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Ferramentas

de Diálogo

Qualificando o uso das Técnicas de DRP


Diagnóstico Rural Participativo

Andréa Alice da Cunha Faria


Paulo Sérgio Ferreira Neto
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Ferramentas
de Diálogo
Qualificando o uso das Técnicas de DRP
Diagnóstico Rural Participativo
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Cr édit os Ín

Presidente da República Cooperação técnica e financeira


Luiz Inácio Lula da Silva Deutsche Gesellschaft for Technische
Zusammenarbeit - (GTZ) GmbH; República
Vice-presidente Federal da Alemanha - KfW; Programa das
5 Os
José Alencar Gomes da Silva Nações Unidas para o Desenvolvimento -
PNUD. Projeto BRA/03/009 IE
Ministra do Meio Ambiente
Marina Silva Instituto Internacional de Educação
do Brasil – IEB
M
Secretária de Coordenação da
Amazônia Diretora Executiva
Muriel Saragoussi Maria José Gontijo

Secretário de Políticas para o Corpo Técnico 9 O g


Desenvolvimento Sustentável Ailton Dias e Lidiane Melo - Programa Padis
Gilney Viana Camila de Castro e Márcia Côrtes -
Programa de Cursos
Secretário Técnico do Henyo T. Barretto Filho e Janilda Cavalcante
Departamento de Agroextrativismo - Programa Beca 15 Um
e Desenvolvimento Sustentável Gordon Armstrong - Consórcio Alfa
Jorg Zimmermann Manuel Amaral e Katiuscia Fernandes -
Programa de Manejo Florestal Comunitário
Coordenadora do Programa Piloto Alessandra Arantes e Íris da Rocha -
para Proteção das Florestas Tropicais Comunicação 23 Ma
Nazaré Soares
Editores
Instituto Internacional de Educação do
Subprograma Projetos Brasil – IEB
Demonstrativos – PDA 33 Ca
Secretário Técnico: Jorg Zimmermann Ministério do Meio Ambiente - MMA
Secretária Técnica Adjunta: Subprograma Projetos Demonstrativos - PDA
Anna Cecília Cortines
Equipe: Cláudia Alves, Demóstenes Moraes, Projeto Gráfico e Diagramação
Eduardo Ganzer, Elmar Castro, Francisca Raruti Comunicação e Design 41 Dia
Kalidaza Isis Lustosa, Klinton Senra, Mariza
Gontijo, Mauricio Muniz, Neide Castro, Fotos
Nilson Nogueira, Odair Scatolini, Rafaela Silva IEB; MMA/PDA; ProManejo Flona Tapajós;
de Carvalho, Rodrigo Noleto, Silvana Bastos Andréa Alice da Cunha Faria e APA-TO
Yandra Fontes Bastos e Zaré Brum. (Alternativas para a Pequena Agricultura no 51 Dia
Tocantins).

Catalogação na Fonte
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis 61 Ma
F224f Faria, Andréa Alice da Cunha.
Ferramentas do diálogo – qualificando o uso das técnicas do DRP: diagnóstico
rural participativo / Andréa Alice da Cunha Faria e Paulo Sérgio Ferreira Neto.
– Brasília: MMA; IEB, 2006.
76 p. : il. color ; 23 cm. 71 De
Bibliografia
ISBN 85-7738-052-1

1. Comunidade. 2. Agricultura sustentável. 3. Método DRP. I. Ferreira Neto,


Paulo Sérgio. II. Ministério do Meio Ambiente. III. Secretaria de
Desenvolvimento Sustentável – SDS. III. Subprograma Projetos Demonstrativos
– PDA. IV. Instituto Internacional de Educação do Brasil.V.Título.
CDU(2.ed.)631:502
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Í n di ce

cnica e financeira
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(GTZ) GmbH; República
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5 Os editores
ra o Desenvolvimento -
A/03/009 IEB
acional de Educação
MMA

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9 O guia
ne Melo - Programa Padis
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Filho e Janilda Cavalcante
15 Um pouco sobre o DRP
g - Consórcio Alfa
Katiuscia Fernandes -
ejo Florestal Comunitário
s e Íris da Rocha -
23 Mapa Falado

onal de Educação do

33 Calendário Sazonal
Ambiente - MMA
tos Demonstrativos - PDA

e Diagramação
ão e Design 41 Diagrama de Fluxo

oManejo Flona Tapajós;


unha Faria e APA-TO
a Pequena Agricultura no 51 Diagrama de Venn

rais Renováveis 61 Matriz Comparativa


as do DRP: diagnóstico
o Sérgio Ferreira Neto.

71 De volta ao começo

RP. I. Ferreira Neto,


aria de
rojetos Demonstrativos
V.Título.
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Instituto
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guiaDRP13.12 11/24/06 3:51 PM Page 5

Instituto Internacional de
es Educação do Brasil - IEB

O Instituto Internacional de Educação do Brasil -


IEB - é uma associação civil brasileira sem fins lucra-
tivos, cuja missão é capacitar, incentivar a formação,
disseminar conhecimentos e fortalecer a articulação
de atores sociais para o desenvolvimento sustentável.
O IEB atua por meio da capacitação técnica e profis-
sional na área socioambiental, do incentivo à qualifi-
cação para a conservação da biodiversidade e do
desenvolvimento sustentável, da gestão de recursos e
projetos, e da disseminação de conhecimentos.
Desde 2001, o IEB vem implementando o
“Programa de Apoio ao Desenvolvimento
Institucional e Sustentável – PADIS” - com o objeti-
vo de apoiar iniciativas, articulações e parcerias
locais voltadas para o enfrentamento de problemas
socioambientais. Já no início, as ferramentas de
Diagnóstico Rural Participativo se mostraram impor-
tantes instrumentos para a construção e fortaleci-
mento das iniciativas apoiadas.
Os autores deste guia participaram ativamente deste
processo, tanto como consultores quanto como
membros do colegiado responsável pelo planeja-
mento e pelas estratégias adotadas no programa. Sua
intenção ao elaborar este guia foi de fornecer aos
leitores um material de caráter instrumental voltado
a apoiar o trabalho de técnicos, lideranças comu-
nitárias e outros agentes que atuam com ênfase em
processos participativos de âmbito local.
O guia complementa outra importante publicação
do IEB sobre o mesmo tema, o livro “Metodologias
Participativas: Caminhos para o Fortalecimento de
Espaços Públicos Socioambientais”, recém lançado
pelo instituto. Com estas duas publicações, o IEB
pretende compartilhar importantes aprendizados
obtidos pelo PADIS quanto ao uso de métodos e
processos participativos em diferentes contextos e
realidades do Brasil.
Boa leitura e bom trabalho!
Ailton Dias
Coordenador do Programa Padis 5
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Ministéri
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Ministério do Meio Ambiente


