faça o dever.

A voz verbal caracteriza a ação expressa pelo Leia com atenção.


verbo em relação ao sujeito, classificada em:
Pare.
Voz ativa – o sujeito é o agente da ação verbal.
Não faça isso.
Os professores aplicaram as provas.

Voz passiva – o sujeito sofre a ação expressa Não confiemos tanto nas pessoas.
pelo verbo.
Não desistamos de nossos ideais.
As provas foram aplicadas pelos professores.
~> Estudamos o tipo textual injuntivo e vemos
Voz reflexiva – o sujeito, de forma simultânea, que ele é o tipo textual usado por quem dá uma-
pratica e recebe a ação verbal. ordem. Dissemos que ele utiliza o modo verbal
imperativo. Agora tudo ficou mais claro, não?
O garoto feriu-se com o instrumento.

Voz reflexiva recíproca – representa uma ação ~> Outra observação a respeito do imperativo é a
mútua entre os elementos expressos pelo sujeito. confusão que podemos fazer ao usá-lo no ―nós‖,
por não estarmos acostumados a conjuga-lo des-
Os formandos cumprimentaram-se respeito- ta maneira. Uma dica é transpor para a segunda
samente. ou terceira pessoa do singular, para que vejamos
Compartilhe com outro link que explora sobre as com mais clareza que é uma forma imperativa e
vozes verbais de modo mais aprofundado. não confundamos com o subjuntivo. Além disso,
veremos mais à frente que o subjuntivo depende
Passaremos a estudar agora o verbo, sob o ponto sempre de uma subordinação, o que não ocorre
de vista da semântica. com o subjuntivo.

Mas o que é semântica?

44
Não desistamos de nossos ideais. ~> Não desista Futuro do Subjuntivo
de seus ideais.
Não confiemos tanto nas pessoas. ~> Não confie Marca formal que o identifica: R
tanto nas pessoas.
Ex.:
O modo imperativo é formado a partir do presente
Quando eu chegar, abra a porta.
do indicativo e ele não se subdivide em tempos.
Se eu for, te avisarei antes.
Modo Subjuntivo
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo
O modo subjuntivo está ligado à subjetividade.
Subjetividade diz respeito aos nossos julgamen- Marcas formais que o identificam: SSE
tos de valor, às nossas opiniões, à nossa singula-
ridade de pensamento. O modo subjuntivo sem- Ex.:
pre vai exprimir uma avaliação subjetiva das a-
ções expressas pelo verbo; portanto, ele é o mo- Se você deixasse, eu iria.
do da incerteza, do desejo, da possibilidade. A
Se eu pudesse, eu faria.
semântica do subjuntivo nunca será de certeza,
mas sempre de possibilidade, dúvida, irrealidade. Modo Indicativo
Ex.: O modo indicativo é o mais versátil. Ele é
o único que afirma, que fala com certeza. Porém,
Espero que ele venha.
isso não impede que ele possa trabalhar também
Quero que ele venha. com a dúvida e com a possibilidade.

Se ele viesse seria muito bom. Ex.:

Se você fizesse o dever regularmente, tudo seria Eu sei que ele vem.
mais fácil.
Eu acho que tudo dará certo.
~> Como já dissemos antes, o verbo no subjunti-
Eu fiz todo o dever.
vo tem uma particularidade. Ele ocorre somente
em estruturas subordinadas. O que isso quer Eu não saí ontem.
dizer? Isso quer dizer que ele vai aparecer em
uma estrutura dependente de um outro verbo – Além disso, vimos que o modo subjuntivo so-
quero (verbo do qual o subjuntivo depende) que mente ocorre em uma estrutura subordinada,
elevenha (subjuntivo), ou dependente de um no- dependente de um nome ou de um outro verbo. O
me – talvez (nome do qual o subjuntivo depende) indicativo, por sua vez, pode ou não ocorrer em
elevenha (subjuntivo). uma estrutura subordinada.

~> O modo subjuntivo se subdivide em três tem- Ex.:


pos: presente, futuro e pretérito imperfeito. Não
daremos tanta importância à semântica desses Eu não sei nada da matéria! (estrutura sem su-
tempos pois não é o foco do vestibular; falaremos bordinação, não depende de nenhuma outra)
apenas das marcas formais que os identificam.
Eu quero que tudo dê certo.
Presente do Subjuntivo
O dê está subordinado ao verbo quero, não po-
Marcas formais que o identificam: E/A deria existir sem ele. Não existe a frase tudo dê
certo, parece que falta algo, não é? Essa sensa-
Ex.: ção de que falta algo é por causa da subordina-
ção.
Quero que você trabalhe.

Tomara que ele venha.

45
O modo indicativo se divide em presente, pretérito Em 1808, a família real chega ao Brasil.
e futuro e os tempos pretérito e futuro se subdivi-
dem também. Vamos ver. Após falar isso, Isabela sai, sem ao menos olhar
pra trás.
Presente do Indicativo
d) Futuro
Tempo verbal é a categoria que indica quando
aconteceu a ação expressa pelo verbo, em rela- O presente do indicativo pode indicar um fato que
ção a outro marco temporal. Em geral, os fatos ainda vai ocorrer, este uso é muito comum na
são considerados no tempo em relação à enunci- linguagem coloquial, no nosso falar cotidiano.
ação, ou seja, ao momento em que se fala. Po-
Ex.: Na próxima semana eu vou à sua casa.
rém, há dois tempos no modo indicativo um pou-
Amanhã eu te ligo sem falta.
co diferentes e que veremos mais à frente. Por
enquanto, vamos nos deter ao presente do indica- e) Verdade absoluta
tivo.
O presente do indicativo pode indicar uma verda-
Vimos que o modo indicativo é o mais versátil, de absoluta, um fato constante e que todos con-
devido às variadas semânticas que ele possui em cordam uma verdade universal.
relação aos outros modos.
Ex.:
Agora vamos ver que o presente do indicativo é
o tempo mais versátil em relação aos outros A terra gira em torno do sol.
tempos, é o que possui a maior quantidade de
possibilidades semânticas, é o que pode adquirir A água ferve a 100ºC.
maior quantidade de significados.
Pretérito Perfeito do Indicativo
a) Rotina
O pretérito perfeito do indicativo, assim como o
O presente do indicativo pode indicar um fato presente do indicativo, não possui marca formal-
rotineiro, que costuma acontecer com frequência. de modo ou tempo que o identifique. Passemos,
então, à análise de seus possíveis significados.
Ex.:
O pretérito perfeito do indicativo é o tempo que
Sempre acordo às 6 da manhã. indica um passado pontual, um fato que aconte-
ceu e já está acabado. Porém, ele pode também
Eu estudo todos os dias. indicar um fato com aspecto durativo, com uma
semântica de continuidade. Vejamos.
b) Fato simultâneo ao momento da fala
a) Fato pontual no passado
O presente do indicativo pode indicar um fato que
está acontecendo no momento em que se fala. Fato pontual no passado é um fato que aconteceu
em um momento e terminou, não teve uma dura-
Ex.:
ção estendida, sendo, por isto, pontual.
Vagner Love chuta a bola para o gol.
Ex.:
Estou na casa de uma amiga.
Ele pulou alto.
c) Passado
Joguei futebol ontem.
O presente do indicativo pode indicar um fato que
b) Fato durativo no passado
já ocorreu. Em geral, o tipo textual narrativo usa
muito o presente com a intenção de aproximar a Fato durativo é aquele que teve uma duração, ou
história do leitor, fazer com que o leitor sinta que seja, ocorreu durante algum tempo, mesmo que
está assistindo à história, participando dela. pequeno.
Ex.:

46
Ex.: Ex.: O pai chegou ao local em que o aciden-
te acontecera.
Falei no telefone por horas.
A ação expressa pelo verbo no pretérito mais que
Ela leu durante três horas. perfeito acontecera, ocorreu antes da ação ex-
pressa pelo verbo no pretérito perfeito chegou.
Pretérito Imperfeito do Indicativo
Ex.:
Enquanto o pretérito perfeito pode indicar uma
ação que foi concluída no passado, com aspecto Ela já fizera o que lhe pedi quando lhe telefonei.
durativo ou não, o pretérito imperfeito só pode
indicar uma ação com aspecto durativo, uma a- Nós já partíramos quando você chegou, descul-
ção que ocorreu por certo tempo, por isso se pe-nos!
chama imperfeito, pois a ação que ele indica não
foi finalizada imediatamente, mas demorou algum ~> Atualmente, o pretérito mais que perfeito não é
tempo para ser finalizada ou a ação costumava utilizado na fala e tem sido pouco utilizado, inclu-
acontecer. sive, na escrita, se restringindo à linguagem poé-
tica (Pudera não ser tão voluptuosa!); na fala,
Ex.: tende a ser substituído por uma locução de parti-
cípio com verbo auxiliar ter ou haver no pretérito
Eu jogava bola todos os dias. imperfeito:

Eu lia muito na biblioteca. Ex.: Ela já fora quando eu cheguei. (pretérito


mais que perfeito)
Marcas formais que o identificam: VA/VE/IA/IE
Ela já tinha ido quando eu cheguei. (locução
Ex.: Eu cantava muito no karaokê antigamente.
verbal: auxiliar ter no pretérito imperfeito + particí-
Vós faláveis demais. pio)

Ela lia sem parar Harry Potter. Ele já fizera o trabalho quando lhe telefonei. (pre-
térito mais que perfeito)

Vós vendíeis bem antigamente. Ele já havia feito o trabalho quando lhe telefonei.
(locução verbal: auxiliar haver no pretérito imper-
Pretérito Mais Que Perfeito do Indicativo feito + particípio)

Quando começamos nossa conversa so- ~> O pretérito mais que perfeito tem outra particu-
bre tempo verbal, dissemos que a maioria dos laridade. Além de ele ocorrer em relação a um
tempos se refere ao momento em que se fala, outro passado, ele pode também ocorrer em ex-
porém temos exceções. São duas as exceções, pressões exclamativas, algumas cristalizadas,
uma é o futuro do pretérito, que veremos mais à como,por exemplo, Quem me dera! Algumas
frente e a outra exceção é o pretérito mais que dessas expressões exclamativas ainda permane-
perfeito. Esses dois tempos não se referem ao cem em uso.
momento da enunciação, ou seja, ao momento
em que se fala, mas se referem a um momen- Marcas formais que o identificam: RA/RE (átonos)
to indicado por um outro verbo.
Ex.:
O pretérito mais que perfeito do indicativo não
Eu já fizera todo o trabalho sozinha quando você
está em relação ao momento da fala, mas a um
me ofereceu ajuda.
outro verbo também no pretérito. A ação que o
pretérito mais que perfeito indica, ocorreu antes- Vós vendêreis todo o estoque antes de o novo
de uma outra, também no passado, por isso ele é chegar.
chamado de pretérito mais que perfeito, pois
ele é passado em relação a um outro fato tam- 2.3.5 Futuro do Presente do Indicativo
bém ocorrido no passado.

47
O futuro do presente do indicativo representa uma O verbo no futuro do pretérito iria refere-se a um
ação posterior ao momento em que se fala. Ele fato que aconteceu depois do fato expresso pelo
pode ter três semânticas. Vejamos verbo no pretérito imperfeito sabia. Ir, portanto, é
futuro em relação a saber.
a) Futuro em relação ao momento em que se
fala Ex.:

O futuro do presente pode indicar um fato que Eu tinha certeza de que ela faria isso.
ocorrerá após o momento da enunciação
Ele contaria tudo se eu não chegasse a tempo.
Ex.:
~> Atualmente, o futuro do pretérito não é utiliza-
Amanhã vencerei o jogo, não há dúvida. do na fala, sendo substituído pelo pretérito imper-
feito do indicativo:
Amanhã irei à sua casa pela manhã.
Ex.:
b) Dúvida
Eu sabia que ela iria à casa de minha amiga.
O futuro do presente pode indicar dúvida de quem (futuro do pretérito)
fala em relação a um fato. Ocorre em frases inter-
rogativas. Eu sabia que ela ia à casa de minha amiga. (pre-
térito imperfeito)
Ex.:
Se ele soubesse os detalhes, contaria-me tudo.
Será ela a pessoa certa? (futuro do pretérito)
Tudo dará certo amanhã? Se ele soubesse de detalhes, contava-me tudo.
(pretérito imperfeito)
c) Ordem
O futuro do pretérito pode ter, ainda, outras signi-
O futuro do presente pode indicar uma ordem,
ficações
equivalendo semanticamente ao imperativo.
a) Polidez
Ex.:
O futuro do pretérito pode ser utilizado para pedir
Não matarás.
um favor, fazer uma solicitação de forma educa-
Não roubarás. da.

Marcas formais que identificam o futuro do pre- Ex.:


sente do indicativo: RA/RE (tônicos)
Você me emprestaria sua caneta?
Ex.:
Você me faria esse favor?
Amanhã estudarei o dia inteiro.
b) Dúvida
Tem certeza de que fará isso?
O futuro do pretérito poder indicar dúvida, incerte-
Futuro do Pretérito do Indicativo za.

O futuro do pretérito não indica um fato futuro em Ex.:


relação ao momento da enunciação, mas um fato
Seria ela a pessoa ideal para o cargo?
futuro em relação a um fato expresso por um
outro verbo. Por isso se chama futuro do pretérito, Seríamos nós os vencedores?
pois ocorreu depois de uma ação do passado; é
futuro em relação a esta ação. c) Afastamento do que está sendo dito

Ex.: Eu sabia que ela iria à casa de minha amiga.

48
O futuro do pretérito pode ser utilizado com a  · Pretérito perfeito do indicativo + Pretérito
finalidade de afastamento do que se diz, o enun- imperfeito do subjuntivo:
ciador (quem fala) produz uma sentença de dúvi-
Exigi que ele fizesse o dever.
da, mas como se aquela opinião não fosse dele,
como se aquela opinião fosse de outras pessoas  · Presente do indicativo + Pretérito perfeito
e ele apenas a estaria transmitindo. composto do subjuntivo:

Ex.: Segundo alguns disseram, João seria o cul- Espero que ele tenha feito o dever.
pado.
 · Pretérito imperfeito do indicativo + Mais-
Ana disse que Mariana viria aqui, eu não sei. que-perfeito composto do subjuntivo:

Queria que ele tivesse feito o dever.


Marcas formais que identificam o futuro do pre-
sente do indicativo: RIA/RIE  · Futuro do subjuntivo + Futuro do presen-
te do indicativo:
Ex.:
Se você fizer o dever, eu ficarei feliz.
Ele acreditou que chegaria a tempo.
 · Pretérito imperfeito do subjuntivo + Futu-
Comeríeis melhor se não fosseis a um restauran- ro do pretérito do indicativo:
te fast food.
Se você fizesse o dever, eu leria suas respostas.
Correlação Verbal
 · Pretérito mais-que-perfeito composto do
Damos o nome de correlação verbal à coerência subjuntivo + Futuro do pretérito composto do indi-
que, em uma frase ou sequência de frases, deve cativo:
haver entre as formas verbais utilizadas. Ou seja,
Se você tivesse feito o dever, eu teria lido suas
é preciso que haja articulação temporal entre os
verbos, que eles se correspondam, de maneira a respostas.
expressar as ideias com lógica. Tempos e modos
 · Futuro do subjuntivo + Futuro do presen-
verbais devem, portanto, combinar entre si.
te do indicativo:
Vejamos este exemplo:
Quando você fizer o dever, dormirei.
 · Seu eu dormisse durante as aulas, ja-
 · Futuro do subjuntivo + Futuro do presen-
mais aprenderia a lição.
te composto do indicativo:
Parece complicado – mas não é.
Quando você fizer o dever, já terei dormido.
Para tornar mais clara a questão, vejamos o
Correlação dos Tempos Verbais
mesmo exemplo, mas sem correlação verbal:
Eis as combinações mais frequentes com o Modo
 · Se eu dormisse durante as aulas, ja- Subjuntivo: Presente; Pretérito Imperfeito; o Futu-
mais aprenderei a lição. ro do Presente e o Mais-que-Perfeito Composto.
Temos dormir no subjuntivo, novamente. Emprega-se o Presente do Subjuntivo na oração
Mas aprender está conjugado no futuro do pre- subordinada em correlação com um Indicativo
sente, um tempo verbal que expressa, dentre Presente e o Futuro do Presente do Modo Indica-
outras ideias, fatos certos ou prováveis. tivo na oração principal.
Correlações Verbais Corretas: Exemplos: Solicito que viaje logo. Solicitarei que
A seguir, veja alguns casos em que os tempos viaje logo.
verbais são concordantes: Emprega-se o Pretérito Imperfeito do Subjunti-
vo na oração subordinada em correlação com
 · Presente do indicativo + Presente
umtempo passado do Modo Indicativo na oração
do subjuntivo:
principal.
Exijo que você faça o dever.
Solici-
tei que viajasse logo. Solicitava que viajasse logo.

49
Solicita- Desejava que houvessem feito uma boa pro-
ra que viajasse logo. Solicitaria queviajasse logo. va. Teria feito uma grande festa, se tivessem
passadono concurso.
Usa-se o Futuro do Presente do Subjuntivo na
oração subordinada em correlação com o Futuro Concordância Verbal
de Presente do Indicativo na oração principal.
Ocorre quando o verbo se flexiona para concor-
Se você viajar, solicitarei imediatamente sua dis- dar com seu sujeito.
pensa.
a) Sujeito Simples
O Mais-que-Perfeito Composto do Subjuntivo é
formado com o auxiliar (ter ou haver) tirado deri- Regra Geral
vado do Imperfeito do Subjuntivo mais o verbo
principal, que se está conjugando. Usa-se quando O sujeito sendo simples, com ele concordará o
se quer indicar uma ação passada anterior a ou- verbo em número e pessoa. Veja os exemplos:
tra ação também passada. Aponta-se uma ação
que ocorreu antes de outra ação passada. A orquestra tocou uma valsa longa.
3ª p. Singular 3ª p. Singular
Emprega-se o Mais-que-Perfeito Composto do
Subjuntivo na oração subordinada que tem na Os pares que rodeavam a nós dançavam bem.
oração principal um Pretérito Imperfeito do Indica- 3ª p. Plural 3ª p. Plural
tivo ou um Futuro do Pretérito Composto do Modo
Observe:
Indicativo.
As crianças estão animadas
Esperava que já tivesse viajado ontem. Teria
pedido permissão, se houvesse viajado ontem. Crianças animadas.
Outros exemplos de combinações com o Modo No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra
Subjuntivo no Presente, no Pretérito Imperfei- na terceira pessoa do plural, concordando com o
to, no Futuro do Presente e no Mais-que-Perfeito seu sujeito, as crianças. No segundo exemplo, o
Composto na oração subordinada: adjetivo animado está concordando em gênero
(feminino) e número (plural) com o substantivo a
a) Com o Presente do Subjuntivo (oração subor-
que se refere: crianças. Nesses dois exemplos,
dinada) – Presente do Indicativo (na oração prin-
as flexões de pessoa, número e gênero se cor-
cipal):
respondem.
Peço que não minta novamente para mim.
Concordância é a correspondência de flexão en-
b) Com o Presente do Subjuntivo (oração subor- tre dois termos, podendo ser verbal ou nominal.
dinada) – Futuro do Presente do Indicativo (na
Casos Particulares
oração principal):
Há muitos casos em que o sujeito simples é cons-
Pedirei que conte honestamente toda a verdade
tituído de forma que fazem o falante hesitar no
c) Com o Pretérito Imperfeito do Subjunti- momento de estabelecer a concordância com o
vo (oração subordinada) – Tempo passado do verbo.
Modo Indicativo (na oração principal):
Às vezes, a concordância puramente gramatical é
Apelei que escrevesse. Pedia que falasse. Solici- contaminada pelo significado de expressões que
tara que permanecesse conosco. Gostaria que nos transmitem noção de plural, apesar de terem
nãoreclamasse tanto! forma de singular ou vice-versa. Por isso, convém
analisar com cuidado os casos a seguir.
d) Com o Futuro do Presente do Subjuntivo na
oração subordinada em correlação com o Futuro 1) Quando o sujeito é formado por uma expres-
de Presente do Indicativo na oração principal. são partitiva (parte de, uma porção de, o grosso
de, metade de, a maioria de, a maior parte de,
Estarei disponível, quando você quiser. grande parte de...) seguida de um substantivo ou
pronome no plural, o verbo pode ficar no singular
e) Com o Mais-que-Perfeito Composto do Subjun- ou no plural.
tivo na oração subordinada e o Pretérito Imperfei-
to do Indicativo ou um Futuro do Pretérito Com- Por Exemplo:
posto do Modo Indicativo na oração principal.

50
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a - O homem e o menino estavam perdidos.
ideia. - O homem e sua esposa estiveram hospedados
Metade dos candidatos não apresentou / apre- aqui.
sentaram nenhuma proposta interessante.
b) Um adjetivo anteposto a vários substanti-
Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos vos
casos dos coletivos, quando especificados:
1 - Adjetivo anteposto normalmente: concorda
Por Exemplo: com o mais próximo.

Um bando de vândalos destruiu / destruíram o Comi delicioso almoço e sobremesa.


monumento.
Provei deliciosa fruta e suco.
Flexão de Número
2 - Adjetivo anteposto funcionando como predica-
Concordância Nominal tivo: concorda com o mais próximo ou vai para o
plural.
Concordância nominal nada mais é que o ajuste
que fazemos aos demais termos da oração para Estavam feridos o pai e os filhos.
que concordem em gênero e número com
o substantivo. Estava ferido o pai e os filhos.

Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, c) Um substantivo e mais de um adjetivo


o numeral e o pronome.
1- antecede todos os adjetivos com um artigo.
Além disso, temos também o verbo, que se flexi-
onará à sua maneira, merecendo um estudo Falava fluentemente a língua inglesa e a espa-
separado de concordância verbal. nhola.

REGRA GERAL: O artigo, o adjetivo, o numeral e 2- coloca o substantivo no plural.


o pronome, concordam em gênero e número com
o substantivo. Falava fluentemente as línguas inglesa e espa-
nhola.
- A pequena criança é uma gracinha.
d) Pronomes de tratamento
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpá-
tico. 1 - sempre concordam com a 3ª pessoa.

CASOS ESPECIAIS: Veremos alguns casos que Vossa santidade esteve no Brasil.
fogem à regra geral, mostrada acima.
e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
a) Um adjetivo após vários substantivos
1 - Concordam com o substantivo a que se refe-
1 - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai rem.
para o plural ou concorda com o substantivo mais
As cartas estão anexas.
próximo.
A bebida está inclusa.
- Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
- Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui. Precisamos de nomes próprios.
2 - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o Obrigado, disse o rapaz.
plural masculino ou concorda com o substantivo
mais próximo. f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
- Ela tem pai e mãe louros. 1 - Após essas expressões o substantivo fica
sempre no singular e o adjetivo no plural.
- Ela tem pai e mãe loura.
Renato advogou um e outro caso fáceis.
3 - Adjetivo funciona como predicativo: vai obriga-
toriamente para o plural. Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.

g) É bom, é necessário, é proibido

51
1- Essas expressões não variam se o sujeito não Os melhores cargos possíveis estão neste setor
vier precedido de artigo ou outro determinante. da empresa.
As piores situações possíveis são encontradas
Canja é bom. / A canja é boa. nas favelas da cidade.
É necessário sua presença. / É necessária a sua
presença. m) Meio
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. /
A entrada é proibida. 1- Como advérbio: invariável.

h) Muito, pouco, caro Estou meio insegura.

1- Como adjetivos: seguem a regra geral. 2- Como numeral: segue a regra geral.

Comi muitas frutas durante a viagem. Comi meia laranja pela manhã.
Pouco arroz é suficiente para mim.
Os sapatos estavam caros. n) Só

2- Como advérbios: são invariáveis. 1- apenas, somente (advérbio): invariável.

Comi muito durante a viagem. Só consegui comprar uma passagem.

Pouco lutei, por isso perdi a batalha. 2- sozinho (adjetivo): variável.

Comprei caro os sapatos. Estiveram sós durante horas.

i) Mesmo, bastante Regência Nominal e Verbal

1- Como advérbios: invariáveis Regência Nominal

Preciso mesmo da sua ajuda. É o campo da gramática que estuda a relação


Fiquei bastante contente com a proposta de em- sintática que se dá entre os nomes e os respecti-
prego. vos termos regidos por esse nome.

2- Como pronomes: seguem a regra geral. Em português, alguns nomes (substantivos, adje-
tivos e advérbios) exigem um complemento pre-
Seus argumentos foram bastantes para me con- cedido por preposição.
vencer.
Os mesmos argumentos que eu usei, você copi- Tal complemento exerce a função de integrar o
ou. sentido da palavra completada, enriquecendo
2
assim a semântica da oração em questão. O
j) Menos, alerta conjunto de complemento regido pela preposição
é denominado ―complemento nominal‖, no qual a
1- Em todas as ocasiões são invariáveis. preposição é definida pela ―regência nominal‖.

Preciso de menos comida para perder peso. Regência Nominal é o nome da relação entre um
Estamos alerta para com suas chamadas. substantivo, adjetivo ou advérbio transitivo e seu
respectivo complemento nominal. Essa relação é
k) Tal Qual intermediada por uma preposição.
1- ―Tal‖ concorda com o antecedente, ―qual‖ con- No estudo da regência nominal, deve-se levar em
corda com o conseqüente. conta que muitos nomes seguem exatamente o
mesmo regime dos verbos correspondentes.
As garotas são vaidosas tais qual a tia.
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses
casos, conhecer o regime dos nomes cognatos.
l) Possível
- alheio a, de - liberal com
1- Quando vem acompanhado de ―mais‖, ―me-
nos‖, ―melhor‖ ou ―pior‖, acompanha o artigo que
- ambicioso de - apto a, para
precede as expressões.

A mais possível das alternativas é a que você - análogo a - grato a


expôs.

52
- bacharel em - indeciso em Na regência verbal, o termo regido pode ser ou
não preposicionado. Na regência nominal, ele é
- capacidade de, para - natural de obrigatoriamente preposicionado.

- contemporâneo a, de - nocivo a Regência vem do significado gramatical de reger,


ou seja, de determinar a flexão de algum termo.
- contíguo a - paralelo a
Na regência verbal, o verbo é o regente da ora-
ção, enquanto o seu complemento é o termo re-
- curioso a, de - propício a gido, logo é o que irá ser flexionado.
- falto de - sensível a Então, podemos entender por regência verbal a
relação que o verbo estabelece com seu com-
- incompatível com - próximo a, de plemento (objeto direto ou indireto). Vejamos:

- satisfeito com, de, 1. O menino levou o livro à biblioteca.


- inepto para
em, por
2. A garota comeu o bolo.
- misericordioso com,
- suspeito de Na segunda oração, o verbo ―comeu‖ é transitivo
para com
e exige complemento, veja: comeu o quê? O bo-
- preferível a - longe de lo.
Logo, ―comeu‖ é transitivo direto e ―o bolo‖ é obje-
- propenso a, para - perto de to direto.

Na primeira oração, o verbo ―levou‖ é transitivo


- hábil em
direto e exige o complemento (objeto direto) ―o
livro‖. O termo que o sucede se refere a um ad-
Exemplos:
junto adverbial de lugar - à bilblioteca.
Está alheio a tudo. Na análise sintática das orações acima podemos
constatar que há uma relação de dependência
Está apto ao trabalho.
entre o termo regente (que no caso é um verbo)
Gente ávida por dominar. com o termo regido (complemento). O primeiro
precisa do segundo para que tenha sentido.
Contemporâneo da Revolução Francesa.
Vejamos mais um exemplo:
É coisa curiosa de ver.
1. O menino levou – o. (o= o livro)
Homem inepto para a matemática.
2. Ele abdicou do trono.
Era propenso ao magistério.
Na primeira oração temos o pronome oblíquo ―o‖
Regência Verbal como complemento do verbo ―levou‖ e responde
a pergunta: Levou o que? O = o livro. ―O‖, portan-
É a relação sintática de dependência que se es- to, é um objeto direto.
tabelece entre o verbo — termo regente — e o
seu complemento — termo regido. A regência Já na segunda oração o verbo ―abdicou‖ transitivo
determina se uma preposição é necessária para indireto, pois exige um complemento, porém ,
ligar o verbo a seu complemento. precedido de preposição: Abdicou de que? Do
trono. A expressão ―do trono‖ é objeto indireto,
Os termos, quando exigem a presença de outro pois é iniciado com a preposição ―do‖ (preposição
chamam-se regentes ou subordinantes; os que de + artigo o).
completam a significação dos anteriores chamam-
seregidos ou subordinados. Crase

Quando o termo regente é um nome (substantivo, Temos vários tipos de contração ou combinação
adjetivo ou advérbio), ocorre a regência nominal. na Língua Portuguesa. A contração se dá na jun-
Quando o termo regente é um verbo, ocorre a ção de uma preposição com outra palavra.
regência verbal.

