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Resumos de Bioquímica

 O que caracteriza a vida?

1. Composição química — Biomoléculas: ácidos nucleicos, proteínas, lípidos, glícidos -> base de
carbono;
2. Complexidade e organização — Desde átomos, moléculas, até organismos e populações;
3. Reprodução — A todos os níveis, demonstrando sempre hereditariedade e variação;
4. Património genético — Baseado no DNA, de acordo com o código genético, que faz corresponder
às bases A, C, G e T os aminoácidos.
5. Metabolismo — Reacções químicas de construção (anabolismo) ou destruição (catabolismo).
Obedecem às leis da termodinâmica: 1.ª, a energia não pode ser criada ou destruída; 2.ª, a
entropia nunca diminui exceptuando certos casos;
6. Desenvolvimento — Modificações entre formas adultas, juvenis e embrionárias, metamorfoses,
etc;
7. Interacção com o ambiente — Irritabilidade perante estímulos do meio;

 A célula Eucariota

Célula com organização complexa. Apresenta compartimentação celular. A diferença entre C.


Animal e Vegetal está na existência/ausência de certos componentes celulares.

 Célula Procariota

Bactérias. Não apresenta compartimentação. Citosol com ribossomas e plasmídeos. Pode ser
Gram- (corada após 2 colorações e lavagem) ou Gram+ (não fica corada).

 Separação de Tecidos

Usam-se duas técnicas: Centrifugação Diferencial (força


centrífuga gerada pela rotação da amostra que sedimenta sólidos em líquidos, ou líquidos imiscíveis
de diferentes densidades, separando-os) e Centrifugação Isopícnica (uma partícula de determinada
densidade encolhe durante a centrifugação até atingir uma posição onde a densidade da solução à
volta é exactamente igual à densidade da partícula – separação de ácidos nucléicos).

 Elementos Químicos presentes na Matéria viva


Existem muitos elementos importantes para a vida e que estão presentes na Crosta Terrestre
em grandes quantidades: H, Na, K, Ca, C, N, O, P, S, Cl ... destacam-se o C, N, H e O no típico organismo
vivo por apresentarem-se em maiores %’s (95% do peso total).
Toda a matéria viva tem por base o carbono, uma molécula muito versátil: tem 4 electrões
desemparelhados, podendo apresentar 4 ligações simples. Apresenta ainda por vezes ligações duplas e
triplas. É capaz de formar cadeias C-C com tamanho ilimitado, e formar infinitos compostos.

A uma cadeira principal de hidrocarbonetos pode ter ainda acoplada a si grupos substituintes
ou radicais. Alguns radicais comuns nas moléculas biológicas: metilo, propilo, amino, fenilo, amido,
éter, éster, cetona, aldeído, carboxilo, hidroxilo, sulfidrilo, fosfatilo.
Os elementos que integram radicais são
elementos que apresentam electrões de
valência livres. Destacam-se o B, N, P e Si ->
formam 3 ligações ou mais. Apesar de tudo, o
carbono é o elemento mais comum a formar
ligações C-C (excepto S: S-S ).

 Interações entre Biomoléculas

As biomoléculas estabelecem entre si ligações, podendo ser covalentes ou não-covalentes.


 Covalentes: ligações fortes com partilha de e - : ordem de ligação pode ser simples, dupla ou
tripla.
 Não-covalentes: ligações muito fracas entre biomoléculas, que influenciam o folding de
proteínas e outras moléculas. Destacam-se 4 tipos:
 Interacções electrostáticas - atracção entre 2 grupos ionizados com cargas
opostas;
 Ligações de Hidrogénio - atracção eletrostática entre um átomo eletronegativo
(O, N) e um átomo de hidrogénio que está ligado covalentemente a um outro
átomo eletronegativo;
 Forças de Wan Der Walls - forças atractivas de curto alcance entre grupos
químicos em contacto, provocadas por leves deslocamentos de carga;
 Atracções Hidrofóbicas - em meio aquoso, levam à associação entre grupos
apolares;

 Água: Estrutura, Funções e Importância

Substância química composta por H e O. É uma molécula polar e muito coesa (estabelece
colunas de água nas paredes do xilema das plantas superiores), apresentando assim uma estrutura
parcialmente ordenada na fase líquida. A coesão entre as moléculas de água é feita
através de pontes de hidrogénio (ligações não-covalentes). É um bom solvente para
solutos hidrofílicos e soluções carregadas.
Solutos hidrofóbicos (apolares) dissolvem-se muito mal em água dado que não
formam ligações de hidrogénio com esta.
Quando 2 meios com água se encontram separados por
uma membrana semipermeável, verifica-se a existência
de uma pressão osmótica: a água atravessa a membrana sempre que é necessário equilibrar a
osmolaridade dos compartimentos.
Nas membranas biológicas, a passagem de água do meio intracelular para o meio extracelular pode
modificar a estrutura da célula:
Célula em solução hipertónica: há mais soluto no exterior, logo a água sai para o exterior da célula;
Célula em solução hipotónica: há mais soluto no interior, logo a água entra para o interior da célula;
Célula em solução isotónica: há soluto em iguais quantidades no interior e exterior da célula;

Propriedades da Água:
 Viscosidade baixa, apresentando elevada coesão e adesão entre si;
 Elevado calor de vaporização: muita E para vaporizar, reduzindo a perda de água por vapor;
 Elevado calor de fusão: muito difícil congelar;
 Aumento de volume quando congelada: menor densidade do que a água;
 Calor específico elevado: E necessária para elevar T em 1 ºC, numa grama de água – elevada
E;
 Elevada Tensão Superficial: provoca força de tensão – animais pequenos podem deslizar na
água;
 Absorção de Radiações: absorve luz visível em c.d.o. semelhantes à luz vermelha; absorve IV’s;

A água participa em certas reacções químicas: reacções de hidrólise (clivagem de uma molécula
em várias na presença de H2O), reacções de condensação (formação de uma molécula a partir de duas,
com libertação de H2O) e/ou reacções de oxidação/redução. É no próprio solvente que as reacções se
dão.

 Aminoácidos, péptidos e proteínas

Moléculas poliméricas (de pelo menos 20 aminoácidos) sintetizadas pelos organismos vivos
através da condensação de um grande número de moléculas de α-aminoácidos (monómeros), através de
ligações peptídicas. Quando a molécula possui menos de 20 aminoácidos ligados entre si designa-se por
polipéptido. São produzidas nos Ribossomas, tanto no citosol como no RER. Apresentam inúmeras
funções (catálise enzimática – enzimas; transportadoras; movimentação coordenada; suporte mecânico;
protecção imunitária; geração e transmissão de impulsos nervosos; controlo do crescimento e
diferenciação).
O monómero de uma proteína é um L-aminoácido (apenas L aminoácidos): composto quaternário de C,
H, N e O. Apresenta a seguinte forma geral. Dos cerca de 300 aminoácidos existentes, 20 são essenciais
para o organismo vivo.
Os aminoácidos podem ser classificados dependendo das
propriedades (pH e carga) dos seus grupos R.
 Grupos R alifáticos (não-polares –
hidrofóbicos):
Glicina, Alanina, Prolina, Valina, Leucina, Isoleucina,
Metionina;
 Grupos R aromáticos (absorvem UV’s):
Fenilalanina, Tirosina, Triptofano;
 Grupos R polares (sem carga):
Serina, Trionina, Cisteína, Asparagina,
Glutamina;
 Grupos R (carga +):
Lisina, Arginina, Histidina;
 Grupos R (carga -):
Aspartato, Glutamato;

Para além destes aminoácidos, existem


aminoácidos pouco comuns importantes para
as células:
 4/5-Hidroxiprolina - constitui o colagénio, molécula
fundamental da matriz extracelular animal;
 6-N-Metillisina – constitui a miosina (proteína
contráctil do músculo);
 γ-carboxiglutamato – protrombina, coagulação do
sangue;

Existem resíduos de aminoácidos que podem sofrer


alterações na sua constituição, adicionando-se
grupos fosforil, acetil ou metil. Estas alterações são
designadas por modificações regulatórias.