es Projetos Demonstrativos - PDA
O Subprograma Projetos Demonstrativos – PDA -
é implementado pelo Ministério do Meio Ambiente
desde 1995, como parte do Programa Piloto para a
Proteção das Florestas Tropicais.Tem como principais
desafios demonstrar por meio de experiências ino-
vadoras e de cunho socioambiental a possibilidade
efetiva de construção de estratégias de desenvolvi-
mento sustentável. Além disso, a partir dos conheci-
mentos gerados nessas experiências, almeja-se influ-
enciar a formulação de políticas públicas que con-
tribuam para a disseminação e incorporação dessas
estratégias por outras comunidades, organizações e
instituições governamentais.
Desde 2003, o PDA concebe um novo sistema de
monitoria e avaliação, cuja implementação teve inicio
em 2005 junto aos novos projetos apoiados na
Amazônia e Mata Atlântica. Consideramos a monito-
ria um instrumento de reflexão para os projetos
sobre a caminhada de suas experiências. Essa
reflexão deve acontecer de forma partilhada com os
atores envolvidos no processo, identificando acertos
e erros, e revendo alguns passos de modo a corrigir
os rumos necessários.
Os autores deste guia colaboraram na fase de con-
cepção do Sistema de Monitoria e Avaliação do
PDA, especialmente na inclusão das ferramentas do
DRP como instrumento de apoio para possibilitar
um maior envolvimento do público e parceiros com
os objetivos e metas dos projetos. Essa inclusão se
deu por meio de um processo de capacitação viven-
cial da equipe do PDA e dos projetos apoiados.
Para o PDA, este guia significa um apoio relevante na
apropriação de mecanismos que favorecem a partici-
pação social e o fortalecimento das organizações
não governamentais, movimentos sociais, órgãos
públicos e outros atores envolvidos com ações
socioambientais.
Jorg Zimmermann 7
Secretário Técnico do PDA
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O Guia
A opção pelo título deste material obriga-nos,
antes de prosseguir, a tecer algumas considerações
sobre a palavra “diálogo”, que por definição significa
“a troca ou discussão de idéias, opiniões e con-
ceitos com vistas à solução de problemas e à busca
de entendimento entre as pessoas” (Dicionário
Aurélio Século XXI). A palavra encontra-se bastante
propagada, especialmente em uma época na qual
os discursos valorizam as formas de entendimento
entre povos, governos, classes sociais, gêneros e ge-
rações.
A percepção de que os processos de diálogo
podem contribuir para a construção de relações
sociais mais harmônicas traz implícita a compreen-
são de que este é também o caminho da formação
de cidadãos e cidadãs mais participativos, mais
reflexivos e, portanto, mais ativos diante da reali-
dade. Isso porque não há diálogos sem sujeitos, sem
aqueles que se expõem e se dispõem às trocas,
que se expressam e se abrem às idéias e aos con-
ceitos de um outro alguém, na busca por novos
entendimentos. A própria definição da palavra deixa
transparecer o seu aspecto “ativo” pois, se o diálo-
go visa a solução de problemas e o entendimento
entre pessoas, por si só, ele pressupõe um movi-
mento de mudança no pensamento daqueles que
participam do processo dialógico.
O assunto nos remete de imediato às idéias de um
educador brasileiro de renome internacional, o per-
nambucano Paulo Freire, falecido em maio de 1997.
Freire é mais conhecido, em particular no Brasil,
por ter criado um método de alfabetização alta-
mente eficaz, fundamentado em uma concepção de
educação “dialógica”, em oposição ao que ele
chamou de educação “bancária”, ou seja, aquela que
busca depositar conhecimentos sobre um ser
supostamente desprovido dele.

9
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Mas Freire fez muito mais do que influenciar o uni-


verso pedagógico academicamente voltado para o
pensar a educação. No ano de 1976, ele lança o livro
“Extensão ou Comunicação?”, voltado especialmente
aos profissionais das Ciências Agrárias, no qual alerta
que o trabalho desses profissionais não se esgota no
domínio da técnica, “pois esta não existe sem os
homens e estes não existem fora da história, fora da sos e momen
realidade que devem transformar” (FREIRE, 1983:49). tem-se da falt
tenha não ap
O livro é extremamente rico e contribuiu decisiva-
cias concretas
mente para a interação entre o pensamento de
vivenciadas na
Paulo Freire e os profissionais que, a exemplo dos
mente a este
autores desta publicação, atuam na assessoria a gru-
a partir de um
pos populares e iniciativas sócio-educativas advindas
prática.
dos movimentos sociais. Muitas dessas práticas funda-
mentavam-se justamente nas idéias e concepções da Devido a sua
Educação Popular, da Pesquisa Participante, da adaptativa, tai
Pesquisa-ação, do Planejamento Participativo, entre mente, em di
outras. seja rural, urb
bilidades são
Esta interação entre abordagens das ciências sociais e
DRP é muito
das ciências agrárias contribuiu para o desenvolvi-
pois muitos d
mento de diversas iniciativas inovadoras e coincidiu
tados foram o
com o crescimento da atuação das Organizações
das ciências a
Não-Governamentais (ONGs) no campo do
Universidade
Desenvolvimento Local Sustentável.
na segunda m
Em relação às atividades de pesquisa propriamente
Naquele mom
ditas, tal interação ocorre em um momento em que
envolvidos na
se buscam concepções e métodos de
beu a necessi
pesquisa agrícola de enfoque inte- dagem multid
grado, holístico e sistêmico. Isso e procedimen
colabora de forma decisiva que fossem c
para o desenvolvimento do dade dos agro
Diagnóstico Rural então, a elabo
Participativo (DRP) e suas pesquisa, fund
ferramentas de diálogo, de diagramas
objeto deste guia. simbólicas da
Nas últimas décadas, o se melhorar o
DRP vem despertando cos, pesquisad
grande interesse em diversos foram idealiza