53
Na combinação, as palavras não perdem nenhu- preposição ―a‖ com o artigo feminino a (s), com o
ma letra quando feita a união. Observe: ―a‖ inicial referente aos pronomes demonstrativos
– aquela (s), aquele (s), aquilo e com o ―a‖ per-
• Aonde (preposição a + advérbio onde) tencente ao pronome relativo a qual (as quais).

• Ao (preposição a + artigo o) Casos estes em que tal fusão se encontra demar-


cada pelo acento grave (`): à(s), àquela, àquele,
Na contração, as palavras perdem alguma letra àquilo, à qual, às quais.
no momento da junção. Veja:
Trata-se de uma particularidade gramatical de
• da (preposição de + artigo a) relevante importância, dado o seu uso de modo
frequente.
• na (preposição em + artigo a)
Diante disso, compreendermos os aspectos que
Agora, há um caso de contração que gera muitas lhe são peculiares, bem como sua correta utiliza-
dúvidas quanto ao uso nas orações: a crase. ção é, sobretudo, sinal de competência linguísti-
ca, em se tratando dos preceitos conferidos pelo
Crase é a junção da preposição ―a‖ com o artigo
padrão formal que norteia a linguagem escrita.
definido ―a(s)‖, ou ainda da preposição ―a‖ com as
iniciais dos pronomes demonstrativos aquela(s),
Há que se mencionar que esta competência lin-
aquele(s), aquilo ou com o pronome relativo a
guística, a qual se restringe a crase, está condi-
qual (as quais).
cionada aos nossos conhecimentos acerca da
Graficamente, a fusão das vogais ―a‖ é represen- regência verbal e nomimal, mais precisamente ao
tada por um acento grave, assinalado no sentido termo regente e termo regido.
contrário ao acento agudo: à.
Ou seja, o termo regente é o verbo ou nome que
Como saber se devo empregar a crase? Uma exige complemento regido pela preposição ―a‖, e
dica é substituir a crase por ―ao‖ e o substantivo o temo regido é aquele que completa o sentido do
feminino por um masculino, caso essa preposição termo regente, admitindo a anteposição do artigo
seja aceita sem prejuízo de sentido, então com a(s).
certeza há crase.
Como explicitamente nos revela os exemplos a
Veja alguns exemplos: Fui à farmácia, substituin- seguir:
do o ―à‖ por ―ao‖ ficaria Fui ao supermercado.
Logo, o uso da crase está correto. Refiro-me a(a) funcionária antiga, e não a(a)quela
contratada recentemente.
Outro exemplo: Assisti à peça que está em car- Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela con-
taz, substituindo o ―à‖ por ―ao‖ ficaria Assisti ao tratada recentemente.
jogo de vôlei da seleção brasileira.
Notamos que o verbo referir, analisado de acordo
É importante lembrar dos casos em que a crase é com sua transitividade, classifica-se como transi-
empregada, obrigatoriamente: nas expressões tivo indireto, pois sempre nos referimos a alguém.
que indicam horas ou nas locuções à medida que,
às vezes, à noite, dentre outras, e ainda na ex- Constatamos que o fenômeno se aplicou median-
pressão ―à moda‖. Veja: te os casos anteriormente mencionados, ou seja,
fusão da preposição a + o artigo feminino (à) e
Exemplos: Sairei às duas horas da tarde. com o artigo feminino a + o pronome demonstrati-
À medida que o tempo passa, fico mais feliz por vo aquela (àquela).
você estar no Brasil.
Quero uma pizza à moda italiana.
A fim de ampliarmos nossos conhecimentos so-
Importante: A crase não ocorre: antes de pala- bre as circunstâncias em que se requer ou não o
vras masculinas; antes de verbos, de pronomes uso da crase, analisaremos:
pessoais, de nomes de cidade que não utilizam o
artigo feminino, da palavra casa quando tem sig-
nificado do próprio lar, da palavra terra quando # O termo regente deve prescindir-se de com-
tem sentido de solo e de expressões com pala- plemento regido da preposição “a”, e o temo
vras repetidas (dia a dia). regido deve admitir o artigo feminino “a” (s):

A crase caracteriza-se como a fusão de duas


vogais idênticas, relacionadas ao emprego da

54
Exemplos: Sua história é semelhante às que eu ouvia quan-
do criança. (àquelas que eu ouvia quando crian-
As informações foram solicitadas à diretora. ça)
(preposição + artigo) (preposição + pronome demonstrativo)

Nestas férias, faremos uma visita à Bahia. # A letra “a” que acompanha locuções femini-
(preposição + artigo) nas (adverbiais, prepositivas e conjuntivas)
recebe o acento grave:
Observação Importante:
Exemplos:
Alguns recursos nos servem de subsídios para
que possamos confirmar a ocorrência ou não da * locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite,
crase. Eis alguns deles: às pressas, à vontade...

a) Substitui-se a palavra feminina por uma mas- * locuções prepositivas: à frente, à espera de, à
culina equivalente. Caso ocorra a combinação procura de...
a+o(s), a crase está confirmada.
* Locuções conjuntivas: à proporção que, à medi-
Exemplos: da que.

As informações foram solicitadas à diretora. Casos passíveis de nota:


As informações foram solicitadas ao diretor.
* Em virtude da heterogênea posição entre
b) No caso de nomes próprios geográficos, subs- autores, o uso da crase torna-se optativo
titui-se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso quando se referir a locuções adverbiais que
resulte na expressão ―voltar da‖, há a confirmação representem meio ou instrumento.
da crase. Exemplos:

Exemplos: O marginal foi morto a bala pelos policiais. (Pode-


ríamos dizer que ele foi morto a tiro)
Faremos uma visita à Bahia. Marcela redige todos os seus trabalhos a máqui-
na. (Poderia ser a lápis)
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase con-
firmada) * Constata-se o uso da crase se as locuções
prepositivas à moda de, à maneira de apresen-
Não me esqueço da viagem a Roma. tarem-se implícitas, mesmo diante de nomes
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momen- masculinos.
tos jamais vividos.
Exemplos:
Atenção:
Tenho compulsão por comprar sapatos à Luis XV.
Nas situações em que o nome geográfico apre- (à moda de Luís XV)
sentar-se modificado por um adjunto adnominal, a
crase está confirmada. * Não se efetiva o uso da crase diante da locução
adverbial ―a distância‖.
Exemplos:
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de Na praia de Copacabana, observamos a queima
suas praias. de fogos a distância.
# A letra ―a‖ dos pronomes demonstrativos aque- Entretanto, se o referido termo se constituir de
le(s), aquela(s) e aquilo receberão o acento grave forma determinada, teremos uma locução pre-
se o temo regente exigir complemento regido da positiva. Mediante tal ocorrência, a crase está
preposição ―a‖. confirmada.
Exemplos: Exemplo:

Entregamos a encomenda àquela menina. O pedestre foi arremessado à distância de cem


(preposição + pronome demonstrativo) metros.
Iremos àquela reunião. - De modo a evitar o duplo sentido, faz-se ne-
(preposição + pronome demonstrativo) cessário o emprego da crase.

55
Exemplo: Entretanto, se a palavra casa vier acompanhada
de um adjunto adnominal, a crase estará confir-
Ensino à distância. mada.

Ensino a distância. Chegamos todos exaustos à casa de Marcela.


# Em locuções adverbiais formadas por pala- # Antes da palavra “terra”, quando essa indi-
vras repetidas, não há ocorrência da crase. car chão firme.
Exemplo: Exemplo:

Ela ficou frente a frente com o agressor. Quando os navegantes regressaram a terra, já
era noite.
Casos em que não se admite o emprego da
crase: Contudo, se o referido termo estiver precedido
por um determinante ou referir-se ao planeta Ter-
# Antes de vocábulos masculinos. ra, ocorrerá a crase.
Exemplos: Paulo viajou rumo à sua terra natal.

As produções escritas a lápis não serão corrigi- # Quando os pronomes indefinidos “alguma,
das. certa e qualquer” estiverem subentendidos
entre a preposição “a” e o substantivo, não
Esta caneta pertence a Pedro. ocorrerá a crase.
# Antes de verbos no infinitivo. Exemplo:
Exemplos:
Caso esteja certo, não se submeta a humilhação.
(a qualquer humilhação)
Ele estava a cantar quando seu pai apareceu
repentinamente.
# Antes de pronomes que requerem o uso do
No momento em que preparávamos para sair, artigo.
começou a chover. Exemplos:

# Antes de numeral. Os livros foram entregues a mim.

Exemplo Dei a ela a merecida recompensa.

Cegou a cento e vinte o número de feridos daque- Observação:


le acidente.
Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos
Observação: à senhora, senhorita e madame admitirem artigo,
o uso da crase está confirmado no ―a‖ que os
- Nos casos em que o numeral indicar horas, con- antecede, no caso de o termo regente exigir a
figurar-se-á como uma locução adverbial femini- preposição.
na, ocorrendo, portanto, a crase.
Equivalência e Transformação
Os passageiros partirão às dezenove horas.
Notadamente, a construção textual é concebida
- Diante de numerais ordinais femininos a crase como um procedimento dotado de grande com-
está confirmada, visto que estes não podem ser
plexidade, haja vista que o fato de as ideias e-
empregados sem o artigo.
mergirem com uma certa facilidade não significa
As saudações foram direcionadas à primeira alu- transpô-las para o papel sem a devida ordenação.
na da classe. Tal complexidade nos remete à noção das com-
petências inerentes ao emissor diante da elabo-
# Antes da palavra casa, quando essa não se
ração do discurso, dada a necessidade de este se
apresentar determinada.
perfazer pela clareza e precisão.
Exemplo:
Infere-se, portanto, que as competências estão
Chegamos todos exaustos a casa. relacionadas aos conhecimentos que o usuário

56
tem dos fatos linguísticos, aplicando-os de acordo Ampliando a noção sobre a correta utilização
com o objetivo pretendido pela enunciação. De destes recursos, analisemos alguns casos em
modo mais claro, ressaltamos a importância da que eles se aplicam:
estrutura discursiva se pautar pela pontuação,
concordância, coerência, coesão e demais requi- não só... mas (como) também:
sitos necessários à objetividade retratada pela
mensagem. A violência não só aumentou nos grandes
centros urbanos, mas também no interior.
Atendo-nos de forma específica aos inúmeros
aspectos que norteiam os já citados fatos linguís- Percebemos que tal construção confere-nos a
ticos, ressaltamos determinados recursos cuja ideia de adição em comparar ambas as situações
função se atribui por conferirem estilo à constru- em que a violência se manifesta.
ção textual – o paralelismo sintático e semântico.
Caracterizam-se pelas relações de semelhança Quanto mais... (tanto) mais:
existente entre palavras e expressões que se
efetivam tanto de ordem morfológica (quando Atualmente, quanto mais se aperfeiçoa o pro-
pertencem à mesma classe gramatical), sintática fissionalismo, mais chances tem de se pro-
(quando há semelhança entre frases ou orações) gredir.
e semântica (quando há correspondência de sen-
tido entre os termos). Ao nos atermos à noção de progressão, podemos
identificar a construção paralelística.
Casos recorrentes se manifestam no momento da
escrita indicando que houve a quebra destes re- Seja... Seja; Quer... Quer; Ora... Ora:
cursos, tornando-se imperceptíveis aos olhos de
quem a produz, interferindo de forma negativa na A cordialidade é uma virtude aplicável em
textualidade como um todo. Como podemos con- quaisquer circunstâncias, seja no ambiente
ferir por meio dos seguintes casos: familiar, seja no trabalho.

Durante as quartas-de-final, o time do Brasil Confere-se a aplicabilidade do recurso mediante


vai enfrentar a Holanda. a ideia de alternância.

Constatamos a falta de paralelismo semântico, ao Tanto... Quanto:


analisarmos que o time brasileiro não enfrentará o
país, e sim a seleção que o representa. Reestru- As exigências burocráticas são as mesmas,
turando a oração, obteríamos: tanto para os veteranos, quanto para os calou-
ros.
Durante as quartas-de-final, o time do Brasil
vai enfrentar a seleção da Holanda. Mediante a ideia de adição, acrescida àquela de
equivalência, constata-se a estrutura paralelísti-
Se eles comparecessem à reunião, ficaremos ca.
muito agradecidos.
Não... E não/nem:
Eis que estamos diante de um corriqueiro proce-
dimento linguístico, embora considerado incorre- Não poderemos contar com o auxílio de nin-
to, sobretudo, pela incoerência conferida pelos guém, nem dos alunos, nem dos funcionários
tempos verbais (comparecessem/ficaremos). O da secretaria.
contrário acontece se disséssemos:
Recurso este empregado quando se quer atribuir
Se eles comparecessem à reunião, ficaríamos uma sequência negativa.
muito agradecidos.
Ambos relacionados à mesma ideia, denotando Por um lado... Por outro:
uma incerteza quanto à ação.
Se por um lado, a desistência da viagem im-

57
plicou economia, por outro, desagradou aos ser hábil para escolher palavra por palavra, de
filhos que estavam no período de férias. modo a fazer com que o discurso (as orações, os
períodos, os parágrafos) torne-se claro e preciso,
atendendo às expectativas de nosso interlocutor.
O paralelismo efetivou-se em virtude da referên-
Dessa forma, como aqueles grãos que boiam
cia a aspectos negativos e positivos relacionados fora, desnecessários por sinal, algumas palavras
a um determinado fato. também parecem não se encaixar, pois por um
motivo ou outro acabam escapando aos nossos
Tempos verbais: olhos.

O porquê de escaparem? É simples, haja vista


Se a maioria colaborasse, haveria mais orga-
que nesse momento essa habilidade antes men-
nização. cionada entra em ação e, em meio a esse ínterim,
conhecimentos de toda ordem parecem se rela-
Como dito anteriormente, houve a concordância cionar, sejam eles de ordem ortográfica, semânti-
de sentido proferida pelos verbos e seus respecti- ca, sintática e, sobretudo, aqueles indispensáveis
vos tempos. a todo bom redator: o conhecimento de mundo.

Reescrita de Frases Dada essa manifestação, é impossível não abor-


dar um procedimento, tão útil quanto necessá-
Antes de discorrermos acerca de um assunto tão rio: a reescrita textual. Acredite que, por meio
importante, convidamos você, caro (a) estudante, dele, você, enquanto emissor, encontrará os
a se enlevar mediante as palavras do grandioso grãos pesados entre um grão qualquer, pedra ou
mestre de nossas letras, João Cabral de Melo indigesto, um grão imastigável, de quebrar den-
Neto, que, por meio de uma metalinguagem, te. Vale dizer, contudo, que essa reescrita não
cumpre bem seu trabalho de lidar com as pala- deve se dar somente no âmbito de corrigir aque-
vras e deixar claro para nós, leitores, quão gran- les possíveis erros... digamos assim... gramati-
dioso e magnífico é o exercício da escrita. Volte- cais. Importantes eles? Sim, sem dúvida alguma,
mo-nos a elas, portanto: mas não são tudo. Cumpre afirmar que a reescri-
ta deve ir além, haja vista que nos permite reco-
Catar Feijão nhecer aquelas ―falhas‖ que certamente seriam
reconhecidas por outra pessoa, sobretudo em se
1. tratando do ―teor‖, da ―essência‖ discursiva.

Catar feijão se limita com escrever: Tendo em vista que a coesão representa um dos
joga-se os grãos na água do alguidar principais aspectos na produção textual, muitas
e as palavras na folha de papel; vezes, mediante a leitura daquilo que escreve-
e depois, joga-se fora o que boiar. mos, constatamos que os parágrafos não se en-
Certo, toda palavra boiará no papel, contram assim tão harmoniosamente ligados co-
água congelada, por chumbo seu verbo: mo deveriam. Às vezes, uma conjunção ali, um
pois para catar esse feijão, soprar nele, advérbio acolá e um pronome adiante não se
e jogar fora o leve e oco, palha e eco. encontram bem distribuídos. Outras vezes,
percebemos uma quebra de simetria (revelada
2. pela falta de paralelismo), em que uma ideia
poderia ter sido expressa de outra forma.
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre Assim, de modo a constatar como esse aspecto
um grão qualquer, pedra ou indigesto, assimétrico se manifesta na prática, analise o
um grão imastigável, de quebrar dente. seguinte enunciado:
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo: A leitura é importante, necessária, útil e traz
obstrui a leitura fluviante, flutual, benefícios a todo emissor que deseja aprimorar
açula a atenção, isca-a como o risco. ainda mais a competência discursiva.

Poema intitulado ―Catar feijão‖, parte constituinte Inferimos que com o uso de ―traz benefícios‖ hou-
do livro ―Educação pela pedra‖, publicado em ve uma quebra de simetria dos adjetivos explici-
1965. tados (importante, necessária, útil...). Não que
isso seja considerado uma falha de grande exten-
A comparação ora estabelecida parece casar são, mas a ideia ficaria mais clara se outro adjeti-
perfeitamente diante daquele momento em que vo tivesse sido utilizado, justamente para acom-
as ideias são elencadas. No entanto, é preciso panhar o raciocínio antes firmado, ou seja:

58
A leitura é importante, necessária, útil e bené- a) iniciar a fala dos personagens:
fica a todo emissor que deseja aprimorar ainda Ex.: Então o padre respondeu:
mais a competência discursiva. – Parta agora.

Outro aspecto, não menos importante, materiali- b) antes de aposto ou orações apositivas, enume-
za-se pela ―abundância‖ de orações intercaladas, rações ou seqüência de palavras que explicam,
as quais corroboram para a extensão da ideia, resumem idéias anteriores.
fazendo com que o interlocutor perca o ―fio da Ex.: Meus amigos são poucos: Fátima, Rodrigo e
meada‖ e passe a não entender mais o que se Gilberto.
afirma no início da oração. Dessa forma, para que
fique um pouco mais claro, analisemos o parágra- c) antes de citação.
fo que segue, revelando ser um bom exemplo da Ex.: Como já dizia Vinícius de Morais: ―Que o
ocorrência em questão: amor não seja eterno posto que é chama, mas
que seja infinito enquanto dure.‖
A leitura, esse importante instrumento – o
qual o torna mais culto, mais apto a expressar RETICÊNCIAS ( … )
seus pensamentos –, pois amplia significati-
vamente seu vocabulário, contribui para o a) indicar dúvidas ou hesitação do falante.
aperfeiçoamento da escrita. Ex.: Sabe…eu queria te dizer que…esquece.

Tudo aquilo que se afirma acerca da eficácia da b) interrupção de uma frase deixada gramatical-
leitura, ainda que relevante, tornou extensa e mente incompleta.
cansativa a ideia abordada. Dessa forma, retifi- Ex.: – Alô! João está?
cando a oração, poderíamos obter como essenci- – Agora não se encontra. Quem sabe se ligar
al somente estes dizeres, os quais seguem ex- mais tarde…
pressos:
c) ao fim de uma frase gramaticalmente completa
A leitura contribui para o aperfeiçoamento da com a intenção de sugerir prolongamento de idéi-
escrita. a.
Ex.: ―Sua tez, alva e pura como um foco de algo-
Mediante os pressupostos aqui elencados, acredi- dão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-
tamos ter contribuído de forma significativa para rosa…‖ (Cecília- José de Alencar)
que você aprimore ainda mais suas habilidades
no que tange à construção textual. E que, por d) indicar supressão de palavra (s) numa frase
meio da reescrita de suas ideias, possa ser hábil transcrita.
em jogar fora o leve o oco, assim mesmo como
ressalta nosso grande mestre, e reelabore seu Ex.: ―Quando penso em você (…) menos a felici-
discurso pautando-se na concretude das pala- dade.‖ (Canteiros – Raimundo Fagner)
vras, tornando-as claras, precisas, objetivas.
PARÊNTESES ( () )
Empregos dos Sinais de Pontuação
a) isolar palavras, frases intercaladas de caráter
Os sinais de pontuação são sinais gráficos em- explicativo e datas.
pregados na língua escrita para tentar recuperar
Ex.: Na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), ocorreu
recursos específicos da língua falada, tais como:
inúmeras perdas humanas.
entonação, jogo de silêncio, pausas, etc…
―Uma manhã lá no Cajapió ( Joca lembrava-se
Veja abaixo a divisão e emprego dos sinais de como se fora na véspera), acordara depois duma
pontuação: grande tormenta no fim do verão. ― (O milagre das
chuvas no nordeste- Graça Aranha)
PONTO ( . )
Os parênteses também podem substituir a vírgula
a) indicar o final de uma frase declarativa. ou o travessão.
Ex.: Lembro-me muito bem dele.
PONTO DE EXCLAMAÇÃO ( ! )
b) separar períodos entre si.
Ex.: Fica comigo. Não vá embora. a) Após vocativo.
Ex.: ―Parte, Heliel! ― ( As violetas de Nossa Sra.-
c) nas abreviaturas. Humberto de Campos).
Ex.: Av.; V. Ex.ª
b) Após imperativo.
DOIS-PONTOS ( : ) Ex.: Cale-se!

59
c) Após interjeição. Ex.: Chegando de viagem, procurarei por você.
Ex.: Ufa! Ai! As pessoas, muitas vezes, são falsas.

d) Após palavras ou frases que denotem caráter d) separar elementos de uma enumeração.
emocional. Ex.: Precisa-se de pedreiros, serventes, mestre-
Ex.: Que pena! de-obras.

PONTO DE INTERROGAÇÃO ( ? ) e) isolar expressões de caráter explicativo ou


corretivo.
a) Em perguntas diretas. Ex.: Amanhã, ou melhor, depois de amanhã po-
Ex.: Como você se chama? demos nos encontrar para acertar a viagem.
b) Às vezes, juntamente com o ponto de excla- f) separar conjunções intercaladas.
mação. Ex.: Não havia, porém, motivo para tanta raiva.
Ex.: – Quem ganhou na loteria?
– Você. g) separar o complemento pleonástico antecipa-
– Eu?! do.
Ex.: A mim, nada me importa.
VÍRGULA ( , )
h) isolar o nome de lugar na indicação de datas.
É usada para marcar uma pausa do enunciado Ex.: Belo Horizonte, 26 de janeiro de 2001.
com a finalidade de nos indicar que os termos por
ela separados, apesar de participarem da mesma i) separar termos coordenados assindéticos.
frase ou oração, não formam uma unidade sintáti- Ex.: ―Lua, lua, lua, lua,
ca. por um momento meu canto contigo compactu-
a…‖ (Caetano Veloso)
Ex.: Lúcia, esposa de João, foi a ganhadora única
da Sena. j) marcar a omissão de um termo (normalmente o
verbo).
Podemos concluir que, quando há uma relação Ex.: Ela prefere ler jornais e eu, revistas. (omis-
sintática entre termos da oração, não se pode são do verbo preferir)
separá-los por meio de vírgula.
Termos coordenados ligados pelas conjunções e,
Não se separam por vírgula: ou, nem dispensam o uso da vírgula. Ex.: Con-
versaram sobre futebol, religião e política.
 predicado de sujeito;
Não se falavam nem se olhavam./ Ainda não me
 objeto de verbo; decidi se viajarei para Bahia ou Ceará.
Entretanto, se essas conjunções aparecerem
 adjunto adnominal de nome; repetidas, com a finalidade de dar ênfase, o uso
da vírgula passa a ser obrigatório.
 complemento nominal de nome;
Ex.: Não fui nem ao velório, nem ao enterro, nem
 predicativo do objeto do objeto; à missa de sétimo dia.
 oração principal da subordinada substanti- A vírgula entre orações
va (desde que esta não seja apositiva nem apa-
reça na ordem inversa). É utilizada nas seguintes situações:

A vírgula no interior da oração a) separar as orações subordinadas adjetivas


explicativas.
É utilizada nas seguintes situações: Ex.: Meu pai, de quem guardo amargas lembran-
ças, mora no Rio de Janeiro.
a) separar o vocativo. Ex.: Maria, traga-me uma
xícara de café. b) separar as orações coordenadas sindéticas e
A educação, meus amigos, é fundamental para o assindéticas (exceto as iniciadas pela conjunção
progresso do país. e ). Ex.: Acordei, tomei meu banho, comi algo e
saí para o trabalho. Estudou muito, mas não foi
b) separar alguns apostos. Ex.: Valdete, minha aprovado no exame.
antiga empregada, esteve aqui ontem.
Há três casos em que se usa a vírgula antes da
c) separar o adjunto adverbial antecipado ou in- conjunção:
tercalado.

60
1) quando as orações coordenadas tiverem sujei- fim da vida, quando a bronquite crônica de que
tos diferentes. sofria desde moço se foi transformando em o-
Ex.: Os ricos estão cada vez mais ricos, e os po- pressora asma cardíaca; os lábios grossos, o
bres, cada vez mais pobres. inferior um tanto tenso (…) ‖ (O visconde de I-
nhomerim – Visconde de Taunay)
2) quando a conjunção e vier repetida com a fina-
lidade de dar ênfase (polissíndeto). Ex.: E chora, TRAVESSÃO ( – )
e ri, e grita, e pula de alegria.
a) dar início à fala de um personagem.
3) quando a conjunção e assumir valores distintos Ex.: O filho perguntou:
que não seja da adição (adversidade, conse- – Pai, quando começarão as aulas?
qüência, por exemplo) Ex.: Coitada! Estudou mui-
to, e ainda assim não foi aprovada. b) indicar mudança do interlocutor nos diálogos.
– Doutor, o que tenho é grave?
c) separar orações subordinadas adverbiais (de- – Não se preocupe, é uma simples infecção. É só
senvolvidas ou reduzidas), principalmente se tomar um antibiótico e estará bom.
estiverem antepostas à oração principal.
c) unir grupos de palavras que indicam itinerário.
Ex.: ―No momento em que o tigre se lançava, Ex.: A rodovia Belém-Brasília está em péssimo
curvou-se ainda mais; e fugindo com o corpo estado.
apresentou o gancho.‖( O selvagem – José de
Alencar) Também pode ser usado em substituição à virgu-
la em expressões ou frases explicativas.
d) separar as orações intercaladas. Ex.: ―- Se- Ex.: Xuxa – a rainha dos baixinhos – será mãe.
nhor, disse o velho, tenho grandes contentamen-
tos em a estar plantando…‖ ASPAS ( “ ” )

Essas orações poderão ter suas vírgulas substitu- a) isolar palavras ou expressões que fogem à
ídas por duplo travessão. Ex.: ―Senhor – disse o norma culta, como gírias, estrangeirismos, pala-
velho – tenho grandes contentamentos em a estar vrões, neologismos, arcaísmos e expressões
plantando…‖ populares.

e) separar as orações substantivas antepostas à Ex.: Maria ganhou um apaixonado ―ósculo‖ do


principal. seu admirador.
Ex.: Quanto custa viver, realmente não sei. A festa na casa de Lúcio estava ―chocante‖.
Conversando com meu superior, dei a ele um
PONTO-E-VÍRGULA ( ; ) ―feedback‖ do serviço a mim requerido.

a) separar os itens de uma lei, de um decreto, de b) indicar uma citação textual.


uma petição, de uma seqüência, etc.
Ex.: Art. 127 – São penalidades disciplinares: Ex.: ―Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, às
pressas, bufando, com todo o sangue na face,
I- advertência; desfiz e refiz a mala‖. ( O prazer de viajar – Eça
de Queirós)
II- suspensão;
Se, dentro de um trecho já destacado por aspas,
III- demissão; se fizer necessário a utilização de novas aspas,
estas serão simples. ( ‗ ‗ )
IV- cassação de aposentadoria ou disponibilida-
de; Recursos alternativos para pontuação:

V- destituição de cargo em comissão; Parágrafo ( § )


VI- destituição de função comissionada. ( cap. V Chave ( { } )
das penalidades Direito Administrativo)
Colchete ( [ ] )
b) separar orações coordenadas muito extensas
ou orações coordenadas nas quais já tenham tido Barra ( / )
utilizado a vírgula.
Denotação e Conotação
Ex.: ―O rosto de tez amarelenta e feições inex-
pressivas, numa quietude apática, era pronuncia-
damente vultuoso, o que mais se acentuava no

61
Você sabe o que é denotação? E conotação? Eles soltaram os cachorros quando percebe-
Para entender melhor esses importantes elemen- ram que foram enganados!
tos da linguagem, observe as tirinhas:
Você diria que a expressão ―soltaram os cachor-
ros‖ foi empregada com a mesma intenção nas
duas orações? Na primeira, a expres-
são ―soltaram os cachorros‖ foi utilizada em seu
sentido literal, isto é, no sentido denotativo, pois
de fato os animais foram liberados para passear.
E na segunda oração? Qual sentido você atribuiu
Hagar, o Horrível. Criação de Chris Browne. É à expressão ―soltaram os cachorros‖? Provavel-
comum encontrarmos nas tirinhas recursos ex- mente você percebeu que ela foi empregada em
pressivos da linguagem, como a conotação seu sentido conotativo, pois naquele contexto
representou que alguém ficou bravo e acabou se
exaltando, perdendo a paciência.

