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RECIFE - GRAÇAS

HISTOLOGIA: ROTEIRO DE AULAS PRÁTICAS


PROFESSORA JULIANA TAVARES

2015
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APRESENTAÇÃO
O estudo da Histologia abrange a observação detalhada das estruturas e funções das células, dos tecidos,
dos órgãos e dos sistemas. Para esta observação, a noção básica da microscopia ótica é importante para o
uso, em aula, do equipamento de observação destas estruturas em laboratório.

Nesta disciplina, inicialmente, vamos estudar as medidas de Biossegurança que se fazem necessárias para
uso dos laboratórios e manuseio dos equipamentos e agentes disponibilizados neste ambiente de forma
segura, prevenindo a ocorrência de acidentes e o risco da manipulação de material biológico. Veremos as
informações importantes para o uso do microscópio ótico disponibilizado no laboratório, que será utilizado
durante as aulas práticas.

Na sequência, de forma didática, objetiva e ilustrada veremos as principais estruturas histológicas de


importância para a área de Saúde. De acordo com o conteúdo programático da disciplina, temos no
roteiro:

1-Parte Geral:
1.1- Tecido Epitelial de Revestimento
Tecido Epitelial Glandular
1.2- Tecido Conjuntivo: Propriamente Dito
Tecido Conjuntivo: Adiposo
Tecido Conjuntivo: Sangue
Tecido Conjuntivo: Cartilaginoso
Tecido Conjuntivo: Ósseo
1.3- Tecido Muscular
1.4- Tecido Nervoso

2-Parte Especial:
2.1- Sistema Digestório
2.2- Sistema Circulatório
2.3- Sistema Tegumentar
2.4- Sistema Urinário

Esperamos que o estudo da Histologia se transforme em momentos de prazer, e que este seja o maior
incentivo de sua dedicação e compromisso.

Juliana Tavares

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NOÇÕES DE BIOSSEGURANÇA

CONCEITO

Biossegurança é um conjunto de “aspectos que visam a segurança daqueles que trabalham em


laboratórios, com o manuseio e o descarte de resíduos e produtos químicos, com o risco de câncer na
atividade laboratorial. (...) É indispensável em laboratórios de pesquisa, de ensino ou de rotina, que
trabalham com produtos químicos, material biológico, medicamentos, cosméticos e correlatos,
radioisótopos e organismos geneticamente modificados” (Manual de Biossegurança / Biosafety Manual –
Barueri & Manole, 2002).

“Biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos


inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de
serviços – riscos que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a
qualidade dos trabalhos desenvolvidos” (Biossegurança: uma abordagem multidisciplinar / Biosafety: the
multidisciplinary approach - Rio de Janeiro, Editora FIOCRUZ, 2010).

RISCO BIOLÓGICO - VIAS DE TRANSMISSÃO DE PATÓGENOS EM LABORATÓRIOS DE MICROBIOLOGIA

Transmissão oral: os agentes infecciosos são transmitidos por via oral, principalmente quando
microrganismos patogênicos são isolados em culturas puras e atingem populações elevadas. Esta é uma
das razões pelas quais não se deve, comer, beber, mascar chicletes, levar a mão ou objetos como caneta
ou lápis à boca ou fumar no laboratório.
Transmissão aérea: os microrganismos são transmitidos através da inalação de aerossóis contendo os
agentes infecciosos. Esses microrganismos podem difundir-se no ambiente do laboratório. As práticas
laboratoriais devem ser executadas de modo a minimizar os riscos de formação dos aerossóis.
Transmissão cutânea ou parenteral: Esta transmissão ocorre através da pele, pela injeção acidental de
espécimes ou culturas microbianas com agulhas ou quando ocorrem acidentes com materiais cortantes,
tais como vidro quebrado, lâminas de bisturi e agulhas. Indivíduos com soluções de continuidade na pele
não devem trabalhar no laboratório.
Transmissão ocular: Os organismos podem ser transmitidos através da superfície da mucosa ocular por
gotículas ou respingos de culturas que atinjam os olhos. Usualmente são os mesmos tipos de organismos
que são transmitidos por via parenteral e também algumas toxinas potentes como a do C. botulinum. O
respingo na mucosa pode ocorrer quando há manipulação de culturas líquidas. Também podem
contaminar-se por esta via através do contato dos olhos com lentes de microscópios e outros aparelhos
oculares contaminados.

