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Introdução

No actual contexto de internacionalização e globalização das economias, o crescente


aumento de empresas que usam a Fiscalidade como factor de competitividade, tornou a
gestão cada vez mais complexa requerendo que esta influencie de forma a garantir a
eficiência e a eficácia empresarial. Neste sentido, conhecer a política fiscal de alguns
países torna-se um imperativo, por forma a conseguir eventuais ganhos estratégicos de
sinergias aproveitando as múltiplas localizações geográficas.

Segundo Lopes (2008: 25) o principal objectivo da cobrança de impostos é a obtenção


de receitas necessárias ao financiamento das despesas do sector público. Desta forma, a
imposição fiscal representa uma transferência de recursos dos contribuintes, individuais
e colectivos, para o Estado.
Sistema Tributário

A aplicação do sistema tributário de um país é essencial para o seu desenvolvimento,


sabendo que o mesmo é composto por um conjunto de impostos, taxas e contribuições,
meio pelo qual o Estado obtém recursos para cumprir suas funções, tais como satisfazer
as necessidades da população e a oferta de bens públicos de qualidade.

Segundo Vasconcelos (2002, p.13), “a principal função de


qualquer sistema de tributação é, portanto, proporcionar
o nível de receitas adequado para financiar os serviços
públicos prestados ou colocados à disposição da
população.”

A responsabilidade fiscal de cada contribuinte é determinada por dois factores


fundamentais: a base fiscal e a taxa (ou taxas) aplicável. A conjugação destes dois
factores define cada sistema fiscal (Teixeira, 1998).

Noção de Imposto

Segundo Teixeira (1985: 36) o imposto é uma prestação pecuniária efectiva, de


pagamento coercivo com carácter unilateral e definitivo, em geral não consignados a
nenhum tipo de utilizações, sendo uma prestação devida ao Estado, estabelecida por lei
sem carácter de sanção, tendo como objectivo a realização de fins públicos.

Sanches (2007: 22) refere que definir imposto não é tarefa fácil como vem
demonstrando a doutrina. O imposto é uma das espécies tributárias criadas por lei e está
sujeito ao princípio da legalidade.

A noção de imposto difere conforme a perspectiva adoptada, podendo centrar-se,


designadamente, nas suas características jurídicas, financeiras, políticas ou sociais.
Como refere Pereira (2009: 13) a noção moderna de imposto tem por base a definição
de Jese (1931), em que “o imposto é uma prestação pecuniária, exigida aos particulares
por via

da autoridade, a título definitivo e sem contrapartida, com vista à cobertura dos


encargos
públicos”.
Nabais (2008: 11) define o imposto com base em três elementos, “um elemento
objectivo, um elemento subjectivo e um elemento teológico (ou finalista)”. Neste
contexto, será objectivo porque o imposto é uma prestação pecuniária, unilateral,
definitiva e coerciva.

Enquanto elemento subjectivo, o imposto é uma prestação, com as características


objectivas acima mencionadas, exigida a (ou devida por) detentores (individuais ou
colectivos) de capacidade contributiva (ability to pay) a favor de entidades que exerçam
funções ou tarefas públicas.

O elemento teológico (ou finalista) reside no facto do imposto ser exigido pelas
entidades que exercem funções públicas, para a realização dessas funções, sem carácter
sancionatório.

Portanto, o imposto tem como conteúdo um dever de prestar que surge pela simples
verificação de um facto previsto na lei, dando origem a uma relação jurídica tributária.

Divisão ou classificação dos impostos quanto a sua natureza

Os impostos dividem-se em quatro categorias principais, de acordo com a sua natureza


e das taxas que integram o seu âmbito de aplicação:

1. Impostos proporcionais;
2. Impostos regressivos;
3. Impostos progressivos;
4. Impostos degressivos.

Impostos Proporcionais

Os impostos com uma base de proporcionalidade são aqueles em que o crescimento da


matéria coletável1 é acompanhado pelo valor do imposto que tem de ser liquidado. Isto
é, o imposto a pagar neste caso, é proporcional à matéria coletável, ou seja, são aqueles
tipos de impostos em que o montante de imposto a pagar cresce na mesma razão que a
matéria colectável. A matéria colectável duplica, o imposto duplica; a matéria
colectável triplica, o imposto triplica.

1
A matéria coletável é o valor sobre que incide a taxa, ou taxas do imposto para efeitos de
cálculo da coleta.
Por outras palavras, são aqueles que têm uma Taxa Fixa, única e constante, qualquer
que seja o valor da matéria colectável (no exemplo da figura, 10%).

Um exemplo desde tipo de imposto no sistema de tributação angolana é o imposto


industrial.

Impostos Progressivos

Os impostos classificados como progressivos são aqueles em que o montante de matéria


coletável tem um crescimento menos acentuado do que o imposto aplicado.

São impostos que apresentam um leque com taxas crescentes, sendo o melhor exemplo
disso o IRT.

Apesar disso, este género de impostos não se mantém para sempre assim. Se se
mantivesse eternamente progressivo, o imposto corria o risco de consumir toda a
matéria coletável, pois a taxa de aplicação do imposto andaria à volta da sua máxima
capacidade de cobrança2.
2
Em relação aos impostos progressivos, importa salientar que não há impostos que sejam
indefinidamente progressivos. Nem podia haver, sob pena de, a certa altura, se atingir uma taxa
de 100% e o imposto consumir toda a matéria colectável. As taxas do imposto progressivo são
crescentes até determinado momento, a partir do qual a taxa passa a ser única.
Por outro lado, há que referir que o sistema de progressividade hoje adoptado não é o
da progressividade global (com toda a matéria colectável a ser tributada à taxa mais
elevada que à situação couber), mas o da progressividade por escalões, de acordo com o
qual, a matéria colectável concretamente apurada é dividida em tantas partes quantas as
que corresponderem ao leque de taxas em que couber, aplicando-se a taxa mais elevada,
não à totalidade da matéria colectável, mas apenas àquela parte que exceder o limite
máximo do escalão anterior.