O estado de ionização de um aminoácido depende do pH do meio em que se encontra, o que


faz dos aminoácidos ácidos ou bases. Caso o aminoácido esteja ionizado (nomeadamente os seus
grupos), dizemos que o aminoácido se apresenta na forma zwiteriónica. Em caso contrário, dizemos que
se encontra na sua forma não iónica. Quando, a um determinado pH, a carga global da
proteína/aminoácido é 0, dizemos que se está no ponto isoeléctrico (pI).

Com a variação do pH, as


características dos
aminoácidos
também variam. Desta forma, apresentam-se curvas de
titulação características para determinados aminoácidos.
No caso apresentado, temos a curva de titulação do
Glutamato. Na molécula inicial, apresentam-se 2 grupos
carboxilo e um grupo amina. Todos os 3 grupos vão perder
um H.
O primeiro a perder um H será o que tiver menor pKa e
assim sucessivamente (neste caso é necessário ver valores
de pKa’s tabelados). Neste caso, o pKa do grupo carboxilo
é 2,23, do carboxilo do grupo R é 4,42 e do grupo amina é 9,95. Quem perde um H 1º é o grupo
carboxilo fundamental, depois o grupo carboxilo do grupo R e por último o grupo amina.
Caso se queira calcular o ponto isoeléctrico, é necessário saber a carga global do aminoácido em cada
caso.
Da esquerda para a direita, a carga global é: +1, 0, -1, -2.
O ponto isoeléctrico está a rondar os pKa’s onde a carga global é +1 e -1.
Para se calcular o pI, somamos o pKa1 e o pKar, dividindo-se por 2. Neste caso, o pI é igual a 9,885.
P. Conjugada Grupo Prostético Exemplo
Nota: NH3+ perde protões
mais facilmente Metaloproteína Fe Ferritina na ausência de
COOH. Outra curiosidade é
que o pKa dos “ “ Ca Calmodulina grupos
carboxilos é sempre baixo,
Fosfoproteína Fosfato Caseína do leite
dos grupos amina são mais
elevados. O pKa Hemoproteína Hemo (Fe porfirinico) Hemoglobina do grupo R
varia.

 A ligação peptídica

Ligação entre 2 aminoácidos, com libertação de uma molécula de água. Ocorre entre o grupo
carboxilo de um aminoácido, com o grupo amina do aminoácido
seguinte. Forma-se um péptido. Os péptidos podem ter designações
diferentes consoante o nº de aminoácidos ligados entre si: oligopéptido
(+ de 8 aminoácidos), dipéptido (2 aminoácidos), pentapéptido (5
aminoácidos)...

Nota: para se obter o número aproximado de aminoácidos de uma


proteína, dividimos a sua Massa Molecular por 110.

Péptidos de grande importância


L-aspartil-L-fenilalanina metiléster: adoçante.
piroGlu-His-Pro-NH2: hormona que causa a libertação da tirotropina.
Oxitocina: estimula as contracções uterinas.
Insulina: reduz a glucose no sangue.
Vasopressina: aumenta a pressão arterial.
Bradicinina: inibe a inflamação de tecidos.

Existem ainda venenos (amanitina) e antibióticos que têm na sua constituição polipéptidos.

As proteínas são constituídas por cadeias polipéptídicas ligadas entre si por ligações peptídicas. Destas
ligações, costumam resultar diferentes tipos de conformações: conformações primárias (cadeia linear),
conformações secundárias (hélice-α e folha β-pragueada), conformações terciárias (a folha dobra-se
sobre si mesma) ou conformações quaternárias (várias estruturas terciárias acopladas entre si). Quando
dois ou mais polipéptidos iguais/diferentes entre si se associam não covalentemente (forças fracas),
estamos perante proteínas multiméricas. As subunidades iguais designam-se por protómeros (um
exemplo de proteína multimérica é a hemoglobina, formada por 2 pares de protómeros).
Quando estamos perante proteínas apenas constituídas por aminoácidos, designamos a proteína por
simples. No entanto, caso a proteína esteja associada a lípidos ou glícidos, designamos a proteína por
conjugada. O grupo associado à proteína designa-se por grupo prostético.
A solubilidade proteica varia com a concentração dos constituintes de uma dada solução.
e.g. : Quando temos uma solução com proteína X e um sal, caso
se aumente a concentração do sal, a proteína dissolve-se mais
(fenómeno de Salting In). Caso se aumente muito a concentração
do sal, a proteína dissolve-se menos (fenómeno de Salting Out).

Nota: no pI, a solubilidade é menor dado que há menos


interacções electrostáticas com o solvente

 Células e Tecidos Usados em Bioquímica

Actualmente, usam-se inúmeros tecidos e células nos estudos realizados: E. Coli, S. cerevisiae,
fígado de rato, músculo esquelético, chlamydomonas. Estas utilizações baseiam-se nas constituições de
cada componente (há determinadas enzimas em certos tecidos), ou na facilidade de obtenção e
manutenção de determinado organismo (E. Coli; S. Cerevisiae).

 Separação e Purificação de Proteínas

Ocorre tendo em conta a solubilidade (salting out, aumentando [C] do soluto), o tamanho
(cromatografia por filtração em gel), a carga (cromatografia de troca iónica) e a afinidade (cromatografia
de afinidade). Inicia-se com o tecido/células (amostra), provocando-se lise. Daqui resulta um extracto
bruto, que sofre um fraccionamento celular para se obter um extracto. Este extracto proteico sofre um
fraccionamento de proteínas, obtendo-se assim a proteína para estudar.
Para se separar apenas proteínas, pode-se utilizar técnicas laboratoriais como a electroforese, a
isoelectrofocagem ou a electroforese a duas dimensões.

A função da proteína é especifica da sequência de aminoácios. Proteínas funcionalmente diferentes têm


aminoácidos diferentes na sua constituição. Várias doenças genéticas no Homem são causadas por
alterações pontuais na sequência de aminoácidos, levando a uma alteração na função da proteína. Caso
hajam, em organismos diferentes, proteínas com funções semelhantes, conclui-se que aparentam uma
composição semelhante de aminoácidos. É um caso de Polimorfismo (20-30% das proteínas do Homem).

 Como determinar a sequência de aa’s de uma proteína (com estrutura primária):

1) Processa-se a proteína durante um dia, numa solução de HCl 6N a 110 ºC (hidrólise ácida). Deste
modo, obtêm-se os aminoácidos em suspensão. De seguida, realiza-se uma cromatografia de troca
iónica, separando-se os aa’s.

2) Identificação do aminoácido N-terminal: aplica-se o reagente de Edman (feniltioisocianato):


marcação do aa terminal -> hidrólise do aa marcado -> identificação. Realiza-se o mesmo processo
novamente para todos os restantes N-terminais.
3) Realiza-se a cissão das pontos dissulfureto (S-S) através da aplicação de ditiotreitol (DTT) ou β-
mercaptoetanol, provocando uma redução. Podemos realizar uma oxidação através do ácido
perfórmico.

4) Fragmenta-se os péptidos em sequências mais pequenas, que são posteriormente recolhidas por
processos cromatográficos ou electroforésicos.

5) Sequencia-se o péptido através do procedimento de Edman.

6) Ordenam-se os fragmentos do péptido original através de enzimas ou outros químicos.

7) Localização das pontes dissulfureto: após separação por electroforese do péptido, compara-se o
conjunto de péptidos gerados pela mesma enzima. Por cada ligação não há mais do que 2
péptidos, e poder-se-á ver um péptido maior.

O que é que a sequência de aminoácidos nos fornece?


Informações sobre a estrutura tridimensional da proteína, a sua função, a sua localização celular
e sobre a sua evolução.