Geralmente, a conotação é empregada em uma


linguagem específica, que não tenha compromis-
so em ser objetiva ou literal. Ela é muito encon-
trada na literatura, que utiliza diversos recursos
expressivos para realçar um elaborado trabalho
Calvin e Haroldo, criação de Bill Watterson. O uso com a linguagem. Nos textos informativos, por
da conotação confere o efeito de humor da tirinha exemplo, a conotação dá lugar à denotação, pois
a informação deve ser transmitida da maneira
No terceiro quadrinho da primeira tirinha, é possí- mais clara possível, para assim evitar interpreta-
vel notar um diálogo interessante entre os amigos ções equivocadas e o efeito de ambiguidade.
Hagar e Eddie Sortudo. A pergunta metafórica
feita por Hagar ganhou uma resposta inesperada, Sintetizando:
visto que seu amigo não compreendeu o sentido
conotativo empregado em sua linguagem. A res- Conotação: Sentido mais geral que se pode atri-
posta ―Você está aqui porque o dono do bar deixa buir a um termo abstrato, além da significação
você pendurar a conta até o fim do mês‖ também própria. Sentido figurado, metafórico.
utiliza uma linguagem figurativa, pois ―pendurar a
conta‖ quer dizer, na verdade, consumir e protelar Denotação: Significado de uma palavra ou ex-
o pagamento, certo? pressão mais próximo do seu sentido literal. Sen-
tido real, denotativo.
Na tirinha de Calvin e Haroldo, também encon-
tramos uma expressão empregada em seu senti- Uso e Sentido das Figuras de Palavras
do metafórico: Quando o valentão Moe diz para
Calvin que ele ―vai comer asfalto‖, não esperamos O que são Figuras de Linguagem:
que a ameaça seja cumprida ao pé da letra, mas
sabemos que o sentido dado à expressão é nega- As figuras de linguagem são recursos usados
tivo. Moe usou o sentido figurado para dizer que na fala ou na escrita para tornar mais expressi-
Calvin vai passar por ―maus pedaços‖ no quinto va a mensagem transmitida.
ano. Pois bem, temos aí bons exemplos de deno-
tação e conotação. É muito importante saber identificar as diversas
figuras de linguagem, porque desta forma é pos-
Pois bem, a denotação e a conotação dizem res- sível compreender melhor diferentes textos.
peito às variações de significado que ocorrem
no signo linguístico — elemento que representa o Compreender e saber usar figuras de estilo nos
significado e o significante. Em outras palavras, capacita a usar de forma mais eficaz a linguagem
podemos dizer que nem sempre os vocábulos como fenômeno social e nos ajuda a vislumbrar o
apresentam apenas um significado, podendo simbolismo de algumas conversas e obras escri-
apresentar uma variedade deles de acordo com o tas.
contexto em que são empregados. Observe o
exemplo: As figuras de linguagem podem ser subdivididas
em figuras de palavras, figuras de pensamen-
Os donos soltaram os cachorros para que eles to e figuras de construção.
pudessem passear na fazenda.
Figuras de Palavras

62
Catacrese: emprego de uma palavra no sentido Elipse: omissão de um termo que pode ser identi-
figurado por não haver um termo próprio. Ex.: a ficado facilmente. Ex.: no trânsito, carros e mais
perna dos óculos. carros. (há)

Metáfora: estabelece uma relação de semelhan- Pleonasmo: repetição de um termo, redundância.


ça ao usar um termo com significado diferente do Ex.: subir para cima
habitual. Ex.: A menina é uma flor.
Polissíndeto: repetição da conjunção entre os
Comparação: parecida com a metáfora, a com- termos da oração. Ex.: ―nem o céu, nem o
paração é uma figura de linguagem usada para mar, nem o brilho das estrelas‖
qualificar 1 característica parecida entre dois ou
mais elementos. No entanto, no caso da compa- Zeugma: omissão de um termo já expresso ante-
ração, existe uma palavra de conexão (como, riormente. Ex: Ele gosta de Inglês; eu, (gosto) de
parecia, tal, qual, assim, etc). Ex: "O olhar dela é Alemão.
como a lua, brilha maravilhosamente.".
Gêneros Textuais Como Práticas Sócio-
Metonímia: substituição lógica de uma palavra Históricas.
por outra semelhante. Ex.: Beber um copo de
vinho. Segundo Marcuschi os gêneros textuais são fe-
nômenos históricos, profundamente vinculados à
Onomatopeia: imitação de um som. vida cultural e social, portanto, são entidades
Ex.: trrrimmmmm (telefone) sócio-discurssivas e formas de ação social em
qualquer situação comunicativa.
Perífrase: uso de uma palavra ou expressão para
designar algo ou alguém. Ex.:Cidade Luz (Paris) Caracterizam-se como eventos textuais altamente
maleáveis e dinâmicos.
Sinestesia: mistura de diferentes impressões
sensoriais. Ex.: o doce som da flauta Passemos para uma simples observação histórica
do surgimento dos gêneros que revela um conjun-
Figuras de Pensamento to limitado dos mesmos. Após a invenção da es-
crita alfabética por volta do século VII a.C., multi-
Antítese: palavras de sentidos opostos. Ex.: plicam-se os gêneros, surgindo os tipos da escri-
bom/mau ta; os gêneros expandem-se com o surgimento da
Paradoxo: referente a duas idéias contraditórias cultura impressa e atualmente a fase denominada
em uma só frase ou pensamento. Ex: "Ainda me cultura eletrônica, particularmente computador
lembro daquele silêncio ensurdecedor." (internet) aparece como uma explosão de novo
Eufemismo: intenção de suavizar um fato ou gênero e forma de comunicação, tanto na orali-
atitude. Ex.: Foi para o céu (morreu) dade como na escrita.
Hipérbole: exagero intencional. Ex.: morto de
sono Os gêneros textuais caracterizam-se muito mais
Ironia: afirmação contrária daquilo que se pensa. por suas funções comunicativas; cognitivas e
Ex.: É um santo! (para alguém com mau compor- institucionais, do que por suas peculiaridades
tamento) lingüísticas e estruturais.
Prosopopeia ou Personificação: atribuição de
predicativos próprios de seres animados a seres Este artigo trás estudos sobre três gêneros textu-
inanimados. Ex.: O sol está tímido. ais relacionados ao meio de comunicação e ana-
lisa-os em sua funcionalidade, apontando aspec-
Figuras de Construção tos de interesse do educador e do educando.

Aliteração: repetição de um determinado som Definição E Funcionalidade.


nos versos ou frases. Ex: o rato roeu a roupa...
Muito se tem falado sobre a diferença entre ―tipos
Anacoluto: alteração da construção normal da textuais‖ e ―gêneros textuais‖.
frase. Ex.: O homem, não sei o que pretendia.
Alguns teóricos denominam narração; descrição e
Anáfora: repetição intencional de uma palavra ou dissertação como ―modos de organização textu-
expressão para reforçar o sentido. Ex.: ―Noite- al‖, diferenciando-os das terminologias que são
montanha. Noite vazia. Noite indecisa. Confu- considerados ―gêneros textuais‖.
sa noite.Noite à procura, mesmo sem alvo.‖ (Car-
los Drummond de Andrade) Partindo desse pressuposto e pautando-se no
estudo de Marcuschi definimos a seguir:

63
 Tipos textuais: seqüência definida pela tativo, ou seja, uma comunicação cujo objetivo é
natureza lingüística de sua composição (narra- efetivamente alcançado e concretizado; daí dizer
ção, descrição e dissertação); que a argumentação está inscrita no uso da lín-
gua.
 Gêneros textuais: são os textos encontra-
dos no nosso cotidiano e apresentam característi- 5 Observações Sobre Gêneros Textuais:
cas sócio-comunicativas (carta pessoal ou co-
mercial, diários, agendas, e-mail, orkut, lista de O presente trabalho fundamenta-se teoricamente
compras, cardápio entre outros). em reflexões feitas por Bakhtin (2000), Marcuschi
(2002), Bronckart (1999) entre outros.
Com referência a Bakhtin (1997), concluímos que
é impossível se comunicar verbalmente a não ser De acordo com diversas pesquisas voltadas para
por um texto e obriga-nos a compreender tanto as a questão dos gêneros textuais e segundo os
características estruturais (como ele é feito) como autores citados acima, já se tornou evidente que
as condições sociais (como ele funciona na soci- os gêneros são fenômenos históricos ligados à
edade). vida cultural e social, os quais contribui para a
ordenar e estabilizar as atividades comunicativas
 TIPOS TEXTUAIS VOLTADOS PARA AS do dia-a-dia.
FUNÇÕES SOCIAIS DOS TEXTOS.
Bronckart (1999) diz ―Conhecer um gênero de
 Informativos; texto também é conhecer suas condições de uso,
sua pertinência, sua eficácia, ou de forma mais
 Expositivos; geral, sua adequação em relação às característi-
cas desse contexto social.‖ (BRONCKART, 1999,
 Numerados; p. 48).

 Prescritivos; Como afirmou Bronckart (1999) ―a apropriação


dos gêneros é um mecanismo fundamental de
 Literário; socialização, ―o que permite dizer que os gêneros
textuais operam como formas de legitimação dis-
 Argumentativo. cursiva.

Segundo Bakhtin (1997), os gêneros são tipos QUADRO 1 – Tipos de composição textual:
relativamente estáveis de enunciados elaborados
pelas mais diversas esferas da atividade humana. Descrição
Por essa relatividade a que se refere o autor,
pode-se entender que o gênero permite certa É um texto narrativo com predomínio de verbos
flexibilidade quanto à sua composição, favore- de ligação que retratam detalhadamente perso-
cendo uma categorização no próprio gênero, isto nagens, ambientes e objetos.
é, a criação de um subgênero.
Narração
Tipos Textuais Como Ferramenta.
Texto narrativo em 1ª ou 3ª pessoa que contém
Para Bakhtin (1997), quando um indivíduo utiliza enredo, conflito, cenário, tempo e espaço com
a língua, sempre o faz por meio de um tipo de predomínio de verbos de ação, portanto o diálogo
texto ainda que possa não ter consciência dessa, direto é freqüente.
ou seja, a escolha de um tipo é um dos passos-
se não o primeiro- a ser seguido no processo de Dissertação
comunicação.
É um texto de defesa de um argumento ―tese‖
Por isso, os tipos textuais podem ser uma ferra- que possui introdução, desenvolvimento e con-
menta que está a disposição do falante, sendo clusão; a linguagem é objetiva prevalecendo à
por ele escolhidos da maneira que melhor lhe denotação; ele pode ser expositivo ou argumenta-
convém para, no processo de comunicação, auxi- tivo de caráter científico.
liá-lo na sua expressão lingüística.
 Retrato de pessoas, ambientes, objetos;
Tomar um tipo textual como uma estrutura básica
normalmente usada em uma determinada situa-  Predomínio de atributos;
ção o torna uma valiosa ―ferramenta‖ que o falan-
te procura, guia e controla para poder expressar a  Uso de verbos de ligação;
função maior da linguagem que é atingir uma
comunicação, em maior ou menor grau argumen-

64
 Frequente emprego de metáforas, compa- CATALISADOR-CATALIZANTE, PORTUGUÊS-
rações e outras figuram de linguagem; PORTUGUESINHO, CASA-CASEBRE..

 Tem como resultado a imagem física e Palavras que se escrevem com “IZAR” (for-
psicológica. mador de verbos) “IZAÇÃO” (formador de
substantivos).
Domínio da Ortografia Oficial
Amenizar, avalizar, catequizar, desmobilizar, des-
É a parte da gramática que trata do emprego personalizar, esterilizar, estigmatizar, finalizar,
correto das letras e dos sinais gráficos na língua generalizar, harmonizar, poetizar, profetizar, ra-
escrita. É a maneira correta de escrever as pala- cionalizar, sensacionalizar, civilizar, civilização;
vras. humanizar, humanização; colonizar, colonização;
realizar, realização.
Emprego das letras.
Obs. Não confunda com os casos em que se
Palavras que se escrevem com “ESA” acrescenta o sufixo -ar a palavras que já apresen-
tam S: analisar, pequisar, avisar.
Burguesa, chinesa, despesa, escocesa, francesa,
inglesa, japonesa, holandesa, mesa, pequinesa, Apesar de CATEQUIZAR se derivar de CATE-
portuguesa etc. QUESE, aquele termo se escreve com Z e este,
com S.
Se conseguirmos completar a frase ―ELA É‖, a
palavra será sempre com ―S‖. Ex. Ela é chinesa. As palavras POETIZAR e PROFETIZAR não se
Ela é pequinesa. derivam de POETISA e PROFETISA, mas sim de
POETA e PROFETA. Por isso as primeiras se
Palavras que se escrevem com “EZA”. escrevem com Z e as últimas, com S.
Alteza, avareza, beleza, crueza, fineza, firmeza, Palavras que se escrevem com “S”
lerdeza, proeza, pureza, singeleza, tristeza, rijeza
etc. A letra S representa o fonema /z/ quando é inter-
volálica: asa, mesa, riso.
Palavras que se escrevem com “ÊS”
Usa-se a letra S:
Burguês, chinês, cortês, escocês, francês, inglês,
irlandês, montanhês, pedrês, português etc. a) nas palavras que derivam de outra em que já
existe S. (bizu 1.7)
Se conseguirmos completar a frase ―ELE É‖, a
palavra será com ―S‖. b) nos sufixos:

Ex: Ele é cortês. Ele é burguês. Ele é francês. -ês, -esa (para indicação de nacionalidade, título,
origem)
Palavras que se escrevem com “EZ”
-ense, -oso, -osa (formadores de adjetivos)
Altivez, embriaguez, estupidez, intrepidez, pali-
dez, morbidez, pequenez, talvez, vez, viuvez, -isa (indicador de ocupação feminina): poetisa,
sisudez, rigidez, surdez, maciez. profetisa, papisa

Palavras que se escrevem com “OSO”, “OSA” c) após ditongos: lousa, coisa, Neusa, ausência,
náusea.
Audacioso, brioso, cauteloso, delicioso, formoso,
gostoso, perigoso, pomposo, teimoso, valioso etc d) nas formas dos verbos pôr (e derivados)
e querer: pus, pusera, pusesse; repus, repusera,
Palavras que se escrevem com “ISAR” repusesse; quis, quisera, quisesse.

Alisar, analisar, bisar, paralisar, pesquisar, pisar Algumas palavras


etc.
anis, atrás, brasa, compreensão, conversível,
Para que estes vocábulos se escrevam com ―S‖, coser(costurar), esôfago, esotérico, esoterismo,
é necessário que no próprio radical já haja a letra espectador, esplêndido, esterco, estéril, estorvo,
―S‖. extravasar, fusível, gás, gasolina, guisado, here-
sia, hesitar, hipnose, hipocrisia, imersão, misto,
Ex.: AVISAR-AVISO, ANALISAR-ANÁLISE, BI- revés, sesta, asilo, isolar, isquemia, oscular, que-
SAR-BIS, PARALISAR-PARALISIA, CATÁLISE- rosene, quis, quiser, puser, siso, poetisa, profeti-

65
sa, sacerdotisa, submerso, usina, usufruir, usura, Palavras que se escrevem com “SS”
usurpar, versátivel, inserto (inserido), conser-
tar(reparar), servo (servente), serração (ato de admissão, demissionário, transmissão, emissor,
serrar), intensão (intensidade), colisão, impulso, expressão, expresso, impressionismo, compres-
imersão, inversão, maisena, pretensão, expan- sor, assado, passar, ingressar, progresso, suces-
são, pretensioso, obsessão (mas obcecado), lilás, so, discussão, repercussão, promessa, remessa,
revisão, vaso, através, Isabel, ourivesaria. agressivo, transgressão, antiqüíssimo, tenacíssi-
mo, excesso, dissensão, sossego, pêssego, mas-
Palavras que se escrevem com “Z” sagem, secessão, necessário, escasso, escas-
sez, sessão (reunião), cessão (ceder), sessar
azar, azenha, azeitona, azeite, azinhavre, balizar, (peneirar), russo (natural da Rússia), passo (pas-
bizantino, bizarro, buzina, cozer (cozinhar), deze- sada), empossar (dar posse), cassar (anular)
na, dizimar, fuzil, aprazível, deslize, falaz, fezes, dissertar (discorrer).
fugaz, gazeta, giz, gozar, hipnotizar, tez, algazar-
ra, foz, prazerosamente, ojeriza, perspicaz, proe- Palavras que se escrevem com “SC”
za, desprezar, vazar, revezar, xadrez, azia, azia-
go, talvez, cuscuz, coalizão, assaz, bissetriz. abscissa, abscesso, adolescente, ascensão, a-
crescentar, acréscimo, ascese, ascetismo, ascen-
Palavras que se escrevem com “X” sorista, consciência, cônscio, descendente, des-
censão, descentralizar, descente (vazante), dis-
bexiga, coxo, engraxar, sintaxe, caxumba, faxina, cente, disciplina, discípulo, fascículo, fascínio,
maxixe, muxoxo, paxá, praxe, xale, xícara, exci- fascinante, isósceles, nascer, obsceno, oscilação,
tante, xavante, xereta, baixo, trouxe, enxada, piscina, piscicultura, imprescindível, intumescer,
enxaguar, enxame, enxaqueca, enxerto, enxortar, irascível, miscigenação, seiscentos, transcen-
enxoval, enxugar, enxurrada, enxuto, seixo, faixa, der, rescindir, rescisão, ressuscitar, suscitar.
exacerbar, exotérmico, exorcismo, expletivo, expi-
rar, expelir, expectativa, expor, explicar, extasiar, Palavras que se escrevem com “G”
exterminar, extensão, extenso, extorsivo, exube-
rante, exalar, exaltar, exame, exarar, exaustão, a) nos substantivos terminados em agem, igem,
exéquias, exílio, exímio, êxito, êxodo, exonerar, ugem: aragem, barragem, contagem, coragem,
exótico, exumação, broxa(pincel), buxo (arbusto malandragem, miragem, fuligem, origem, verti-
ornamental), xá (título de soberano do Oriente), gem, ferrugem, lanugem, rabugem. Cuidado com
xeque (incidente no xadrez), xampu, xangai, ex- as exceções pajem e lambujem.
piar, baixeza, graxa, exsurgir, extirpar, extorsão,
roxo, xavante. b) nas palavras terminadas em ágio, égio, ígio,
ógio, úgio: adágio, contágio, estágio, pedágio;
Palavras que se escrevem com “CH” colégio, egrégio; litígio, prestígio; necrológico,
relógio; refúgio, subterfúgio.
enchova, encharcar, encher, enchiqueirar, encho-
çar, enchente, enchouriçar, chave, chuchu, chico- Outras
te, chifre, chispar, chimpanzé, choupana, choru-
mela, chulo, chumaço, chusma, chavão, charuto, angelical, aborígine, agilidade, algema, agir, agio-
champanha, chacina, chantagem, chaminé, chi- ta, apogeu, argila, bege, cogitar, drágea, faringe,
cana, chibata, chiar, bricha (prego), bucho (estô- fugir, geada, gengibre, gíria, tigela, rigidez, mon-
mago de animais), chá (arbusto), cheque (ordem ge, ogiva, herege, genuíno, algemas, gergelim,
de pagamento), cocha (gamela), tacha (prego), gesso, egípcio, gironda, infrigir, bugiganga, via-
debochar, fachada, fantoche, linchar, arrocho, gem (substantivo), vagem, estiagem, folhagem,
brecha, pechincha, pichar, salsicha, chicória, ca- geringonça, ginete, gengiva, sargento, coragem,
chimbo, broche, bochecha, flecha, mochila, chute, ferrugem, tragédia, gesto.
chope, apetrecho, comichão.
Palavras que se escrevem com “J”
Palavras que se escrevem com “Ç” ou “C”
a) nas formas dos verbos terminados em -jar:
à beça, almoço, terçol, ressurreição, exceção, arranjar (arranjo, arrajem, por exemplo); enferru-
cessação, açucena, joça, camurça, mormaço, jar (enferruje, enferrujem), viajar (verbo -> viajo,
presunção, torção, trança, soçobrar, troço, joça, viaje, viajem);
pança, maçarico, maciço, ruço (grisalho), aguçar,
caçula, seção(departamento), retenção, absten- b) nas palavras oriundas do Tupi, africana e ára-
ção, disfarçar, cerração (nevoeiro), cervo (veado), be ou de origem exótica: Jibóia, pajé, jirau, alfan-
decertar (lutar), empoçar (formar poça), intenção je, alforje, canjica, jerico, manjericão, Moji.
(propósito), oaço (palácio), sucinto, silêncio.

66
OUTRAS igrejinha, laje, lajeado, varejista, sarjeta, Nomes genéricos ocorrem quando há reintegra-
gorjeta, anjinho, canjica, viajem (verbo), encora- ção do item lexical pela utilização de nomes ge-
jem (verbo), enferrujem (verbo), cafajeste, cerejei- néricos, como: pessoa, coisa, fato, gente, negó-
ra, injeção, enrijecer, berinjela, jejuar, jérsei, inter- cio, lugar, idéia, funcionando como itens de refe-
jeição, jesuíta, jibóia, lambujem, majestade, jirau, rência anafórica.
ultraje, traje, ojeriza, jenipano, pajé, pajem, jeito,
granja, projétil (ou projetil), rejeição, sarjeta, traje,
jerimum.
O conceito de Coesão Recorrencial é quando as
A letra “H” retomadas de estruturas lingüísticas visam à pro-
gressão do discurso. Constitui um meio de articu-
hálito, hangar, harmonia, harpa, haste, hediondo, lar a informação nova àquela já conhecida no
hélice, hemisfério, hemorragia, herbívoro (mas contexto. Também tem as Retomada de termos
ervas), hérnia, herói, hesitar, hífen, hipismo, hipo- que é quando a repetição de um mesmo termo
condria, hilaridade, hipocrisia, hipótese, histeria, exerce uma função determinada, de ênfase, in-
homenagem, horror, horta, hostil, humor, húmus. tensificação etc. No Paralelismo ocorre quando
os elementos lingüísticos são reutilizados em
Em ―Bahia‖, o H sobrevive por tradição histórica. enunciados com sentidos diferentes.
Observe que nos derivados ele não é usado: bai-
ano, baianismo. Coesão textual: associação e conexão

Domínio dos Mecanismos de Coesão Textual A Coesão Seqüencial tem a mesma função da
coesão recorrencial fazendo progredir o texto,
A Coesão Referencial como já foi dito se mani- impulsionando o fluxo informacional. Difere da
festa por meio de itens lingüísticos que não po- recorrencial por não apresentar retomadas de
dem ser interpretados semanticamente por si itens, sentenças ou estruturas. A Conexão das
mesmos, como pronomes pessoais, demonstrati- orações é estabelecida por Condição que estabe-
vos e relativos. A Coesão por Substituição ocorre lece uma relação de dependência entre proposi-
quando um dado elemento lingüístico é retomado ções. Por Causa no qual ocorre quando há entre
ou precedido por um outro elemento. No caso da duas proposições uma relação de causa- conse-
retomada, tem-se a anáfora. Ex.: ―Carla tem um qüência. Pela Finalidade que estabelece a cone-
automóvel. Ele é verde‖. No caso da antecipação, xão entre as duas orações estabelece uma rela-
tem-se a catáfora. Ex.: ―Quero dizer-te uma coisa: ção meio-fim. Outro fator é a Conformidade que
gosto de você‖. A Coesão por Reiteração é a exprime a conexão das duas orações mostra a
repetição de expressões que têm a mesma refe- conformidade de conteúdo de uma oração em
rência no texto. A Repetição do mesmo item lexi- relação à outra. A Explicação exerce a conexão
cal ocorre quando a retomada da informação se das duas orações mostra que a segunda explica
dá pela repetição das mesmas expressões lexi- a primeira e a Adição é responsável pela conexão
cais. das duas orações mostra um conjunto de ideias
entre as proposições.
Um processo importante na produção textual é a
Sinonímia, que ocorre quando a repetição se dá Na aula ficou bem clara a Conexão de enuncia-
pelo emprego de sinônimos. Ex.: ―O barulho é um dos em textos: por meio de encadeamentos su-
dos problemas mais graves que afligem nossa cessivos e diferentes entre dois ou mais períodos
civilização nesse século. Os milhões de ruídos e entre parágrafos de um texto. Os elementos
que rodeiam o homem diariamente, em quase formais responsáveis por esse tipo de conexão
todos os cantos, em sua maior parte, são produ- são chamados operadores argumentativos. São
zidos por ele mesmo‖. Na aula também foram operadores argumentativos: com o propósito de,
apresentado o conceito e alguns exemplos com a intenção de, pelo contrário, em vez disso,
de Hiperonímia/hiponímia, no qual o primeiro em contrapartida, em suma, em síntese, em con-
elemento de uma seqüência lingüística mantém clusão, para resumir, para concluir etc.
com um segundo uma relação todo/parte, clas-
se/elemento, tem-se um hiperônimo. Quando o Seleção do vocabulário
primeiro elemento mantém com o segundo uma
relação parte/todo, elemento/classe, tem-se A aula inicia com pergunta: O QUE É FA-
o hipônimo. MIGERADO? Do conto de Guimarães Rosa.

As Expressões nominais definidas ocorrem quan- Ao fazer a escolha de vocábulos, temos de ter em
do há retomadas de um mesmo referente por mente a adequação do uso de tal vocábulo, e isso
meio de expressões de natureza diversa, relacio- certamente vai contribuir para a melhor compre-
nadas com o nosso conhecimento de mundo. Os ensão da nossa mensagem. O vocábulo deve ser

67
adequado à pessoa que fala e, nessa situação,  Boca de siri – manter segredo sobre algo.
podemos ter os regionalismos, o jargão profissio-
nal, os vocábulos cultos e populares; em outros  Cara de pau – descarado, sem-vergonha.
casos, devem ser adequados ao ponto de vista
do autor do texto e, nesta situação, aparecem os Construções convencionais
vocábulos positivos, neutros ou negativos; em
alguns textos podem ser empregados vocábulos  Você quer vim a ser casar comigo?
que representam uma época determinada e as-
sim por diante.  Você quer casar-se comigo?

O conceito de Vocabulário: Codificação da tota-  Você quer casar comigo?


lidade ou seleção de palavra de uma língua e
seus significados. (dicionário Houaiss) Denotação

Tipos de Vocabulários: Grupos de palavras; A denotação é a relação existente entre o plano


Fórmulas fixas; Expressões idiomáticas; Constru- de expressão e o plano de conteúdo, ou seja, o
ções convencionais significado denotativo é o conceito ao qual nos
remete certo significante. Nos textos literários
Grupos de palavras: nem sempre a linguagem apresenta um único
sentido, aquele apresentado pelo dicionário. Em-
 Água sanitária pregadas em alguns contextos, elas ganham no-
vos sentidos, figurados, carregados de valores
 Meio ambiente afetivos ou sociais. Quando a palavra é utilizada
com seu sentido comum (o que aparece no dicio-
 Ar condicionado
nário) dizemos que foi empregada denotativa-
 Corpo docente mente.

Fórmulas fixas: Conotativa

 Bom dia! Esses novos valores constituem aquilo que de-


nominamos sentido conotativo, ou seja, o acrés-
 Boa noite!
cimo de um novo valor constitui a conotação, que
 Com licença!
consiste num novo plano de conteúdo para o
 Por favor!
signo que já tinha um significado denotati-
 Muito obrigada! vo.Provocando reação Quando é utilizada com
um sentido diferente daquele que lhe é comum,
Expressões idiomáticas: Deviso as mudanças e
dizemos que foi empregada conotativamen-
variações linguisticas as expressões idiomáticas
te. Este recurso é muito explorado na Literatura, é
variam de país para país, região para região,
empregada em letras de música, anúncios publici-
cultura para cultura, entre outras variações de
tários, conversas do dia a dia, etc. Observe um
tempo e espaço.
trecho da canção “Dois rios”, de Samuel Rosa,
Exemplos de expressões idiomáticas: Lô Borges e Nando Reis.

 Abandonar o barco: desistir de uma situa- Note a caracterização do sol: ele foi empregado
ção difícil que se repete cotidianamente. conotativamente.

