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UNIVASF
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO –
PRPPGI
RESIDENCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE MENTAL –
RMSM
PETROLINA – PE
2018
O cuidar e o brincar na promoção de saúde mental em contexto
escolar
(a)
Residência Multiprofissional em Saúde Mental pela Universidade do Vale do São
Francisco - UNIVASF.
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(b)
Colegiado de Psicologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco -
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O cuidar e o brincar na promoção de saúde mental em contexto
escolar
Resumo
Palavras-chave: Crianças.Brincadeiras.Cuidar.
The care and playing in the promotion of mental health in a school
context
Abstract
Taking on the theme "childhood, playfulness and health" as the founder of its
problem, this study aimed to understand how the relationships of caring and playing
promote mental health in the perspective of children in a municipal school in Bahia.
Six children of the fundamental level, of both sexes, participated between six and
seven years. The methodological multi-referentiality was adopted for the construction
of knowledge, especially the phenomenological approach and the ethnographic
inspiration, besides the devices of participant observation, informal interviews and
play activities. The results, through the techniques of triangulation and
phenomenological reduction, pointed to a distancing of school officials, relation of
bonding and care, ambience as a source of well-being and the importance of play in
the room as a space of pleasure and creativity. The study contributed to discussions
in the area raising more commitment to health education.
Resumen
Palabras-clave: Niños.Juego.Cuidar;
5
Introdução
Método
(c)
https://www.youtube.com/watch?v=yfIJO4aTaoQ
(d)
http://www.catraios.pt/menugeral/historia/historiaspub/historias_emilio/htm/varinha_magica.htm
10
Resultados e Discussão
políticas/estratégias que promovam uma maior aproximação dos pais à escola” 37 (p.
2), para que possam caminhar juntas.
O distanciamento dos responsáveis do contexto escolar resultou em falta de
acesso ou um acesso restrito a esses, pela pesquisadora, o que pode ter gerado
uma possível incompreensão do conteúdo do TCLE, ou ainda, uma falha na ênfase
da importância da brincadeira no contexto escolar. Esse argumento ancora-se no
fato de que responsáveis receberam explicações detalhadas sobre a pesquisa, e
depois de uma releitura do termo, devolviam-no sem assinatura. É possível que
essa recusa tenha alguma relação com o entendimento de pais e alguns
profissionais no sentido de acreditarem que a brincadeira é perda de tempo ou uma
forma de descanso durante sua realização, banalizando o ato de brincar 14.
A pesquisadora experimentou o sentimento de tristeza e frustração ao ver
crianças serem separadas para não participar da pesquisa, enquanto que as
mesmas expressavam o desejo de participar através de aparições na sala durante
as atividades, mesmo contra vontade de seus responsáveis. Inclusive, a filmagem
que seria usada como meio de produção de conhecimento, não foi empregada, para
preservar as crianças.
Essa separação imposta, de crianças que podiam participar e crianças que
não puderam participar, como resultado de uma possível incompreensão por parte
dos pais sobre a importância da brincadeira, sugere a necessidade desses
conhecerem e reconhecerem os benefícios da brincadeira para mudar suas posturas
e valorizar o brincar na escola14.
Foi observado que o vínculo entre as crianças era muito forte, “a construção
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dos vínculos é, para as crianças, um modo de demonstrar cuidado” (p.1645). As
trocas de carinho e afeto entre elas aconteciam mediante a espera no portão de
entrada para seguirem juntas para a sala de aula, nas conversas e brincadeiras, e
através de visitas a outras salas. “A afetividade é central na construção do
conhecimento e da pessoa”17 (p. 37), e foi externada também nas atividades lúdicas
através das falas e produções, que traziam ilustrações de crianças, que se tratavam
dos próprios colegas.
Em alguns momentos, as crianças se jogavam em cima das outras,
resultando em uma “pilha de crianças”. Essa atitude, no início causou espanto e
estranheza na pesquisadora, porque na maioria das vezes se machucavam, tanto
pelo atrito dos corpos como pela irritação que acometia a alguns, que partiam para a
agressão aos demais. A pesquisadora se perguntava, por que aquela atitude?
A pesquisadora só entendeu aquele gesto, no quinto encontro, quando as
crianças ao se despedirem, beijaram-na, se jogando em cima dela, ficando aquele
amontoado de crianças por cima. Diante disso, a pesquisadora entendeu que elas
estavam expressando afeto, uma vez que as crianças iam se abraçando até ficarem
amontoadas em cima das outras.
Ao percorrer os diários de campo foi possível observar que nos encontros
iniciais, as demonstrações de carinho para com a pesquisadora eram tímidas,
contando com alguns abraços e a pergunta: “tia, você volta amanhã”? Assim, era
evidente que essa última demonstração de afeto só foi possível a partir da
construção de um vínculo com as crianças.
A pesquisadora recebeu outras manifestações de afeto como a de Wesley,
que, preocupado com a quantidade de informação que colocou no desenho
destinado a atividade lúdica, escreve: “desculpe, seu desenho tá feito”. O mesmo
desenho ilustra duas pessoas abraçadas representando ele e a pesquisadora, com a
descrição, “tia, eu te amo”. “Isso parece indicar que as crianças, à medida que se
sentiram cuidadas, retribuíram esse cuidado através do zelo,” 22 (p.1645). No último
encontro, tanto na chegada quanto na despedida foi uma euforia, só que dessa vez
não se jogaram em cima da pesquisadora, mas a rodearam e a beijaram. Maria
disse “Tia, você foi a melhor professora que eu tive”.
Demonstrações de carinho das crianças não autorizadas a participar da
pesquisa eram constantes a pesquisadora, através de abraços e beijos quando a
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Considerações Finais
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