 Como é que uma sequência de aminoácidos se traduz numa estrutura tridimensional?

Como visto anteriormente, a função de uma proteína depende da sua estrutura, que é
determinada pela sequência de aa’s. Entre os aa’s de uma mesma proteína, podem ocorrer
interacções não-covalentes (forças fracas) que estabilizam a estrutura.
Dizemos que uma proteína apresenta uma conformação espacial (arranjo espacial de átomos)
quando tem uma estrutura tridimensional. Predominam no meio natural as conformações
termodinamicamente mais estáveis, que implicam maior estabilidade.

Princípio que determina a conformação mais estável de uma proteína:


A estabilidade - tendência para manter uma conformação nativa (funcional), através de interacções
não-covalentes e pontes dissulfureto.
A conformação mais estável é aquela que tiver maior número de interacções não-covalentes (fracas).
No entanto, as ligações iónicas limitam a flexibilidade estrutural, uma vez que há atracções/repulsões
que não permitem uma flexibilidade total.
No interior da proteína estão presentes os resíduos hidrofóbicos, no exterior os resíduos hidrofílicos.
É também no interior que existem maior nº de ligações de H, de maneira a manter os resíduos
hidrofóbicos totalmente isolados no interior da proteína.

Estrutura primária
Cadeia peptídica linear. As ligações covalentes existentes entre os átomos da cadeia limitam a
conformação do polipéptido. Os aa’s ligam-se entre si através da ligação peptídica, estabelecida entre
o grupo carboxilo e o grupo amina. O O do grupo carboxilo tem carga parcial negativa, e o N do grupo
amina carga parcial positiva. Deste modo, estabelece-se um dipolo, o que permite a formação da
ligação covalente, com libertação de 1 molécula de H 2O. As ligações peptídicas limitam o nº de
conformações.

Estrutura secundária
Hélice-α ou Folha β-pragueada (Hélice é mais comum).
→ A hélice é estabilizada por ligações de H entre o átomo de H ligado ao N electronegativo da
ligação peptídica e o átomo de O do grupo carbonilo do 4º aminoácido seguinte (a hélice
está enrolada helicoidalmente e o aminoácido que está por cima de outro aminoácido, é o
4º seguinte).
A Alanina forma hélice alfa muito facilmente, ao contrário da Prolina e Glicina. Asparagina, Serina,
Tirosina e Cisteina destabilizam a hélice alfa se estiverem perto dela.

 Factores que afectam a estabilidade da Hélice:


1. Propensão intrínseca de cada resíduo de aa para formar hélice α.
2. Interacções entre grupos R (sobretudos os separados por 3 ou 4 resíduos).
3. Tamanho dos grupos R adjacentes.
4. Ocorrência de resíduos Pro e Gly.
5. Interacções entre resíduos de aa nos extremos e o dipolo inerente à hélice.

→ Folha pragueada: as ligações de H formam-se entre segmentos adjacentes da cadeia


polipeptídica. Em certas estruturas, os aa’s têm de ter grupos R pequenos, caso contrário
não é possivel serem empacotados através de ligações de H. É frequente nestas estruturas
os aa’s alanina e glicina.

Estrutura terciária
É uma conformação tridimensional biologicamente activa. Os aminoácidos (estejam longe/perto, ou
em estruturas secundárias diferentes) interactuam entre si, formando uma espécie de “bola”.

Estrutura quaternária
Formação de complexos tridimensionais através da ligação de estruturas terciárias.

 A forma das proteínas

Proteínas Fibrosas: um tipo de estrutura secundária + uma estrutura terciária simples. São
alongadas e insolúveis.

Proteínas Globulares: vários tipos de estruturas secundárias. São curtas, compácteis,


esféricas e solúveis.

 Algumas estruturas secundárias e propriedades de proteínas fibrosas

Estrutura Características Exemplo

Hélice alfa com S-S Rija, com dureza e flexibilidade variada Alfa queratina do cabelo

Conformação Beta Filamentos flexíveis Fibroína da Seda

Hélice tripla Grande força de tensão sem flexibilidade Colagénio dos tendões ósseos

Enrolamento ao acaso Grande elasticidade e flexibilidade Elastina dos vasos sanguíneos

Alfa-queratina do cabelo:
Inicialmente temos a hélice alfa, que se enrola helicoidalmente com outra hélice alfa. Obtem-se uma
cadeia (dímero), que empacota-se com outros dímeros antiparalelamente: obtêm-se os
protofilamentos (tetrâmeros). Estes associam-se topo a topo para formar o protofilamento, e 8
destes formam o filamento de forma tubular.

 Colagénio

Glicoproteína insolúvel, constituída por 3 cadeias polipeptídicas enroladas em hélice alfa. Contém
glicina, hidroxilisina e hidroxiprolina. A Glicina costuma ser o 3º aminoácido no arranjo, pois é ela que
faz com que a cadeia aperte e fique enrolada fortemente. Existem vários tipos de colagénio nos
vertebrados.

 Vitaminas
Formação da hidroxiprolina - a prolina sofre hidrólise por acção da prolil hidroxilase (activa o O 2)

A enzima possui um ião


Fe2+ acoplado a si, que permite
a activação do O2 para se dar a
reacção inicial. É também
convertido alfa oxoglutarato em
succinato sem se hidroxilar a
prolina (forma- se um complexo
Fe3+ - O, que é um quelante da enzima). A enzima é regenerada pela acção do ascorbato, que é
oxidado em ascorbato oxidado, transformando o Fe3+ em Fe2+ no processo.

A hidroxiprolina estabiliza a hélice pois permite o estabelecimento de ligações de H.

 Fibras de seda das aranhas


Ricas em proteína Fibroína, constituída por várias camadas de folhas Beta pragueadas
antiparalelas ricas em Alanina e Glicina. A seda não é extensível, mas é bastante flexível.

 Mioglobina, uma proteína globular


Proteína transportadora e armazenadora de O 2. Apresenta um grupo heme (grupo prostético
com um átomo de Ferro central rodeado por um anel orgânico, a porfirina). Existe nos músculos.

 Lizosima PDB ID 3LYM


Apresenta folhas pragueadas e hélices alfa. Existe na lágrima humana ou na clara de ovo,
catalisa a hidrólise de polissacáridos presentes nas paredes bacterianas.

 Ribonuclease PDB ID 3RN3


Produzida no pâncreas, activa no intestino delgado. Apresenta algumas hélices alga e muitas
folhas pragueadas.
As proteínas mais pequenas (normalmente com estruturas terciárias) precisam de mais ligações
covalentes para estabilizarem, uma vez que quanto menor é o volume, menor é a relação
volume/área, o que leva a uma menor existência de ligações não-covalentes.

 Proteínas Globulares Grandes: estruturas supersecundárias com arranjos muito


estáveis.

 Proteínas com estruturas quaternárias: hemoglobina: tetrâmero alfa2, beta2.


Apresenta 2 cadeias alfa e 2 cadeias beta

Algumas designações para proteínas quaternárias com


protómeros iguais/diferentes.

As proteínas multiméricas com subunidades idênticas podem apresentar uma


simetria rotacional (icosaédrica) – poliovírus - ou helicoidal – vírus do tabaco.

Há limitações para o tamanho das proteínas:


1) Capacidade codificadora de DNA: mais fácil codificar pequenas cadeias
do que cadeias muito longas.
2) Precisão do processo de tradução -> 1 erro em 10 mil.

Desnaturação proteíca: deve-se ao pH, temperatura, ácidos/bases, que causam a uma alteração da
estrutura da proteína. Deste modo, a sua função é alterada. No entanto, há desnaturações
reversíveis.