Exemplos:
 Abotoar o paletó: Morrer
 A Garota Não Fez Um Bom Papel (conota-
 Amigo da onça – amigo interesseiro, trai- tivo)
dor.  Pegue Papel E Caneta (denotativo)

 Andar nas nuvens – estar desatento, distra- Familias: Ideologica E Campos Associativos
ído.
Associados a um vocábulo, por exemplo: Lazer:
 Arregaçar as mangas – dar início a um esporte, diversão, viagem, alegria...
trabalho ou a uma atividade.
Tipos De Vocabulo
 Bater na mesma tecla – insistir demais no
mesmo assunto. Imagem de futebol: língua falada ou coloquial

Imagem digitada: linguagem escrita- formal

68
Imagem de uma noticia: vocabulário leitura- não Tipos de Parágrafos:
precisa pesquisar
Os textos são estruturados geralmente em uni-
Imagem de leitura de livro: tem que realizar con- dades menores, os parágrafos, identificados por
sulta ao dicionário. um ligeiro afastamento de sua primeira linha em
relação à margem esquerda da folha. Possuem
Domínio e Rendimentos: extensão variada: há parágrafos longos e pará-
grafos curtos. O que vai determinar sua extensão
A dificuldade apresentada é pelos entulhamentos é a unidade temática, já que cada idéia exposta
de itens desconhecidas( jurídica, médica) que no texto deve corresponder a um parágrafo.
dificultam a leitura, sendo assim não é vantajosa.
Alguns vocábulos comprometem toda leitura. É muito comum nos textos de natureza dissertati-
va, que trabalham com idéias e exigem maior
Exemplo: bula de remédio. Linguagem hermética rigor e objetividade na composição, que o pará-
grafo-padrão apresente a seguinte estrutu-
Exemplo o conto PREBICITO de Arthur Azeve- ra: Introdução - também denominada tópico fra-
do. Eles não sabiam o significado da palavra, isso sal, é constituída de uma ou duas frases curtas,
causou uma grande confusão. que expressam, de maneira sintética, a idéia prin-
cipal do parágrafo, definindo seu objeti-
Evitar o uso de chavões, guichês, termos genéri-
vo; Desenvolvimento - corresponde a uma am-
cos e vagos exemplo a Vaguidão Específica de
pliação do tópico frasal, com apresentação de
Millôr Fernandes: Falando de qualquer coisa, o
idéias secundárias que o fundamentam ou escla-
que causou humor no texto.
recem; conclusão - nem sempre presente, espe-
Como Ampliar Vocabulário: cialmente nos parágrafos mais curtos e simples, a
conclusão retoma a idéia central, levando em
 Recuso Do Dicionário consideração os diversos aspectos selecionados
no desenvolvimento.
 Inferencia Lexical
Nas dissertações, os parágrafos são estruturados
 Resolver Cruzadas a partir de uma idéia que normalmente é apresen-
tada em sua introdução, desenvolvida e reforçada
 Brincadeira Em Grupo por uma conclusão.As dissertações escolares,
normalmente, costumam ser estruturadas em
 Leitura De Diversos Textos quatro ou cinco parágrafos (um parágrafo para a
introdução, dois ou três para o desenvolvimento e
A dificuldade em realizar a leitura é tida como um um para a conclusão).
dos maiores obstáculos enfrentados pelos alunos.
Preocupados com essa questão, vários educado- É claro que essa divisão não é absoluta. Depen-
res estão em busca de o melhor caminho a se- dendo do tema proposto e da abordagem que se
guir, contribuindo para um melhor desenvolvimen- dê a ele, ela poderá sofrer variações. Mas é fun-
to da leitura. damental que você perceba o seguinte: a divisão
de um texto em parágrafos (cada um correspon-
Parágrafos: dendo a uma determinada idéia que nele se de-
senvolve) tem a função de facilitar, para quem
Nessa aula aprendemos como formar um para- escreve, a estruturação coerente do texto e de
gráfo coerente, utilizando a criatividade que é
possibilitar, a quem lê, uma melhor compreensão
muito importante para desenvolver qualquer ativi-
do texto em sua totalidade.
dade. No que diz respeito à escrita, para criar um
parágrafo é necessário que os estudantes saibam Parágrafo Narrativo: Nas narrações, a idéia cen-
o conceito de parágrafo, para depois começar a tral do parágrafo é um incidente, isto é, um episó-
construir um texto. O primeiro parágrafo de um dio curto.Nos parágrafos narrativos, há o predo-
texto deve ser escrito da maneira mais simples mínio dos verbos de ação que se referem as per-
possível. É ele quem vai atrair a atenção do lei- sonagens, além de indicações de circunstâncias
tor e despertar sua curiosidade para a leitura do relativas ao fato: onde ele ocorreu, quando ocor-
texto. O parágrafo é o conjunto de frases que reu, por que ocorreu. O que falamos se aplica ao
formam uma sequência com sentido, com lógica. parágrafo narrativo propriamente dito, ou seja,
Pode ser assinalado graficamente, como exposto aquele que relata um fato. Nas narrações existem
acima, ou ainda oralmente, quando se faz uma também parágrafos que servem para reproduzir
pausa maior dos fatos ou quando iniciamos um as falas dos personagens. No caso do discurso
novo assunto. direto (em geral antecedido por dois-pontos e
introduzido por travessão), cada fala de um per-

69
sonagem deve corresponder a um parágrafo para xas e exigem várias idéias e especificações, ocu-
que essa fala não se confunda com a do narrador pando mais espaço; os leitores possuem capaci-
ou com a de outro personagem. Parágrafo Des- dade e fôlego para acompanhá-los.
critivo: A ideia central do parágrafo descritivo é
um quadro, ou seja, um fragmento daquilo que Estrutura Das Frases
está sendo descrito (uma pessoa, uma paisagem,
um ambiente, etc.), visto sob determinada pers- Estruturas das frases foi uma aula muito impor-
pectiva, num determinado momento. Alterado tante, no qual aprendemos o que era uma frase
esse quadro, teremos novo parágrafo. O parágra- é um enunciado que por si mesmo estabelecer
fo descritivo vai apresentar as mesmas caracte- sentido, por meio das orações ou período. A ora-
rísticas da descrição: predomínio de verbos de ção possui dois termos essenciais, o sujeito e
ligação, emprego de adjetivos que caracterizam o o predicado.
que está sendo descrito, ocorrência de orações
justapostas ou coordenadas. Nessa aula ficou bem claro que as transposições
da oralidade prejudicam a leitura, e que as carac-
A Estruturação do Parágrafo: terísticas sintáticas das frases devem ser: curtas
ou longas.
O parágrafo-padrão é uma unidade de composi-
ção constituída por um ou mais de um período, Emprego Funcional Das Classes Das Palavras
em que se desenvolve determinada idéia central,
ou nuclear, a que se agregam outras, secundá- Classe de palavras variáveis
rias, intimamente relacionadas pelo sentido e
 Substantivos: Classe de palavras variá-
logicamente decorrentes dela. O parágrafo é indi-
veis com que se designam e nomeiam os seres
cado por um afastamento da margem esquerda
em geral.
da folha. Ele facilita ao escritor a tarefa de isolar e
depois ajustar convenientemente as idéias princi-
 Verbos: Classe de palavras de forma vari-
pais de sua composição, permitindo ao leitor a-
ável que exprimem o que se passa, isto é, um
companhar-lhes o desenvolvimento nos seus
acontecimento representado no tempo. Indicam
diferentes estágios.
ação, fato, estado ou fenômeno. Toda palavra
Os parágrafos são moldáveis conforme o tipo de que se pode conjugar.
redação, o leitor e o veículo de comunicação on-
 Adjetivos: Classe de palavras que indicam
de o texto vai ser divulgado. Em princípio, o pará-
as qualidades, origem e estado do ser. O adjetivo
grafo é mais longo que o período e menor que
é essencialmente um modificador do substantivo.
uma página impressa no livro, e a regra geral
para determinar o tamanho é o bom sen-
 Numerais: Classe de palavras quantitati-
so. Parágrafos curtos: próprios para textos pe-
vas. Indica-nos uma quantidade exata de pessoas
quenos, fabricados para leitores de pouca forma-
ou coisas, ou o lugar que elas ocupam numa sé-
ção cultural. A notícia possui parágrafos curtos
rie. Também pode determinar a quantia de objec-
em colunas estreitas, já artigos e editoriais cos-
tos em geral.
tumam ter parágrafos mais longos. Revistas po-
pulares, livros didáticos destinados a alunos inici-  Pronomes: Classe de palavras com função
antes, geralmente, apresentam parágrafos curtos. de substituir o nome ou ser; como também de
Quando o parágrafo é muito longo, o escritor de- substituir a sua referência. Servem para represen-
ve dividi-lo em parágrafos menores, seguindo tar um substantivo e para o acompanhar determi-
critério claro e definido. O parágrafo curto tam- nando-lhe a extensão do significado.
bém é empregado para movimentar o texto, no
meio de longos parágrafos, ou para enfatizar uma  Artigos: Palavra que se coloca antes do
ideia. substantivo, determinando-o e indicando seu gé-
nero musical e número.
Parágrafos médios: comuns em revistas e livros
didáticos destinados a um leitor de nível médio (2º  Nomes: São palavras que nomeiam ações,
grau). Cada parágrafo médio construído com três desejos, sentimentos, e seres, visiveis ou não,
períodos que ocupam de 50 a 150 palavras. Em animados ou não.
cada página de livro cabem cerca de três pará-
grafos médios. Invariáveis
Parágrafos longos: em geral, as obras científi-  Advérbios: Classe de palavras invariáveis
cas e acadêmicas possuem longos parágrafos, indicadoras de circunstâncias diversas; é funda-
por três razões: os textos são grandes e conso- mentalmente um modificador do verbo, podendo
mem muitas páginas; as explicações são comple-

70
também modificar um adjetivo, outro advérbio ou aqueles formados na união de dois ou mais
uma oração inteira. radicais: boca-de-leão, couve-flor, passatempo.

 Preposições: Classe de palavras invariá- Flexão do Substantivo


veis que ligam outras duas subordinando a se-
gunda à primeira palavra. Os substantivos podem ser flexionados de três
maneiras distintas: quanto ao gênero, quanto
 Conjunções: Classe de palavras invariá- ao número e quanto ao grau.
veis que ligam outras duas palavras ou duas ora-
ções. Flexão Genérica

 Interjeições: Classe de palavras invariá- Gênero gramatical é a indicação do sexo real ou


veis não usadas para substituir frases de signifi- suposto dos seres.
cado emotivo ou sentimental.
O gênero gramatical é um critério puramente
Substantivo linguístico, convencional, que divide os
substantivos em duas classes: masculino e
Classificação do Substantivo
feminino.
Os substantivos podem ser classificados como
próprios e comuns,concretos e abstratos, coletivo,  Masculino: são do gênero masculino todos
primitivos e derivados,simples e composto veja os substantivos a que se pode antepor o artigo o:
mais: o aluno, o amor, o galho, o poema. Geralmente
são masculinos os nomes de homens ou funções
Comuns e próprios exercidas por eles; os nomes de animais
do sexo masculino; os nomes de lagos, montes,
Comuns são aqueles que dão nome a rios e ventos; os nomes de meses e pontos
espécie: pessoa, rio, planeta; próprios são cardeais;
aqueles que designam um indivíduo da espécie:
João, Amazonas, Marte.  Feminino: são do gênero feminino todos
os substantivos a que se pode antepor o artigo a:
Concretos e abstratos a casa, a vida, a árvore, a canção. Geralmente
são femininos os nomes de mulheres ou de
Concretos são aqueles que designam os seres funções exercidas por elas; os nomes de animais
propriamente ditos, isto é, os nomes de pessoas, do sexo feminino; os nomes de cidades e ilhas;
de animais, vegetais, lugares e coisas: homem, as partes do mundo; as ciências e as artes
3 4
cão, árvore, Brasil, caneta; abstratos são aqueles liberais.
que designam ações, estados e qualidades:
beleza, colheita, doença, bondade, juventude. Substantivos Uniformes

Coletivos Substantivos epicenos: denominam-se


epicenos os nomes de animais que possuem um
São substantivos comuns que, no singular, só gênero gramatical para designar um e outro
designam um conjunto de seres ou coisas da sexo: a águia, a baleia, a mosca, a pulga, o
mesma espécie. No substantivo coletivo, trata-se besouro, o polvo, o tatu, etc.
de um único ser uma pluralidade de indivíduos:
elenco (conjunto de atores); matilha (conjunto de  Substantivos sobrecomuns: denominam-
cães de caça) ,. etc. se sobrecomuns os substantivos que têm um só
gênero gramatical para designar pessoas de
Primitivos e Derivados ambos os sexos: o apóstolo, o cônjuge, a criança,
a testemunha, etc.
Primitivos são aqueles de que derivam outros
vocábulos: ferro é um substantivo primitivo  Substantivos comuns de dois gêneros:
porque dele derivam outras palavras (ferreiro, alguns substantivos possuem uma só forma para
ferraria, ferradura); derivados são aqueles que os dois gêneros, mas distinguem-se o masculino
procedem de outras palavras (guerreiro é do feminino pelo gênero do artigo: o agente,
derivado por vir de guerra, guerra + eiro). a agente; ocolega, a colega; o gerente, a gerente;
o presidente. a presidente; o mártir, a mártir; etc.
Simples e Composto
 Substantivos de gênero vacilante: em
Simples são aqueles substantivos constituídos de
alguns substantivos notam-se vacilação de
um só radical: casa, casarão; compostos são 3
gênero: diabete, suéter, omoplata, etc.

71
Flexão Numérica verbo, ou transitivo indireto, quando exigir
preposição depois do verbo. Ou ainda transitivo
Quanto à flexão de número, os substantivos direto e indireto.
podem estar no singular ou plural:
Verbos Intransitivos
 Singular: é a forma não flexionada do
substantivo, que indica apenas um ser: casa, Designam ações que não afetam outros
homem, doce; indivíduos (ex.: andar, existir, nadar, voar etc.).

 Plural: é a forma flexionada, que indica Verbos Impessoais


mais de um ser: casas, homens, doces.
São verbos que designam ações involuntárias.
Flexão Gradual Geralmente (mas nem sempre) designam
fenômenos da natureza e, portanto, não têm
O que substancialmente existe pode ter tamanhos sujeito nem objeto na ação (ex.: chover,
diversos; pode ter tamanho normal, comum, como anoitecer, nevar, haver(no sentido de existência)
pode ser grande ou pequeno. etc.).

Verbos de Ligação
Três são os graus dos substantivos: normal,
aumentativo e diminutivo. São os verbos que não designam ações; apenas
servem para ligar o sujeito ao predicativo
 Normal: designa o ser no seu tamanho
(ex.: ser, estar, parecer, permanecer, continuar, a
natural: casa, livro;
ndar, tornar-se, ficar, viver, virar etc.).
 Aumentativo: designa o ser aumentado do
Conjugações
seu tamanho normal: casarão, livrão;
Primeira Conjugação
 Diminutivo: designa o ser diminuído do
seu tamanho normal: casebre, livrinho. Pertencem a esta conjugação os verbos cuja
vogal temática é a (cantar, falar, pensar, brincar,
Função Sintática conversar, etc.)
O substantivo pode figurar na oração como Segunda Conjugação
núcleo do sujeito, predicativo, objeto direto, objeto
indireto, complemento nominal, adjunto adverbial, Pertencem a esta conjugação os verbos cuja
agente da passiva, aposto, vocativo e vogal temática é e (vender, ler, correr, etc.).
3
excepcionalmente como adjunto adnominal. Os
adjetivos referentes a cores podem ser Terceira Conjugação
modificados por um substantivo que melhor
precise uma de suas tonalidades, um de seus Pertencem a esta conjugação os verbos cuja
matizes: amarelo-canário; verde canário, etc. vogal temática é i (partir, dormir, pedir, conseguir,
Neste emprego, o substantivo equivale a etc.).
um advérbio de modo. As frases nominais têm o
substantivo como núcleo da frase: "Ó minha Flexiona sempre de acordo com os paradigmas
amada/Que olhos os teus" (Vinícius de Moraes) da conjugação a que pertencem (ex.: amar,
vender, partir, etc.)
Verbo
Verbos irregulares
Verbo são palavras que exprimem ações, estado,
mudança de estado e fenômenos meteorológicos, Sofrem modificações em relação aos paradigmas
1
sempre em determinado tempo. A palavra verbo da conjugação a que pertencem, tendo
vem do latim verbum, que significa palavra. modificações no radical e nas terminações (ex.:
resfolegar, caber, medir, etc.).
Quanto à Semântica
Verbos anômalos
Verbos Transitivos
São verbos irregulares, sendo que muitas vezes o
Designam ações voluntárias, causadas por um ou radical é diferente em cada conjugação (ex.: ir,
mais indivíduos, e que afetam outro(s) ser, ter, pôr).
indivíduo(s) ou alguma coisa, exigindo um ou
mais objetos na ação. Podendo ser transitivo Verbos defectivos
direto, quando não exigir preposição depois do

72
Verbos que não têm uma ou mais formas  A borboleta é branca.
conjugadas (ex.: precaver).
Da mesma forma que os substantivos, os
Verbos abundantes adjetivos contribuem para a organização e
descrição do mundo em que vivemos. Assim,
Verbos que apresentam mais de uma forma de distinguimos uma fruta azeda de umdoce, por
conjugação (ex.: encher, fixar). exemplo.
Flexão Pronome
Os verbos têm as seguintes categorias de flexão: Em linguística, os pronomes são um conjunto
fechado de palavras de uma língua que podem
 Número: plural e imperativo substituir substantivos variados, ou frases
1
derivadas deles, na formação de sentenças ,
 Pessoa: primeira (transmissor), segunda tratando-se de um tipo particular de proforma. Em
(receptor), terceira (mensagem). geral, os empregos de cada pronome podem
depender da natureza gramatical ou semântica do
 Modo: indicativo,subjuntivo e imperativo, substantivo representado, de sua função
além das formas nominais (infinitivo, gerúndio e gramatical na sentença, e das palavras próximas.
particípio). A associação (dêixis) entre o pronome e a
entidade que ele representa é geralmente
 Tempo: presente, pretérito perfeito,
definida pelo contexto e pode mudar ao longo do
pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito,
discurso.
futuro do presente, futuro do pretérito.
Na língua portuguesa, em particular, há algumas
 Voz: ativa, passiva (analítica ou sintética),
dezenas de pronomes, como "eu", "lhe", "que",
reflexiva.
"cujo" e "isto", que podem substituir substantivos
 Ativa: o sujeito da oração é que faz a ação ou frases preposicionais derivadas deles.
(ex.: Os alunos resolveram todas questões).
Pronomes podem portanto ter as funções típicas
de substantivos (sujeito, objeto e complemento),
 Passiva: o sujeito recebe a ação
de adjetivos (modificadores de substantivos) e de
(ex.: Todas questões foram resolvidas pelos
advérbios (modificadores de verbos e adjetivos).
alunos).
A escolha do pronome depende do número
 Reflexiva: o sujeito faz e também recebe a
(singular ou plural) do substantivo representado e
ação (ex.: Ana se cortou e se machucou).
às vezes do seu gênero (masculino ou feminino);
Formas Nominais bem como de sua pessoa verbal (primeira,
segunda, terceira) e sua função gramatical.
 Infinitivos são terminados em r (ex.: amar,
A classe dos pronomes é presente na maior parte
comer, latir).
das gramáticas das línguas indo-européias desde
pelo menos o século II AEC, quando apareceu no
 Particípios são terminados
em ado, ada, ido ou ida (ex.: amado, amada, tratado grego A Arte da Gramática. No entanto,
devido à grande heterogeneidade na classes,
comido, comida, latido, latida).
alguns autores preferem desmembrá-la em
 Gerúndios são terminados em ndo (ex.: classes menores
amando, comendo, latindo).
Artigo (Gramática)
Adjetivo
Dá-se o nome de artigo às palavras que se ante-
põem aos substantivos para indicar se esses têm
Adjetivo é toda palavra que se refere a
um sentido individual, já determinado pelo discur-
um substantivo indicando-lhe um atributo.
so ou pelas circunstâncias, chamados definidos,
Flexionam-se em gênero, número e grau.
ou se os substantivos não são determinados,
chamados indefinidos.
Sua função gramatical pode ser comparada com
a do advérbio em relação aos verbos, aos Por exemplo, quando se diz o príncipe, o arti-
adjetivos e a outros advérbios. go o indica que o substantivo príncipe deve ser
tomado em um sentido individual, que a circuns-
Exemplos:
tância do Reino e da Nação, em que vive o autor
da frase, o determina.

73
Por outro lado, quando se diz um príncipe é digno Existem também as formas analíticas de repre-
de casar com uma princesa, ou um crime tão sentar o grau, que não são flexionadas, mas sim,
horrendo merece a morte, etc, o artigo um indica representadas por advérbios de intensidade co-
que se fala, no primeiro caso, de um indivíduo e, mo mais, muito, etc. Nesse caso, existe o grau
no segundo caso, de um crime individual, porém comparativo (de igualdade, de superioridade, de
o sentido é vago, e não se deseja nomear este inferioridade) e o grau superlativo (absoluto e
príncipe ou este crime. relativo).

Os artigos devem concordar com substantivo Preposição


em gênero e grau.
É uma palavra invariável que liga dois elementos
Os artigos são: da oração, subordinando o segundo ao primei-
ro, ou seja, o regente e o regido. Isso significa
Artigo definido que a preposição é o termo que relaciona subs-
tantivo a substantivo, verbo a substantivo, subs-
São: o, a, os, as. tantivo a verbo, adjetivo a substantivo, advérbio a
substantivo, etc. Junto com as posposições e as
Artigo indefinido raríssimas circumposições, as preposições for-
mam o grupo das adposições.
São: um, uma, uns, umas.
Exemplos:
O artigo indefinido não deve ser confundido com
o numeral um, que é usado para expressar quan- Os alunos do colégio assistiram ao filme de Wal-
tidade. Nos exemplos um homem da corte / uma ter Salles e ficaram inspirados.
mulher da corte tem mais espírito e viveza que
um aldeão, um vassalo deve obedecer ao rei, um Obs.:
rei deve ser o pai de seu povo, um homem de
juízo deve ser senhor de suas paixões,António é Teremos como elementos da oração os alunos, o
um Cícero, Cícero é um bom orador, o arti- colégio, o verbo assistir, o filme, Walter Salles e a
go um pode, em alguns casos, ser substituído qualidade dos alunos comovidos. O restante é
pelo artigo o, porém nunca pela expressão exa- preposição. Observe: "do" liga "alunos" a "colé-
tamente um. gio", "ao" liga "assistiram" a "filme", "de" liga "fil-
me" a "Walter Salles". Portanto são preposições.
Advérbio
O termo que antecede a preposição é denomina-
É a classe gramatical das palavras que modificam do regente e o termo que a sucede, regido.
um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Ra-
ramente modifica um substantivo. É a palavra Conjunção
invariável que indica as circunstâncias em que
ocorre a ação verbal. É uma das classes de palavras definidas pe-
la gramática geral. As conjunções são palavras
Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e invariáveis que servem para conectar orações ou
de modo são flexionados, sendo que os demais dois termos de mesma função sintática, estabele-
são todos invariáveis. A única flexão propriamen- cendo entre eles uma relação de dependência ou
te dita que existe na categoria dos advérbios é a de simples coordenação.
de grau, a saber:
Exemplos:
Relativo:
Portan-
Superlativo Relativo de Superioridade to, logo, pois, como, mas, e, embora, porque, entr
etan-
Aumenta a intensidade (ex.: longe → longíssimo, to, nem, quando, ora, que, porém, todavia, quer, c
pouco → pouquíssimo, inconstitucionalmente → ontudo, seja, conforme.
inconstitucionalissimamente, etc.).
Quando conectam duas orações que apresentem
Superlativo Relativo de Inferioridade diferentes níveis sintáticos, ou seja, uma oração é
um membro sintático da outra, são chamadas de
Diminui a intensidade (ex.: perto → pertinho, pou- conjunções subordinativas.
co → pouquinho, devagar → devagarinho, etc.).
Saiba que:
Os advérbios bem e mal admitem ainda o grau
comparativo, respectivamente, melhor e pior.

74
As conjunções "e"," antes", "agora"," quando" são CRASE: é uma palavra de origem grega e signifi-
adversativas quando equivalem a "mas". ca "mistura", "fusão". Nos estudos de Língua Por-
tuguesa, é o nome dado à fusão ou contração de
Carlos fala, e não faz. duas letras "a" em uma só. A crase é indicada
pelo acento grave (`) sobre o "a". Crase, portan-
O bom educador não proíbe, antes orienta. to, NÃO é o nome do acento, mas do fenômeno
(junção a +a) representado através do acento
Sou muito bom; agora, bobo não sou. grave.
Foram mal na prova, quando poderiam ter ido A crase pode ser a fusão da preposição a com:
muito bem.
1) o artigo feminino definido a (ou as): Fomos à
"Senão" é conjunção adversativa quando equivale cidade e assistimos às festas.
a "mas sim".
2) o pronome demonstrativo a (ou as): Irei à (loja)
Conseguimos vencer não por protecionismo, se- do centro.
não por capacidade.
3) os pronomes demonstrativos aquele(s), aque-
Das conjunções adversativas, "mas" deve ser la(s), aquilo: Refiro-me àquele fato.
empregada sempre no início da oração: as outras
(porém, todavia, contudo, etc.) podem vir no início 4) o a dos pronomes relativos a qual e as quais:
ou no meio. Há cidades brasileiras às quais não é possível
enviar correspondência.
Ninguém respondeu a pergunta, mas os alunos
sabiam a resposta. Observe que a ocorrência da crase depende da
verificação da existência de duas vogais
Ninguém respondeu a pergunta; os alunos, po- "a" (preposição + artigo ou preposição + prono-
rém, sabiam a resposta. me) no contexto sintático.
A palavra "pois", quando é conjunção conclusiva, Regras Práticas
vem geralmente após um ou mais termos da ora-
ção a que pertence. 1 - Substitua a palavra feminina por uma masculi-
na, de mesma natureza. Se aparecer a combina-
Você o provocou com essas palavras; não se ção ao, é certo que OCORRERÁ crase antes do
queixe, pois, de seus ataques. termo feminino:
Quando é conjunção explicativa," pois" vem, ge- Amanhã iremos ao colégio / à escola.
ralmente, após um verbo no imperativo e sempre
no início da oração a que pertence. Prefiro o futebol ao voleibol / à natação.
Não tenha receio, pois eu a protegerei... Resolvi o problema / a questão.
Interjeição Vou ao campo / à praia.
As interjeições são palavras invariáveis que ex- Eles foram ao parque / à praça.
1
primem estados emocionais , ou mais abrangen-
te: sensações e estados de espírito; ou até mes- 2 - Substitua o termo regente da preposição a por
mo servem como auxiliadoras expressivas para o outro que exija uma preposição diferente
interlocutor, já que, lhe permitem a adoção de um (de, em, por). Se essas preposições não se con-
comportamento que pode dispensar estruturas traírem com o artigo, ou seja, se não surgirem as
linguísticas mais elaboradas. formas da(s), na(s) ou pela(s), não haverá crase:

Ora bolas! Cruz credo! Poxa vida! Valha-me Refiro-me a você. (sem crase) - Gosto de você /
Deus! Se Deus quiser! Macacos me mordam! Penso em você / Apaixonei-me por você.

A interjeição é considerada palavra-frase, carac- Refiro-me à menina. (com crase) - Gosto da me-
terizando-se como uma estrutura à parte. Não nina / Penso na menina / Apaixonei-me pela me-
desempenha função sintática. nina.

Note que toda interjeição deve vir acompanhada Começou a gritar. (sem crase) - Gosta de gritar /
de um ponto de exclamação. Insiste em gritar / Optou por gritar.
Emprego do Sinal Indicativo de Crase

75
3 - Substitua verbos que transmitem a idéia de À duas horas.
movimento (ir, voltar, vir, chegar etc.) pelo verbo
voltar. Ocorrendo a preposição "de", NÃO haverá Às três e quarenta.
crase. E se ocorrer a preposição "da", HAVERÁ
crase: Emprego de Tempos e Modos Verbais

Vou a Roma. / Voltei de Roma. O verbo pode se flexionar de quatro maneiras:


PESSOA, NÚMERO, TEMPO e MODO. É a clas-
Vou à Roma dos Césares. / Voltei da Roma dos se mais rica em variações de forma ou acidentes
Césares. gramaticais. Através de um morfema chamado
DESINÊNCIA MODO TEMPORAL, são marcados
Voltarei a Paris e à Suiça. / Voltarei de Paris o tempo e o modo de um verbo. Vejamos mais
e da Suiça. detalhadamente...