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guiaDRP13.12 11/24/06 3:51 PM Page 11

O Guia

nciar o uni- segmentos da sociedade,


ado para o como Organizações Não-
e lança o livro Governamentais (ONGs),
specialmente universidades e instituições
o qual alerta de pesquisa. No entanto, as
se esgota no pessoas que se dedicam a
e sem os difundir a metodologia em cur-
tória, fora da sos e momentos de capacitação vivencial ressen-
IRE, 1983:49). tem-se da falta de um material prático, que con-
tenha não apenas descrições, mas também, referên-
uiu decisiva-
cias concretas sobre possibilidades e dificuldades
ento de
vivenciadas na aplicação das ferramentas. É justa-
emplo dos
mente a este propósito que estamos nos dispondo,
ssoria a gru-
a partir de uma reflexão crítica de nossa própria
vas advindas
prática.
práticas funda-
oncepções da Devido a sua grande flexibilidade e capacidade
nte, da adaptativa, tais ferramentas são utilizadas, atual-
ativo, entre mente, em diversos processos de reflexão coletiva,
seja rural, urbano, regional ou institucional. As possi-
bilidades são inúmeras. A palavra “rural” da sigla
ncias sociais e
DRP é muito mais, uma referência a sua origem,
esenvolvi-
pois muitos dos diagramas que aqui serão apresen-
e coincidiu
tados foram originalmente desenvolvidos no âmbito
anizações
das ciências agrárias, mais especificamente na
po do
Universidade de Chiang Mai, no norte da Tailândia,
na segunda metade da década de 70.
opriamente
Naquele momento, um grupo de pesquisadores
ento em que
envolvidos na Pesquisa de Sistemas Agrícolas perce-
étodos de
beu a necessidade de trabalhar, para além da abor-
enfoque inte- dagem multidisciplinar, com conceitos organizativos
sistêmico. Isso e procedimentos de trabalho relativamente formais
ma decisiva que fossem capazes de captar a grande complexi-
olvimento do dade dos agroecossistemas. Este grupo dedicou-se,
Rural então, a elaborar um modelo semi-estruturado de
(DRP) e suas pesquisa, fundamentado na construção participativa
de diálogo, de diagramas que se constituem representações
guia. simbólicas da realidade vivida. Com isso, pretendia-
écadas, o se melhorar o sistema de comunicação entre técni-
rtando cos, pesquisadores e agricultores. Os diagramas
m diversos foram idealizados de forma a representar quatro

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dimensões da reali- D - Diálogo


dade: espaço, tempo, R - Reflexão
fluxos e relações P - Planejam
(CONWAY, 1993).
Nesta publicação, Por mais apai
procuramos resgatar não pretende
o papel destes diagra- respeito do D
mas como “ferramentas as suas princi
de diálogo” que favorecem subsidiar a aç
a interpretação coletiva da desejem prom
realidade em suas várias dimensões. produtivo.
No Brasil, tais ferramentas foram difundidas principal- Processos par
mente por meio de diversas ONGs, especialmente to e/ou moni
aquelas ligadas à Rede PTA (Projeto Tecnologias mentas adequ
Alternativas) que a partir do final dos anos 80, sobre sua con
começaram a usar a metodologia do DRP em seus a definição de
trabalhos. O intercâmbio, com pesquisadores do IIED temática, os s
(International Institute for Environment and construção d
Development), sediado em Londres-UK, foi funda- promoção da
mental para que tal processo ocorresse.
A natureza de
O DRP, assim como o Diagnóstico Rural Rápido fundar tal disc
(DRR), o Diagnóstico e Desenho (D&D) e o enorme desa
Sondeio (do espanhol, sondeo) é parte de uma mentos e pos
abordagem conhecida como Diagnósticos Rápidos uma participa
de Sistemas Rurais (DRSR), contemporânea da Aqui, partimo
Pesquisa de Sistemas Agrícolas. Em sua especifici- após a constr
dade, o DRP é definido como “uma família metodológica
crescente de enfoques e métodos dirigidos tivos, a media
a permitir que a população local comparti- com habilidad
lhe, aumente e analise seus conhecimentos capazes de fa
sobre a realidade, com o objetivo de plane- va. É neste as
jar ações e atuar nesta realidade” (CHAM- concentrar: n
BERS,1994: 953).Tem, portanto, forte relação com de ferrament
o planejamento e o envolvimento da população leitores e leito
local, não apenas como informantes, mas especial- prática.
mente como cidadãos ativos, agentes de ações
coletivas, fomentadas por meio do diálogo e da
reflexão.
Pelo exposto até aqui, o DRP também poderia ser
lido como:

12
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O Guia

s da reali- D - Diálogo
paço, tempo, R - Reflexão
relações P - Planejamento
WAY, 1993).
ublicação, Por mais apaixonante que seja o assunto, este guia
mos resgatar não pretende realizar uma discussão aprofundada a
estes diagra- respeito do DRP. Ele limita-se a apresentar e discutir
ferramentas as suas principais ferramentas com a finalidade de
ue favorecem subsidiar a ação de mediadores e mediadoras que
oletiva da desejem promover um diálogo coletivo, franco e
s dimensões. produtivo.
idas principal- Processos participativos de diagnóstico, planejamen-
pecialmente to e/ou monitoramento necessitam, além de ferra-
nologias mentas adequadas, de uma consistente reflexão
nos 80, sobre sua concepção metodológica, a fim de apoiar
RP em seus a definição de objetivos, a abrangência física e
dores do IIED temática, os sujeitos envolvidos, bem como a
and construção de uma estratégia eficiente de
, foi funda- promoção da participação.
.
A natureza deste material não nos permite apro-
ral Rápido fundar tal discussão, mas obriga-nos a pontuar o
D) e o enorme desafio inerente à cons-trução de procedi-
e de uma mentos e posturas capazes de promover
cos Rápidos uma participação efetiva e construtiva.
ânea da Aqui, partimos da hipótese de que
especifici- após a construção de uma estratégia
ma família metodológica coerente com os obje-
s dirigidos tivos, a mediação necessite manejar
comparti- com habilidade ferramentas úteis,
ecimentos capazes de favorecer a reflexão coleti-
o de plane- va. É neste aspecto que o material irá se
” (CHAM- concentrar: na instrumentalização para o uso
elação com de ferramentas de diálogo, compartilhando com os
opulação leitores e leitoras, um pouco de nossa experiência
as especial- prática.
de ações
ogo e da
Os Autores

poderia ser

13
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Um
sob
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Um pouco
sobre o DRP
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Um po
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Possibilidad
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4Planejamen

Motivações
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de discussão.
4Permitir a p
num mesmo
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com a equipe
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potencialidad
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conhecimento
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residem no lo
4Facilitar a v
processo de d
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Um pouco sobre o DRP


As ferramentas utilizadas no DRP são diagramas
visuais e interativos que representam aspectos de
uma determinada realidade e vão sendo construí-
dos por um grupo de pessoas em discussão. Cada
ferramenta tem usos e procedimentos específicos,
mas todas elas são instrumentos de abstração acer-
ca da realidade passada, atual ou futura.

Possibilidades de uso
4Levantamento e/ou análise de informações.
4Mediação de diálogos.
4Planejamento e/ou monitoramento de ações.

Motivações para a sua utilização


4Trabalhar com uma linguagem comum ao grupo
de discussão.
4Permitir a participação de alfabetizados ou não,
num mesmo grupo.
4Facilitar o diálogo entre os participantes e destes
com a equipe de pesquisadores.
4Despertar a discussão sobre problemas e
potencialidades da realidade em questão.
4Permitir o levantamento e a análise do
conhecimento coletivo.
4Trabalhar com as percepções das pessoas que
residem no local.
4Facilitar a verificação de informações obtidas no
processo de diagnóstico.

17
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Recomendações gerais para o uso das 4Atentar pa


ferramentas seqüência na
4Assegurar bom nível de participação, vão inserindo
considerando a diversidade social existente, a fim diagrama e/ou
de garantir a presença de diferentes visões e atores discussões.
(jovens, idosos, homens, mulheres, grupos formais, 4Ter pelo m
informais, públicos, privados etc.). relatores, a fim
4Explicar o objetivo do trabalho e como será feito um bom regis
o exercício. feito pelo gru
4Manter postura investigativa e problematizadora, 4Na constru
buscando clarear e aprofundar as informações e o utilizar mater
debate.
4Em caso de
4Zelar para que o diagrama mantenha-se investigar, sem
compreensível para as pessoas durante as
discussões do grupo. A utilização de elementos 4Evitar fazer
móveis, ao invés de riscos sobre um papel, favorece fiel à elaboraç

4Manter po
que o desenho vá sendo construído e corrigido,
sem dificuldades.
a facilitar a liv
4Fazer sempre perguntas abertas, ou seja, que
permitam qualquer resposta e não determinem 4Registrar o
opções para quem está respondendo. forma como

4Evitar perguntas indutivas, isto é, que conduzam 4Falar meno

4Fotografar
as pessoas para uma determinada resposta.

diagrama e o

Principais F
4Mapa Falad

4Calendário

4Diagrama d

4Diagrama d

4Matriz Com

18
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U m p o u c o s o b re o D R P

o das 4Atentar para a ordem ou


seqüência na qual as pessoas
, vão inserindo elementos no
ente, a fim diagrama e/ou nas
sões e atores discussões.
os formais, 4Ter pelo menos dois
relatores, a fim de garantir
mo será feito um bom registro do debate
feito pelo grupo.
ematizadora, 4Na construção dos diagramas, procurar
mações e o utilizar materiais disponíveis no local.

4Em caso de opiniões conflitantes, registrar,


a-se investigar, sem buscar uma definição absoluta.
as
ementos 4Evitar fazer correções no diagrama, mantendo-o
apel, favorece fiel à elaboração do grupo.

4Manter postura discreta e observadora de forma


corrigido,
a facilitar a livre expressão das pessoas do grupo.
seja, que
erminem 4Registrar o resultado final, ou seja, o diagrama na
forma como ele foi finalizado pelo grupo.

conduzam 4Falar menos. Escutar mais.

4Fotografar o processo de construção do


osta.

diagrama e o produto final.

Principais Ferramentas
4Mapa Falado

4Calendário Sazonal

4Diagrama de Fluxo

4Diagrama de Venn

4Matriz Comparativa

19
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Dimensões abordadas com o uso das 4Os fluxos


ferramentas
O Diagrama
As ferramentas de DRP são capazes de captar e representação
representar a complexidade da realidade em torno coloca em dis
de quatro padrões básicos: espaço, tempo, fluxos e movimento “d
relações. e sai”, seja em
uma localidad

4A dimensão espacial
tema produti
qualquer outr
O Mapa Falado é a ferramenta privilegiada para físico”. A título
abordar esta dimensão. Durante sua confecção, está pode-se estar
em debate tudo aquilo que tem representação no insumos que
espaço como rios, matas, casas, escolas, fábricas, pessoas que s
entre outros. nada localidad

4As relaçõ
O Diagrama
de causas e c
ou fenômeno
existentes en
Matriz Comp
análises comp
discussão das
4A dimensão temporal o Diagrama d

Em um Calendário Sazonal ou em uma Matriz


Histórica, o que move a discussão é o tempo, os
fatos ocorridos, os ciclos históri-
cos, as diferenças sazonais
que marcam determina-
dos aspectos da reali-
dade, como chuvas,
doenças, variações da
população, disponibili-
dade de recursos
financeiros ou naturais,
entre outros.