As proteínas recebem “folding” através de chaperonas, também elas proteínas. São elas que
promovem o correcto enrolamento proteico, para se assegurar a conformação final correcta. Este
folding por vezes tem de ocorrer na presença de 2 enzimas: Isomerase dissulfito de proteínas (IDP) e
Isomerase Prolil cis-trans peptídico.
Erros no folding levam a uma alteração na função da proteína, que estão na base de muitas doenças
degenerativas como Parkinson e Alzheimer.

 Funções de Proteínas:

As proteínas apresentam muitas funções, que estão relacionadas com ligações reversíveis de
determinadas moléculas: os chamados ligandos. Estes, ligam-se ao local de ligação complementar,
através de uma interacção específica. Pode haver mais do que um local local para diferentes ligandos.
A ligação da proteína com o ligando cria uma conformação na proteína mais eficaz para determinada
função. Numa proteína multimérica (alfa2 beta2), uma alteração numa subunidade leva a uma
alteração das restantes subunidades.

Proteínas transportadoras de O2:


Mioglobina (músculos) e Hemoglobina (eritrócitos).
A hemoglobina, como dito antes, possui o grupo hemo (ião Fe 2+ central rodeado pelo anel de
porfirina) que permite a acoplação de O 2 para transporte e armazenamento. A mioglobina também
possui um grupo hemo. Para além de acoplar o O 2, a conformação da mioglobina permite que se
forme uma ponte de H entre o O2 e a histidina distal.
O grupo hemo isolado em meio aquoso tem 25 mil vezes + afinidade para o CO do que para o O 2. O
mesmo se passa com o grupo hemo da mioglobina, que tem mais afinidade para o CO do que para o
O2. Quando o CO se liga ao hemo, é forçada a adopção de um novo ângulo pois o CO não se liga à
histidina distal como o O2.

 Conlui-se que:

A estrutura da proteína afecta o modo de ligação dos ligandos, e que a função de um grupo
prostético é modelada pelo seu ambiente peptídico. A ligacao do O2 ao hemo na mioglobina depende
também de movimentos moleculares na estrutura da proteína.

P + L → PL : reacção de formação do complexo ligando-mioglobina


P50 ou Kd corresponde ao instante da reacção em que a mioglobina está
metade preenchida pelo oxigénio. Para valores de O 2 muito elevados, a
mioglobina encontra-se saturada (assimptota no gráfico).

Quando mais forte o ligando está ligado à proteína, mais baixo é Kd.

 Comparação enre mioglobina e hemoglobina


A mioglobina e hemoglobina evoluiram a partir do mesmo ancestral comum, uma vez que a estrutura
das subunidades da mioglobina de diferentes espécies é igual à estrutura das subunidades da
hemoglobina humana.
Ao longo do estádio de desenvolvimento do ser humano, a hemoglobina vai vendo alterada as
subunidades que a constituem, até atingir as 2 cadeias alfa e 2 cadeias beta que são características da
hemoglobina de um ser humano adulto.

Em termos de estrutura, a hemoglobina pode adoptar dois tipos de estrutura: R e T. Na estrutura T, a


histidina distal está nas zonas periféricas e não há O 2 a ser transportado.
A estrutura R forma-se quando o O 2 se liga à estrutura T, aumentando a
afinidade deste para esta estrutura.

Curva de ligação sigmóide para o complexo oxigénio-hemoglobina –


cooperação entre oxigénio e hemoglobina. Quanto mais O 2 se liga, maior
é a afinidade da hemoglobina para o O 2, o que permite uma rápida
saturação da proteína quaternária.

Outra das características da hemoglobina, é que é uma proteína alóstera:


quando um ligando se liga no local de ligação, as propriedades de ligação
de outros ligandos aos outros locais de ligação da proteína são alterados. Ou seja, os ligandos são
reguladores pois influenciam directamente a ligação de outros ligandos. Esta interacção pode ser:
Homotrópica: o ligando normal é o regulador Heterotrópica: ligando e regulador são diferentes

No caso da hemoglobina, o oxigénio é um regulador homotrópico (ligação sigmóide).


Para além de transportar oxigénio, a hemoglobina transporta ainda protões e dióxido de carbono,
estando este transporte inversamente relacionado com o transporte de oxigénio – efeito de Bohr.

 Os protões acoplam-se a resíduos de histidina da hemoglobina. Quando o oxigénio se liga à


hemoglobina, promove-se a libertação de protões, o que leva a um aumento do pH do
sangue. Reacção ocorre nos pulmões.
HHb+ + O2 ↔ HhO2 + H+
 O CO2 produzido nos tecidos é hidratado nos eritrócitos, formando-se bicarbonato devido à
acção da enzima anidrase carbónica.
CO2 + H2O ↔ H2CO3 ↔ H+ + HCO3
A hidratação resulta na produção de oxigénio, que leva a um abaixamento do pH.
Entretanto, com o excesso de H+ o equilíbrio desloca-se para a esquerda produzindo-se CO 2,
que é expirado.

 O dióxido de carbono também se liga inversamente à hemoglobina, segundo a reacção:


CO2 + H2N-R → -OOC–NH–R + H+
res. N-terminal res. Carbamino-terminal
São também produzidos H+ que contribuem para o efeito de Bohr.

 Regulação da ligação do oxigénio

Feita através do BPG (2, 3- bifosfoglicerato), numa modulação alósterea heterotrópica.


HbO2 + BPG ↔ HbBPG + O2
Quando mais BPG existir, mais favorecida é a forma
desoxigenada da hemoglobina.

Os organismos que vivem a altitudes elevadas, apresentam


maior concentração de BPG nas células, uma vez que o ar a altitudes
elevadas é muito rarefeito – pouco O2.
O BPG liga-se à hemoglobina na cavidade entre as subunidades β na
conformação T (baixa afinidade para o O 2). A cavidade tem
aminoácidos com cargas negativas que vão interagir com as cargas
positivas do BPG.
O BPG diminui a afinidade da hemoglobina para o oxigénio porque
estabiliza a conformação T, não se formando a R (alta afinidade para
o O2).
A hemoglobina fetal apresenta maior afinidade para o oxigénio do
que a hemoglobina maternal, uma vez que apresenta menor
afinidade para o BPG.

Anemia falciforme: doença que afecta a estrutura dos eritrócitos. Uma substituição de um
aminoácido (Valina em vez de Glutamato) altera a conformação da proteína. Deste modo, a função
da hemoglobina é alterada (não transporta tanto O2 como devia).

 Enzimas
São diferentes de catalisadores químicos. Aumentam a velocidade da reacção, tornam as condições
da reacção mais “suaves” (é necessário menos componentes para a reacção se dar), apresentam
especificidade, são capazes de se regularem entre um estado actino/inactivo.
História:
 1700 – estudos sobre a digestão de carne;
 1800 – conserção de amido em açucar pela saliva (amilase);
 1850 – Pasteur estudou a fermentação do açucar em álcool;
 1893 – Ostwald: enzima = catalisador;
 1894 – Fischer pronuncia a teoria da chave-fechadura;
 1894 – Eduard Buchner: mesmo após a reacção, as moléculas continuam a funcionar;
 1877 - Kuhne – in zyme -> enzima!
 1926 – Sumner: Urease cristal;
 1905 – Harden e Young: NAD+;
 1909 – Sorensen; escala de pH;
 1913 - Michaelis e Menten: teoria cinética;
 1925 – Briggs e Haldane: teoria cinética modificada;
 1931 – Linewaeaver e Burk: constantes cinéticas;
 1960 – Ribonuclease;
 1962 – Lisozima;
As enzimas têm várias aplicações em diferentes sectores: desde texteis, a medicamentos
(penicilina), productos lacticíneos, carne (tornar mais tenra), alimentos, detergentes, etc.