Ocorrendo a preposição "de", NÃO haverá crase. O MODO VERBAL caracteriza as várias maneiras
E se ocorrer a preposição "da", HAVERÁ crase: como podemos utilizar o verbo, dependendo da
significação que pretendemos dar a ele. Rigoro-
Vou a Roma. / Voltei de Roma. samente, são três os modos verbais: INDICATI-
VO, SUBJUNTIVO e IMPERATIVO. Porém, al-
Vou à Roma dos Césares. / Voltei da Roma dos guns gramáticos incluem, também como modos
Césares. verbais, o PARTICÍPIO, o GERÚNDIO e o INFI-
NITIVO. Alguns autores, no entanto, as denomi-
Voltarei a Paris e à Suiça. / Voltarei de Paris nam FORMAS NOMINAIS DO VERBO.
e da Suiça.
Segundo o gramático Rocha Lima, existem algu-
4 - A crase deve ser usada no caso de locuções, mas particularidades em cada uma destas formas
ou seja, reunião de palavras que equivalem a que podem impedir-nos de considerá-las modos
uma só idéia. Se a locução começar por preposi- verbais:
ção e se o núcleo da locução for palavra feminina,
então haverá crase:  INFINITIVO: tem características de um
substantivo, podendo assumir a função de sujeito
Gente à toa.
ou de complemento de um outro verbo, e até
Vire à direita. mesmo ser precedido por um artigo.

Tudo às claras.  GERÚNDIO: assemelha-se mais a um


advérbio, já que exprime condições de tempo,
Hoje à noite. modo, condição e lugar.

Navio à deriva.  PARTICÍPIO: possui valor e forma de


adjetivo, pois além de modificar o substantivo,
Tudo às avessas. apresenta ainda concordância em gênero e nú-
mero.
No caso da locução "à moda de", a expres-
são "moda de" pode vir subentendida, deixando Mas voltemos aos modos verbais, propriamente
apenas o "à" expresso, como nos exemplos que ditos:
seguem:
 MODO INDICATIVO: O verbo expressa
Sapatos à Luiz XV. uma ação que provavelmente acontecerá, uma
certeza, trabalhando com reais possibilidades de
Relógios à Santos Dummont. concretização da ação verbal ou com a certeza
comprovada da realização daquela ação.
Filé à milanesa.
 MODO SUBJUNTIVO: Ao contrário do
Churrasco à gaúcha. indicativo, é o modo que expressa a dúvida, a
incerteza, trabalhando com remotas possibilida-
No caso de locuções relativas a horá-
des de concretização da ação verbal.
rios, somente no caso de horas definidas e espe-
cificadas ocorrerá a crase:  MODO IMPERATIVO: Apresenta-se na
forma afirmativa e na forma negativa. Com ele
À meia-noite.
nos dirigimos diretamente a alguém, em segunda
À uma hora. pessoa, expressando o que queremos que esta(s)
pessoa(s) faça(m). Pode indicar uma ordem, um

76
pedido, um conselho etc., dependendo da ento- Ex.: Ninguém relatou o seu delírio.
nação e do contexto em que é aplicado.
• Pretérito imperfeito: indica um processo passado
Já o TEMPO VERBAL informa, de uma maneira não totalmente concluído, revela o fato em sua
geral, se o verbo expressa algo que já aconteceu, duração.
que acontece no momento da fala ou que ainda
irá acontecer. São essencialmente três tempos: Ex.: Ele conversava muito durante a palestra.
PRESENTE, PASSADO ou PRETÉRITO e FU-
TURO. • Pretérito mais-que-perfeito: indica um processo
passado anterior a outro também passado.
Os tempos verbais são: Ex.: ―... sempre nos faltara aquele aproveitamento
da vida...‖ (Mário de Andrade)
 PRESENTE SIMPLES (amo) – expressa
algo que acontece no momento da fala. O futuro subdivide-se em:

 PRETÉRITO PERFEITO (amei) - expres- • Futuro do presente: indica um fato posterior ao


sa uma ação pontual, ocorrida em um momento momento em que se fala.
anterior à fala.
Ex.: Não tenho a intenção de esconder nada,
 PRETÉRITO IMPERFEITO (amava) - assim que seus pais chegarem contarei o fato
expressa uma ação contínua, ocorrida em um ocorrido.
intervalo de tempo anterior à fala.
• Futuro do pretérito: indica um processo futuro
 PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO (a- tomado em relação a um fato passado.
mara) – contrasta um acontecimento no passado
ocorrido anteriormente a outro fato também ante- Ex.: Ontem você ligou dizendo que viria ao hospi-
rior ao momento da fala. tal.

 FUTURO DO PRESENTE (amarei) - ex- Empregos especiais:


pressa algo que possivelmente acontecerá em
um momento posterior ao da fala. • Presente:

- pode ocorrer com valor de perfeito, indicando


 FUTURO DO PRETÉRITO (amaria) -
um processo já ocorrido no passado (presente
expressa uma ação que era esperada no passa-
histórico).
do, porém que não aconteceu.
Ex.: Em 15 de agosto de 1769 nasce Napoleão
Exemplo 2
Bonaparte. (nasce = nasceu)
O verbo indica um processo localizado no tempo.
- pode indicar futuro próximo.
Podemos distinguir: presente, pretérito e futuro.
Ex.: Amanhã eu compro o doce pra você. (com-
Tempo presente: exprime um fato que ocorre no pro = comprarei)
momento da fala.
- pode indicar um processo habitual, ininterrupto.
Ex.: Estou fazendo exercícios diariamente.
Ex.: Os animais nascem, crescem, se reprodu-
Tempo passado: exprime um fato que ocorreu zem e morrem.
antes do momento da fala.
• Imperfeito:
Ex.: Ontem eu fiz uma série de exercícios.
- pode ocorrer com valor de futuro do pretérito.
Tempo futuro: exprime um fato que irá ocorrer Ex.: Se eu não tivesse motivo, calava. (calava =
depois do ato da fala. calaria)
Ex.: Daqui a quinze minutos irei para a academia • Mais-que-perfeito:
fazer exercícios.
- pode ser usado no lugar do futuro do pretérito
O pretérito (ou passado) subdivide-se em: ou do imperfeito do subjuntivo.
• Pretérito perfeito: indica um fato passado total- Ex.: Mais fizera se não fora pouco o dinheiro que
mente concluído dispunha. (fizera = faria, fora = fosse)

77
- pode ser usado em orações optativas. Ex.: Esses exercícios não são fáceis de resolver.

Quem me dera ter um novo amor! c) Quando faz parte de uma locução verbal.
Ex.: Ele deve ir ao dentista.
• Futuro do presente:
d) Quando, dependente dos verbos deixar, fazer,
- pode exprimir ideia de dúvida, incerteza. ouvir, sentir, mandar, ver, tiver por sujeito um
pronome oblíquo.
Ex.: O rapaz que processou o patrão por
Sujeito
racismo, receberá uns trinta mil de indenização.
Deixei-as passear.
- pode ser usado com valor de imperativo.
= eles
Ex.: Não levantarás falso testemunho.
e) Quando tiver valor de imperativo.
• Futuro do pretérito: Ex.: Não fumar neste recinto.
- pode ocorrer com valor de presente, exprimindo • Infinitivo pessoal: além da desinência r vem
polidez ou cerimônia. marcado com desinência de pessoa e número.
Ex.: Você me faria uma gentileza? Ex.: cantar – ø
Modos verbais Cantar – es
• Modo indicativo: exprime certeza, precisão do Cantar – ø
falante perante o fato.
Cantar – mos
Ex.: Eu gosto de chocolate.
Cantar – des
• Modo subjuntivo: exprime atitude de incerteza,
dúvida, imprecisão do falante perante o fato. Cantar – em
Ex.: Espero que você esteja bem. Ex.: Com esse calor convém tomarmos um sorve-
te.
• Modo imperativo: exprime atitude de ordem,
solicitação, convite ou conselho. - Usa-se o infinitivo pessoal quando o seu sujeito
é diferente do sujeito do verbo da oração princi-
Exs.: Não cante agora! pal.
Empreste-me 10 reais, por favor. Ex.: A única solução era ficarmos em casa.
Venha ao hospital agora, seu amigo vai ser ope- Concordância Verbal e Nominal
rado.
Observe:
Não ponha tanto sal, isso pode lhe fazer mal.
As crianças estão animadas
Infinitivo pessoal ou impessoal
Crianças animadas.
• Infinitivo impessoal: terminado em r para qual-
quer pessoa. No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra
na terceira pessoa do plural, concordando com o
Ex.: comprar, comer, partir. seu sujeito, as crianças. No segundo exemplo, o
adjetivo animado está concordando em gênero
Emprega-se o infinitivo impessoal:
(feminino) e número (plural) com o substantivo a
a) Quando ele não estiver se referindo a sujeito que se refere: crianças. Nesses dois exemplos,
algum. as flexões de pessoa, número e gênero se cor-
respondem.
Ex.: É preciso amar.
Concordância é a correspondência de flexão en-
b) Na função de complemento nominal (regido de tre dois termos, podendo ser verbal ou nominal.
preposição).
Concordância Verbal

78
Ocorre quando o verbo se flexiona para concor- Tal complemento exerce a função de integrar o
dar com seu sujeito. sentido da palavra completada, enriquecendo
2
assim a semântica da oração em questão. O
a) Sujeito Simples conjunto de complemento regido pela preposição
é denominado ―complemento nominal‖, no qual a
Regra Geral preposição é definida pela ―regência nominal‖.
O sujeito sendo simples, com ele concordará o Regência Nominal é o nome da relação entre um
verbo em número e pessoa. Veja os exemplos: substantivo, adjetivo ou advérbio transitivo e seu
respectivo complemento nominal. Essa relação é
A orquestra tocou uma valsa longa. intermediada por uma preposição.
3ª p. Singular 3ª p. Singular
No estudo da regência nominal, deve-se levar em
Os pares que rodeavam a nós dançavam bem. conta que muitos nomes seguem exatamente o
3ª p. Plural 3ª p. Plural mesmo regime dos verbos correspondentes.
Casos Particulares Conhecer o regime de um verbo significa, nesses
casos, conhecer o regime dos nomes cognatos.
Há muitos casos em que o sujeito simples é cons-
tituído de forma que fazem o falante hesitar no
- alheio a, de - liberal com
momento de estabelecer a concordância com o
verbo. Às vezes, a concordância puramente gra-
matical é contaminada pelo significado de ex- - ambicioso de - apto a, para
pressões que nos transmitem noção de plural,
apesar de terem forma de singular ou vice-versa. - análogo a - grato a
Por isso, convém analisar com cuidado os casos
a seguir. - bacharel em - indeciso em

1) Quando o sujeito é formado por uma expres- - capacidade de, para - natural de
são partitiva (parte de, uma porção de, o grosso
de, metade de, a maioria de, a maior parte de, - contemporâneo a, de - nocivo a
grande parte de...) seguida de um substantivo ou
pronome no plural, o verbo pode ficar no singu- - contíguo a - paralelo a
lar ou no plural.
- curioso a, de - propício a
Por Exemplo:
- falto de - sensível a
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a
ideia.
- incompatível com - próximo a, de
Metade dos candidatos não apresentou / apre-
sentaram nenhuma proposta interessante. - satisfeito com, de,
- inepto para
em, por
Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos
casos dos coletivos, quando especificados: - misericordioso com,
- suspeito de
para com
Por Exemplo:
- preferível a - longe de
Um bando de vândalos destruiu / destruíram o
monumento. - propenso a, para - perto de
Regência Nominal e Verbal - hábil em
Regência Nominal
Exemplos:
É o campo da gramática que estuda a relação
sintática que se dá entre os nomes e os respecti- Está alheio a tudo.
vos termos regidos por esse nome.
Está apto ao trabalho.
Em português, alguns nomes (substantivos, adje-
Gente ávida por dominar.
tivos e advérbios) exigem um complemento pre-
cedido por preposição. Contemporâneo da Revolução Francesa.

79
É coisa curiosa de ver. Vejamos mais um exemplo:

Homem inepto para a matemática. 1. O menino levou – o. (o= o livro)

Era propenso ao magistério. 2. Ele abdicou do trono.

Regência Verbal Na primeira oração temos o pronome oblíquo ―o‖


como complemento do verbo ―levou‖ e responde
É a relação sintática de dependência que se es- a pergunta: Levou o que? O = o livro. ―O‖, portan-
tabelece entre o verbo — termo regente — e o to, é um objeto direto.
seu complemento — termo regido. A regência
determina se uma preposição é necessária para Já na segunda oração o verbo ―abdicou‖ transitivo
ligar o verbo a seu complemento. indireto, pois exige um complemento, porém ,
precedido de preposição: Abdicou de que? Do
Os termos, quando exigem a presença de outro trono. A expressão ―do trono‖ é objeto indireto,
chamam-se regentes ou subordinantes; os que pois é iniciado com a preposição ―do‖ (preposição
completam a significação dos anteriores chamam- de + artigo o).
seregidos ou subordinados.
Crase
Quando o termo regente é um nome (substantivo,
adjetivo ou advérbio), ocorre a regência nominal. Temos vários tipos de contração ou combinação
Quando o termo regente é um verbo, ocorre a na Língua Portuguesa. A contração se dá na jun-
regência verbal. ção de uma preposição com outra palavra.

Na regência verbal, o termo regido pode ser ou Na combinação, as palavras não perdem nenhu-
não preposicionado. Na regência nominal, ele é ma letra quando feita a união. Observe:
obrigatoriamente preposicionado.
• Aonde (preposição a + advérbio onde)
Regência vem do significado gramatical de reger,
ou seja, de determinar a flexão de algum termo. • Ao (preposição a + artigo o)

Na regência verbal, o verbo é o regente da ora- Na contração, as palavras perdem alguma letra
ção, enquanto o seu complemento é o termo re- no momento da junção. Veja:
gido, logo é o que irá ser flexionado.
• da (preposição de + artigo a)
Então, podemos entender por regência verbal a
relação que o verbo estabelece com seu com- • na (preposição em + artigo a)
plemento (objeto direto ou indireto).
Agora, há um caso de contração que gera muitas
Vejamos: dúvidas quanto ao uso nas orações: a crase.

1. O menino levou o livro à biblioteca. Crase é a junção da preposição ―a‖ com o artigo
definido ―a(s)‖, ou ainda da preposição ―a‖ com as
2. A garota comeu o bolo. iniciais dos pronomes demonstrativos aquela(s),
aquele(s), aquilo ou com o pronome relativo a
Na segunda oração, o verbo ―comeu‖ é transitivo qual (as quais).
e exige complemento, veja: comeu o quê? O bo-
lo. Graficamente, a fusão das vogais ―a‖ é represen-
tada por um acento grave, assinalado no sentido
Logo, ―comeu‖ é transitivo direto e ―o bolo‖ é obje- contrário ao acento agudo: à.
to direto.

Na primeira oração, o verbo ―levou‖ é transitivo


direto e exige o complemento (objeto direto) ―o Como saber se devo empregar a crase? Uma
livro‖. O termo que o sucede se refere a um ad- dica é substituir a crase por ―ao‖ e o substantivo
junto adverbial de lugar - à biblioteca. feminino por um masculino, caso essa preposição
seja aceita sem prejuízo de sentido, então com
Na análise sintática das orações acima podemos certeza há crase.
constatar que há uma relação de dependência
entre o termo regente (que no caso é um verbo) Veja alguns exemplos: Fui à farmácia, substituin-
com o termo regido (complemento). O primeiro do o ―à‖ por ―ao‖ ficaria Fui ao supermercado.
precisa do segundo para que tenha sentido.
Logo, o uso da crase está correto.

80
Outro exemplo: Assisti à peça que está em car- Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela con-
taz, substituindo o ―à‖ por ―ao‖ ficaria Assisti ao tratada recentemente.
jogo de vôlei da seleção brasileira.
Notamos que o verbo referir, analisado de acordo
É importante lembrar dos casos em que a crase é com sua transitividade, classifica-se como transi-
empregada, obrigatoriamente: nas expressões tivo indireto, pois sempre nos referimos a alguém.
que indicam horas ou nas locuções à medida que,
às vezes, à noite, dentre outras, e ainda na ex- Constatamos que o fenômeno se aplicou median-
pressão ―à moda‖. Veja: te os casos anteriormente mencionados, ou seja,
fusão da preposição a + o artigo feminino (à) e
Exemplos: Sairei às duas horas da tarde. com o artigo feminino a + o pronome demonstrati-
À medida que o tempo passa, fico mais feliz por vo aquela (àquela).
você estar no Brasil.
A fim de ampliarmos nossos conhecimentos so-
Quero uma pizza à moda italiana. bre as circunstâncias em que se requer ou não o
uso da crase, analisaremos:
Importante: A crase não ocorre: antes de palavras
masculinas; antes de verbos, de pronomes pes- # O termo regente deve prescindir-se de comple-
soais, de nomes de cidade que não utilizam o mento regido da preposição ―a‖, e o temo regido
artigo feminino, da palavra casa quando tem sig- deve admitir o artigo feminino ―a‖ (s):
nificado do próprio lar, da palavra terra quando
tem sentido de solo e de expressões com pala- Exemplos:
vras repetidas (dia a dia).
As informações foram solicitadas à diretora.
A crase caracteriza-se como a fusão de duas (preposição + artigo)
vogais idênticas, relacionadas ao emprego da
preposição ―a‖ com o artigo feminino a (s), com o Nestas férias, faremos uma visita à Bahia.
―a‖ inicial referente aos pronomes demonstrativos (preposição + artigo)
– aquela (s), aquele (s), aquilo e com o ―a‖ per-
tencente ao pronome relativo a qual (as quais). Observação importante:

Casos estes em que tal fusão se encontra demar- Alguns recursos nos servem de subsídios para
cada pelo acento grave (`): à(s), àquela, àquele, que possamos confirmar a ocorrência ou não da
àquilo, à qual, às quais. crase. Eis alguns deles:

Trata-se de uma particularidade gramatical de a) Substitui-se a palavra feminina por uma mas-
relevante importância, dado o seu uso de modo culina equivalente. Caso ocorra a combinação
frequente. a+o(s), a crase está confirmada.

Diante disso, compreendermos os aspectos que Exemplos:


lhe são peculiares, bem como sua correta utiliza-
As informações foram solicitadas à diretora.
ção é, sobretudo, sinal de competência linguísti-
ca, em se tratando dos preceitos conferidos pelo As informações foram solicitadas ao diretor.
padrão formal que norteia a linguagem escrita.
b) No caso de nomes próprios geográficos, subs-
Há que se mencionar que esta competência lin- titui-se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso
guística, a qual se restringe a crase, está condi- resulte na expressão ―voltar da‖, há a confirmação
cionada aos nossos conhecimentos acerca da da crase.
regência verbal e nomimal, mais precisamente ao
termo regente e termo regido. Exemplos:
Ou seja, o termo regente é o verbo ou nome que Faremos uma visita à Bahia.
exige complemento regido pela preposição ―a‖, e
o temo regido é aquele que completa o sentido do Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase con-
termo regente, admitindo a anteposição do artigo firmada)
a(s).
Não me esqueço da viagem a Roma.
Como explicitamente nos revela os exemplos a Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momen-
seguir: tos jamais vividos.

Refiro-me a(a) funcionária antiga, e não a Atenção:


(a)quela contratada recentemente.

81
Nas situações em que o nome geográfico apre- Exemplos:
sentar-se modificado por um adjunto adnominal, a
crase está confirmada. Tenho compulsão por comprar sapatos à Luis XV.
(à moda de Luís XV)
Exemplos:
* Não se efetiva o uso da crase diante da locução
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de adverbial ―a distância‖.
suas praias.
Na praia de Copacabana, observamos a queima
# A letra ―a‖ dos pronomes demonstrativos aque- de fogos a distância.
le(s), aquela(s) e aquilo receberão o acento grave
se o temo regente exigir complemento regido da Entretanto, se o referido termo se constituir de
preposição ―a‖. forma determinada, teremos uma locução prepo-
sitiva. Mediante tal ocorrência, a crase está con-
Exemplos: firmada.
Entregamos a encomenda àquela menina. Exemplo:
(preposição + pronome demonstrativo)
O pedestre foi arremessado à distância de cem
Iremos àquela reunião. metros.
(preposição + pronome demonstrativo)
- De modo a evitar o duplo sentido, faz-se neces-
Sua história é semelhante às que eu ouvia quan- sário o emprego da crase.
do criança. (àquelas que eu ouvia quando crian-
ça) Exemplo:
(preposição + pronome demonstrativo)
# Em locuções adverbiais formadas por palavras
# A letra ―a‖ que acompanha locuções femininas repetidas, não há ocorrência da crase.
(adverbiais, prepositivas e conjuntivas) recebe o
acento grave: Exemplo:
Exemplos: Ela ficou frente a frente com o agressor.

* locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, Casos em que não se admite o emprego da cra-
às pressas, à vontade... se:

* locuções prepositivas: à frente, à espera de, à # Antes de vocábulos masculinos.


procura de...
Exemplos:
* Locuções conjuntivas: à proporção que, à medi-
da que. As produções escritas a lápis não serão corrigi-
das.
Casos passíveis de nota:
Esta caneta pertence a Pedro.
* Em virtude da heterogênea posição entre auto-
res, o uso da crase torna-se optativo quando se # Antes de verbos no infinitivo.
referir a locuções adverbiais que representem
meio ou instrumento. Exemplos:

Exemplos: Ele estava a cantar quando seu pai apareceu


repentinamente.
O marginal foi morto a bala pelos policiais.
No momento em que preparávamos para sair,
(Poderíamos dizer que ele foi morto a tiro) começou a chover.
Marcela redige todos os seus trabalhos a máqui-
na. (Poderia ser a lápis) # Antes de numeral.

* Constata-se o uso da crase se as locuções pre- Exemplo


positivas à moda de, à maneira de apresentarem-
se implícitas, mesmo diante de nomes masculi- Cegou a cento e vinte o número de feridos daque-
nos. le acidente.

82
Observação: à senhora, senhorita e madame admitirem artigo,
o uso da crase está confirmado no ―a‖ que os
- Nos casos em que o numeral indicar horas, con- antecede, no caso de o termo regente exigir a
figurar-se-á como uma locução adverbial femini- preposição.
na, ocorrendo, portanto, a crase.
Significação das Palavras
Os passageiros partirão às dezenove horas.
Quanto à significação, as palavras são divididas
- Diante de numerais ordinais femininos a crase nas seguintes categorias:
está confirmada, visto que estes não podem ser
empregados sem o artigo. Sinônimos

As saudações foram direcionadas à primeira alu- As palavras que possuem significados próximos
na da classe. são chamadas sinônimas.

# Antes da palavra casa, quando essa não se Exemplos:


apresentar determinada.
Casa - lar - moradia – residência
Exemplo:
Longe – distante
Chegamos todos exaustos a casa.
Delicioso – saboroso
Entretanto, se a palavra casa vier acompanhada
de um adjunto adnominal, a crase estará confir- Carro – automóvel
mada.
Observe que o sentido dessas palavras é próxi-
mo, mas não são exatamente equivalentes. Difi-
Chegamos todos exaustos à casa de Marcela.
cilmente encontraremos um sinônimo perfeito,
uma palavra que signifique exatamente a mesma
# Antes da palavra ―terra‖, quando essa indicar
coisa que outra.
chão firme.
Há uma pequena diferença de significado entre
Exemplo:
palavras sinônimas. Veja que, embora casa
Quando os navegantes regressaram a terra, já e lar sejam sinônimos, ficaria estranho se falás-
era noite. semos a seguinte frase:

Contudo, se o referido termo estiver precedido Comprei um novo lar.


por um determinante ou referir-se ao planeta Ter-
Obs.: o uso de palavras sinônimas pode ser de
ra, ocorrerá a crase.
grande utilidade nos processos de retomada de
Paulo viajou rumo à sua terra natal. elementos que inter-relacionam as partes dos
textos.
# Quando os pronomes indefinidos ―alguma, certa
e qualquer‖ estiverem subentendidos entre a pre- Antônimos
posição ―a‖ e o substantivo, não ocorrerá a crase.
São palavras que possuem significados opostos,
Exemplo: contrários.

Exemplos:
Caso esteja certo, não se submeta a humilhação.
(a qualquer humilhação) Mal / bem
# Antes de pronomes que requerem o uso do Ausência / presença
artigo.
Fraco / forte
Exemplos:
Claro / escuro
Os livros foram entregues a mim.
Subir / descer
Dei a ela a merecida recompensa.
Cheio / vazio
Observação:
Possível / impossível
Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos

83
Polissemia É óbvio que existem duas ideias que se opõem,
são elas: possuir um time de futebol x não ven-
Polissemia é a propriedade que uma mesma pa- cer o campeonato.
lavra tem de apresentar mais de um significado
nos múltiplos contextos em que aparece. Veja Logo, só podemos empregar um conector que
alguns exemplos de palavras polissêmicas: expresse ideia adversativa, são eles: mas, po-
rém, contudo, todavia, entretanto, no entanto,
Cabo (posto militar, acidente geográfico, cabo da não obstante.
vassoura, da faca)
O período reescrito de forma adequada, fica
Nanco (instituição comercial financeira, assento) assim: A escola possui um excelente time de
futebol, mas até hoje não conseguiu vencer o
Manga (parte da roupa, fruta). campeonato….,porém até hoje não conseguiu
vencer o campeonato.
Elementos de Sequenciação Textual
…,contudo até hoje não conseguiu vencer o-
Palavras como preposições, conjunções e pro- campeonato.
nomes possuem a função de criar um sistema de
relações, referências e retomadas no interior de …todavia até hoje não conseguiu vencer o cam-
um texto; garantindo unidade entre as diversas peonato.
partes que o compõe. Essa relação, esse entre-
laçamento de elementos no texto recebe o nome …entretanto até hoje não conseguiu vencer o
de Coesão Textual. campeonato.
Há, portanto, coesão, quando seus vários ele- …no entanto até hoje não conseguiu vencer o
mentos estão articulados entre si, estabelecento campeonato.
unidade em cada uma das partes, ou seja, entre
os períodos e entre os parágrafos. …não obstante até hoje não conseguiu vencer o
campeonato.
Tal unidade se dá pelo emprego de conecti-
vos ou elementos coesivos, cuja função é evi- A palavra texto provém do latim‖textum‖, que
denciar as várias relações de sentido entre os significa tecido, entrelaçamento. Expondo de
enunciados. Veja um exemplo de um texto coe- forma prática, podemos dizer que texto é um
so: entrelaçamento de enunciados oracionais e não
oracionais organizados de acordo com a lógica
―O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse do autor.
neste domingo que o Brasil não vai atender ao
governo interino de Honduras, que deu prazo de Há de se convir que um texto também deve ser
dez dias para uma definição sobre a situação do claro, estando essa qualidade relacionada dire-
presidente deposto Manuel Zelaya, abrigado na tamente aos elementos coesivos (ligação entre
embaixada brasileira desde que retornou a Te- as partes).
gucigalpa, há uma semana. Caso contrário, o
governo de Micheletti ameaça retirar a imunidade Falar em coesão é necessariamente falar
diplomática da embaixada brasileira no país, em endófora e exófora. Aquela se impõe no em-
segundo informou comunicado da chancelaria prego de pronomes e expressões que se referem
hondurenha divulgado na noite de sábado, em a elementos nominais presentes na superfície
Tegucigalpa‖. textual; esta faz remissão a um elemento fora
dos limites do texto. Vejamos as principais carac-
(Jornal O Globo – 27/09/2009) terísticas de cada uma delas:

Quando um conectivo não é usado corretamente,  Endófora é dividida em: anáfora e catáfo-
há prejuízo na coesão. Observe: ra.

A escola possui um excelente time de fute- a) Anáfora: expressão que retoma uma ideia
bol, portanto até hoje não conseguiu vencer o anteriormente expressa.
campeonato. O conectivo ―portanto‖ confere ao
período valor de conclusão, porém não há ver- ―Secretária de Educação escreve pichação com
dadeira relação de sentido entre as duas frases: ―x‖. Ela justifica a gafe pela pressa‖.
a conclusão de não vencer não é possuir um
excelente time de futebol. Analisaremos, a se- Observe que o pronome ―Ela‖ retoma uma ex-
guir, o problema na coesão: pressão já citada anteriormente – Secretária de
Educação –, portanto trata-se de uma retomada

84
por anáfora. Dica: vale lembrar que a expressão gar, faz-se presente a porção especificativa ―ver-
retomada (no exemplo acima representado pela de‖. Logo, trata-se de uma redefinição do refe-
porção Secretária de Educação) é, também, rente.2) Coesão por elipse: ocorre quando ele-
chamada, em provas de Concurso, de referente mento do texto é omitido em algum dos contex-
ideológico. tos em que deveria ocorrer.

b) Catáfora: pronome ou expressão nominal que -Pedro vai comprar o carro?


antecipa uma expressão presente em por-
ção posterior do texto. Observe: -Vai!