20
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U m p o u c o s o b re o D R P

das 4Os fluxos


O Diagrama de Fluxo, como
e captar e representação de caminhos,
de em torno coloca em discussão o
mpo, fluxos e movimento “do que entra
e sai”, seja em relação a
uma localidade, a um sis-
tema produtivo ou a
qualquer outro “espaço
iada para físico”. A título de exemplo,
onfecção, está pode-se estar falando dos
sentação no insumos que entram ou das
fábricas, pessoas que saem de uma determi-
nada localidade.

4As relações
O Diagrama de Fluxo, quando usado para análise
de causas e conseqüências de um determinado fato
ou fenômeno, evidencia as relações e interações
existentes entre diversos aspectos da realidade. A
Matriz Comparativa é a ferramenta privilegiada para
análises comparativas, como o nome sugere. Já para
discussão das relações sociais utiliza-se, em especial,
o Diagrama de Venn.

a Matriz
tempo, os
clos históri-
ças sazonais
m determina-
tos da reali-
mo chuvas,
variações da
ão, disponibili-
recursos
ou naturais,
.

21
guiaDRP13.12 11/24/06 3:52 PM Page 22

Ma
Fa

Caract

4Possibilita
4Auxilia na
4Permite o
guiaDRP13.12 11/24/06 3:52 PM Page 23

M a pa
Fal ado

Características marcantes

4Possibilita uma visão espacial do local


4Auxilia na obtenção de informações exploratórias
4Permite obter uma visão geral da realidade
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M a pa Fal ado D es c
T rata-se de
tativo do esp
está sendo ob
Pode ser um
nidade, um m
uma universid
É uma ferram
cutir diversos
de forma amp
como técnica
tico.
Normalmente
amplo ou me
Os elemento
tações dos co
análise e que
cussão. Pode
d’água, uma e
As discussões
do que existe
Assim como
aqui apresent
mentos móve

“o ma
construído
elementos m
disponíveis
local e
disponibiliz
pela moderaç
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do D es cr i ç ão
T rata-se de um desenho represen-
tativo do espaço ou território que
está sendo objeto de reflexão.
Pode ser um bairro, uma comu-
nidade, um município, um país,
uma universidade, entre outros.
É uma ferramenta que permite dis-
cutir diversos aspectos da realidade
de forma ampla, sendo muito utilizada
como técnica exploratória, no início de um diagnós-
tico.
Normalmente, é desenhado no chão, num pátio
amplo ou mesmo em um terreiro de barro.
Os elementos que formarão o mapa são represen-
tações dos componentes daquele espaço em
análise e que são destacados pelo grupo na dis-
cussão. Pode ser uma escola, um rio, uma caixa
d’água, uma estrada, entre outros.
As discussões acontecem por ocasião da localização
do que existe naquele lugar.
Assim como todas as outras ferramentas que serão
aqui apresentadas, o mapa é construído com ele-
mentos móveis disponíveis no local e/ou disponibi-
lizados pela moderação.
“o mapa é Barbante, folhas, pedras, fitas
coloridas são alguns dos
construído com recursos utilizados para
elementos móveis representar os componentes
da realidade. Essa mobili-
disponíveis no dade permite que as modifi-
local e/ou cações possam ser feitas a
qualquer momento, sem
disponibilizados prejudicar a visualização do
pela moderação.” diagrama grupo.
por parte do

25
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O Processo de Construção
A construção do mapa falado A cada novo
“explorar” o
requer um espaço amplo, sendo
melhor conduzido ao ar livre, como Por exemplo,
por exemplo à sombra de uma um rio, deve-
árvore. uso, a qualida
cionadas.
Uma vez escolhido o local adequado,
reúne-se todo o grupo ao redor desse As informaçõ
espaço. Após apresentações, descontrações e expli- importantes,
cações, inicia-se o exercício pedindo que alguém do é fundamenta
grupo desenhe o lugar que está sendo estudado, de
forma que ele “caiba” naquele espaço. O diagrama
ador da dis
Às vezes, as pessoas não têm muita intimidade com mantido “li
mapas e, para facilitar, pode-se propor a imaginação aos particip
do que é visto por um pássaro da região. tante para
em torno d
É interessante deixar a pessoa começar por onde
ela quiser. Isso é importante para não atrapalhar a Ao final, é int
sua lógica e o seu longe para o
raciocínio. Mais rele- podemos ver
vante será manter a importante ta
atenção de todos bém reprodu
naquele que se dispôs diagrama em
a começar o desenho. e isso deve se
feito, de prefe
À medida que os pelos particip
componentes da reali- Esse registro
dade vão sendo lem- poderá servir
brados, procura-se utilização pos
representá-los utilizan- em uma resti
do materiais ou como me
disponíveis no local: e para a próp
folhas, flores, pedras, tematização d
sementes, barbante, giz informações c
colorido, entre outros. tadas.

26
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Mapa Falado

nstrução
A cada novo componente representado, deve-se
“explorar” o conhecimento do grupo a respeito.
Por exemplo, quando se tratar da representação de
um rio, deve-se questionar - a todos - sobre o seu
uso, a qualidade da água e outras questões rela-
cionadas.