Nos últimos anos têm sido desenvolvidas enzimas artificiais, dando maior estabilidade
térmica ( com subtilisina, a vida a 100º C passa de 30 segundos para 170 minutos). As
enzimas têm diferentes designações, consoante a sua função: ligases (promovem ligações),
hidrolases (reacções de hidrólise), transferases (reacções de transferência), oxidoreductases
(transferência de e-‘s), etc.
Cada enzima tem um nome sistemático, um nº de classificação e um nome trivial.
E.g.: A enzima que catalisa a reacção
ATP + D-glucose → ADP + D-glucose6-P
Nome sistemático: ATP glucose fosfotransferase
Nº de classificação: E.C. 2.7.1.1.
E.C. – Enzyme Commission
2- classe das transferases (o número 2 está na tabela internacional que está no PDF)
7- subclasse fosfotransferase
1- fosfotransferase com um grupo hidroxilo como aceitador
1- D-glucose como aceitadora do grupo fosforilo
Nome trivial: hexoquinase

Existem enzimas que precisam de outras moléculas/iões para desempenharem as suas


funções. São chamados de cofactores. Há ainda moléculas que promovem a transferência de
átomos ou grupos específicos: são as chamadas coenzimas.

Enzima + cofactor → holoenzima


Enzima sem cofactor → apoenzima

Todas as enzimas apresentam elevada especificidade, identificando até substractos


quirais (estereoespecificidade). Para regular a actividade de uma enzima, é necessário
controlar a quantidade de enzima presente.
A reacção enzimática dá-se no local activo da enzima. A molécula que se liga a este chama-
se substracto, formando-se um complexo enzima-substracto.
As enzimas apenas afectam a velocidade da reacção, não interferem no equilíbrio.
E + S <-> ES <-> EP <-> P + E
A variação da energia livre padrão da reacção está relacionada com a constante de
equilíbrio.
Reacção sem enzima. Reacção com enzima.

Relembrar que a energia de activação de uma reacção: ∆G0= - RT ln Keq


A velocidade da reacção enzimática é determinada pela concentração dos reagentes (S) e
pela constante de velocidade (k).
V = k[S] : velocidade de uma reacção enzimática

A constante de velocidade pode ser obtida através de outra relação, relacionada com a
energia de activação:
k = KT/(hxe-∆G*/RT)
k = constante de velocidade
K = constante de Boltzman
H = constante de Planck
T = temperatura (em kelvin’s)
∆G* = energia de activação
R= constante universal dos gases

Quanto mais baixa for a energia de activação, maior é a velocidade da reacção.

A enzima e o substracto formam ligações covalentes entre si, e são estas ligações que
vão causar o abaixamento da energia de activação da reacção. Quando o substracto se liga à
enzima (complexo enzima-substracto), vão-se formar ligações não-covalentes. Estas
contribuem para a catálise enzimática. No estado de transição (ponto de máxima energia
livre: energia de activação) existem inúmeras ligações fracas, pois é neste estado que o
substracto viu quebradas todas as ligações que tinha. É neste estado que se formam novas
ligações, ou se formam as ligações prévias. No entanto, é de notar que a enzima não é
complementar ao substracto, mas sim complementar ao estado de transição uma vez que é
neste que se formam as novas ligações.
Para baixar a energia de activação (uncatalised -> catalised), o sistema tem de adquirir a
energia equivalente à que diminuiu. Esta provém da formação de ligações não-covalentes
entre a enzima e o substracto no estado de transição.

Existem enzimas que são capazes de regular a sua própria actividade através de sinais. São chamadas
de enzimas alostéreas. O inibidor liga-se ao local alostéreo, inibindo a actividade da enzima. O
contrário também acontece.

Actividade Molecular de uma Enzima: nº de moles de substracto que reage com uma mole de enzima
por unidade de tempo. Designa-se por AM.
Unidade de enzima(U): quantidade de enzima que catalisa a reacção de 1 μmole de substrato por
minuto a 25ºC e em condições óptimas de medida.
Actividade específica: número de unidades de enzima por mg de proteína.

A actividade de uma enzima depende de vários factores, sendo eles a concentração do substracto, da
enzima, da temperatura ou do pH.

 Cinética Enzimática
Estudar a velocidade da reacção com base na alteração de alguns parâmetros. É uma cinética de
estados iniciais, pois estudamos apenas a velocidade
inicial (não há produto originado, logo não há reacção
no sentido inverso – só há substracto e enzima; o pH é
constante enquanto que ao longo do tempo varia; a
enzima não desnatura).
Estamos sempre num caso de velocidade inicial (V 0)
desde que a concentração do substracto seja muito
maior do que a enzima. Quando ocorre igualdade
entre estes parâmetros não estamos mais numa
situação de velocidade inicial de reacção.
V0 é a recta tangente ao gráfico.

V0 = V [A] / Km + [A] :expressão da velocidade inicial

 Hipótese do Equilíbro Rápido / Michaelis – Menten: uma enzima com um substracto entram
em equilíbrio químico, descrito matematicamente pela equação de Michaelis - Menten.

Vo pode ser considerado como a velocidade com que ocorre a quebra da ligação ES : V 0= K2[ES] 
[ES] = V0 / K2
Há casos em que K2 surge como Kcat. É uma constante catalítica – nº de moléculas de substracto
transformadas em produto por unidade de tempo.

Dedução da equação:
Velocidade de formação de ES
Velocidade de degradação de ES

[ES] é constante, ou seja, a velocidade de degradação e formação de ES são iguais.

Como

Substituindo-se a expressão de [ES], obtem-se a equação de Michaelis-Menten:

Caso estejamos numa situação em que V0 é Vmax/2, ao substituirmos e resolvermos a equação


vamos obter que Km = [S]. Km corresponde à concentração de substrato para a qual V 0 é metade da
velocidade máxima.
Km depende do pH do meio, temperatura, etc. É também um indicador da afinidade do complexo ES,
quando há mais reacção no sentido K-1 do que no sentido K2. Se Km for muito grande, há pouco
complexo ES, e vice-versa.

Nesta experiência, usou-se tampão de acetato para manter o pH constante; fora tidos em conta a
existência de isómeros (mutarrotação); mediram-se velocidades iniciais.
 Hipótese do estado estacionário / Briggs-Haldane: existe um estado estacionário para [EA].
Segundo esta hipótese, Km não é uma medida de afinidade pois não é uma constante de
dissociação.
_________________________________________________________________________

Ao K2, também podemos chamar de Kcat (velocidade em que o substracto é transformado em


produto). Neste caso, V = Kcat ou K2 [E]0
Quando temos pouco substracto ocupado, V 0 = Kcat / Km x [E]0 x[A] -> recta tangente ao gráfico no
ponto 0
Kcat / Km permite determinar o substracto preferencial de uma enzima.

Estes dados são posteriormente inseridos num gráfico matemático. No entanto, o seu desenho
obriga ao desenho rigoroso de uma hipérbole e de uma assimptota.
Para facilitar o desenho do gráfico, baseamo-nos em métodos de linearização. Estudaram-se 2 mais
rigorosamente: o método de Lineweaver-Burk , o método de Hannes (ou Woolf) e o método directo
de Eisenthal e Cornish-Bowden.

 Método de Lineweaver-Burk:
Inverte-se a equação de Michaelis-Menten:

Este método pode levar a grandes erros, pois podemos inverter certas
grandezas com pequenos erros.

 Método de Hannes (ou Woolf):


Com a equação invertida deduzida em Lineweaver-Burk, multiplicarmos cada parcela por [A],
obtendo-se:
[A]/V0 = Km/Vmax + 1/Vmax x [A]
Y - ordenada na origem - declive - x

 Método Directo ou Método de Eisenthal e Cornish-Bowden:


Com valores de concentrações de substracto e valores de velocidades, podemos traçar rectas. O
ponto de cruzamento das rectas é V (Km; V).
É um bom método, pois não involve cálculos e basta 2 ou 3 valores de [A] para se descobrir Km.

Em termos das inibições, é importante ter em conta os valores de Km e restantes constantes.

