Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FREYRE, Gilberto. Tempo Morto e Outros Tempos
FREYRE, Gilberto. Tempo Morto e Outros Tempos
George Dickie
Universidade de Illinois, Chicago
Os problemas que fazem parte da estética são vários e parecem heterogéneos. Isto torna
o estudo da bibliografia sobre a estética um assunto que levanta perplexidades. Um dos
principais objectivos da primeira parte será delinear as vertentes históricas básicas ao
longo das quais os problemas da estética evoluíram desde a Grécia antiga até meados do
século XX. Tal esboço servirá para orientar o leitor e mostrar como vários problemas se
encontram histórica e logicamente interligados. Sem tal guia, os problemas da estética
parecem uma série de questões sem grande relação entre si.
Pode parecer que a teoria do estético se tornou a preocupação dominante dos estetas e
que a teoria da arte e a questão das qualidades estéticas são simplesmente subsumidas
nessa teoria. O conceito de arte está seguramente relacionado em aspectos importantes
com o conceito do estético, mas o estético não pode absorver completamente o conceito
de arte.
As discussões que faço da beleza, das teorias setecentistas da arte e da filosofia da arte
são, na sua maior parte, desenvolvidas examinando e esboçando as teorias de figuras
históricas. Isto permite ao leitor ter uma ideia sobre as teorias da arte de, por exemplo,
Platão, Aristóteles, Shaftesbury, Kant e, ao mesmo tempo, ter noção de como os
problemas e teorias da estética evoluíram ao longo da história.
Como foi mencionado, irei apresentar a estética do século XX dividindo-a em três áreas:
a filosofia do estético, a filosofia da arte e a filosofia da crítica. A arte e os seus
conceitos subsidiários, contudo, são conceitos que os críticos usam e por essa razão
pode pensar-se que são simplesmente conceitos da crítica e que a filosofia da arte é
subsumível na filosofia da crítica. Mas os filósofos têm manifestado um interesse
directo pelo conceito de arte desde o tempo de Platão, muito antes de ter surgido a ideia
da filosofia da crítica. Se este argumento não for convincente, a independência da
filosofia da crítica e da filosofia da arte é demonstrada pelo facto de alguns dos aspectos
essenciais das obras de arte não serem coisas do tipo que a crítica possa abordar. Este
assunto será discutido em capítulos posteriores.
Recebi uma grande ajuda na compreensão de todas as fases da história da estética a
partir da obra Aesthetics from Classical Greece to the Present, de Monroe Beardsley.5 A
minha discussão do desenvolvimento da teoria estética na filosofia britânica do século
XVIII apoia-se substancialmente numa série de estudos incisivos de Jerome Stolnitz:
"On the Significance of Lord Shaftesbury in Mordern Aesthetic Theory",6 "Beauty:
Some Stages in the History of an Idea",7 e "On the Origins of "Aesthetic
Disinterestedness"".8 A obra The Beautiful, The Sublime, and the Picturesque in
Eighteenth-Century British Aesthetic Theory, de W. J. Hipple9, ajudou-me em muitos
aspectos. Nos anos que decorreram desde a publicação da primeira versão deste livro,
trabalhei de tempos a tempos sobre as teorias setecentistas do gosto; esse trabalho
acabou por resultar no meu livro, The Century of Taste: The Philosophical Odyssey of
Taste in the Eighteenth Century.10
George Dickie
Notas
1. Ver I.A. Richards, Practical Criticism (Nova Iorque: Harcourt Brace, 1929), The Philosophy of Rhetoric
(Nova Iorque: Oxford University Press, 1965), Principles of Literary Criticism (Nova Iorque: Harcourt
Brace, 1950), pp. 298fl.; William Empson, Seven Types of Ambiguity (Nova Iorque: Meridian Books,
1955): Cleanth Books, The Well Wrought Urn (Nova Iorque: Harcourt Brace, 1947); e Rene Welleck e
Austin Warren, The Theory of Literature (Nova Iorque: Harcourt Brace, 1949).
2. Jerome Stolniz, Aesthetics and the Philosophy of Art Criticism (Boston: Houghton Mifflin, 1960).
3. Monroe Beardsley, Aesthetics: Problems in the Philosophy of Criticism (Nova Iorque: Harcourt Brace,
1958).
4. Ver Joseph Margolis, "Aesthetic Perception", The Journal of Aesthetics and Art Criticism (1960), pp.
209-13, reimpresso in Margolis, The Language of Art and Art Criticism (Detroit, Wayne State
University Press, 1965), pp. 23-33; e George Dickie, "The Myth of the Aesthetic Attitude", American
Philosophical Quarterly (1964), pp. 56-65, reimpresso in Joseph Hospers, org., Introductory Readings
in Aesthetics (Nova Iorque: Free Press, 1969), pp. 28-44.
5. Monroe Beardsley, Aesthetics from Classical Greece to the Present (Nova Iorque: Macmillan, 1966).
6. Jerome Stolnitz, "On the Significance of Lord Shaftesbury in Modern Aesthetics Theory", The
Philosophical Quarterly (1961), pp. 97.
7. Stolnitz, "Beauty: Some Stages in the History of an Idea", Journal of the History of Ideas (1961), pp.
185-204.
8. Stolnitz, "On the Origins of "Aesthetic Desinterestedness"", The Journal of Aesthetics and Art Criticism
(1961), pp. 131-143.
9. Walter J. Hipple, Jr., The Beautiful, the Sublime, and the Picturesque in Eighteenth-Century British
Aesthetic Theory (Carbondale: Southern Illinois University Press, 1957).
10. George Dickie, The Century of Taste: The Philosophical Odissey of Taste in the Eighteenth Century
(Nova Iorque: Oxford University Press, 1966). Ver também o meu "Taste and Attitude: The Origin of
the Aesthetic", Theoria (1973), pp. 153-170; Capítulo 2 de Art and the Aesthetic, (Ithaca, N.Y.: Cornell
University Press, 1974), pp. 53-77; "Hume's Way: The Path Not Taken", in The Reasons of Art (1985),
(org.) Peter J. McCormick, (Ottowa: University of Ottowa Press), pp. 309-314; e "Kant, Mothersill, and
the Principles of Taste", The Journal of Aesthetics and Art Criticism (1989), pp. 375-376.