As informações expressadas verbalmente são muito


ções e expli- importantes, mais do que o produto final, e por isso
ue alguém do é fundamental que sejam bem registradas.
estudado, de
O diagrama em si (mapa falado) é o medi-
ador da discussão e, portanto, deve ser
imidade com mantido “limpo”, de forma compreensível
a imaginação aos participantes. Ele é um recurso impor-
ão. tante para manter a atenção das pessoas
em torno das discussões.
r por onde
atrapalhar a Ao final, é interessante convidar o grupo a olhar de

s
e o seu longe para o desenho e perguntar: “o que
. Mais rele- podemos ver?”. É
á manter a importante tam- Perguntas-
de todos
ue se dispôs
bém reproduzir o Chave
diagrama em papel,
r o desenho. e isso deve ser 4O que existe aqui?
4O que (mais) podemos
feito, de preferência,
que os pelos participantes.
ntes da reali- ver (comparando
Esse registro
sendo lem- poderá servir para
com a visão de um
rocura-se utilização posterior, pássaro)?
á-los utilizan- em uma restituição 4Como? Quando? Onde?
ais ou como memória, Pra quê? Por quê?
s no local: e para a própria sis- Quanto (s)?
res, pedras,
4Sempre foi assim
tematização das
, barbante, giz informações cole-
entre outros. tadas. (evolução histórica)?

27
½
guiaDRP13.12 11/24/06 3:52 PM Page 28

Pos s i bil i dad es Var i a


4Evolução Histórica: através da pergunta 4A primei
“sempre foi assim?”, pode-se captar informações
refere-se à es
sobre o passado e sua evolução a partir da
descrição de determinado aspecto ou do mapa (desde uma c
como um todo. bairro até o m

4Identificação de cenários futuros: por meio


que isso vai in
de detalhe da
da pergunta “como estará este desenho daqui a ‘X’
anos?” pode-se perceber tendências e por meio da discussões e d
pergunta “como queremos que este desenho esteja desenho. No
daqui a ‘X’ anos?” pode-se identificar sonhos e representar u
projetos, individuais e coletivos. pode-se ter o
4Percepção de bem-estar: de forma indireta, até ao nível d
pode-se captar como o grupo percebe, por roçados de ca
exemplo, as “pessoas de sucesso” daquela se tratar de u
determinada sociedade. Dependendo da escala do geral e o deb
mapa, ao se localizar a casa de uma pessoa, podem regiões, quand
surgir comentários sobre sua condição de vida ou
características
sobre sua inserção social.
semelhanças
4Identificação de valores: a ordem como os
aspectos da realidade vão sendo discutidos pelo
grupo pode ser também indicativo dos valores que
as pessoas atribuem a eles. 4 utra va
O
4Identificação de infra-estrutura: é possível, construção d
de forma rápida e eficiente, identificar a infra- casos, o exerc
estrutura existente no local estudado (exemplo: dentro para f
escolas, estradas, postos de saúde e outros), bem
desenha-se lo
como, colocar em discussão a qualidade dos
território. Isso
serviços prestados.

4Estratificação de ambientes: o
quem começ
como já foi d
mapa falado permite a identificação de objeto de inte
ambientes distintos dentro de um orientação. É
mesmo espaço geográfico como, por diferentes cam
exemplo, regiões mais secas e mais
úmidas de um município.

28
½
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@
es Var i a ç õ es
ergunta 4A primeira variação
ormações
refere-se à escala do mapa
ir da
do mapa (desde uma comunidade ou
bairro até o mundo). É claro
que isso vai influenciar o nível
os: por meio
de detalhe das informações e
o daqui a ‘X’
por meio da discussões e do próprio
esenho esteja desenho. No caso de
onhos e representar uma comunidade,
pode-se ter o detalhamento
rma indireta, até ao nível das casas ou dos
e, por roçados de cada um. Quando
ela se tratar de um município, o mapa deve ser mais
da escala do geral e o debate deve se concentrar na leitura por
ssoa, podem regiões, quando podem ser discutidas as
de vida ou
características, as tendências, as diferenças, as
semelhanças etc.
m como os
tidos pelo
s valores que
4 utra variação refere-se à forma de
O
a: é possível, construção do mapa. Em alguns
a infra- casos, o exercício começa de
(exemplo: dentro para fora; em outros,
tros), bem
desenha-se logo os limites do
e dos
território. Isso depende de
quem começa o desenho e,
mbientes: o como já foi dito, não deve ser
ntificação de objeto de intervenção/
o de um orientação. É possível, por
como, por diferentes caminhos, chegar ao mesmo lugar.
s e mais

29
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V
Problemas mais comuns
4Começar com uma escala muito
grande e faltar espaço. É preciso
atenção a isso e definir, logo de
início, o espaço disponível para o
desenho como um todo.
4Alteração muito grande na
escala durante o exercício. Sempre
que necessário, deve-se fazer
referência à escala que foi dada àquilo
que já está desenhado/representado.
4A pessoa que iniciou o desenho pode tender
a conduzir sozinha o exercício e o restante do
grupo ficar disperso, sem participar. Deve-se
sempre “puxar” a opinião dos outros, perguntando
se concordam com o que está sendo feito, se é
aquilo mesmo.
4Pode ocorrer também um outro tipo de
dispersão, fruto da vontade de completar
rapidamente o mapa, ou do tamanho muito
grande do grupo, ou mesmo pelo fato de o grupo
reunir um bom número de pessoas bem
participativas e com muita informação. Nestas
situações, podem se formar pequenos grupos,
sendo que cada um vai “completando uma parte
do mapa”. É possível deixar o grupo à vontade, por
um período. Entretanto, logo que possível, isso deve
ser corrigido, chamando todos a um mesmo ponto
da discussão. Para isso, pode-se recorrer
aleatoriamente a um dos elementos já
representados, de forma a retomar o debate, já que
o maior objetivo não é completar o mapa, e sim
propiciar a discussão sobre cada componente da
realidade.
4Sempre que possível não deixe que sejam
colocados no mapa muitos elementos ao
mesmo tempo.
30
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V
comuns
la muito
preciso
logo de
nível para o
o.
grande na
cício. Sempre
azer
dada àquilo
sentado.
pode tender
restante do
ve-se
perguntando
eito, se é

o de
etar
ho muito
de o grupo
m
Nestas
grupos,
uma parte
vontade, por
vel, isso deve ...“o maior objetivo
esmo ponto
er não é completar o
debate, já que
mapa, e sim
apa, e sim propiciar a
onente da
discussão sobre
sejam cada componente
os ao da realidade.”
31
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Cal
Saz