Nota: Todas as enzimas obedecem à equação de Michaelis-Menten (formam uma hipérbole com
assimptota. Todas, excepto as enzimas alostéreas explicadas anteriormente. Estas formam gráficos
sigmoidais.

 Inibição enzimática

 Inibição Reversível – é possivel reverter a inibição, existindo 2 tipos de inibição:


 Competitiva: o inibidor compete com o substracto pelo centro activo da enzima; são
estruturalmente semelhantes ao substracto; a inibição pode ser contrariada adicionando
mais substracto ao meio; Km aumenta e Vmax não
varia.
e.g.: malato, succinato e metrotexato.

 Não competitiva: o inibidor não compete com o substracto pelo centro activo: ao revés,
liga-se a outros locais da enzima, o que leva a uma alteração da sua estrutura ou alteração
do centro activo; o inibidor liga-se apenas ao complexo ES, formando o complexo ESI; o Km
diminui e o Vmax diminui.

 Mista: O inibidor liga-se a um local específico da enzima (que não o centro activo); o inibidor
liga-se tanto à enzima livre como ao complexo ES; Vmax diminui; Km pode aumentar,
diminuir ou manter-se.
 Inibição Irreversível – destruição de grupos funcionais para a actividade da enzima, através da
ligação de inibidores a esta. Há inactivadores designados por suicidas, que se ligam ao
centro activo da enzima, sofrem os primeiros passos da reacção mas originam produtos que
ficam acoplados à enzima irreversivelmente.
e.g.: penicilina impede a síntese da parede das bactérias; aspirina previne dor através da
inibição da produção de prostaglandinas.

 Vias metabólicas:

Existem enzimas que aumentam ou diminuem a sua actividade em reacção a determinados


factores (pH, temperatura, etc). Estas, fazem normalmente parte de sequências metabólicas. São
enzimas que permitem regular a actividade de toda a sequência metabólica e possibilitam à célula
ajustar-se às suas necessidades energéticas e biomoléculares.
Existe regulação (ou modulação) de 2 tipos:

 Alostérea: ocorre num local de modulação, dominando as forças não-covalentes. Não


seguem a equação de Michaelis-Menten.

Heterotropismo Homotropismo
(o modulador é diferente do substracto) (o modulador é igual ao substrato)

Positivo Negativo
(activam a enzima) (inibe a enzima)

 Covalente: adição/remoção de grupos funcionais através de ligações covalentes.


Fosforilação, metilação, Urinilação, Adenilação, etc.

Nota: A regulação enzimática pode passar ainda pela existência de um precursor, sem capacidade
catalítica, que, no caso das proteases, são chamados zimogénios.

 Glícidos
Compostos ternários de C, H e O : fórmula geral de Carbohidratos - (CH2O)n -> uma excepção
são alguns hidratos de Carbono – Cn(H20)n. Apresentam função estrutural (paredes celulares de
certos organismos), energética (cadeias respiratórias) e têm inúmeros papéis no metabolismo celular.
O seu monómero é o monossacárido ou ose.

 Monossacarídeos (monómero): açúcares simples, anéis fechados em estrutura cíclica com


pelo menos um grupo hidroxilo (OH), classificados segundo o número de carbonos da
molécula (triose, pentose, hexose…). Tendem a ter estruturas cíclicas com mais de 4C’s.
Cetonas ou aldeídos.
 Oligossacarídeos (dissacarídeos, trissacarídeos…até 8C)
 Polissacarídeos: mais de 10 monómeros.
Os monómeros ligam-se entre si através de ligações glicosídicas, através da hidrólise dos grupos
hidroxilo de 2 oses. Os glícidos possuem no mínimo 1 átomo de carbono quiral, apresentando
compostos opticamente activos.

Quando temos n (nº de centros quirais), temos 2n estereoisómeros.

Nota: Quando 2 isómeros diferem na configuração de um carbono quiral, dizemos os isómeros são
epímeros em C x e C y (sendo x/y o nº do carbono na cadeia). Quase todas as hexoses dos
organismos vivos apresenta-se como isómero D. No entanto, há excepções em que existem isómeros
L (L-arabinose).

Quando a uma cetona/aldeído se liga um álcool, forma-se um composto chamado hemiacetal. A sua
formação deve-se à reacção do grupo hidroxilo com o grupo carbonilo.
Dentro do grupo dos hemicetais, pode haver isomeria. Caso a isomeria esteja associada a um
carbono quiral hemicetal, estamos perante um anómero -> carbono anomérico.

Piranose e Frutose
 Furano: É um pentanel de fórmula molecular C4H4O
 Pirano: É um hexanel de fórmula molecular C5H6O

Quando monossacarídeos se ciclizam sob a forma do anel "pirano" são conhecidos como
piranosídicos e o nome do monossacarídeo é acompanhado pelo sufixo piranose, a fim de designar a
conformação espacial correcta. Por exemplo, a glucose piranosídica é conhecida como glucopiranose.
A mesma conjugação de substantivos também é válida para os monossacarídeos que se ciclizam na
forma do anel furanosídico (nome oriundo da molécula furano). A frutose, por exemplo, se ciclizada
dessa forma, é conhecida como frutofuranose. A piranose apresenta 2 conformações possíveis de
cadeira.

Os seres vivos possuem muitos derivados de hexoses. Estes derivados resultam da oxidação do grupo
carbonilo em carboxilo, ou da substituição de um grupo hidroxilo.

Os glícidos apresentam-se em inúmeros locais e desempenham inúmeras funções: são componentes


de hormonas (FSH e LH), formam lactonas (estão na casca das árvores e dão sabor ao whisky),
entram no metabolismo, existem nas paredes celulares das bactérias, etc.
Os glícidos podem ser oxidados, e são importantes no doseamento de glucose no sangue para
identificação e tratamento da diabetes.

Os diósidos são moléculas de oses ligadas entre si através de ligações glicosídicas. Por cada ligação
glicodísica (feita entre os carbonos hemicetais), liberta-se uma molécula de água.
Os glícidos possuem poder reductor em certas conformações.

Os polissacáridos designam-se de tal modo quando existem mais de 8 oses ligadas entre si.
Aparecem associadas linearmente ou numa estrutura ramificada.
Homopoliósidos: composto por um único tipo de oses.
Temos a celulose e a quitina, constituintes da matriz extracelular vegetal e células de animais. Temos
ainda o amido e o glucogénio envolvido no armazenamento de energia celular.

 Celulose: molécula linear não ramificada de glicose com ligações (1 4) sob a


forma de microfibrilhas (diversas fibras unidas por pontes de hidrogénio).
 Amido: dois tipos de polímeros de glucose - amilose e amilopectina.
 Glucogénio:molécula de armazenamento nos animais, que existe na forma
polimérica devido ao pouco contributo para a osmolaridade celular (baixa [c] no
citosol).

Heteropoliósidos: compostos por mais do que um tipo de oses.


Destacam-se os glicosaminoglicanos na matriz extracelular e os peptidoglicanos presentes na parede
celular bacteriana.
 Peptidoglicanos: macromoléculas de N-acetilmurâmico e N-acetilglucamina, organizadas em
fiadas lineares. A cada um dos açucares das fiadas está
associado um pequeno péptido, que contribui para
uma ligação mais coesa entre si.
 Glicosaminoglicanos: os chamados GAG’s
dissacáridos de N-acetilglucosamina ou N-
acetilgalactosamina e ácido glucurónico ou ácido
idurónico. Frequentemente contêm cargas -. Um
exemplo é o hialurunano, que existe na matriz
extracelular dos tendões. Existem bactérias que
produzem hialuronidase.

