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Introdução
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A revisão efectuada para o nosso estudo incide, essencialmente, em dois destes
modelos, a teoria do comportamento planeado (Ajzen, 1985) e o modelo transteórico
(Prochaska et al., 1992). Apresentamos, em seguida, estes dois modelos, e posteriormente
uma tentativa de integração de ambos, proposta por Courneya e Bobick (2000).
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1. Modelo Transteórico das fases de mudança
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Relativamente à aplicação deste modelo ao exercício e actividade física, a
descrição geral das cinco fases de mudança comportamental varia muito de acordo
com o programa de exercício e com a forma como é executado (se é auto-
administrado ou supervisionado) (Culos-Reed et al., 2001):
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meses”.
5. Fase de manutenção – nesta fase, os indivíduos focam-se no seu sucesso,
tentando evitar a recaída (e.g., parar de fazer exercício ou tornar a sua prática
irregular). O exercício é regular e as pessoas estão confiantes na sua capacidade
para manter esse comportamento. Tentam ultrapassar os obstáculos que surgem à
sua actividade física regular. Um critério desta fase é “a actividade física regular
por mais de seis meses” (p. 711).
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Modelos preditivos da actividade física
Para além deste conceito básico, o modelo transteórico propõe a medição de mais
três conceitos chave (Reed, 1999): a decisão balanceada (Janis & Mann’s, 1977), a auto-
eficácia (Bandura, 1997) e os processos de mudança (Prochaska et al., 1992).
A decisão balanceada é um constructo operacionalizado na medição da importância
relativa que o indivíduo coloca nas vantagens (prós) e desvantagens (contras) em fazer
exercício. Este conceito inclui quatro dimensões subjacentes aos benefícios da mudança
comportamental (prós): 1) benefícios utilitários para o próprio; 2) benefícios utilitários
para outros; 3) auto-aprovação; 4) aprovação dos outros. E quatro dimensões subjacentes
aos prejuízos da mudança comportamental (contras): 1) prejuízos utilitários para o próprio;
2) prejuízos utilitários para os outros; 3) auto-desaprovação; 4) desaprovação dos outros
(Reed, 1999). Quando os contras ganham mais importância que os prós, a motivação para a
mudança de comportamento (i.é., deixar de ser sedentário para iniciar exercício físico) é
baixa. Se, pelo contrário, os prós se sobrepõem aos contras, então a motivação para a
mudança é alta. Obviamente, que o balanço entre prós e contras varia em cada uma das
fases de mudança, sendo particularmente importante nas fases de mudança iniciais (pré-
contemplação, contemplação e preparação) (Culos-Reed et al. 2001; Reed, 1999).
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A auto-eficácia é um constructo baseado nos trabalhos de Bandura (1997), e
reflecte o grau de confiança do indivíduo na sua capacidade para mudar o comportamento.
Ou seja, é o grau de confiança que o indivíduo tem para não adoptar um comportamento
problema numa situação tentadora ou conveniente, e o grau de confiança para adoptar o
comportamento positivo em situações desafiadoras (Reed, 1999). Deste modo, esta
confiança deve mediar as tentativas de mudança, tendo em conta as competências de auto-
regulação aprendidas para um comportamento alvo como o exercício. A auto-eficácia varia
de acordo com a fase de mudança, aumentando à medida que o indivíduo ganha confiança,
por exemplo, nas tentativas bem sucedidas de mudança do comportamento de exercício
(i.e., a experiência de mestria). Pelo contrário, a auto-eficácia deve diminuir se o indivíduo
desiste ou regride para um comportamento anterior (Culos-Reed et al., 2001).
Tal como a decisão balanceada, a auto-eficácia tem também dimensões subjacentes,
muitas delas ainda por clarificar. Na área do exercício, os afectos negativos podem
provocar situações que desafiam a adesão ao exercício regular, pois sentirmo-nos
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A percepção de auto-eficácia pode determinar o facto de um indivíduo empreender um determinado comportamento, o
grau de persistência nesse comportamento perante as dificuldades e o sucesso do seu desempenho (Godin, 1994 cit. in
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Calmeiro & Matos, 2004).
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cansados, deprimidos, ou zangados pode retirar-nos da nossa rotina, alterando-a.
Paradoxalmente, o exercício é uma excelente intervenção para aliviar o cansaço e stress.
Portanto, esses estados de afecto negativo deveriam ser pistas reforçadoras para a prática
de exercício (Reed, 1999). Por outro lado, as situações sociais positivas são menos um
desafio e mais um incentivo para o exercício regular, pois quanto mais as experiências de
exercício proporcionarem prazer e diversão maior é a adesão. Os grupos de reabilitação de
cardíacos mantêm-se nas classes de exercício originais vários anos devido à camaradagem
e experiências sociais positivas daí resultantes (Reed, 1999).