Só queremos isto: a aprovação! Houve a omissão dos termos Paulo (sujeito)


e comprar o carro (predicado verbal), todavia
No exemplo, o pronome ―isto‖ só pode ser recu- essa não prejudicou nem a correção gramatical
perado se identificarmos o termo aprovação, que nem a clareza do texto. Exemplo clássico de
aparece na porção posterior à estrutura. É, por- coesão por elipse.
tanto, um exemplo clássico de catáfora. Vejamos
outros: 3) Coesão por Conjunção: estabelece relações
significativas entre os elementos ou orações do
Eu quero ajuda de alguém: pode ser de você. texto, através do uso de marcadores formais – as
(catáfora ou remissão catafórica)Não viu seu conjunções. Essas podem exprimir valor semân-
amigo na festa. tico de adição, adversidade, causa, tempo…

(catáfora ou remissão catafórica) Perdeu as forças e caiu. (adição)

―A manicure Vanessa foi baleada na Tiju- Perdeu as forças, mas permaneceu firme. (ad-
ca. Ela levou um tiro no abdome‖. (anáfora ou versidade)
remissão anafórica)
Perdeu as forças, porque não se alimentou.
Três homens e uma mulher tentaram roubar (causa)
um Xsara Picasso na Tijuca: deram 10 tiros no-
carro, mas não conseguiram levá-lo. (anáfora ou Perdeu as forças, quando soube a verdade.
remissão anafórica) (tempo)

 Exófora: a remissão é feita a algum ele- Observe que todas as relações de sentido esta-
mento da situação comunicativa, ou seja, o refe- belecidas entre as duas porções textuais são
rente está fora da superfície textual. feitas por meio dos conectores: e, mas, porque,
quando.
Mecanismos de coesão: é meio pelo qual ocor-
re a coesão em um texto. Os principais são: 4) Coesão Lexical: é obtida pela seleção voca-
bular. Tal mecanismo é garantido por dois tipos
1) Coesão por substituição: consiste na colo- de procedimentos:
cação de um item em lugar de outro(s) elemen-
to(s) do texto, ou até mesmo de uma oração a)Reiteração: ocorre por repetição do mesmo
inteira. item lexical ou através de hiperônimos, sinôni-
mos ou nomes genéricos.
Ele comprou um carro. Eu também quero com-
prar um. O aluno estava nervoso. O aluno havia sido as-
saltado. (repetição do mesmo item lexical)Uma
Ele comprou um carro novo e eu também. menina desapareceu.

Observe que ocorre uma redifinição, ou seja, não A garota estava envolvida com drogas. (coesão
há identidade entre o item de referência e o item resultante do uso de sinônimo) Havia mui-
pressuposto. O que existe, na verdade, é uma tas ferramentas espalhadas, mas só precisava
nova definição nos termos: um, também. Compa- achar o martelo. (coesão por hiperônimo: ferra-
remos com outro exemplo: mentas é o gênero de que martelo é a espécie)

Comprei um carro vermelho, mas Pedro prefe- Todos ouviram um barulho atrás da porta. Abri-
riu um verde. ram-na e viram uma coisa em cima da mesa.
(coesão resultante de um nome genérico)
O termo ―vermelho‖ é o adjunto adnominal de
carro. Ele é, então, o modificador dosubstantivo. Observação: nos exemplos acima, observamos
Todavia, esse termo é silenciado e, em seu lu- que retomar um referente por meio de uma ex-

85
pressão genérica ou por hiperônimo é um recur- subjetiva:verbo de ligação + predicativo + oração
so natural de um texto. subordinada substantiva subjetiva.

Muitos estudantes de concursos ou vestibulares Ex. É necessário que façamos nossos deveres.
perguntam se é errado repetir palavras em suas
redações. A resposta é simples: se houver, na verbo unipessoal + oração subordinada substanti-
repetição, finalidade enfática você não será pe- va subjetiva.Verbo unipessoal só é usado na 3ª
nalizado. pessoa do singular; os mais comuns são convir,
constar, parecer, importar, interessar, suceder,
Todavia, a escolha dos recursos coesivos mais acontecer.
adequados deve ser feita, levando-se em consi-
deração a articulação geral do texto e, eventual- Ex. Convém que façamos nossos deveres.
mente, os efeitos estilísticos que se deseja obter.
verbo na voz passiva + oração subordinada subs-
b) Coesão por colocação ou contiguida- tantiva subjetiva.
de: consiste no uso de termos pertencentes a um
mesmo campo semântico. Ex. Foi afirmado que você subornou o guarda.

Domínio Da Estrutura Morfossintática Do Pe- B) Objetiva Direta: funciona como objeto direto
ríodo da oração principal.(sujeito) + VTD + oração su-
bordinada substantiva objetiva direta.
Coordenação e Subordinação.
Ex. Todos desejamos que seu futuro seja brilhan-
Período Composto te.

Período composto é aquele formado por duas ou C) Objetiva Indireta: funciona como objeto indire-
mais orações. Há dois tipos de períodos compos- to da oração principal.(sujeito) + VTI + prep. +
tos: oração subordinada substantiva objetiva indireta.

1) Período composto por coordenação: Ex. Lembro-me de que tu me amavas.


quando as orações não mantêm relação sintática
entre si, ou seja, quando o período é formado por D) Completiva Nominal: funciona como comple-
orações sintaticamente independentes entre si. mento nominal de um termo da oração princi-
pal.(sujeito) + verbo + termo intransitivo + prep. +
Ex. Estive à sua procura, mas não o encontrei. oração subordinadasubstantiva completiva nomi-
nal.
2) Período composto por subordinação:
quando uma oração, chamada subordinada, man- Ex. Tenho necessidade de que me elogiem.
tém relação sintática com outra, chamada princi-
pal. E) Apositiva: funciona como aposto da oração
principal; em geral, a oração subordinada subs-
Ex. Sabemos que eles estudam muito. (oração tantiva apositiva vem após dois pontos, ou mais
que funciona como objeto direto) raramente, entre vírgulas.oração principal + : +
oração subordinada substantiva apositiva.
Relações De Subordinação Entre Orações E
Entre Termos Da Oração. Ex. Todos querem o mesmo destino: que atinja-
mos a felicidade.
Período Composto Por Subordinação
F) Predicativa: funciona como predicativo do
A uma oração principal podem relacionar-se sin- sujeito do verbo de ligação daoração princi-
taticamente três tipos de orações subordinadas: pal.(sujeito) + VL + oração subordinada substanti-
substantivas, adjetivas e adverbiais. va predicativa.

I. Orações Subordinadas Substantivas:São Ex. A verdade é que nunca nos satisfazemos com
seis as orações subordinadas substantivas, que nossas posses.
são iniciadas por uma conjunção subordinativa
integrante (que, se) Nota: As subordinadas substantivas podem vir
introduzidas por outras palavras:
A) Subjetiva: funciona como sujeito da oração
principal.Existem três estruturas de oração princi- Pronomes interrogativos (quem, que, qual…)
pal que se usam com subordinadasubstantiva
Advérbios interrogativos (onde, como, quando…)

86
Perguntou-se quando ele chegaria.Não sei onde Ex. Todos se retiraram, apesar de não terem ter-
coloquei minha carteira. minado a prova.

II. Orações Subordinadas Adjetivas D) Condicional: funciona como adjunto adverbial


de condição.
As orações subordinadas adjetivas são sempre
iniciadas por um pronome relativo. Conjunções: se, a menos que, desde que, caso,
contanto que.
São duas as orações subordinadas adjetivas:
Ex. Você terá um futuro brilhante, desde que se
A) Restritiva: é aquela que limita, restringe o esforce.
sentido do substantivo ou pronome a que se refe-
re. A restritiva funciona como adjunto adnominal E) Conformativa: funciona como adjunto adver-
de um termo da oração principal e não pode ser bial de conformidade.
isolada por vírgulas.
Conjunções: como, conforme, segundo.
Ex. A garota com quem simpatizei está à sua
procura. Ex. Construímos nossa casa, conforme as especi-
ficações dadas pela Prefeitura.
Os alunos cujas redações foram escolhidas rece-
berão um prêmio. F) Consecutiva: funciona como adjunto adverbial
de conseqüência.
B) Explicativa: serve para esclarecer melhor o
sentido de um substantivo, explicando mais deta- Conjunções: (tão)… que, (tanto)… que, (tama-
lhadamente uma característica geral e própria nho)… que.Ex. Ele fala tão alto, que não precisa
desse nome. A explicativa funciona como aposto do microfone.
explicativo e é sempre isolada por vírgulas.
G) Temporal: funciona como adjunto adverbial de
Ex. Londrina, que é a terceira cidade do região tempo.
Sul do país, está muito bem cuidada.
Conjunções: quando, enquanto, sempre que,
III. Orações Subordinadas Adverbiais assim que, desde que, logo que,mal.

São nove as orações subordinadas adverbiais, Ex. Fico triste, sempre que vou à casa de Juve-
que são iniciadas por uma conjunção subordinati- nildo.
va
H) Final: funciona como adjunto adverbial de
A) Causal: funciona como adjunto adverbial de finalidade.
causa.
Conjunções: a fim de que, para que, porque.
Conjunções: porque, porquanto, visto que, já que,
uma vez que, como, que. Ex. Ele não precisa do microfone, para que todos
o ouçam.
Ex. Saímos rapidamente, visto que estava ar-
mando um tremendo temporal. I) Proporcional: funciona como adjunto adverbial
de proporção.
B) Comparativa: funciona como adjunto adverbi-
al de comparação. Geralmente, o verbo fica sub- Conjunções: à proporção que, à medida que,
entendido tanto mais.À medida que o tempo passa, mais
experientes ficamos.
Conjunções: (mais) … que, (menos)… que,
(tão)… quanto, como. IV. Orações Reduzidas

Ex. Diocresildo era mais esforçado que o ir- Quando uma oração subordinada se apresenta
mão(era). sem conjunção ou pronome relativo e com o ver-
bo no infinitivo, no particípio ou no gerún-
C) Concessiva: funciona como adjunto adverbial dio,dizemos que ela é uma oração reduzida, a-
de concessão. crescentando-lhe o nome de infinitivo, de particí-
pio ou de gerúndio.
Conjunções: embora, conquanto, inobstante, não
obstante, apesar de que, sebem que, mesmo Ex. Ele não precisa de microfone, para o ouvirem.
que, posto que, ainda que, em que pese.
Emprego dos Sinais de Pontuação

87
Os sinais de pontuação são sinais gráficos em- b) interrupção de uma frase deixada gramatical-
pregados na língua escrita para tentar recuperar mente incompleta.
recursos específicos da língua falada, tais como:
entonação, jogo de silêncio, pausas, etc… Ex.: – Alô! João está?

Veja abaixo a divisão e emprego dos sinais de – Agora não se encontra. Quem sabe se ligar
pontuação: mais tarde…

PONTO ( . ) c) ao fim de uma frase gramaticalmente completa


com a intenção de sugerir prolongamento de idéi-
a) indicar o final de uma frase declarativa. a.

Ex.: Lembro-me muito bem dele. Ex.: ―Sua tez, alva e pura como um foco de algo-
dão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-
b) separar períodos entre si. rosa…‖ (Cecília- José de Alencar)

Ex.: Fica comigo. Não vá embora. d) indicar supressão de palavra (s) numa frase
transcrita.
c) nas abreviaturas.
Ex.: ―Quando penso em você (…) menos a felici-
Ex.: Av.; V. Ex.ª dade.‖ (Canteiros – Raimundo Fagner)
DOIS-PONTOS ( : ) PARÊNTESES ( () )

a) isolar palavras, frases intercaladas de caráter


explicativo e datas.

Ex.: Na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), ocorreu


inúmeras perdas humanas.

―Uma manhã lá no Cajapió ( Joca lembrava-se


como se fora na véspera), acordara depois duma
grande tormenta no fim do verão. ― (O milagre das
chuvas no nordeste- Graça Aranha)

Os parênteses também podem substituir a vírgula


ou o travessão.
a) iniciar a fala dos personagens:
PONTO DE EXCLAMAÇÃO ( ! )
Ex.: Então o padre respondeu:
a) Após vocativo.
– Parta agora.
Ex.: ―Parte, Heliel! ― ( As violetas de Nossa Sra.-
b) antes de aposto ou orações apositivas, enume- Humberto de Campos).
rações ou seqüência de palavras que explicam,
b) Após imperativo.
resumem idéias anteriores.
Ex.: Cale-se!
Ex.: Meus amigos são poucos: Fátima, Rodrigo e
Gilberto. c) Após interjeição.
c) antes de citação. Ex.: Ufa! Ai!
Ex.: Como já dizia Vinícius de Morais: ―Que o d) Após palavras ou frases que denotem caráter
amor não seja eterno posto que é chama, mas emocional.
que seja infinito enquanto dure.‖
Ex.: Que pena!
RETICÊNCIAS ( … )
PONTO DE INTERROGAÇÃO ( ? )
a) indicar dúvidas ou hesitação do falante.
a) Em perguntas diretas.
Ex.: Sabe…eu queria te dizer que…esquece.
Ex.: Como você se chama?

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b) Às vezes, juntamente com o ponto de excla- d) separar elementos de uma enumeração.
mação.
Ex.: Precisa-se de pedreiros, serventes, mestre-
Ex.: – Quem ganhou na loteria? de-obras.

– Você. e) isolar expressões de caráter explicativo ou


corretivo.
– Eu?!
Ex.: Amanhã, ou melhor, depois de amanhã po-
VÍRGULA ( , ) demos nos encontrar para acertar a viagem.
É usada para marcar uma pausa do enunciado f) separar conjunções intercaladas.
com a finalidade de nos indicar que os termos por
ela separados, apesar de participarem da mesma Ex.: Não havia, porém, motivo para tanta raiva.
frase ou oração, não formam uma unidade sintáti-
ca. g) separar o complemento pleonástico antecipa-
do.
Ex.: Lúcia, esposa de João, foi a ganhadora única
da Sena. Ex.: A mim, nada me importa.

Podemos concluir que, quando há uma relação h) isolar o nome de lugar na indicação de datas.
sintática entre termos da oração, não se pode
separá-los por meio de vírgula. Ex.: Belo Horizonte, 26 de janeiro de 2001.

Não se separam por vírgula: i) separar termos coordenados assindéticos.

 Predicado de sujeito; Ex.: ―Lua, lua, lua, lua, por um momento meu
canto contigo compactua…‖ (Caetano Veloso)
 Objeto de verbo;
j) marcar a omissão de um termo (normalmente o
 Adjunto adnominal de nome; verbo).

 complemento nominal de nome; Ex.: Ela prefere ler jornais e eu, revistas. (omis-
são do verbo preferir)
 Predicativo do objeto do objeto;
Termos coordenados ligados pelas conjunções e,
 Oração principal da subordinada substantiva ou, nem dispensam o uso da vírgula.
(desde que esta não seja apositiva nem apare-
Ex.: Conversaram sobre futebol, religião e políti-
ça na ordem inversa).
ca.
A Vírgula no Interior da Oração
Não se falavam nem se olhavam./ Ainda não me
É utilizada nas seguintes situações: decidi se viajarei para Bahia ou Ceará.

a) separar o vocativo. Entretanto, se essas conjunções aparecerem


repetidas, com a finalidade de dar ênfase, o uso
Ex.: Maria, traga-me uma xícara de café. da vírgula passa a ser obrigatório.

A educação, meus amigos, é fundamental para o Ex.: Não fui nem ao velório, nem ao enterro, nem
progresso do país. à missa de sétimo dia.

b) separar alguns apostos. A vírgula entre orações

Ex.: Valdete, minha antiga empregada, esteve É utilizada nas seguintes situações:
aqui ontem.
a) separar as orações subordinadas adjetivas
c) separar o adjunto adverbial antecipado ou in- explicativas.
tercalado.
Ex.: Meu pai, de quem guardo amargas lembran-
Ex.: Chegando de viagem, procurarei por você. ças, mora no Rio de Janeiro.

As pessoas, muitas vezes, são falsas.

89
b) separar as orações coordenadas sindéticas e III- demissão;
assindéticas (exceto as iniciadas pela conjunção
e). IV- cassação de aposentadoria ou disponibilida-
de;
Ex.: Acordei, tomei meu banho, comi algo e saí
para o trabalho. Estudou muito, mas não foi apro- V- destituição de cargo em comissão;
vado no exame.
VI- destituição de função comissionada. ( cap. V
Há três casos em que se usa a vírgula antes da das penalidades Direito Administrativo)
conjunção:
b) separar orações coordenadas muito extensas
1) quando as orações coordenadas tiverem sujei- ou orações coordenadas nas quais já tenham tido
tos diferentes. utilizado a vírgula.

Ex.: Os ricos estão cada vez mais ricos, e os po- Ex.: ―O rosto de tez amarelenta e feições inex-
bres, cada vez mais pobres. pressivas, numa quietude apática, era pronuncia-
damente vultuoso, o que mais se acentuava no
2) quando a conjunção e vier repetida com a fina- fim da vida, quando a bronquite crônica de que
lidade de dar ênfase (polissíndeto). Ex.: E chora, sofria desde moço se foi transformando em o-
e ri, e grita, e pula de alegria. pressora asma cardíaca; os lábios grossos, o
inferior um tanto tenso (…) ‖ (O visconde de I-
3) quando a conjunção e assumir valores distintos nhomerim – Visconde de Taunay)
que não seja da adição (adversidade, conse-
qüência, por exemplo) TRAVESSÃO ( – )

Ex.: Coitada! Estudou muito, e ainda assim não a) dar início à fala de um personagem.
foi aprovada. Ex.: O filho perguntou:

c) separar orações subordinadas adverbiais (de- – Pai, quando começarão as aulas?


senvolvidas ou reduzidas), principalmente se
estiverem antepostas à oração principal. b) indicar mudança do interlocutor nos diálogos.

Ex.: ―No momento em que o tigre se lançava, – Doutor, o que tenho é grave?
curvou-se ainda mais; e fugindo com o corpo
apresentou o gancho.‖ (O selvagem – José de – Não se preocupe, é uma simples infecção. É só
Alencar) tomar um antibiótico e estará bom.

d) separar as orações intercaladas. c) unir grupos de palavras que indicam itinerário.

Ex.: ―- Senhor, disse o velho, tenho grandes con- Ex.: A rodovia Belém-Brasília está em péssimo
tentamentos em a estar plantando…‖ estado.

Essas orações poderão ter suas vírgulas substitu- Também pode ser usado em substituição à virgu-
ídas por duplo travessão. la em expressões ou frases explicativas.

Ex.: ―Senhor – disse o velho – tenho grandes Ex.: Xuxa – a rainha dos baixinhos – será mãe.
contentamentos em a estar plantando…‖
ASPAS ( “ ” )
e) separar as orações substantivas antepostas à
principal. a) isolar palavras ou expressões que fogem à
norma culta, como gírias, estrangeirismos, pala-
Ex.: Quanto custa viver, realmente não sei. vrões, neologismos, arcaísmos e expressões
populares.
PONTO-E-VÍRGULA ( ; )
Ex.: Maria ganhou um apaixonado ―ósculo‖ do
a) separar os itens de uma lei, de um decreto, de seu admirador.
uma petição, de uma seqüência, etc.
A festa na casa de Lúcio estava ―chocante‖.
Ex.: Art. 127 – São penalidades disciplinares: Conversando com meu superior, dei a ele um
―feedback‖ do serviço a mim requerido.
I- advertência;
b) indicar uma citação textual.
II- suspensão;

90
Ex.: ―Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, às Quando houver pausa (vírgula) entre o advérbio e
pressas, bufando, com todo o sangue na face, o verbo usa-se a ênclise.
desfiz e refiz a mala‖. ( O prazer de viajar – Eça
de Queirós) • Em orações com palavras exclamativas, ou em
orações que exprimem desejos (optativas):
Se, dentro de um trecho já destacado por aspas,
se fizer necessário a utilização de novas aspas, Exemplo:
estas serão simples. ( ‗ ‗ )
Como nos divertiu este palhaço!
Recursos alternativos para pontuação:
Que seu novo amor lhe faça feliz!
Parágrafo ( § )
• Em orações iniciadas por palavras que tenham
Chave ( { } ) sentido de perguntas interrogativas.

Colchete ( [ ] ) Exemplo:

Barra ( / ) Quem lhe deu este anel?

Colocação dos Pronomes Átonos • Quando o gerúndio estiver antecedido de u-


ma preposição, geralmente ―em‖.
Os pronomes oblíquos átonos são: me, nos, te,
vos, o, a, os, as, lhe, lhes, se. Estes pronomes Exemplo:
podem se encontrar em três posições diferentes,
em relação ao verbo: Em se tratando de casamento, quero o mais rápi-
do possível.
Próclise: pronomes oblíquos átonos antes do
verbo Alguns casos em que ocorre mesóclise
Ex.: Não se imaginava o tamanho daquele ôni-
bus. • Somente usamos a mesóclise em verbos no
futuro do pretérito do indicativo ou no futuro
Ênclise: pronomes oblíquos átonos depois do do presente, e quando não ocorrer na frase pró-
verbo clise.

Ex.: Vou buscá-la na escola hoje. Ex.: Os advogados entregar-nos-ão os documen-


tos amanhã.
Mesóclise: pronomes oblíquos átonos entre o
verbo • Casa houver a necessidade de ter uma próclise
na frase, a mesóclise será desconsiderada, mes-
Ex.: Dar-lhe-ei tudo o que você quiser. mo o verbo estando no futuro.

Alguns casos em que ocorre próclise Exemplo:


• Quando o verbo estiver antecedido de palavras Ninguém lhe mostraria, pois você não foi sincera.
com sentido negativo (nem, não, ninguém, nada,
jamais e etc.). Alguns casos em que ocorre ênclise

Exemplo: • No inicio de uma frase, ou depois de uma vírgu-


la (pausa)
Jamais se pode falar mal dos outros.
Exemplo:
Nunca me preocupei com isso.
Ex.: Vi-me apaixonado por aquela linda moça.
• Quando o verbo estiver antecedido de Quase chorei quando a vi, emocionei-me com sua
um advérbio: presença.

Exemplo: • Em verbos sem preposição (em) e no gerúndio.

Realmente, preocupei-me com isso. Exemplo:

Exemplo: Ex.: Já estava esquecendo-me do seu aniversá-


rio.
Pouco me importa o que você pensa.
• Em orações coordenadas.

91
Exemplo: Ocorre metonímia quando há substituição de uma
palavra por outra, havendo entre ambas algum
Ex.: Eles dirigiram-se até a festa de um amigo. grau de semelhança, relação, proximidade de
sentido ou implicação mútua. Tal substituição
• Quando um substantivo ou pronome precedido fundamenta-se numa relação objetiva, real, reali-
do verbo estiver representando o sujeito: zando-se de inúmeros modos:
Exemplo: – o continente pelo conteúdo e vice-versa: Antes
de sair, tomamos um cálice (o conteúdo de um
O cliente queixou-se do pouco caso do atendente. cálice) de licor.
Reescrituração de textos – a causa pelo efeito e vice-versa: ―E assim o
operário ia / Com suor e com cimento (com traba-
Figuras de estilo, figuras ou Desvios de lingua-
lho) / Erguendo uma casa aqui / Adiante um apar-
gem são nomes dados a alguns processos que
tamento.‖ (Vinicius de Moraes).
priorizam a palavra ou o todo para tornar o texto
mais rico e expressivo ou buscar um novo signifi- – o lugar de origem ou de produção pelo produto:
cado, possibilitando uma reescritura correta de Comprei uma garrafa do legítimo porto (o vinho
textos. da cidade do Porto).
Podem ser: – o autor pela obra: Ela parecia ler Jorge Amado
(a obra de Jorge Amado).
Figuras De Palavras
– o abstrato pelo concreto e vice-versa: Não de-
As figuras de palavra consistem no emprego de
vemos contar com o seu coração (sentimento,
um termo com sentido diferente daquele conven-
sensibilidade).
cionalmente empregado, a fim de se conseguir
um efeito mais expressivo na comunicação. – o símbolo pela coisa simbolizada: A coroa (o
poder) foi disputada pelos revolucionários.
São figuras de palavras:
– a matéria pelo produto e vice-versa: Lento, o
Comparação:
bronze (o sino) soa.
Ocorre comparação quando se estabelece apro-
– o inventor pelo invento: Edson (a energia elétri-
ximação entre dois elementos que se identificam,
ca) ilumina o mundo.
ligados por conectivos comparativos explícitos –
feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, – a coisa pelo lugar: Vou à Prefeitura (ao edifício
qual, que nem – e alguns verbos – parecer, as- da Prefeitura).
semelhar-se e outros.
– o instrumento pela pessoa que o utiliza: Ele é
Exemplos: ―Amou daquela vez como se fosse um bom garfo (guloso, glutão).
máquina. / Beijou sua mulher como se fosse lógi-
co.‖ (Chico Buarque); Sinédoque:
―As solteironas, os longos vestidos negros fecha- Ocorre sinédoque quando há substituição de um
dos no pescoço, negros xales nos ombros, pare- termo por outro, havendo ampliação ou redução
ciam aves noturnas paradas…‖ (Jorge Amado). do sentido usual da palavra numa relação quanti-
tativa. Encontramos sinédoque nos seguintes
Metáfora: casos:
Ocorre metáfora quando um termo substitui outro – o todo pela parte e vice-versa: ―A cidade inteira
através de uma relação de semelhança resultante (o povo) viu assombrada, de queixo caído, o pis-
da subjetividade de quem a cria. A metáfora tam- toleiro sumir de ladrão, fugindo nos cascos (parte
bém pode ser entendida como uma comparação das patas) de seu cavalo.‖ (J. Cândido de Carva-
abreviada, em que o conectivo não está expres- lho)
so, mas subentendido.
– o singular pelo plural e vice-versa: O paulista
Exemplo: ―Supondo o espírito humano uma vasta (todos os paulistas) é tímido; o carioca (todos os
concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso cariocas), atrevido.
extrair pérolas, que é a razão.‖ (Machado de As-
sis).

Metonímia:

92
– o indivíduo pela espécie (nome próprio pelo Exemplo: ―A vida é uma ópera, é uma grande
nome comum): Para os artistas ele foi um mece- ópera. O tenor e o barítono lutam pelo soprano,
nas (protetor). em presença do baixo e dos comprimários, quan-
do não são o soprano e o contralto que lutam pelo
Catacrese: tenor, em presença do mesmo baixo e dos mes-
mos comprimários. Há coros numerosos, muitos
A catacrese é um tipo de especial de metáfora, ―é bailados, e a orquestra é excelente…‖ (Machado
uma espécie de metáfora desgastada, em que já de Assis).
não se sente nenhum vestígio de inovação, de
criação individual e pitoresca. É a metáfora torna- Figuras de sintaxe ou de construção:
da hábito lingüístico, já fora do âmbito estilístico.‖
(Othon M. Garcia). As figuras de sintaxe ou de construção dizem
respeito a desvios em relação à concordância
São exemplos de catacrese: folhas de livro / pele entre os termos da oração, sua ordem, possíveis
de tomate / dente de alho / montar em burro / céu repetições ou omissões.
da boca / cabeça de prego / mão de direção /
ventre da terra / asa da xícara / sacar dinheiro no Elas podem ser construídas por:
banco.
a) omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
Sinestesia:
b) repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
A sinestesia consiste na fusão de sensações dife-
rentes numa mesma expressão. Essas sensa- c) inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipá-
ções podem ser físicas (gustação, audição, visão, lage;
olfato e tato) ou psicológicas (subjetivas).
d) ruptura: anacoluto;
Exemplo: ―A minha primeira recordação é um
muro velho, no quintal de uma casa indefinível. e) concordância ideológica: silepse.
Tinha várias feridas no reboco e veludo de mus-
go. Milagrosa aquela mancha verde [sensação Portanto, são figuras de construção ou sintaxe:
visual] e úmida, macia [sensações táteis], quase
Assíndeto:
irreal.‖ (Augusto Meyer)
Ocorre assíndeto quando orações ou palavras
Antonomásia:
deveriam vir ligadas por conjunções coordenati-
Ocorre antonomásia quando designamos uma vas, aparecem justapostas ou separadas por
pessoa por uma qualidade, característica ou fato vírgulas.
que a distingue.
Exigem do leitor atenção maior no exame de cada
Na linguagem coloquial, antonomásia é o mesmo fato, por exigência das pausas rítmicas (vírgulas).
que apelido, alcunha ou cognome, cuja origem é
Exemplo: ―Não nos movemos, as mãos é que se
um aposto (descritivo, especificativo etc.) do no-
estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegan-
me próprio.
do-se, apertando-se, fundindo-se.‖ (Machado de
Exemplos: ―E ao rabi simples (Cristo), que a i- Assis).
gualdade prega, / Rasga e enlameia a túnica in-
Elipse:
consútil; (Raimundo Correia). / Pelé (= Edson
Arantes do Nascimento) / O Cisne de Mântua (= Ocorre elipse quando omitimos um termo ou ora-
Virgílio) / O poeta dos escravos (= Castro Alves) / ção que facilmente podemos identificar ou suben-
O Dante Negro (= Cruz e Souza) / O Corso (= tender no contexto. Pode ocorrer na supressão de
Napoleão) pronomes, conjunções, preposições ou verbos. É
um poderoso recurso de concisão e dinamismo.
Alegoria:
Exemplo: ―Veio sem pinturas, em vestido leve,
A alegoria é uma acumulação de metáforas refe-
sandálias coloridas.‖ (elipse do pronome ela (Ela
rindo-se ao mesmo objeto; é uma figura poética
veio) e da preposição de (de sandálias…).
que consiste em expressar uma situação global
por meio de outra que a evoque e intensifique o Zeugma:
seu significado. Na alegoria, todas as palavras
estão transladadas para um plano que não lhes é Ocorre zeugma quando um termo já expresso na
comum e oferecem dois sentidos completos e frase é suprimido, ficando subentendida sua repe-
perfeitos – um referencial e outro metafórico. tição.