Como é que ocorre o folding dos glícidos? Através de


ligações covalentes (glicosídicas) e através de ligações
não-covalentes (ligações electrostáticas, hidrofóbicas, forças de wan der walls e por pontes de
hidrogénio). A estrutura tridimensional mais estável para as cadeias unidas por ligações α1→4 do
amido e glicogénio é uma hélice fortemente enrolada, estabilizada por ligações de hidrogénio entre
as cadeias.
A conformação mais estável da celulose é aquela em que cada resíduo glucose tem uma volta
de 180ºrelativamente aos vizinhos dando origem a uma cadeia linear estendida. Todos os grupos –
OH podem fazer ligações de H com as cadeias vizinhas. As cadeias organizam-se em fibras
supramoleculares.

Proteoglicanos: proteínas extracelulares rodeadas por hidratos de carbono: com função de rigidez na
matriz extracelular animal, resistindo à compressão e preenchendo espaços. Alguns proteoglicanos
ainda podem estar ancorados na membrana, podendo-se ligar a factores de crescimento e a outras
proteínas servindo como sinal para as células existentes na matriz extracelular animal. Interactua
com moléculas de colagénio e outras.

Glicoproteínas: Conjugados de glúcidos-proteínas em que a parte glúcidica é menor e mais diversa


do que os GAGs dos proteoglicanos. Existem 8 oses básicas nas glicoproteínas, que juntamente com o
eixo proteico constituem um grande número de moléculas diferentes: imunoglobulinas (AC),
hormonas, proteínas do leite (lactalbumina ...), proteínas pancreáticas (ribonuclease), maior parte
das proteínas lisossomais, etc. A primeira glicoproteína a ser caraterizada foi a Glicoforina A na
membrana dos glóbulos vermelhos.

Glicolípidos: Lípidos de membrana em que as “cabeças” hidrófilics são oligósidos. Desempenham


uma função semelhante às glicoproteínas. Constituem o glicocálix, juntamente com as glicoproteínas
da membrana celular.

Os oligossacáridos são muito usados pelas células em inúmeras funções:


 Complexo maior de histocompatibilidade (BI Celular);
 Sinais extracelulares e identificação de moléculas;
 Interacções entre células;
Lectinas: podem aglutinar hemácias graças à sua propriedade de se ligarem reversivelmente a
carbohidratos. As lectinas estão presentes em todos o tipos de organismos, desde organismos
complexos como humanos até a vírus, podendo actuar como sítios de reconhecimento celular em
muitos processos biológicos.

 Lípidos

Compostos ternários de C, H e O. Têm função estrutural, protectora, energética e hormonal. A sua


oxidação pode alterar o sabor/cheiro dos alimentos, provocando danos no organismo humano.
Actuam em regulações estruturais e metabólicas (fosfatidilinositol) e hormonais (eicosanóides).
Fazem parte deles os:
o ácidos gordos: um carboxilo e uma cadeia alifática saturada (só ligações simples) ou não
(existência de ligações duplas/triplas); a cadeia hidrocarbonada é apolar e a “cabeça” é
ionizável – grupo carboxilo;

Nomenclatura de ácidos gordos: identificar o número de carbonos e o local de ligações


duplas/triplas.
e.g.: acido cis-9-octanodecenoico -> C18 monoinsaturado -> 18:1 (Δ 9) ... ligação dupla no
carbono 9. Nos acidos gordos polinsaturados (PUFA) atribui-se a letra ω ao ultimo C e
numeram-se as ligações duplas a partir de C ω.
Nos ácidos gordos insaturados, não existe capacidade rotacional devido à isomeria cis.
Numa matriz de ácidos gordos, os insaturados não apresentam grande estabilidade ao
contrário dos saturados.

Solubilidade - quanto maior a cadeia e menor a insaturação, menor é a solubilidade em


água.
Ponto de fusão – a temperatura ambiente (25ºC), os ácidos gordos saturados são sólidos e
os insaturados sao líquidos.

As ceras são ésteres de ácidos gordos, e são muito impermeáveis à água – penas de animais,
cera de abelhas, etc.

o triglicéridos: ésteres de ácidos gordos e glicerol: um álcool glicerol e três ácidos gordos. São
moléculas apolares hidrofóbicas devido à ligação éster formada entre os ácidos gordos eo
glicerol. Fornecem energia (a oxidação de X glícidos é menos energética do que a oxidação
de X triglicéridos) e isolamento térmico;
o fosfolípidos: têm ácido fosfórico e glicerol na “cabeça” ou extremidade hidrofílica polar e
ácidos gordos em duas cadeias, as extremidades hidrofóbicas apolares. Por ter uma
extremidade hidrofílica e uma hidrofóbica chamam-se moléculas anfipáticas;
o esteróides

Lípidos estruturais de membranas:


1) Fosfoglicéridos: dois ácidos gordos ligados por uma ligação
éster ao glicerol 3-fosfato;

2) Galactolípidos: existem nas membranas internas dos


cloroplastos;

3) Esfingolípidos: existem 3 classes


o Esfingomielinas - Existe nas membranas plasmáticas e mielina dos neurónios. Contém
fosfocolina ou fosfoetanolamina;
o Glicoesfingolípidos – Existe nos tecidos neurais, contêm glúcidos e não contêm fostafo;
o Gangliósidos – cabeça polar com oligossacáridos e ácido N-acetilneurâmínico;

Os fosfolípidos e os esfingolípidos podem ser degradados pela acção de duas enzimas: primeiro pela
acção da fosfolipase A, e depois pela lisofosfolipase. A renovação lipídica nas células ocorre
constantemente.

4) Esteróis: ergosterol, colestrol, estigmaesterol, são precursores de hormonas esteróides (obtidas


por oxidação) e ácidos biliares. Há casos em que a oxidação lipídica deve ser evitada, e um dos
cofactores que impede essa oxidação (nos lípidos de membrana por e.g.) são as vitaminas.

 Membranas

Formada dos proteínas e lípidos polares. Isola o meio


extra do intercelular, permitindo trocas. O modelo que
melhor explica a estrutura da membrana plasmática é o
modelo de Singer e Nicholson do Mosaico Fluido: A
bicamada é composta por dois hemi-folhetos: E
(extracitoplasmático, com mais fosfatidilcolina e
esfingomielina) e P (protoplasmático, com mais
fosfatidiletanolamina e fosfatidilserina). Por apresentarem
esta diferença na composição de cada um dos folhetos,
dizemos que as membranas biológicas são assimétricas.

Em solução aquosa, os lípidos


podem formar 3 tipos de
estruturas: bicamadas (membranas), micelas (bola lipídica) ou
vesículas (lipossomas - bicamadas formando uma vesícula
fechada).

As proteínas da membrana existem acopladas à superfície da


membrana (periféricas) ou atravessando a membrana de um
lado ao outro (intrínsecas). Nas membranas dos eritrócitos, as
proteínas intrínsecas formam hélices alfa transmembranares.

A fluidez e flexibilidade membranar é garantida através de


ligações não covalentes. A temperaturas baixas, a fluidez e
movimentação da membrana biológica diminuem. Também
diminuem com a quantidade de colestrol e a quantidade de ácidos gordos saturados de
cadeias longas. Os lípidos membranares têm movimento, sendo o flip-flop o mais comum
(promovido pelas flipases).
Existem 3 tipos de transporte: simporte (transporte de 2 moléculas na mesma direcção), antiporte
(transporte de 2 moléculas em direcções opostas) e uniporte (transporte de uma única molécula).

 Ácidos Nucleicos e Nucleótidos


Ácidos Nucleicos: detêm e transmitem informação genética. Polímenos de Nucleótidos (monóneros
de base azotada + pentose + grupo fosfato): Adenina, Citonisa, Timina, Guanina, e Uracilo.
Base azotada + Pentose = Nucleósido~
O nucleótido forma-se com uma ligação éster entre a pentose e o grupo fosfato. A ligação entre a
base azotada e a pentose é uma ligação β-N-glicosídica.
 As bases azotadas podem ser purinas (citosina, uracilo, timina) ou pirimidinas
(adenina e guanina)
 As pentoses sao a ribose ou a desoxirribose;
 Os grupos fosfato podem estar ligados em diferentes locais do anel da pentose;

Gene: sequência de DNA que contém informação genética.


