O documento discute a carga tributária brasileira e argumenta que ela é regressiva, onerando mais os mais pobres. O autor defende uma reforma tributária para tornar o sistema mais progressivo, com tributos diretos incidindo mais sobre a renda e patrimônio do que sobre o consumo.
Descrição original:
Fichamento do texto "Carga tributária no Brasil: Quem paga a conta?"
O documento discute a carga tributária brasileira e argumenta que ela é regressiva, onerando mais os mais pobres. O autor defende uma reforma tributária para tornar o sistema mais progressivo, com tributos diretos incidindo mais sobre a renda e patrimônio do que sobre o consumo.
O documento discute a carga tributária brasileira e argumenta que ela é regressiva, onerando mais os mais pobres. O autor defende uma reforma tributária para tornar o sistema mais progressivo, com tributos diretos incidindo mais sobre a renda e patrimônio do que sobre o consumo.
Curso de Bacharelado em Ciências Contábeis Disciplina: Direito Tributário Profª.: Sheyla Canuto Aluno: Adisson José Lyra Data: 30/08/2018 Assunto (Tema): Carga tributária brasileira
Referência Bibliográfica: SALVADOR, Evilásio. A distribuição da carga tributária: quem
paga a conta? Faculdade Assis Gurgacz: 2006. Disponível em: <https://mplfloripa.files.wordpress.com/2012/02/a-distrituic3a7c3a3o-da-carga- tributc3a1ria.pdf>. Acesso em 30 de agosto de 2018.
Tipo de fichamento: Fichamento de conteúdo
Conteúdo Pág. O autor Evilásio Salvador introduz seu texto expondo as diferentes teorias em torno da participação do estado na economia. Ele afirma que “as bases da atual matriz teórica têm sua origem no pensamento dos economistas clássicos e são consolidadas na vertente neoclássica.” Por sua vez a vertente neoclássica tem seu alicerce em “mecanismos que corrigem automaticamente os desequilíbrios de mercado” tornando o Estado como um elemento estranho ao sistema. Nessa 1 concepção “os tributos devem obedecer aos princípios da ‘neutralidade’ e da ‘equidade’ ”. Entretanto o autor ensina que a partir da concepção de J.M. Keynes, 1930, o Estado passa a um papel mais presente na economia, principalmente atuando nas “políticas de estabilização e as voltadas para a redução das desigualdades, incentivando e fornecendo o Estado do bem-estar social.” Continuando seu texto o autor introduz o princípio da capacidade contributiva e coloca que esse princípio aliado aos princípios da progressividade e da seletividade traz uma justiça maior na distribuição da carga tributária, pois pagará 1 mais quem tem capacidade de pagar mais. Todavia, para que isso ocorra é necessário uma cobrança maior de tributos diretos, ou seja, que não são transferidos em seu polo passivo. O autor continua trazendo um pouco da história recente da economia brasileira e diz que o relativo controle da inflação à época do Plano Real deveu-se a uma elevação do endividamento público e para arcar com essas dívidas foi preciso o 2 país comprometer-se a produzir elevados superávits fiscais primários, o que foi possível graças a um aumento da arrecadação de impostos. A partir daí o autor tece algumas críticas diante do fato que o aumento da carga tributária para cobrir as dívidas passou de 29% para 37% do PIB, entre os anos 1994 e 2005 e que “mais da metade da carga provém de tributos que incidem 2 sobre bens e serviços”, que por sua vez “acabam agravando mais pesadamente a renda de pessoas e famílias que destinam maior parcela de seus ganhos ao consumo”. No tópico 2 do texto, o autor discorre sobre os conceitos de tributo regressivo, progressivo e proporcional e tributos diretos e indiretos. E, mais adiante, nos ensina sobre o “fetiche do imposto: o empresário nutre a ilusão de que recai sobre seus ombros o ônus do tributo, mas se sabe que ele integra a estrutura de custos 3 da empresa, terminando, via de regra, sendo repassado aos preços. ” O autor continua e nos traz uma informação bem relevante: “a população de baixa renda suporta uma elevada tributação indireta, pois mais da metade da arrecadação tributária do país advém de impostos cobrados sobre o consumo.” O autor no tópico 2.1 traz à tona por meio de números que a “maior parte dos tributos tem como base