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NORMAS BÁSICAS – LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA

- Os alunos somente poderão assistir ou participar dos experimentos práticos protegidos com bata
comprida, com mangas compridas e botões na frente (uso obrigatório). Deverão usar vestimenta que
cubra todo o corpo.
- Para aqueles alunos que apresentem problemas de saúde, recomendamos consultar um serviço
médico para orientação apropriada.
- Aos alunos que se apresentam gripados é recomendável utilizar máscaras protetoras apropriadas, as
quais podem ser adquiridas em casas que comercializam produtos médicos.
- Os alunos que apresentem soluções de continuidade (ferimentos ou cortes) na pele não devem
participar diretamente da prática.
- Os objetos pessoais, exceto aqueles utilizados em experimento da prática, devem ser colocados nos
armários dos corredores.
- Apesar de não trabalharmos com amostras clínicas ou microrganismos virulentos, convém considerar
que todo material biológico é infeccioso.
- Todo experimento deve ser efetuado com o máximo de cuidado e atenção.
- Não é permitido fumar, beber ou comer no laboratório.
- Manter a bancada arrumada e colocar papéis no lixo.
- Não é permitido assistir aulas de chinelos, shorts ou camisetas.
- Não é permitido aplicar cosméticos no laboratório, nem mastigar lápis, canetas ou roer unhas, nem
colocar os dedos na boca ou narinas.
- Não use telefone dentro do laboratório.
- Caso ocorra algum acidente, comunicar imediatamente ao Professor Responsável que tomará as
providências cabíveis.
- Ao final da aula prática, desligue todos os equipamentos que ligou.
- Ao final da aula prática, lavar as mãos com sabão e enxugar com papel toalha.
- Após o término da aula, o aluno deverá retirar a bata e acondicioná-la apropriadamente. Não é
seguro nem higiênico circular pelas dependências da Faculdade com a bata utilizada na aula prática.

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MICROSCOPIA ÓPTICA
“O Microscópio vem de duas palavras gregas e quer dizer "pequeno" e "observar". Não se sabe
exatamente quem o inventou. Dizem que o microscópio foi inventado por Zacarias Janssen, óptico
holandês; é certo, porém, que ele deu um ao arquiduque da Áustria de presente, em 1590.
Depois deste, muitos outros modelos foram aperfeiçoados para as mais variadas aplicações, que vão desde
a biologia até, mais recentemente, a microeletrônica e a astronomia (em observação minuciosa de fotos
tiradas com telescópios potentes). O avanço da eletrônica e engenharia em si, tem permitido hoje em dia
que se produzam instrumentos ópticos de grande precisão e comodidade para quem os utiliza. Vale citar
como exemplo, um microscópio que faz uso de uma tela de cristal líquido colorido de alta resolução para
visualização das amostras, e cujo sistema óptico fica restrito a uma espécie de caneta óptica ligada por um
cabo óptico (fibra óptica) ao sistema de processamento digital da imagem” (Microscopia Ótica, DSIF,
Unicamp).
“O microscópio é o mais importante instrumento no estudo da biologia celular. A microscopia óptica,
ou de luz, permite que enxerguemos estruturas de observação impossível a olho nu, através da incidência
de luz, e de lentes objetivas que promovem um aumento de até 1000x.
Há duas divisões que podem ser colocadas para o estudo do microscópio óptico. Como o próprio
nome diz, ele é composto por uma parte óptica, formada por três sistemas de lentes (objetivas, ocular e
condensador), pelo diafragma e por uma fonte de incidência de luz. É composto também por uma parte
mecânica, que garante o suporte para a visualização” (Biomedicina em Ação – Microscopia Ótica).