DNA: Duas cadeias nucleotídicas longas antiparalelas unidas por pontes de hidrogénio em forma de
dupla hélice; pentose desoxirribose
RNA: Uma cadeia nucleotídica simples curta; pentose ribose; G e A: anel duplo (purinas); T/U e C:
anel simples (pirimidinas).

As moléculas de DNA/RNA formam ligações entre si. As ligações são fosfodiéster, entre o grupo
fosfato 5’ de um nucleótido com o grupo hidroxilo 3’ do nucleótido seguinte.

Propriedades das bases azotadas: absorvem UV’s, têm um grande carácter de conjugação, são
hidrofóbicas e insolúveis em água a pH=7, empacotam-se entre si para maximizar o carácter
hidrofóbico.

Experiência de Avery, Macleod e McCarty:


Fizeram uma cultura de bactérias virulentas capsuladas e não virulentas não capsuladas, injectando
as amostras em ratos:
 Bactérias virulentas capsuladas -> rato morto;
 Bactérias não virulentas não capsuladas -> rato vivo;
 Bactérias vivas capsuladas + calor -> bactérias virulentas mortas capsuladas -> rato
vivo;
 Bactérias virulentas mortas capsuladas + Bactérias nao virulentas não capsuladas
-> rato morto;
 Bactérias vivas não virulentas não capsuladas + DNA isolado de bactérias
virulentas mortas por calor -> Bactérias vivas virulentas e capsuladas -> rato
morto;
A mensagem virulenta está no DNA, que contém informação genética – 1944.
Experiência de Hershey e Chase:
Aplicação de fósforo e enxofre radioactivo em vírus: o fósforo marca o DNA com rasto radioactivo e o
enxofre marca as proteínas da cápsula do vírus.
Ambos os vírus inoculam as suas suspensões numa E. Coli, sendo que posteriormente esta apresenta
traços de DNA viral. Fica assim provado que é o DNA responsável pela troca de informação genética.

Regras de Chargaff:
1. A composição do DNA em bases azotadas varia, em geral, de espécie para espécie;
2. O DNA de diferentes tecidos da mesma espécie tem a mesma composição;
3. A composição do DNA em bases azotadas não varia com a idade, estado nutricional nem com
quaisquer alterações ambientais;
4. Em todo o DNA, independentemente da espécie, o número de resíduos de adenina é igual ao
número de resíduos de timina (A = T) e o número de resíduos de guanina é igual ao número de
resíduos de citosina (G = C). Daí se conclui que A + G = T + C (purinas = pirimidinas).

O moledo da dupla hélice do DNA é proposto em 1953 por Watson e Crick.


As bases hidrofóbicas estão emparelhadas por complementaridade no
interior da hélice, as desoxirriboses e fosfatos estão virados para o exterior.
As cadeias são antiparalelas (crescem no sentido 5’ -> 3’ e 3’ -> 5’).
Toda a hélice é mantida estruturalmente estável através de ligações não
covalentes: ligações de H entre bases complementares e ligações
hidrofóbicas entre bases.

A replicação do DNA é semi-conservativa. As cadeias pré-existentes (mãe)


separam-se e cada uma delas serve de molde para a síntese de uma cadeia
nova (filha).

O intermediário do DNA é o RNA, cadeia linear transcrita a partir do DNA.


Existe no núcleo e no citoplasma. Envolvida em vários processos. Existem
vários tipos:
ribossomal,
mensageiro,
transferência, etc.
Promove a síntese
proteíca.
A síntese proteica
ocorre tanto no
citplasma, como na
membrana do
Retículo
Endoplasmático.

O DNA pode sofrer

desnaturação/renaturação. Quando ocorre desnaturação:


• Verifica-se uma diminuição da viscosidade;
• Aumento da absorvência das radiações;
• Aumento do coeficiente de sedimentação;

DNA de indivíduos diferentes pode por vezes hibridizar-se em DNA-filho com cadeias de DNA dos
indivíduos diferentes. Ocorrem em bactérias.

Mutações
Alterações no DNA que levam a alterações permanentes na informação genética. Podem ser
espontâneas (emparelhamento incorrecto – há mecanismos de correcção) ou induzidas (por radiação).

 Metabolismo
Quimiotrofismo: obtenção de energia química por oxidação de matéria orgânica;
Autotrofismo: obtenção de energia através da energia luminosa;

Metabolismo: série de reacções químicas interligadas que começa numa molécula e a converte noutra
de uma forma cuidadosamente definida. Pode ser um metabolismo anabólico ou catabólico.
 Anabolismo – formação de moléculas complexas a partir de moléculas simples, com
gasto energético;
 Catabolismo – quebra de moléculas, com libertação de energia;

Uma via metabólica:


1) As reacções individuais devem ser específicas (dar origem
apenas a um conjunto de produtos);
2) O conjunto de reacções da via deve ser favorável
termodinamicamente;

Por vezes, uma reacção favorável pode desencadear uma outra


desfavorável, com gaste de energia para o organismo.

ATP: Molécula rica em energia, muito favorável à ocorrência de reacções.

Nota: Uma sequencia de reacções termodinamicamente desfavorável pode ser convertida numa
favorável acoplando-a à hidrólise de um nº suficiente de moléculas de ATP. Um facto é que a
molécula de ATP tem grande tendência a perder um grupo fosfato.

Dados que evidenciam a elevada tendência que o ATP tem para perder grupos fosfatos:
1) A molécula de ADP (obtida através da perda de 1 grupo fosfato do ATP) tem maior capacidade
para estabilizar-se a si mesma por ressonância.
2) A pH=7, o ATP transporta 4 cargas negativas no trifosfato o que aumenta a repulsão entre elas.
Quando hidrolisado (perde 1 grupo fosfato), a repulsão diminui.
3) A água liga-se mais efectivamente ao ADP do que ao ATP.

Nos músculos do homem, aquando da utilização de ATP para energia celular,


este pode ser regenerado a partir dos fosfatos de creatinina segundo a reacção:

Todas as moléculas com carbono pode ser oxidadas para obtenção de ATP. Nas
células, o carbono é oxidado em CO2, libertando-se energia que regenera ATP
no processo. Nas moléculas de combustíveis (hidrocarbonetos de cadeia
longa), a oxidação ocorre em cada carbono de cada vez.
Resumindo, a oxidação de combustiveis permite a formação de gradientes de
protões. Estes accionam a síntese de ATP.
Digestão: obtenção de energia

1) As grandes moléculas são hidrolisadas em subunidades. Nao


ha produção de energia.
2) As pequenas moléculas são degradadas a unidades simples
com papéis centrais no metabolismo. Algum ATP é gerado.
3) É produzido ATP a partir da oxidação completa da unidade
acetil da acetil Coenzima A (ciclo de Krebs e fosforilação
oxidativa).

Nas vias metabólicas, os transportadores de electrões são


extremamente activos. O ATP é usado como fonte de grupos fosforil,
de maneira a produzir electrões que vão oxidar NAD+ e FAD. Os electrões são também usados na
redução para formação de NADP+.
A acetil coenzima A transporta 2 resíduos de carbono, que quando oxidados geram electrões. NADH,
NADPH e FADH2 reagem lentamente com o O2 na ausência de um catalisador e o ATP e o acetil CoA
são hidrolisados lentamente na ausência de um catalisador. Esta estabilização do processo na ausência
de enzimas permite ao organismo controlar o fluxo energético.

 Resumindo, a célula realiza uma regulação das reacções metabólicas através:


1) Do controlo da quantidade de enzimas;
2) Controlo das actividades catalíticas das enzimas;
3) Controlo da acessibilidade dos substratos;
4) Compartimentações onde ocorrem as reacções (mitocôndria, citosol, etc);

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