O sistema da progressividade global comportava, com efeito, uma grave injustiça.


Imagine-se, por exemplo, um imposto sobre o rendimento com uma taxa de 10%, para
rendimentos até 100, e 20%, para rendimentos entre 100 e 200. Imaginem-se agora dois
sujeitos, A e B, ganhando o primeiro 100 e o segundo 110. É fácil compreender que,
num sistema de progressividade global, o primeiro, com um rendimento de 100, seria
tributado à taxa de 10%, pagando de imposto 10 e ficando com um rendimento líquido
de 90; e o segundo, com um rendimento de 110, seria tributado à taxa de 20%, pagando
de imposto 22 e ficando com um rendimento líquido de apenas 88. Quer dizer, por
ganhar um pouco mais do que o A, o contribuinte B era de tal forma penalizado
fiscalmente que, uma vez pago o imposto, ficava com um rendimento líquido inferior ao
daquele.

O sistema da progressividade por escalões evita esta injustiça, porquanto não é todo o


rendimento de B que é tributado à taxa mais elevada de 20%, mas apenas os 10 que
excedem o limite máximo do escalão anterior (100). O rendimento de B será, deste
modo, dividido em duas parcelas: a primeira de 100 tributada à taxa de 10% e a segunda
de 10 (110-100) tributada à taxa de 20%. O imposto a pagar por B será, assim, de 12
(10+2), ficando ele com um rendimento líquido de 98. O imposto continua a ser
progressivo (se fosse proporcional, B pagaria 11), cresce mais do que
proporcionalmente em relação à matéria colectável, mas evita-se a possibilidade de, a
um rendimento bruto superior, corresponder, uma vez pago o imposto, um rendimento
líquido inferior.

Por exemplo taxas de 2%, 3%, 4%, 5% e 6%, para uma matéria colectável de 100, 200,
300, 400 e 500, respectivamente.
Na nossa economia(angolana) vigora o sistema da progressividade por escalões,
vejamos a tabela a baixo.

Tabela nº 01 Tabela de IRT

Fonte: Diário da Republica -Lei n.º 28/20 de 22 de julho

Impostos Degressivos
são impostos proporcionais, mas com uma taxa ou um leque de taxas mais baixas, para
escalões inferiores de matéria colectável. Ao contrário dos impostos progressivos, onde
as taxas crescentes são a regra, vigorando a taxa limite (proporcional) apenas para
escalões muito elevados e excepcionais de matéria colectável, no imposto progressivo a
taxa regra é a taxa proporcional, aplicando-se a taxa inferior apenas a níveis inferiores e
excepcionais da matéria colectável.

Impostos Regressivos

são aqueles em que a colecta de imposto cresce menos do que proporcionalmente em


relação à matéria colectável. A matéria colectável duplica, e imposto menos do que
duplica. Quer dizer, são impostos com um leque decrescente de taxas; a taxa aplicável
vai-se reduzindo, à medida que a matéria colectável aumenta. No exemplo da figura,
taxas de 10%, 9%, 8%, 7% e 6%, para uma matéria colectável de 100, 200, 300, 400 e
500, respectivamente.

Tanto quanto julgamos saber, não existem no nosso actual sistema fiscal impostos
juridicamente regressivos, muito embora existam impostos economicamente
regressivos. Quer dizer, não existe em vigor nenhuma lei que tenha estatuído um
imposto com um leque decrescente de taxas, mas existem impostos que
economicamente funcionam como se tivessem efectivamente taxas decrescentes. É,
designadamente, o caso dos impostos de quota fixa, em relação à capacidade
contributiva de quem os paga.
CONCLUSÃO

No contexto actual e apesar das reformas fiscais serem um fenómeno recorrente em


todas as economias desenvolvidas, a maioria dos códigos fiscais caracteriza-se por
regras extremamente complexas no que diz respeito à tributação directa.

De acordo a classificação ou natureza dos impostos, nota-se que no sistema de


tributação angolano vigoram ou utilizam o imposto proporcional e o imposto
progressivo por escalões.
Referência Bibliográfica

Diário da Republica -Lei n.º 28/20 de 22 de julho.


Dissertação de Vera Lúcia Godinho da Silva” A Actual Estrutura do Sistema Fiscal
Português”

Lopes, Cidália Maria da Mota (2008). Quanto custa pagar Impostos em Portugal,
Coimbra: Almedina.

Nabais, José Casalta (2008). Direito Fiscal. (4.ª edição). Coimbra: Almedina.
Pereira, Manuel Henrique de Freitas (2009). Fiscalidade. (3.ª edição). Coimbra:
Almedina.
Sanches, José Luís Saldanha (2007). Manual de Direito Fiscal. (3ª edição). Coimbra:
Coimbra Editora.

Teixeira, António Braz (1985). Princípios de Direito Fiscal. (volume I, 3.ª edição).
Coimbra: Almedina.

VASCONCELOS, Renato Cesar Melo. O sistema tributário brasileiro e suas


perspectivas face à iminente reforma tributária. 2002. 84 f. Dissertação (Mestrado
Executivo) - Escola Brasileira de Administração Pública - Fundação Getúlio Vargas,
Rio de Janeiro, 2002. Disponível em:

https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/3999/RenatoCesar.pdf

http://direito-fiscal.blogspot.com/2005/09/classificao-dos-impostos-quanto.html acedido
no dia 28/11/2021 as 10h00.

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