93
Exemplo: ―Foi saqueada a vida, e assassinados mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.‖
os partidários dos Felipes.‖ (Zeugma do verbo: ―e (Manuel Bandeira).
foram assassinados…‖) (Camilo Castelo Branco).
Anástrofe:
Anáfora:
Ocorre anástrofe quando há uma simples inver-
Ocorre anáfora quando há repetição intencional são de palavras vizinhas (determinan-
de palavras no início de um período, frase ou te/determinado).
verso.
Exemplo: ―Tão leve estou (estou tão leve) que
Exemplo: ―Depois o areal extenso… / Depois o nem sombra tenho.‖ (Mário Quintana).
oceano de pó… / Depois no horizonte imenso /
Desertos… desertos só…‖ (Castro Alves). Hipérbato:

Pleonasmo: Ocorre hipérbato quando há uma inversão com-


pleta de membros da frase.
Ocorre pleonasmo quando há repetição da mes-
ma idéia, isto é, redundância de significado. Exemplo: ―Passeiam à tarde, as belas na Aveni-
da. ‖ (As belas passeiam na Avenida à tarde.)
a) Pleonasmo literário: (Carlos Drummond de Andrade).

É o uso de palavras redundantes para reforçar Sínquise:


uma idéia, tanto do ponto de vista semântico
quanto do ponto de vista sintático. Usado como Ocorre sínquise quando há uma inversão violenta
um recurso estilístico, enriquece a expressão, de distantes partes da frase. É um hipérbato exa-
dando ênfase à mensagem. gerado.

Exemplo: ―Iam vinte anos desde aquele dia / Exemplo: ―A grita se alevanta ao Céu, da gente. ‖
Quando com os olhos eu quis ver de perto / (A grita da gente se alevanta ao Céu ) (Camões).
Quando em visão com os da saudade via.‖ (Alber-
to de Oliveira). Hipálage:

―Morrerás morte vil na mão de um forte.‖ (Gonçal- Ocorre hipálage quando há inversão da posição
ves Dias) do adjetivo: uma qualidade que pertence a um
objeto é atribuída a outro, na mesma frase.
―Ó mar salgado, quando do teu sal / São lágrimas
de Portugal‖ (Fernando Pessoa). Exemplo: ―… as lojas loquazes dos barbeiros.‖
(as lojas dos barbeiros loquazes.) (Eça de Quei-
b) Pleonasmo Vicioso: ros).

É o desdobramento de idéias que já estavam Anacoluto:


implícitas em palavras anteriormente expressas.
Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois Ocorre anacoluto quando há interrupção do plano
não têm valor de reforço de uma idéia, sendo sintático com que se inicia a frase, alterando-lhe a
apenas fruto do descobrimento do sentido real seqüência lógica. A construção do período deixa
das palavras. um ou mais termos – que não apresentam função
sintática definida – desprendidos dos demais,
Exemplos: subir para cima / entrar para dentro / geralmente depois de uma pausa sensível.
repetir de novo / ouvir com os ouvidos / hemorra-
gia de sangue / monopólio exclusivo / breve alo- Exemplo: ―Essas empregadas de hoje, não se
cução / principal protagonista. pode confiar nelas.‖ (Alcântara Machado).

Polissíndeto: Silepse:

Ocorre polissíndeto quando há repetição enfática Ocorre silepse quando a concordância não é feita
de uma conjunção coordenativa mais vezes do com as palavras, mas com a idéia a elas associa-
que exige a norma gramatical (geralmente a con- da.
junção e). É um recurso que sugere movimentos
ininterruptos ou vertiginosos. a) Silepse de gênero:

Exemplo: ―Vão chegando as burguesinhas po- Ocorre quando há discordância entre os gêneros
bres, / e as criadas das burguesinhas ricas / e as gramaticais (feminino ou masculino).

94
Exemplo: ―Quando a gente é novo, gosta de fazer Eufemismo:
bonito.‖ (Guimarães Rosa).
Ocorre eufemismo quando uma palavra ou ex-
b) Silepse de número: pressão é empregada para atenuar uma verdade
tida como penosa, desagradável ou chocante.
Ocorre quando há discordância envolvendo o
número gramatical (singular ou plural). Exemplo: ―E pela paz derradeira (morte) que en-
fim vai nos redimir Deus lhe pague‖. (Chico Buar-
Exemplo: Corria gente de todos lados, e grita- que).
vam.‖ (Mário Barreto).
Gradação:
c) Silepse de pessoa:
Ocorre gradação quando há uma seqüência de
Ocorre quando há discordância entre o sujeito palavras que intensificam uma mesma idéia.
expresso e a pessoa verbal: o sujeito que fala ou
escreve se inclui no sujeito enunciado. Exemplo: ―Aqui… além… mais longe por onde eu
movo o passo.‖ (Castro Alves).
Exemplo: ―Na noite seguinte estávamos reunidas
algumas pessoas.‖ (Machado de Assis). Hipérbole:

Figuras de pensamento: Ocorre hipérbole quando há exagero de uma


idéia, a fim de proporcionar uma imagem emocio-
As figuras de pensamento são recursos de lin- nante e de impacto.
guagem que se referem ao significado das pala-
vras, ao seu aspecto semântico. Exemplo: ―Rios te correrão dos olhos, se chora-
res!‖ (Olavo Bilac).
São figuras de pensamento:
Ironia:
Antítese:
Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entona-
Ocorre antítese quando há aproximação de pala- ção, pela contradição de termos, sugere-se o
vras ou expressões de sentidos opostos. contrário do que as palavras ou orações parecem
exprimir. A intenção é depreciativa ou sarcástica.
Exemplo: ―Amigos ou inimigos estão, amiúde, em
posições trocadas. Uns nos querem mal, e fazem- Exemplo: ―Moça linda, bem tratada, / três séculos
nos bem. Outros nos almejam o bem, e nos tra- de família, / burra como uma porta: / um amor.‖
zem o mal.‖ (Rui Barbosa). (Mário de Andrade).

Apóstrofe: Prosopopéia:
Ocorre apóstrofe quando há invocação de uma Ocorre prosopopéia (ou animização ou personifi-
pessoa ou algo, real ou imaginário, que pode cação) quando se atribui movimento, ação, fala,
estar presente ou ausente. Corresponde ao voca- sentimento, enfim, caracteres próprios de seres
tivo na análise sintática e é utilizada para dar animados a seres inanimados ou imaginários.
ênfase à expressão.
Também a atribuição de características humanas
Exemplo: ―Deus! ó Deus! onde estás, que não a seres animados constitui prosopopéia o que é
respondes?‖ (Castro Alves). comum nas fábulas e nos apólogos, como este
exemplo de Mário de Quintana: ―O peixinho (…)
Paradoxo: silencioso e levemente melancólico…‖
Ocorre paradoxo não apenas na aproximação de Exemplos: ―… os rios vão carregando as queixas
palavras de sentido oposto, mas também na de do caminho.‖ (Raul Bopp)
idéias que se contradizem referindo-se ao mesmo
termo. É uma verdade enunciada com aparência Um frio inteligente (…) percorria o jardim…‖ (Cla-
de mentira. Oxímoro (ou oximoron) é outra desig- rice Lispector)
nação para paradoxo.
Perífrase:
Exemplo: ―Amor é fogo que arde sem se ver; / É
ferida que dói e não se sente; / É um contenta- Ocorre perífrase quando se cria um torneio de
mento descontente; / É dor que desatina sem palavras para expressar algum objeto, acidente
doer;‖ (Camões) geográfico ou situação que não se quer nomear.

95
Exemplo: ―Cidade maravilhosa / Cheia de encan- Ex:
tos mil / Cidade maravilhosa / Coração do meu
Brasil.‖ (André Filho). Mais penso, mais fico inteligente (galicismo; o
mais adequado seria ―quanto mais penso, (tanto)
Até este ponto retirei informações do site PCI mais fico inteligente‖);
cursos
Comeu um roast-beef (anglicismo; o mais ade-
Vícios de Linguagem quado seria ―comeu um rosbife―);

Ambiguidade Havia links para sua página (anglicismo; o mais


adequado seria ―Havia ligações(ou vínculos) para
Ambiguidade é a possibilidade de uma mensa- sua página‖.
gem ter dois sentidos. Ela geralmente é provoca-
da pela má organização das palavras na frase. A Eles têm serviço de delivery. (anglicismo; o mais
ambiguidade é um caso especial de polissemia, a adequado seria ―Eles têm serviço de entrega‖).
possibilidade de uma palavra apresentar vários
sentidos em um contexto. Premiê apresenta prioridades da Presidência lusa
da UE (galicismo, o mais adequado seria Primei-
Ex: ro-ministro)

―Onde está a vaca da sua avó?‖ (Que vaca? A Nesta receita gastronômica usaremos Blueberri-
avó ou a vaca criada pela avó?) es e Grapefruits. (anglicismo, o mais adequado
seria Mirtilo e Toranja)
―Onde está a cachorra da sua mãe?‖ (Que ca-
chorra? A mãe ou a cadela criada pela mãe?) Convocamos para a Reunião do Conselho
de DA‘s (plural da sigla de Diretório Acadêmico).
―Este líder dirigiu bem sua nação‖(―Sua‖? Nação (anglicismo, e mesmo nesta língua não se u-
da 2ª ou 3ª pessoa (o líder)?). sa apóstrofo ‗s‘ para pluralizar; o mais adequado
seria DD.AA. ou DAs.)
Obs 1: O pronome possessivo ―seu(ua)(s)‖ gera
muita confusão por ser geralmente associado ao Há quem considere barbarismo também diver-
receptor da mensagem. gências de pronúncia, grafia, morfologia, etc., tais
como ―adevogado‖ ou ―eu sabo―, pois seriam ati-
Obs 2: A preposição ―como‖ também gera confu- tudes típicas de estrangeiros, por eles dificilmente
são com o verbo ―comer‖ na 1ª pessoa do singu- atingirem alta fluência no dialeto padrão da lín-
lar. gua.
A ambiguidade normalmente é indesejável na Em nível pragmático, o barbarismo normalmente
comunicação unidirecional, em particular na escri- é indesejável porque os receptores da mensagem
ta, pois nem sempre é possível contactar o emis- frequentemente conhecem o termo em questão
sor da mensagem para questioná-lo sobre sua na língua nativa de sua comunidade linguística,
intenção comunicativa original e assim obter a mas nem sempre conhecem o termo correspon-
interpretação correta da mensagem. dente na língua ou dialeto estrangeiro à comuni-
dade com a qual ele está familiarizado. Em nível
Barbarismo político, um barbarismo também pode ser inter-
pretado como uma ofensa cultural por alguns
Barbarismo, peregrinismo, idiotismo ou estrangei-
receptores que se encontram ideologicamente
rismo (para os latinos qualquer estrangeiro era
inclinados a repudiar certos tipos de influência
bárbaro) é o uso de palavra, expressão ou cons-
sobre suas culturas. Pode-se assim concluir que
trução estrangeira no lugar de equivalente verná-
o conceito de barbarismo é relativo ao receptor da
cula.
mensagem.
De acordo com a língua de origem, os estrangei-
Em alguns contextos, até mesmo uma palavra da
rismos recebem diferentes nomes:
própria língua do receptor poderia ser considera-
 Galicismo ou francesismo, quando proveni- da como um barbarismo. Tal é o caso de um cul-
entes do francês (de Gália, antigo nome tismo (ex: ―abdômen‖) quando presente em uma
da França); mensagem a um receptor que não o entende (por
exemplo, um indivíduo não escolarizado, que
 Anglicismo, quando do inglês;
poderia compreender melhor os sinônimos ―barri-
 Castelhanismo, quando vindos
ga‖, ―pança‖ ou ―bucho‖).
do espanhol;
Cacofonia

96
A cacofonia é um som desagradável ou obsceno Concisão é a qualidade de dizer o máximo possí-
formado pela união das sílabas de palavras con- vel com o mínimo de palavras. Precisão é a qua-
tíguas. Por isso temos que cuidar quando falamos lidade de utilizar a palavra certa para dizer exa-
sobre algo para não ofendermos a pessoa que tamente o que se quer.
ouve. São exemplos desse fato:
Pleonasmo Vicioso
―Ele beijou a boca dela.‖
O pleonasmo é uma figura de linguagem. Quando
―Bata com um mamão para mim, por favor.‖ consiste numa redundância inútil e desnecessária
de significado em uma sentença, é considerado
―Deixe ir-me já, pois estou atrasado.‖ um vício de linguagem. A esse tipo de pleonasmo
chamamos pleonasmo vicioso.
―Não tem nada de errado a cerca dela―
Ex:
―Vou-me já que está pingando. Vai chover!‖
―Ele vai ser o protagonista principal da peça‖.
―Instrumento para socar alho.‖ (Um protagonista é, necessariamente, a persona-
gem principal)
―Daqui vai, se for dai.‖
―Meninos, entrem já para dentro!‖ (O verbo ―en-
Não são cacofonia: trar‖ já exprime ideia de ir para dentro)
―Eu amo ela demais !!!‖ ―Estou subindo para cima.‖ (O verbo ―subir‖ já
exprime ideia de ir para cima)
―Eu vi ela.‖
―Não deixe de comparecer pessoalmente.‖ (É
―você veja‖
impossível comparecer a algum lugar de outra
Como cacofonias são muitas vezes cômicas, elas forma que não pessoalmente)
são algumas vezes usadas de propósito em cer-
―Meio-ambiente‖ – o meio em que vivemos = o
tas piadas, trocadilhos e ―pegadinhas‖.
ambiente em que vivemos.
Plebeísmo
Não é pleonasmo:
O plebeísmo normalmente utiliza palavras de
―As palavras são de baixo calão―. Palavras podem
baixo calão, gírias e termos considerados infor-
ser de baixo ou de alto calão.
mais.
O pleonasmo nem sempre é um vício de lingua-
Exemplos:
gem, mesmo para os exemplos supra citados, a
―Ele era um tremendo mané!‖ depender do contexto. Em certos contextos, ele é
um recurso que pode ser útil para se fornecer
―Tô ferrado!‖ ênfase a determinado aspecto da mensagem.

―Tá ligado nas quebradas, meu chapa?‖ Especialmente em contextos literários, musicais e
retóricos, um pleonasmo bem colocado pode
―Esse bagulho é ‗radicaaaal‘!!! Tá ligado mano?‖ causar uma reação notável nos receptores (como
a geração de uma frase de efeito ou mesmo o
‗Vô piálá‘mais tarde ‗ !!! Se ligou maluko ? humor proposital). A maestria no uso do pleo-
nasmo para que ele atinja o efeito desejado no
Por questões de etiqueta, convém evitar o uso de receptor depende fortemente do desenvolvimento
plebeísmos em contextos sociais que requeiram da capacidade de interpretação textual do emis-
maior formalismo no tratamento comunicativo. sor. Na dúvida, é melhor que seja evitado para
não se incorrer acidentalmente em um uso vicio-
Prolixidade so.
É a exposição fastidiosa e inútil de palavras ou Solecismo
argumentos e à sua superabundância. É o exces-
so de palavras para exprimir poucas idéias. Ao Solecismo é uma inadequação na estrutura sintá-
texto prolixo falta objetividade, o qual quase sem- tica da frase com relação à gramática normativa
pre compromete a clareza e cansa o leitor. do idioma. Há três tipos de solecismo:
A prevenção à prolixidade requer que se tenha De concordância:
atenção à concisão e precisão da mensagem.

97
―Fazem três anos que não vou ao médico.‖ (Faz Adequação do formato do texto ao gênero.
três anos que não vou ao médico.)
Redação Oficial
―Aluga-se salas nesse edifício.‖ (Alugam-se salas
nesse edifício.) A redação oficial é caracterizada pela impessoali-
dade, uso do padrão culto de linguagem, clareza,
De regência: concisão, formalidade e uniformidade.

―Ontem eu assisti um filme de época.‖ (Ontem eu Esses mesmos princípios aplicam-se às comuni-
assisti a um filme de época.) cações oficiais: elas devem sempre permitir uma
única interpretação e ser estritamente impessoais
De colocação: e uniformes, o que exige o uso de certo nível de
linguagem.
―Me empresta um lápis, por favor.‖ (Empresta-me
um lápis, por favor.) 1. A Impessoalidade:

―Me parece que ela ficou contente.‖ (Parece-me O tratamento impessoal que deve ser dado aos
que ela ficou contente.) assuntos que constam das comunicações oficiais
decorre:
―Eu não respondi-lhe nada do que perguntou.‖
(Eu não lhe respondi nada do que perguntou.) a) da ausência de impressões individuais de
quem comunica;
Eco
b) da impessoalidade de quem recebe a comuni-
O Eco vem a ser a própria rima que ocorre quan- cação, com duas possibilidades:
do há na frase terminações iguais ou semelhan-
tes, provocando dissonância. c) do caráter impessoal do próprio assunto trata-
do:
―Falar em desenvolvimento é pensar em alimento,
saúde e educação.‖ A concisão, a clareza, a objetividade e a formali-
dade de que nos valemos para elaborar os expe-
―O aluno repetente mente alegremente.‖ dientes oficiais contribuem, ainda, para que seja
alcançada a necessária impessoalidade.
O presidente tinha dor de dente constantemente.
2. A Linguagem dos Atos e Comunicações
Colisão Oficiais:
O uso de uma mesma vogal ou consoante em A necessidade de empregar determinado nível de
várias palavras é denominado aliteração. linguagem nos atos e expedientes oficiais decor-
re, de um lado, do próprio caráter público desses
Aliterações são preciosos recursos estilísticos
atos e comunicações; de outro, de sua finalidade.
quando usados com a intenção de se atingir efei-
to literário ou para atrair a atenção do receptor. Por seu caráter impessoal, por sua finalidade de
Entretanto, quando seus usos não são intencio- informar com o máximo de clareza e concisão,
nais ou quando causam um efeito estilístico ruim eles requerem o uso do padrão culto da língua.
ao receptor da mensagem, a aliteração torna-se Há consenso de que o padrão culto é aquele em
um vício de linguagem e recebe nesse contexto o que:
nome de colisão. Exemplos:
a) se observam as regras da gramática formal e
―E-
ram comunidades camponesas com cultivos coleti b) se emprega um vocabulário comum ao conjun-
vos.‖ to dos usuários do idioma.
―O papa Paulo VI pediu a paz.‖ 3. Formalidade e Padronização:
Uma colisão pode ser remediada com a reestrutu- A formalidade diz respeito à polidez, à civilidade
ração sintática da frase que a contém ou com a no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida
substituição de alguns termos ou expressões por a comunicação.
outras similares ou sinônimas.
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes
Correspondência Oficial para o texto definitivo e a correta diagramação do
texto são indispensáveis para a padronização.
Adequação da linguagem ao tipo de documento.

98
4. Concisão e Clareza: nhor Senador, / Senhor Juiz, / Senhor Ministro, /
Senhor Governador.
Conciso é o texto que consegue transmitir um
máximo de informações com um mínimo de pala- No envelope, o endereçamento das comunica-
vras. ções dirigidas às autoridades tratadas por Vossa
Excelência, terá a seguinte forma:
A clareza deve ser a qualidade básica de todo
texto oficial. Para ela concorrem: A Sua Excelência o Senhor

a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de Fulano de Tal


interpretações que poderia decorrer de um trata-
mento personalista dado ao texto; Secretário de Estado da Saúde

b) o uso do padrão culto de linguagem, em princí- 00000-000 – Natal. RN


pio, de entendimento geral e por definição avesso
a vocábulos de circulação restrita, como a gíria e A Sua Excelência o Senhor
o jargão;
Fulano de Tal
c) a formalidade e a padronização, que possibili-
tam a imprescindível uniformidade dos textos; Juiz de Direito da 10ª Vara Cível

d) a concisão, que faz desaparecer do texto os Rua ABC, nº 123


excessos lingüísticos que nada lhe acrescentam.
01010-000 – Natal. RN
5. Pronomes de Tratamento:
A Sua Excelência o Senhor
O emprego dos pronomes de tratamento obedece
Deputado Fulano de Tal
a secular tradição. São de uso consagrado:
Assembléia Legislativa
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
00000-000 – Natal. RN
a) do Poder Executivo: Presidente da República
/ Vice-Presidente da República / Ministros de Em comunicações oficiais, está abolido o uso do
Estado / Governadores e Vice-Governadores de tratamento digníssimo (DD), às autoridades arro-
Estado e do Distrito Federal / Oficiais-Generais ladas na lista anterior. A dignidade é pressuposto
das Forças Armadas / Embaixadores / Secretá- para que se ocupe qualquer cargo público, sendo
rios-Executivos de Ministérios e demais ocupan- desnecessária sua repetida evocação.
tes de cargos de natureza especial / Secretários
de Estado dos Governos Estaduais / Prefeitos Vossa Senhoria é empregado para as demais
Municipais. autoridades e para particulares. O vocativo ade-
quado é:
b) do Poder Legislativo: Deputados Federais e
Senadores / Ministros do Tribunal de Contas da Senhor Fulano de Tal,
União / Deputados Estaduais e Distritais / Conse-
lheiros dos Tribunais de Contas Estaduais / Pre- (…)
sidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
No envelope, deve constar do endereçamento:
c) do Poder Judiciário: Ministros dos Tribunais
Superiores / Membros de Tribunais / Juízes / Au- Ao Senhor
ditores da Justiça Militar.
Fulano de Tal
O vocativo a ser empregado em comunicações
dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Rua ABC, nº 123
Senhor, seguido do cargo respectivo: Excelentís-
simo Senhor Presidente da República, / Excelen- 12345-000 – Natal. RN
tíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacio-
Como se depreende do exemplo acima, fica dis-
nal, / Excelentíssimo Senhor Presidente do Su-
pensado o emprego do superlativo ilustríssimo
premo Tribunal Federal.
para as autoridades que recebem o tratamento de
As demais autoridades serão tratadas com o vo- Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o
cativo Senhor, seguido do cargo respectivo: Se- uso do pronome de tratamento Senhor.

99
Acrescente-se que doutor não é forma de trata- b) para autoridades de mesma hierarquia ou de
mento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indis- hierarquia inferior:
criminadamente. Como regra geral, empregue-o
apenas em comunicações dirigidas a pessoas Atenciosamente,
que tenham tal grau por terem concluído curso
universitário de doutorado. É costume designar Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações
por doutor os bacharéis, especialmente os bacha- dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem
réis em Direito e em Medicina. Nos demais casos, a rito e tradição próprios, devidamente disciplina-
o tratamento Senhor confere a desejada formali- dos no Manual de Redação do Ministério das
dade às comunicações. Relações Exteriores.

Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificên- 7. Identificação do Signatário:


cia, empregada por força da tradição, em comuni-
cações dirigidas a reitores de universidade. Cor- Excluídas as comunicações assinadas pelo Pre-
responde-lhe o vocativo: sidente da República, todas as demais comunica-
ções oficiais devem trazer o nome e o cargo da
Magnífico Reitor, autoridade que as expede, abaixo do local de sua
assinatura. A forma da identificação deve ser a
(…) seguinte:

Os pronomes de tratamento para religiosos, de (espaço para assinatu- (espaço para assina-
acordo com a hierarquia eclesiástica, são: ra) tura)
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao NOME NOME
Papa. O vocativo correspondente é:
Chefe de Gabinete do Secretário de Estado
Santíssimo Padre, Tribunal de Contas da Tributação
(…)
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reveren- a assinatura em página isolada do expediente.
díssima, em comunicações aos Cardeais. Cor- Transfira para essa página ao menos a última
responde-lhe o vocativo: frase anterior ao fecho.

Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou NORMAS GERAIS DE ELABORAÇÃO:

Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Carde- Ao se elaborar uma correspondência deverão ser


al, observadas as seguintes regras:

(…) − utilizar as espécies documentais, de acordo


com as finalidades expostas nas estruturas dos
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em modelos adiante expostos;
comunicações dirigidas a Arcebispos e Bispos;
Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reve- − utilizar os pronomes de tratamento, os vocati-
rendíssima para Monsenhores, Cônegos e supe- vos, os destinatários e os endereçamentos corre-
riores religiosos. Vossa Reverência é empregado tamente;
para sacerdotes, clérigos e demais religiosos.
− utilizar a fonte do tipo Times New Roman de
6. Fechos para Comunicações: corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10
nas notas de rodapé;
O fecho das comunicações oficiais possui, além
da finalidade óbvia de arrematar o texto, a de − para símbolos não existentes na fonte Times
saudar o destinatário. A legislação federal estabe- New Roman poder-se-á utilizar as fontes Symbol
leceu o emprego de somente dois fechos diferen- e Wingdings;
tes para todas as modalidades de comunicação
− é obrigatório constar a partir da segunda página
oficial:
o número da página.
a) para autoridades superiores, inclusive o Presi-
No caso de Comunicação Interna, o destinatário
dente da República:
deverá ser identificado pelo cargo, não necessi-
Respeitosamente, tando do nome de seu ocupante. Exceção para
casos em que existir um mesmo cargo para vá-
rios ocupantes, sendo necessário, então, um vo-

100
cativo composto pelo cargo e pelo nome do desti-  Em geral não se coloca ponto nas siglas;
natário em questão.
 Grafam-se em caixa alta as compostas
Exemplo: apenas de consoante: fgts;

Ao Senhor Assessor  Grafam-se em caixa alta as siglas que,


apesar de compostas de consoante e de vogal,
José Amaral são pronunciadas mediante a acentuação das
letras: iptu, ipva, dou;
Quando um documento estiver respondendo à
solicitação de um outro documento, fazer referên-  Grafam-se em caixa alta e em caixa baixa
cia à espécie, ao número e à data ao qual este se os compostos de mais de três letras (vogais e
refere. consoantes) que formam palavra: bandern, co-
hab, ibama, ipea, embrapa.
O assunto que motivou a comunicação deve ser
introduzido no primeiro parágrafo, seguido do Siglas e acrônimos devem vir precedidos de res-
detalhamento e conclusão. Se contiver mais de pectivo significado e de travessão em sua primei-
uma idéia deve-se tratar dos diferentes assuntos ra ocorrência no texto (Exemplos: Diário Oficial do
em parágrafos distintos. Estado – DOE).
A referência ao ano do documento deverá ser Destaques:
feita após a espécie e número do expediente,
seguido de sigla do órgão que o expede. Recurso tipográfico que estabelece contrastes,
com o objetivo de propiciar saliências no texto. Os
CERTO: Ofício nº 23/2005-DAI/TCE mais comuns são os a seguir comentados.
ERRADO: Ofício nº 23/TCE/DAI-2005 Itálico – Convencionalmente, grafa-se em itálico
títulos de livros, de periódicos, de peças, de ópe-
Os pronomes de tratamento (ou de segunda pes-
ras, de música, de pintura e de escultura;
soa indireta) embora se refiram à segunda pes-
soa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a Assim como nomes de eventos e estrangeirismos
quem se dirige à comunicação), levam a concor- citados no corpo do texto. Lembrar, no entanto,
dância para a terceira pessoa. que na grafia de nome de instituição estrangeira
não se deve usar o itálico.
Exemplos:
Contudo, no caso de o texto já estar todo ele gra-
 Vossa Senhoria nomeará o substituto. fado em itálico, o destaque de palavras e de locu-
ções de outros idiomas, ainda não adaptadas ao
 Vossa Excelência conhece o assunto.
português, pode ser obtido com o efeito contrário,
Da mesma forma, os pronomes possessivos refe- ou seja, com a grafia delas sem o itálico; recursos
ridos a pronomes de tratamento são sempre os esse conhecido como ―redondo‖.
da terceira pessoa: ―Vossa Senhoria nomeará seu
Usa-se ainda o itálico na grafia de nomes científi-
substituto‖ (e não ―Vossa… vosso…‖).
cos, de animais e vegetais (Exemplos: Canis fa-
Já quanto aos adjetivos referidos a esses prono- miliaris; Apis mellifera).
mes, o gênero gramatical deve coincidir com o
Pode-se adotar também, desde que sem exage-
sexo da pessoa a que se refere, e não com o
ros, o destaque do itálico na grafia de palavras
substantivo que compõe a locução. Assim, se o
e/ou de expressões às quais se queira da ênfase.
interlocutor for homem, o correto é ―Vossa Exce-
lência está atarefado‖; se for mulher,‖Vossa Exce- Aspas – Usa-se grafar entre as aspas simples: a
lência está atarefada‖. citação dentro de uma citação.
Siglas e Acrônimos: Já as aspas duplas, essas são adotadas para:
Sigla é a representação de um nome por meio de
 Delimitar a indicação de citações diretas de
suas iniciais – Exemplos: INSS. Apesar de obe-
até três linhas;
decer às mesmas regras dispostas para as siglas,
os acrônimos são distintos delas, ou seja, são  Destacar neologismos – sentido inusitado
palavras formadas das primeiras letras ou de de uma palavra ou de uma expressão, ou termos
sílabas de outras palavras – Exemplos: Bradesco; formados a partir de palavras de outra língua –