Caract

4Permite u
acontecim
4Evidencia
4Correlaci
de um m
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Calendário
Sazonal

Características marcantes

4Permite uma visão temporal dos


acontecimentos/aspectos
4Evidencia ciclos naturais e sociais
4Correlaciona diferentes informações a respeito
de um mesmo período
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Cal en d ár i o S a zon al D es c
T rata-se de
qual um dos
o tempo, divid
ou dias.
Geralmente é
chão e nela v
inseridos elem
cos, conforme
discussão.
Os aspectos
tabela estão e
e também do
O importante
variação signi
Podem ser va
ocupação de
doenças, disp
família, entre
Os elemento
representativo

“Os elemento
que irão c
ta
representa
informações d
muitas vezes, d
com
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a zon al D es cr i ç ão
T rata-se de uma tabela na
qual um dos eixos é sempre
o tempo, dividido em meses
ou dias.
Geralmente é riscada no
chão e nela vão sendo
inseridos elementos simbóli-
cos, conforme o desenrolar da
discussão.
Os aspectos que irão compor o outro eixo da
tabela estão em função do conhecimento do grupo
e também do interesse da investigação.
O importante é que sejam aspectos que tenham
variação significativa naquele período em questão.
Podem ser variações climáticas, etapas dos cultivos,
ocupação de mão-de-obra, festas, ocorrência de
doenças, disponibilidade financeira, atividades da
família, entre outros.
Os elementos móveis que irão compor a tabela são
representativos das informações discutidas, muitas
vezes, de forma com-
parativa.
“Os elementos móveis
Esta é uma ferra-
que irão compor a menta que permite
tabela são ampliar o espaço de
representativos das tempo investigado
para além do
informações discutidas, momento da reunião
muitas vezes, de forma do grupo.
comparativa.”

35
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O Processo de Construção
A técnica do calen-
dário pode ser bem “Deve-se deixar o
conduzida praticamente grupo à vontade
em qualquer lugar, ao ar
livre ou em ambientes para construir o
fechados.
calendário. Não
Após apresentações,
descontrações e expli- é relevante que
cações, inicia-se o exer- comece sempre por
cício pedindo que
alguém risque no chão o janeiro”. dos p
período de tempo que pedras ou sem
será analisado (isso deve ser previamente definido A cada linha c
com o grupo). cutido, deve-s
Deve-se deixar o grupo à vontade para construir o com pergunta
calendário. Não é relevante que comece sempre quê, por quê,
por janeiro. deixar o grup
O eixo do tempo será o horizontal (por exemplo) para isso, pod
da tabela. O eixo vertical será construído pelos por aqui” ?
aspectos de interesse da pesquisa e do grupo. É Ao final, é int
importante que os aspectos a serem discutidos sante convida
apresentem variação no período de tempo em
grupo a fazer
questão.
leituras no se
A cada aspecto mencionado, por exemplo, “chuva”, “vertical”, ou
forma-se uma linha da tabela. Para “preencher a correlacionan
linha”, pergunta-se qual o perío- diferentes info
do de maior ocorrência e
mações sobre
em seguida, o de menor
mesmo mom
ocorrência, a fim de
estabelecer um ou período.
parâmetro de com-
paração para o
preenchimento das
demais interseções.

36
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Calendário Sazonal

strução
Usando uma escala de zero a
e deixar o cinco, por exemplo, atribui-se
à vontade 5 pontos para o mês mais
chuvoso, e define-se pro-
onstruir o porcionalmente quanto
ário. Não deve ser atribuído ao mês
menos chuvoso. E assim
ante que sucessivamente.
e sempre por Os pontos podem ser representa-
”. dos por algum elemento móvel, como
pedras ou sementes.
nte definido A cada linha construída, ou seja, a cada aspecto dis-
cutido, deve-se explorar as informações desejadas
a construir o com perguntas do tipo: “como, quando, onde, pra
ce sempre quê, por quê, quanto(s) etc.” Também é importante
deixar o grupo propor novas linhas (aspectos) e,

N
or exemplo) para isso, pode-se perguntar: “o que mais acontece
ído pelos por aqui” ?
grupo. É Ao final, é interes-
iscutidos sante convidar o Lembre-se:
4que as informações
mpo em
grupo a fazer
leituras no sentido
mplo, “chuva”, “vertical”, ou seja, verbais precisam ser
eencher a correlacionando bem exploradas e
qual o perío- diferentes infor- anotadas.
4de manter o desenho
corrência e
mações sobre um
o de menor
mesmo momento
, a fim de “legível” para os
er um ou período.
componentes do
ro de com-
grupo.
para o
mento das 4de copiar o desenho
terseções. em papel.

37
½
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Pos s i bil i dad es Var i


4Calendário Histórico:
a partir da pergunta “sempre foi assim?”
4Rotina Diár
quando o per
dia. Neste cas
onde vão sen
4Visão quantitativa: dades desenv
com homens
noção de intensidade e obtenção de dados quanti-
diferentes reg
tativos de alguns aspectos analisados.

4Correlacionar diferentes informações de


um mesmo período:
fazer a relação entre diferentes aspectos analisados
(exemplo: chuva e época de plantio), considerando
um mesmo período.

Problem

4O Calendário
simples de se
mais da falta
um exercício
memória.

38
½
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@
es Var i a ç õ es


4 Rotina Diária:
quando o período de tempo investigado é de um
dia. Neste caso, costuma-se apenas riscar uma linha
onde vão sendo colocados os horários e as ativi-
dades desenvolvidas. Pode ser feito separadamente,
com homens e mulheres, para comparar os
ados quanti-
diferentes regimes de trabalho.

mações de

os analisados
onsiderando

V
Problemas mais comuns

4 O Calendário Sazonal é uma técnica relativamente


simples de ser realizada. Os problemas decorrem
mais da falta de informações, por tratar-se de
um exercício que requer um esforço da
memória.