Parte Mecânica
1. Pé ou Base
2. Tubo
3. Mecanismos de movimento: macrométrico (aproxima e afasta a lâmina da objetiva utilizada) e
micrométrico (visa a obtenção do foco)
4. Revólver
5. Platina: suporte para a lâmina em estudo
6. Charriot: dispositivo que prende e movimenta a lâmina, tanto no sentido de lado a lado quanto no
anteroposterior.
7. Sistema de iluminação: condensador, diafragma, filtro e lâmpada.

Parte Óptica
1. Lentes oculares
2. Lentes objetivas: são lentes convergentes, onde podemos ter Objetivas à seco (entre o material
estudado e a lente frontal da objetiva está interposto apenas o ar – objetivas com lente de
aumento entre 2x e 80x) e Objetivas de imersão ou à óleo (entre o material estudado e a lente
frontal da objetiva está interposta uma gotícula de óleo especial, para evitar o atrito da lamínula
com a lente objetiva e não serem causados riscos – objetivas com lente de aumento entre 90x e
100x são as mais comuns).

PROCEDIMENTOS BÁSICOS PARA UMA CORRETA


OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE UMA PREPARAÇÃO
1. Ligar a fonte luminosa.
2. Colocar a lâmina com a preparação sobre a platina.
3. Olhando pelo lado externo, girar com cuidado o parafuso de focalização de forma a aproximar a
objetiva de 4x o mais perto possível da preparação. (Atenção: Não forçar o parafuso).

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4. Olhando pela ocular, girar vagarosamente o parafuso de focalização no sentido inverso até obter
uma imagem nítida da preparação.
5. A seguir, girar o tambor posicionando a objetiva de 10x sobre a preparação e focalizar o material
girando MUITO lentamente o parafuso de focalização, pois o material deverá estar quase em foco.
(Atenção para não aproximar demais a objetiva da lâmina).
6. Para uma ampliação maior (objetiva de 40x), girar o canhão e posicionar a objetiva de 40x sobre a
preparação. Girar o parafuso de focalização (MUITO DEVAGAR) até que o material esteja em foco.
(Atenção para não forçar a objetiva sobre a lâmina, que pode quebrar).
7. Utilizam-se comumente as objetivas em aumento de 10x ou 40x. Caso haja a necessidade de
visualização do tecido em maior aumento, movimentar o revólver, colocando em posição a objetiva
de 100X (aumento grande – lente de imersão, utilize tal lente apenas com orientação do
professor).

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
1. Nossos microscópios possuem lentes parafocais. Isto significa que, uma vez obtido o foco com a
objetiva de menor aumento, basta girar o revólver, colocar a objetiva 10X em posição e acertar o foco
apenas com o parafuso micrométrico.
2. Procede-se da mesma forma, ao focalizar a objetiva 40X, desde que a imagem esteja em foco com
a objetiva 10X.

Poder de aumento final do microscópio


Após escolhida a ocular com a qual será trabalhada, bem como a objetiva já estar centralizada no
eixo óptico, pode-se ter o aumento dado na observação:
Aumento final OCULAR OBJETIVA
40 vezes Ocular 10x Objetiva 4x
100 vezes Ocular 10x Objetiva 10x
400 vezes Ocular 10x Objetiva 40x
1000 vezes Ocular 10x Objetiva 100x

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EPITÉLIO DE REVESTIMENTO
ESÔFAGO

*Os desenhos à lápis foram feitos pelo Professor José Cavalcante. 6


EPITÉLIO DE REVESTIMENTO
BEXIGA

OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E


CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

*Os desenhos à lápis foram feitos pelo Professor José Cavalcante.