101
―ajanelar o coração‖; ―deletar‖; ―zebra‖, como ex- (edifício Life Center, Estádio do Maracanã, Aero-
pressão de azar; porto de Cumbica, Igreja do São José);

 Indicar um sentido não habitual – exem-  Nome de imposto e de taxa (Imposto de


plos: havia um ―porém‖ no olhar do diretor; Renda);

 Destacar o valor – irônico ou afetivo de um  Nome de corpo celeste, quando designati-


termo – exemplos: ela era a ―queridinha‖ do pa- vo astronômico (―A Terra gira em torno do Sol‖);
pai.
 Nome de documento ao qual se integra um
Negrito – O destaque do negrito é mais comu- nome próprio (Lei Áurea, Lei Afonso Arinos).
mente usado na transcrição de entrevistas, para
separar perguntas de respostas; assim como, Minúsculas – Além de sempre usada na grafia
conforme antes mencionado, na indicação de dos termos que designam as estações do ano, os
títulos e de subtítulos. Contudo, o negrito pode dias da semana e os meses do ano, a letra mi-
ser utilizado também, comedidamente, na grafia núscula (comumente chamada de caixa baixa –
de termos e/ou de expressões a que se queira Cb), é também usada na grafia de:
dar ênfase.
 Cargos e títulos nobiliárquicos (rei, dom);
Maiúsculas – Além de sempre usada no início de dignitários (comendador, cavaleiro); axiônimos
períodos, nos títulos de obras artísticas ou técni- correntes (você, senhor); culturais (reitor, bacha-
co-científicas, a letra maiúsculas (caixa alta – CA) rel); profissionais (ministro, médico, general, pre-
é convencionalmente usada na grafia de: sidente, diretor); eclesiásticos (papa, pastor, frei-
ra);
 Nomes próprios e de sobrenomes (José
Ferreira) de cognomes (Ivan, o Terrível); de alcu-  Gentílicos e de nomes étnicos (franceses,
nhas (Sete Dedos); de pseudônimos (Joãozinho paulistas, iorubas);
Trinta); de nomes dinásticos (os Médici);
 Nome de doutrina e de religiões (espiritis-
 Topônimos (Brasília, Paris); mo, protestantismo);

 Regiões (Nordeste, Sul);  Nome de grupo ou de movimento político e


religioso (petistas, umbandistas);
 Nomes de instituições culturais, profissio-
nais e de empresa (Fundação Getúlio Vargas,  Na palavra governo (governo fernando
Associação Brasileira de Jornalistas, Lojas Ame- henrique, governo de são paulo);
ricanas);
 Nos termos designativos de instituições,
 Nome de divisão e de subdivisão das For- quando esses não estão integrados no nome
ças Armadas (Marinha, Polícia Militar); delas – exemplos: a agência nacional de águas
tem por missão (…), no entanto, a referida agên-
 Nome de período e de episódio histórico cia não exclui de suas metas os compromissos
(Idade Média, Estado Novo); relacionados a…;

 Nome de festividade ou de comemoração  Nome de acidente geográfico que não seja


cívica (Natal, Quinze de Novembro); parte integrante do nome próprio: rio amazonas,
serra do mar, cabo norte (mas, cabo frio, rio de
 Designação de nação política organizada, janeiro, serra do salitre);
de conjunto de poderes ou de unidades da Fede-
ração (golpe de Estado, Estado de São Paulo);  Prefixo exemplos: ex-ministro do meio am-
biente, ex-presidente da república; nome de deri-
 Nome de pontos cardeais (Sul, Norte, Les- vado: weberiano, nietzschiano, keynesiano, apo-
te, Oeste); líneo;

 Nome de zona geoeconômica e de desig-  Pontos cardeais, quando indicam direção


nações de ordem geográfica ou político- ou limite: o norte de minas gerais, o sul do pará –
administrativa (Agreste, Zona da Mata, Triângulo observe: ―é bom morar na região norte do brasil,
Mineiro); mas muitos preferem o sul de são paulo‖.

 Nome de logradouros e de endereço (Av. Enumerações:


Rui Barbosa, Rua Cesário Alvim); nome de edifí-
cio, de monumento e de estabelecimento público

102
O trecho que anuncia uma enumeração geral- Os ordinais são grafados por extenso de primeiro
mente vem sucedido por dois-pontos; situação a décimo, os demais devem ser representados de
em que a relação de itens que se segue deve ser forma numérica: terceiro, quinto, mas 13º, 47º etc.
introduzida por letras minúsculas – Exemplos: a),
b), c) – ou por um outro tipo de marcador (,□, , As quantias são grafadas por extenso de um a
…etc.), ser grafada com inicial minúscula e con- dez (seis centavos, nove milhões de francos) e
cluída com ponto-e-vírgula até o penúltimo item, com algarismos daí em diante (11 centavos, 51
pois que o último deverá vir seguido de ponto milhões de francos). Porém, quando ocorrem
final. frações, registra-se a quantia exclusivamente de
forma numérica (US$ 325,60).
Caso o trecho anunciativo da enumeração termi-
ne com um ponto final, os itens que o sucedem Os algarismos romanos são usados nos seguin-
devem vir grafados com inicial maiúscula, assim tes casos:
como ser finalizados, todos eles, com um ponto
final.  Na designação de séculos: século XXI,
século II a.C;
Grafia De Numerais:
 Na designação de reis, de imperadores, de
Os numerais são geralmente grafados com alga- papas etc.: Felipe IV, Napoleão II, João XXIII;
rismos arábicos. Todavia, em algumas situações
especiais é regra grafá-los, no texto, por extenso.  Na designação de grandes divisões das
Confira a seguir algumas dessas situações: Forças Armadas: IV Distrito Naval, I Exército;

 De zero a nove: três livros, quatro milhões;  No nome de eventos repetidos periodica-
mente: IX Bienal de São Paulo, XII Copa do Mun-
 Dezenas redondas: trinta cadernos, setenta do;
bilhões;
 Na especificação de dinastias: II dinastia,
 Centenas redondas: trezentos mil, novecentos IV dinastia.
trilhões, seiscentas pessoas.
Em se tratando de horas (hora legal), recomenda-
Em todos os casos, porém, só se usam palavras se o uso de algarismos arábico, seguido de abre-
quando não há nada nas ordens ou nas classes viatura, sem espaço (Exemplos: 12h; das 13 às
inferiores (Exemplos: 14 mil, mas 14.200 e não 14 18h30).
mil e duzentos; 247.320 e não 247 mil e trezentos
e vinte). As datas devem ser grafadas por extenso, sem o
numeral zero à esquerda. Exemplo: ―4 de março
Acima do milhar, no entanto, dois recursos são de 1998, 1º de maio de 1998.‖
possíveis:
Na ementa, no preâmbulo, na primeira remissão e
 Aproximação de número fracionário, como na cláusula de revogação a data do ato normativo
em 23,7 milhões; deve ser grafada por extenso. Exemplo: Lei nº
8.112, de 11 de dezembro de 1990. Nas demais
 Desdobramento dos dois primeiros termos, remissões, a citação deve ser feita de forma re-
como em 47 milhões e 642 mil. duzida. Exemplo: Lei nº 8112, de 1990.

As classes são separadas por pontos (Exemplos: A identificação do ano não deve conter ponto
1.750 páginas), exceto no caso de ano (Exem- entre a classe do milhar e a da centena.
plos: em 1750), de código postal (Exemplos: CEP
70342-070) e de especificação de caixa postal Exemplo:
(Exemplos: 1011).
CERTO: 2005
As frações são sempre indicadas por algarismos,
exceto no caso de os dois elementos dela se ERRADO: 2.005
situarem entre um e dez (Exemplos: dois terços,
um quarto, mas 2/12, 5/11 etc.). Convém que as décadas sejam grafadas em al-
garismos arábicos, e com a especificação do
Já as porcentagens, essas são indicadas (exceto século, para que não haja ambigüidades: década
no início de frase) por algarismos, os quais são, de 1920; década de 1870.
por sua vez, sucedidos do símbolo próprio sem
espaço: 86%, 135% etc.). O Padrão Ofício:

103
Há três tipos de expedientes que se diferenciam Já quando se tratar de mero encaminhamento de
antes pela finalidade do que pela forma: o ofício, documentos a estrutura é a seguinte:
o aviso e o memorando. Para uniformizá-los, ado-
tou-se uma diagramação única, que segue o pa- – introdução: deve iniciar com referência ao ex-
drão ofício. pediente que solicitou o encaminhamento. Se a
remessa do documento não tiver sido solicitada,
Partes do documento no Padrão Ofício: deve iniciar com a informação do motivo da co-
municação, que é encaminhar, indicando a seguir
O aviso, o ofício e o memorando devem conter as os dados completos do documento encaminhado
seguintes partes: (tipo, data, origem ou signatário, e assunto de que
trata), e a razão pela qual está sendo encaminha-
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do, segundo a seguinte fórmula:
do órgão que o expede:
―Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro
Exemplos: de 1991, encaminho, anexa, cópia do Ofício nº
34, de 3 de abril de 1990, do Departamento Geral
Mem. 123/2002-TCE Aviso 123/2002-TCE Of. de Administração, que trata da requisição do ser-
123/2002-SG/TCE vidor Fulano de Tal.‖
b) local e data em que foi assinado, por extenso, ou
com alinhamento à direita:
―Encaminho, para exame e pronunciamento, a
Exemplo: anexa cópia do telegrama no 12, de 1º de feverei-
ro de 1991, do Presidente da Confederação Na-
Brasília, 15 de março de 1991.
cional de Agricultura, a respeito de projeto de
c) assunto: resumo do teor do documento modernização de técnicas agrícolas na região
Nordeste.‖
Exemplos:
– desenvolvimento: se o autor da comunicação
Assunto: Produtividade do órgão em 2002. desejar fazer algum comentário a respeito do
documento que encaminha, poderá acrescentar
Assunto: Necessidade de aquisição de novos parágrafos de desenvolvimento; em caso contrá-
computadores. rio, não há parágrafos de desenvolvimento em
aviso ou ofício de mero encaminhamento.
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a
quem é dirigida a comunicação. No caso do ofício f) fecho;
deve ser incluído também o endereço.
g) assinatura do autor da comunicação; e
e) texto: nos casos em que não for de mero en-
caminhamento de documentos, o expediente h) identificação do signatário.
deve conter a seguinte estrutura:
Forma de diagramação:
– introdução, que se confunde com o parágrafo
de abertura, na qual é apresentado o assunto que Os documentos do Padrão Ofícial devem obede-
motiva a comunicação. Evite o uso das formas: cer à seguinte forma de apresentação:
―Tenho a honra de‖, ―Tenho o prazer de‖, ―Cum-
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New
pre-me informar que‖, empregue a forma direta;
Roman de corpo 12 no texto em geral, 11 nas
– desenvolvimento, no qual o assunto é detalha- citações, e 10 nas notas de rodapé;
do; se o texto contiver mais de uma idéia sobre o
b) para símbolos não existentes na fonte Times
assunto, elas devem ser tratadas em parágrafos
New Roman poder-se-á utilizar as fontes Symbol
distintos, o que confere maior clareza à exposi-
e Wingdings;
ção;
c) é obrigatório constar a partir da segunda pági-
– conclusão, em que é reafirmada ou simples-
na o número da página;
mente reapresentada a posição recomendada
sobre o assunto. d) os ofícios, memorandos e anexos destes pode-
rão ser impressos em ambas as faces do papel.
Os parágrafos do texto devem ser numerados,
Neste caso, as margens esquerda e direita terão
exceto nos casos em que estes estejam organi-
as distâncias invertidas nas páginas pares (―mar-
zados em itens ou títulos e subtítulos.
gem espelho‖);

104
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o mo-
cm de distância da margem esquerda; delo do padrão ofício, com acréscimo do vocativo,
que invoca o destinatário, seguido de vírgula.
f) o campo destinado à margem lateral esquerda
terá, no mínimo, 3,0 cm de largura; Exemplos:

g) o campo destinado à margem lateral direita Excelentíssimo Senhor Presidente da República


terá 1,5 cm;
Senhora Ministra
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre
as linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, Senhor Chefe de Gabinete
se o editor de texto utilizado não comportar tal
recurso, de uma linha em branco; Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do
ofício as seguintes informações do remetente:
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico,
sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, som- – nome do órgão ou setor;
bra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de
formatação que afete a elegância e a sobriedade – endereço postal;
do documento;
– telefone e endereço de correio eletrônico.
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor
Memorando:
preta em papel branco. A impressão colorida de-
ve ser usada apenas para gráficos e ilustrações; Definição e Finalidade
l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício O memorando é a modalidade de comunicação
devem ser impressos em papel de tamanho A-4, entre unidades administrativas de um mesmo
ou seja, 29,7 x 21,0 cm; órgão, que podem estar hierarquicamente em
mesmo nível ou em níveis diferentes. Trata-se,
m) deve ser utilizado, preferencialmente, o forma-
portanto, de uma forma de comunicação eminen-
to de arquivo Rich Text nos documentos de texto;
temente interna.
n) dentro do possível, todos os documentos ela-
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser
borados devem ter o arquivo de texto preservado
empregado para a exposição de projetos, idéias,
para consulta posterior ou aproveitamento de
diretrizes, etc. a serem adotados por determinado
trechos para casos análogos;
setor do serviço público.
o) para facilitar a localização, os nomes dos ar-
Sua característica principal é a agilidade. A trami-
quivos devem ser formados da seguinte maneira:
tação do memorando em qualquer órgão deve
tipo do documento + número do documento + pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de
palavras-chaves do conteúdo procedimentos burocráticos. Para evitar desne-
cessário aumento do número de comunicações,
Exemplos: ―Of. 123 – relatório produtividade ano os despachos ao memorando devem ser dados
2002″ no próprio documento e, no caso de falta de es-
paço, em folha de continuação. Esse procedimen-
Aviso e Ofício: to permite formar uma espécie de processo sim-
plificado, assegurando maior transparência à
Definição e Finalidade tomada de decisões, e permitindo que se historie
o andamento da matéria tratada no memorando.
Aviso e ofício são modalidades de comunicação
oficial praticamente idênticas. A única diferença Forma e Estrutura
entre eles é que o aviso é expedido exclusiva-
mente por Ministros de Estado, para autoridades Quanto a sua forma, o memorando segue o mo-
de mesma hierarquia, ao passo que o ofício é delo do padrão ofício, com a diferença de que o
expedido para e pelas demais autoridades. Am- seu destinatário deve ser mencionado pelo cargo
bos têm como finalidade o tratamento de assun- que ocupa.
tos oficiais pelos órgãos da Administração Pública
entre si e, no caso do ofício, também com particu- Exemplos:
lares.
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração
Forma e Estrutura
Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos

105
Redação: A indicação de artigo será separada do texto por
dois espaços em branco, sem traços ou outros
A elaboração de correspondências e atos oficiais sinais.
deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do
padrão culto da linguagem, clareza, concisão, Exemplo:
formalidade e uniformidade.
Art. 1º Ao (nome do órgão) compete…
No caso da redação oficial, quem comunica é
sempre a Administração Pública; o que e comuni- O texto de um artigo inicia-se sempre por letra
ca é sempre algum assunto relativo às atribuições maiúscula e termina com ponto, salvo nos casos
do órgão ou entidade que comunica; o destinatá- em que contiver incisos, quando deverá terminar
rio dessa comunicação é o público, o conjunto de por dois-pontos.
cidadãos, ou outro órgão ou entidade pública. A
redação oficial deve ser isenta de interferência da Em remissões a outros artigos do texto normativo,
individualidade de quem a elabora. deve-se empregar a forma abreviada ―art.‖ segui-
da do número correspondente.
As comunicações oficiais devem ser sempre for-
mais, isto é, obedecerem a certas regras de for- Exemplo:
ma. A clareza do texto, possibilitando imediata
compreensão pelo leitor, o uso de papéis unifor- ―… o art. 8º, no art. 15…‖.
mes e a correta diagramação são indispensáveis
Quando o número for substituído por um adjetivo
para a padronização das comunicações oficiais.
(anterior, seguinte etc), a palavra artigo deverá
O texto deve ser conciso, transmitindo um máxi-
ser grafada por extenso.
mo de informações com um mínimo de palavras.
Exemplo:
Identidade Visual:
―… no artigo anterior…‖
Todos os papéis de expediente, bem como os
convites e as publicações oficiais deverão possuir O agrupamento de artigos poderá constituir Sub-
a logomarca da TCE conforme disposto na Reso- seções; o de Subseções, a Seção; o de Seções,
lução nº 19, de 18 de maio de 2001, ou com nor- o Capítulo; o de Capítulos, o Título; o de Títulos,
ma que a suceder. o Livro; o de Livros a Parte.
Logomarca, é a marca que reúne graficamente Podem também ser subdivididos em ―Disposições
letras do nome de uma instituição e elementos Preliminares‖, ―Disposições Gerais‖, ―Disposições
formais puros, abstratos. Pode-se ainda defini-la Finais‖ e ―Disposições Transitórias‖.
como qualquer representação gráfica padroniza-
da e distintiva utilizada como marca. As Subseções e Seções serão identificadas em
algarismos romanos, grafadas em letras minúscu-
Artigos: las e em negrito.
Na numeração de artigos em leis, decretos, porta- Os Capítulos, os Títulos, os Livros e as Partes
rias e outros textos legais, proceder-se-á da for- serão gravados em letras maiúsculas e identifica-
ma como se segue: dos por algarismos romanos. As Partes poderão
desdobrar-se em Parte Geral e Parte Especial, ou
Do artigo primeiro até o artigo nono, usa-se o
em parte expressas em numeral ordinal, por ex-
numeral ordinal, ou seja 1º, 2º, 3º até o 9°, prece-
tenso.
dido da forma abreviada de artigo – ―Art.‖.
O artigo desdobra-se em parágrafos ou em inci-
Exemplo:
sos.
―Art. 1º, Art. 2º, Art. 3º…. Art. 9º ―.
Parágrafos:
Do artigo dez (inclusive) em diante, usa-se nume-
O parágrafo constitui a imediata divisão de um
ral cardinal, ou seja 10, 11, 12, 13 etc, precedido
artigo, em que se explica ou modifica a disposi-
da forma abreviada de Artigo – ―Art.‖, e o numeral
ção principal.
cardinal acompanhado de ponto – ―.‖
Quando um artigo contiver mais de um parágrafo,
Exemplo:
estes serão designados pelo símbolo §, seguido
―Art. 10.‖, ―Art. 11.‖, ―Art. 99.‖, ―Art. 150.‖ etc. de numeração ordinal até o nono parágrafo, in-
clusive.

106
Exemplo: O texto dos itens inicia-se por letra minúscula,
salvo quando se tratar de nome próprio, e termina
―§ 1º , § 2º, …..§ 9º… em ponto-e-vírgula, dois pontos, quando se des-
dobrar em itens, salvo o último, que se encerra
A partir do parágrafo de número 10 (inclusive), por ponto.
usa-se o símbolo §, seguido de numeração cardi-
nal e de ponto. Exemplo:

Exemplo: a) Representação do Ministério do……. tem a


seguinte estrutura:
―§ 10., § 11.‖ etc.
1. serviço de Planejamento e Desenvolvimento de
Se houver apenas um parágrafo deve-se grafá-lo Programas Educacionais;
como ―Parágrafo único‖ e não ―§ único‖, seguido
de ponto e separado do texto normativo por 2 2. serviço de Análise, Registro e Apoio Técnico;
espaços em branco.
3. serviço de Administração.
Nas referências ―Parágrafo único‖, ―Parágrafo
anterior‖, ―Parágrafo seguinte‖ e semelhantes, a b) etc.
grafia é por extenso. O texto dos parágrafos inici-
a-se com maiúscula e encerra-se com ponto, As alíneas se desdobram em itens.
salvo se for desdobrado em incisos, caso em que
deverá findar por dois-pontos. O texto do item inicia-se com letra minúscula,
salvo quando se tratar de nome próprio, e termina
Os parágrafos desdobram-se em incisos. com ponto-e-vírgula ou ponto, caso seja o último
e anteceda artigo ou parágrafo.
Incisos:
Nas seqüências de incisos, alíneas ou itens, o
O inciso é utilizado como elemento discriminativo penúltimo elemento será pontuado com ponto e
de artigo, se o assunto nele tratado não puder ser vírgula, seguido da conjunção ―e‖, quando de
condensado no próprio artigo ou se mostrar ade- caráter cumulativo, ou da conjunção ―ou‖, se a
quado a constituir parágrafo. seqüência for disjuntiva.

O inciso serve para divisão imediata do artigo ou Utiliza-se um espaço simples entre capítulos,
do parágrafo. seções, artigos, parágrafos, incisos, alíneas e
itens.
Os incisos dos artigos devem ser designados por
algarismos romanos, seguidos de hífen, o qual é Quaisquer referências a números e percentuais
separado do algarismo e do texto por um espaço feitas no texto, devem ser grafadas por extenso
em branco, e iniciados por letra minúscula, salvo (trinta, quinze, zero, vírgula zero, vinte e dois por
quando se tratar de nome próprio. cento), exceto data, número de ato normativo e
em casos em que houver prejuízo para a com-
Ao final os incisos são pontuados com ponto-e- preensão do texto.
vírgula exceto o último, que se encerra em ponto,
e aquele que contiver desdobramento em alíneas, Encaminhamento:
encerra-se por dois-pontos.
Os atos que forem encaminhados para publica-
Os incisos desdobram-se em alíneas. ção no Diário Oficial da União – DOU deverão
obedecer aos critérios estabelecidos pela Impren-
As alíneas (ou letras) são os desdobramentos dos sa Nacional – IN, por meio da Portaria nº 310, de
incisos e deverão ser grafadas com a letra minús- 16 de dezembro de 2002, ou pela legislação que
cula seguindo o alfabeto e acompanhada de pa- a suceder.
rêntese, separado do texto por um espaço em
branco. Os projetos de atos normativos de competência
dos órgãos do Poder Executivo Federal devem
Exemplo: ―a), b)‖ etc. obedecer aos critérios estabelecidos pelo Decreto
nº 4.176, de 28 de março de 2002 ou pela legisla-
Quando houver necessidade de desdobramento ção que o suceder.
de alíneas em itens, estes deverão ser grafados
em algarismos arábicos, seguidos de ponto e Aspectos gerais da Redação Oficial
separados do texto por um espaço em branco.

107
Veja a seguir as principais características da Re-  A clareza é uma qualidade básica: possi-
dação Oficial: bilitar a compreensão imediata

Características:  Depende da impessoalidade, do padrão


culto, da formalidade, da padronização e da con-
1 – Impessoalidade cisão.
2 – Linguagem culta padrão Adequação do Formato de Texto ao Gênero
3 – Clareza 1.1 A adequação é a propriedade da textualidade
que dá conta da relação do texto e do seu contex-
4 – Concisão to e de como o texto, como unidade comunicativa,
se interpreta em relação a uma série de elemen-
5 – Formalidade
tos extralinguísticos como sejam os interlocuto-
6 – Uniformidade res, a relação entre ambos, o espaço e o tempo
da enunciação, a intenção comunicativa, o mundo
Linguagem compartilhado, o papel e o lugar social.

 Os atos e comunicações têm um caráter Estas variáveis são relevantes porque a sua cor-
público: estabelecem normas: informação clara e reta consideração implica decisões linguísticas no
objetiva campo da coesão. De especial importância é o
que diz respeito aos saberes compartilhados en-
 Evitar uso de linguagem restrita/técnica tre emissor e receptor.
(gírias e jargões): a comunicação pública deve
ser entendida por todos os cidadãos 1.2 A coerência exige que se abordem os enunci-
ados como discursos. Cada enunciado é produzi-
>> Se muito necessário, a linguagem técnica do com a intenção de comunicar alguma coisa a
pode até ser usada, mas com cuidado e com os alguém. Este acordo tácito é consubstancial à
devidos esclarecimentos dos termos específicos. atividade verbal e pressupõe um saber mutua-
mente partilhado. Cada um — (receptor e produ-
 Usar o padrão culto: de acordo com as tor da mensagem) postula e se conforma a estas
regras gramaticais e com vocabulário comum a regras que não são obrigatórias e inconscientes
todos. (como as da sintaxe e as da morfologia) mas
convenções tácitas.
>> Não há um padrão oficial de linguagem, há
padrão culto da língua Estas ―leis do discurso‖, que regem a comunica-
ção verbal e que se lhe aplicam, devem adaptar-
Formalidade se às especificidades de cada gênero discursivo
(por exemplo, falar em tom professoral pode a-
 Ser formal significa obedecer a certas meaçar a face positiva do interlocutor) e de cada
regras de forma: impessoalidade, padrão culto, protótipo textual (um texto argumentativo opinati-
formalidade de tratamento vo mobiliza mais inferências que um texto narrati-
vo).
 Formalidade requer:
O fato de todo o enunciado ser modalizado pelo
......................- Polidez e civilidade: enfoque dado enunciador mostra que o discurso só pode repre-
ao assunto sentar o mundo se o enunciador, diretamente ou
não, marcar a sua presença através do que ele
......................- Uniformidade, padronização (cla- diz.
reza datilográfica, papeis uniformes e diagrama-
ção correta) Tendo em conta todos estes fatores enunciados,
a coerência sustenta-se nas seguintes proprie-
Concisão dades:
 A concisão é uma qualidade do texto - tema do texto (de que é que o texto fala)
 Envolve o conceito de economia lingüísti- - informação (qual a informação selecionada)
ca: menos palavras para mais informações
- organização da informação (qual o protótipo
Clareza textual e qual o gênero discursivo)

108
- progressão temática (relação entre a informação ________________________________________
conhecida e a informação nova) ________________________________________
________________________________________
- modalização implementada (que marcas modais ________________________________________
indicadoras de atitudes, de sentimentos, de pon-
________________________________________
tos de vista).
________________________________________
1.3. A coesão é a propriedade da textualidade ________________________________________
que dá conta dos mecanismos linguísticos e gra- ________________________________________
maticais que se articulam, que se retomam e se ________________________________________
relacionam entre si estrategicamente dentro do ________________________________________
texto. ________________________________________
________________________________________
Sendo a coesão uma espécie de sintaxe textual,
________________________________________
há que conectá-la com as propriedades da coe-
________________________________________
rência (o sentido global que se transmite) e da
adequação (condicionamento das peculiaridades ________________________________________
linguísticas de acordo com o contexto). Convém, ________________________________________
no entanto, recordar que cada protótipo textual ________________________________________
tem as suas próprias exigências quanto aos mo- ________________________________________
dos de manutenção do referente, de explicitação ________________________________________
da conexão, de atualização e relação das formas ________________________________________
verbais dentro do texto. ________________________________________
________________________________________
Sendo que cada uma destas características se
________________________________________
atualizam e realizam de modo diferencial, de a-
________________________________________
cordo com o tipo de texto (o protótipo narrativo
diferencia-se do argumentativo pelos elementos ________________________________________
linguísticos e gramaticais à superfície dos textos), ________________________________________
o gênero discursivo (dentro do tipo argumentativo ________________________________________
os gêneros discursivos ―artigo de opinião‖ e ―pu- ________________________________________
blicidade‖ realizam-se de modo diferenciado), a ________________________________________
forma do texto (oral ou escrito). ________________________________________
________________________________________
A coesão textual rege-se pelos seguintes meca- ________________________________________
nismos: a dêixis: a anáfora (lexical e gramatical):
________________________________________
a elipse; a conexão; a modalização (incluindo o
________________________________________
relato de discurso): a relação dos tempos verbais.
________________________________________
ANOTAÇÕES ________________________________________
________________________________________ ________________________________________
________________________________________ ________________________________________
________________________________________ ________________________________________
________________________________________ ________________________________________
________________________________________ ________________________________________
________________________________________ ________________________________________
________________________________________ ________________________________________
________________________________________ ________________________________________
________________________________________ ________________________________________
________________________________________ ________________________________________
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