de incidência o consumo”. E que “como o consumo é proporcionalmente decrescente em relação à renda conforme ela aumenta”, o “resultado é uma carga tributária regressiva”. E para sustentar essa tese, o autor utiliza uma estatística da POF 2002/2003 que “mostra que essa regressividade 4-5 vem aumentando: as famílias com renda de até dois salários mínimos passaram a ter uma carga tributária de 46% da renda familiar, enquanto aquelas com renda superior a 30 salários mínimos gastam 16% da renda em tributos indiretos.” Na página 7 de seu texto, o nos mostra que apesar de alguns reajustes feitos na tabela do IR, eles foram “insuficientes para repor integralmente os efeitos da inflação no pagamento de IR, pois não refletem toda a inflação do período. ” E esse fato acaba onerando mais o trabalhador, ferindo assim o princípio da 7 capacidade contributiva, que foi instituído na Constituição. Continuando o texto, o autor expõe alguns números que mostram que proporcionalmente o trabalhador assalariado paga mais impostos que os bancos e donos de empresas. No tópico 2.3 do texto, o autor, usando alguns números, evidencia que “os impostos que têm incidência sobre o patrimônio, no Brasil, apresentam uma arrecadação insignificante”. E isso se deve as várias modificações legislativas que acabaram beneficiando principalmente o setor rural, tornando a “arrecadação do 7-8 ITR, muito abaixo do potencial, para um país de enorme concentração de terra, significando o abandono definitivo desse imposto como instrumento de desestímulo ao uso da terra como reserva de valor.” No tópico 2.4 o autor nos ensina que o Estado brasileiro vem abrindo mão de importantes receitas tributárias em favor da renda do capital ao mesmo tempo em que taxa mais significativamente a renda dos trabalhadores. E essa renúncia fiscal, que tem importante parcela na dedução dos juros sobre o capital próprio das empresas do lucro tributável do Imposto de Renda e da CSLL. E esses juros sobre capital próprio tem sido utilizado para distribuição de lucros, sem qualquer tipo de taxação. O autor traz como exemplo os bancos, que pagam fortunas aos 9 - 10 acionistas à título de juros sobre capital próprio e que podem até enviar essas quantias ao exterior contando com isenção de imposto de renda, tudo isso dentro da lei. Para finalizar o tópico o autor conclui: “a atual legislação tributária já trata de forma benevolente a renda do capital comparativamente à dos trabalhadores, ferindo a isonomia tributária entre as diferentes espécies de renda, conforme a Constituição Federal. A legislação atual não submete à tabela progressiva do IR os rendimentos de capital, que são tributados com alíquotas inferiores aos demais rendimentos.” Finalizando o texto, o autor propõe alternativas para uma tributação mais justa e coloca que “deve ser buscado um modelo tributário que assegura a sustentação do Estado que priorize as políticas sociais. ” E para alcançar isso o autor leciona que definitivamente deve-se regatar os princípios tributários, que não vêm sendo observados. Princípios como o da capacidade contributiva e o não-confisco do mínimo existencial devem ser lembrados nesse novo modelo. É injusto o Estado cobrar parte da renda do trabalhador que destinada a suprir necessidades essenciais e abrir mão de elevados montantes com privilégios à renda dos capitalistas, que podem pagar mais. E para que esse novo modelo seja 11 - 12 possível, “é necessário revogar algumas das alterações realizadas na legislação tributária. No novo modelo proposto pelo autor, o IR tem papel fundamental, pois como ele é um imposto direto, ou seja, capaz de garantir um caráter pessoal ao contribuinte, é possível cobrá-lo de forma gradual de acordo com a capacidade de renda do indivíduo. Por outro lado, “a desoneração da tributação sobre bens e serviços seria um forte incentivo aos investimentos mais produtivos, contribuindo para a retomada do crescimento econômico”. O resultado desse novo mecanismo “é uma inversão na distribuição da carga tributária que passaria a ser concentrada em tributos diretos, ou seja, sobre a renda e o patrimônio” e o trabalhador assalariado seria bem menos onerado ao consumir bens e serviços.