7
EPITÉLIO DE REVESTIMENTO
DUODENO

OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E


CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

8
EPITÉLIO DE REVESTIMENTO
LÍNGUA

OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E


CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

9
EPITÉLIO DE REVESTIMENTO
TIREÓIDE

OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E


CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

10
EPITÉLIO DE REVESTIMENTO
RIM

OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E


CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

11
EPITÉLIO DE REVESTIMENTO
EPIDÍDIMO

OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E


CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

12
EPITÉLIO DE REVESTIMENTO
ARTÉRIA ELÁSTICA

OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E


CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

13
EXERCÍCIOS
Após visualizar ao microscópio, faça um esquema das preparações solicitadas abaixo identificando
sua localização.

EPITÉLIO PSEUDOESTRATIFICADO CILÍNDRICO EPITÉLIO ESTRATIFICADO PLANO NÃO QUERATINIZADO

EPITÉLIO SIMPLES CILÍNDRICO EPITÉLIO DE TRANSIÇÃO

EPITÉLIO ESTRATIFICADO PLANO QUERATINIZADO EPITÉLIO SIMPLES CÚBICO

EPITÉLIO SIMPLES PLANO CÉLULA CALICIFORME

14
EPITÉLIO GLANDULAR
ADRENAL

OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E


CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

15
EPITÉLIO GLANDULAR
PÂNCREAS

OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E


CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

16
EPITÉLIO GLANDULAR
TRAQUÉIA

OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E


CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

17
EXERCÍCIOS
Após visualizar ao microscópio, faça um esquema das preparações solicitadas abaixo identificando
sua localização.

CARTILAGEM HIALINA GRUPO ISOGÊNICO

VASO SANGUÍNEO GLÂNDULA ENDÓCRINA CORDONAL

ILHOTA PANCREÁTICA (ENDÓCRINA) ÁCINOS PANCREÁTICOS (EXÓCRINOS)

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TECIDO CONJUNTIVO
PELE (PILOSA)

OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E


CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

19
TECIDO CONJUNTIVO
CORDÃO UMBILICAL

OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E


CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

20
TECIDO CONJUNTIVO
SANGUE HUMANO (ESTIRAÇO SANGUÍNEO)

21
EXERCÍCIOS
Após visualizar ao microscópio, faça um esquema das preparações solicitadas abaixo identificando
sua localização.

EPITÉLIO ESTRATIFICADO PLANO QUERATINIZADO GLÂNDULAS SEBÁCEA E SUDORÍPARA


+ CAMADAS DA PELE E TECIDOS CONJUNTIVOS + FOLÍCULO PILOSO

VEIA E ARTÉRIAS UMBILICAIS HEMÁCIAS E PLAQUETAS

NEUTRÓFILO, EOSINÓFILO, BASÓFILO LINFÓCITO E MONÓCITO

22
TECIDO CARTILAGINOSO
TRAQUÉIA (CARTILAGEM HIALINA)

OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E


CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

23
TECIDO CARTILAGINOSO
PAVILHÃO AURICULAR (CARTILAGEM ELÁSTICA)

OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E


CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

24
TECIDO ÓSSEO
OSSO POR DESGASTE

OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E


CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

25
TECIDO ÓSSEO
FÊMUR DESCALCIFICADO

OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E


CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

26
TECIDO MUSCULAR
CORAÇÃO (FIBRA MUSCULAR CARDÍACA)

OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E


CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

27
TECIDO NERVOSO
MEDULA ESPINHAL OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E
CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

28
TECIDO NERVOSO
MEDULA ESPINHAL

OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E


CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

29
TECIDO NERVOSO
CEREBELO

OBJETIVOS PARA IDENTIFICAÇÃO E


CARACTERIZAÇÃO HISTOLÓGICA

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EXERCÍCIOS
Após visualizar ao microscópio, faça um esquema das preparações solicitadas abaixo identificando
sua localização.

CARTILAGEM HIALINA OSSO DESCALCIFICADO

FIBRA MUSCULAR CARDÍACA CORPOS CELULARES NA SUBSTÂNCIA CINZENTA

SUBSTÃNCIA BRANCA E SUBSTÂNCIA CINZENTA CAMADA MOLECULAR, CÉLULAS DE PURKINJE E


NA MEDULA ESPINHAL CAMADA GRANULOSA NO CEREBELO

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