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Finalmente, os processos de mudança propostos pelo modelo transteórico surgem
com o intuito de explicar como é que a mudança do comportamento ocorre. Estes
representam os comportamentos, as cognições e emoções que os indivíduos adquirem ao
longo do processo de mudança comportamental (Reed, 1999). São estratégias e técnicas
que as pessoas usam para mudar o seu comportamento à medida que evoluem pelas
diversas fases de mudança. Incluem actividades cobertas e abertas que os indivíduos usam
para modificar as suas experiências e ambientes, de forma a modificar o seu
comportamento (Prochaska & Velicer, 1997). Neste sentido, os dez processos de mudança
identificados dividem-se em cinco processos cognitivos ou experienciais e cinco processos
comportamentais ou ambientais. No Quadro 4.1 são apresentados cada um dos processos
de mudança, tendo por base os trabalhos de Marcus, Rossi, Selby, Niaura e Abrams (1992
cit. in Courneya & Bobick, 2000), e uma tradução e adaptação de Palmeira, Gomes e
Teixeira (2004) validada e apresentada recentemente no V Congresso de Psicologia da
Saúde.
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O modelo Transteórico baseia-se no modelo de tomada de decisão. Procura explicar como as pessoas decidem
envolver-se num determinado comportamento. Por sua vez, esta decisão tem em conta a análise dos custos e benefícios
percebidos da adesão a um comportamento (Calmeiro & Matos, 2004).
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Quadro 4.1. Processos de mudança (Adaptado de Palmeira, Gomes & Teixeira, 2004; Marcus,
Rossi, Selby, Niaura & Abrams, 1992 cit. in Courneya, & Bobick, 2000)
Processo Definição
Cognitivo/Experiencial
Elevação da Consciência Esforços feitos pelo indivíduo na procura de novas
informações e na procura de perceber e receber feedback
acerca do comportamento problemático.
Alivio Dramático Aspectos afectivos da mudança envolvendo, muitas vezes,
experiências emocionais intensas relacionadas com o
comportamento problemático.
Reavaliação do Envolvimento Considerações e avaliação por parte do indivíduo sobre como
o comportamento afecta o envolvimento físico e social
Auto-Reavaliação Reavaliação cognitiva e emocional dos valores por parte do
indivíduo em relação ao comportamento problemático
Libertação Social Tomada de Consciência, disponibilidade e aceitação do
indivíduo de formas alternativas, sem problemas de estilos de
vida em sociedade.
Comportamentais/Envolvimento
Contra-condicionamento Substituição de comportamentos alternativos para o
comportamento problemático.
Relações de Ajuda Aceitação, confiança e utilização do suporte de outros
significativos durante as tentativas de mudança
Gestão do Reforço Alteração das contingências que controlam ou mantêm o
comportamento problemático
Auto-Libertação A escolha do indivíduo e o seu comprometimento para mudar
o comportamento problemático, incluindo a crença de que
pode mudar
Controlo de Estímulos Controlo das situações, outros sujeitos ou causas que pode
desencadear o comportamento problemático
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Tradução da Elaboration Likelihood Model (EML). O modelo da elaboração de probabilidade da mudança de atitude é
uma teoria com valor para a comunicação na saúde, aplicada nas intervenções através de aconselhamento. Mas, só
recentemente é que foi aplicada à promoção da saúde. Estabelece que as pessoas que ainda não vêm o exercício como
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Cacioppo, 1986) para compreender a forma como a prontidão para o exercício se
relacionava com o processamento de mensagens e a iniciação ao exercício entre estudantes
sedentários do liceu. Concluiu-se que a atitude prediz o processamento de mensagens, mas
as fases de mudança não. Assim, os jovens que têm uma atitude positiva face ao exercício
processam mais mensagens de promoção do exercício do que os que têm uma atitude
negativa ou neutra. Pôde-se ainda constatar que não foram encontradas diferenças no
processamento de mensagens entre pré-contemplativos, contemplativos e em fase de
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preparação .
Ainda no mesmo estudo, conclui-se que as fases de mudança e a intenção predizem
a adesão ao exercício até um a três meses de follow-up (n=134), com a actividade física de
linha de base ou exercício anterior, moderando o efeito da intenção. Ou seja, a intenção é
mais provável de conduzir ao exercício regular quando o estudante já praticou exercício
ocasionalmente na linha de base. Isto é consistente com o modelo transteórico que
presume que mudanças ligeiras na actividade física (preparação) intervêm entre a intenção
(contemplação) e a adopção de exercício regular (acção) (Rosen, 2000).
Estas conclusões sugerem direcções futuras para a integração da teoria do
comportamento planeado com o modelo transteórico. Foi, de facto, isso que Courneya e
Bobick (2000) tentaram fazer num estudo que será apresentado, em seguida.
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