39
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Di
de

Carac

4Possibilit
tipos
4É possív
aspecto
4Pode ser
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Diagrama
de Fluxo

Características marcantes

4Possibilita identificar inter-relações de diversos


tipos
4É possível aprofundar temas e determinados
aspectos da realidade
4Pode ser utilizado para análise de informações
guiaDRP13.12 11/24/06 3:52 PM Page 42

D i a g r am a d e F l ux o D es c

Trata-se de
jetas (retângu
dispostas com
pode ter dua
sentação:

4caminhos
4causas-co

As tarjetas re
hos, os “comp
lizadas para in
Poderão ser u
para ajudar n
proporções p
relação.
A técnica pod

“A
repr
em pala
de
“componentes”
e setas serão
para
seu
guiaDRP13.12 11/24/06 3:52 PM Page 43

F l ux o D es cr i ç ão

Trata-se de um conjunto de tar-


jetas (retângulos de cartolina)
dispostas como um fluxo que
pode ter duas lógicas de repre-
sentação:

4caminhos (no sentido físico);


4causas-conseqüências.

As tarjetas representarão, em palavras e/ou desen-


hos, os “componentes” do fluxo e setas serão uti-
lizadas para indicar o seu “sentido”.
Poderão ser utilizadas tarjetas de diversas cores
para ajudar na representação e setas de diferentes
proporções para dar noção da “intensidade” da
relação.
A técnica pode ser conduzida no chão ou em
quadros, painéis
“As tarjetas ou paredes.
Nestes casos, uti-
representarão, liza-se alfinetes ou
em palavras e/ou fita adesiva para
desenhos, os fixar as tarjetas e
as setas, para que
“componentes” do fluxo não se perca a
e setas serão utilizadas mobilidade dos
para indicar o elementos.
seu “sentido”.

43
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O Processo de Construção
Para facilitar a compreensão, as duas lógicas de 4Diagrama
representação (caminhos e causas-conseqüências) causa-conse
serão descritas em separado:
Enquanto téc
o foco primár
4Diagrama de fluxo de caminhos. de fluxo não
co ou instituc
A técnica de utilizar o diagrama de fluxo como uma fato, um fenô
representação de caminhos consiste em adotá-lo das vezes, um
como um exercício de reflexão sobre o que entra
e o que sai de um(a): local, sistema, instituição, orga- Da mesma fo
nização, entre outros. foco primário
agrícola, águas
O primeiro passo é representar o foco primário do pouca particip
debate (exemplo: um município, uma mata, um chão/parede/
roçado, uma ONG, um movimento), seja pelo seu
nome ou um desenho em uma tarjeta, ou qualquer
representação significativa para o grupo. C ada respos
representada
posicionadas
A cada elemento incorporado, realiza-se o
cias, abaixo.
processo de investigação desejado: “como, quando,
onde, pra quê, por quê, quanto(s) etc”. É possível, Conforme a d
inclusive, mensurar algumas informações de forma levar o foco d
numérica ou comparativa. Por exemplo, quanto de para outras ta

s
adubo entra no cultivo da soja ou quantos jovens explorando-s
têm deixado o problemática
município. toda a sua
Perguntas- complexidade
De acordo com o
Chave debate, as pergun- O diagrama d
tas-chave vão sendo fluxo causa-
4O que entra?
feitas também para conseqüência
os focos bastante utiliz
de onde vem? secundários que na análise dos
4O que sai? vão surgindo no
dados coletad
decorrer da realiza-
para onde vai? em um diagn
ção da técnica.

44
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Diagrama de Fluxo

strução
ógicas de 4Diagrama de fluxo de
seqüências) causa-conseqüência.

Enquanto técnica de análise,


o foco primário do diagrama
s. de fluxo não é um espaço físi-
co ou institucional, e sim um
xo como uma fato, um fenômeno ou, na maioria
m adotá-lo das vezes, um problema.
o que entra
tituição, orga- Da mesma forma, o primeiro passo é representar o
foco primário (como exemplo: queda na produção
agrícola, águas poluídas, baixa representatividade,
o primário do pouca participação etc.) e situá-lo no centro (do
mata, um chão/parede/quadro).
eja pelo seu
ou qualquer
o. C ada resposta deve ser devidamente investigada e
representada em uma nova tarjeta. As causas são
posicionadas acima do problema e as conseqüên-
-se o
cias, abaixo.
mo, quando,
É possível, Conforme a discussão vai prosseguindo, pode-se
es de forma levar o foco dos debates (e das perguntas-chave)
o, quanto de para outras tarjetas que vão compondo o diagrama,

s
ntos jovens explorando-se ao máximo a reflexão sobre a
ixado o problemática em
pio. toda a sua
complexidade.
Perguntas-
ordo com o
, as pergun- O diagrama de Chave
ve vão sendo fluxo causa-
4O que está causando
ambém para conseqüência é
os bastante utilizado aquela situação?
ários que na análise dos
gindo no
dados coletados 4O que aquela situação
er da realiza- está provocando?
em um diagnóstico.
técnica.

45
½
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Pos s i bil i dad es Var i


4 Identificação de necessidades, entraves 4Existe um
e/ou pontos obscuros: em casos de utilização do conhecida co
diagrama de fluxo para análise, ficam evidentes fator tempo e
necessidades e entraves da realidade e até, pontos
desdobramen
obscuros da própria investigação. Nestes casos,
de conseqüên
novas etapas de levantamento de informações
podem ser programadas. Neste caso, a
analisado é co

4 Levantamento de propostas: a partir da


e os desdobr
progressivame
construção de um diagrama de fluxo voltado para
o tronco, os g
análise da realidade, o próprio desenho final pode
4Fluxos m
ser útil para priorizar problemas e levantar
propostas. Nestes casos, recomenda-se utilizar
tarjetas de cor diferente para identificar as construídos p
propostas. podem ser co
divididos em

4 Análises gerais ou específicas: em função 4 ma mat


U
dos objetivos, pode-se, por exemplo, analisar a construção d
queda da produção como um todo ou a queda de conseqüência
produção de um determinado cultivo.
principais pro

4 Visão quantitativa de algumas informações:


eixo horizont
seqüência. No
noção de intensidade e obtenção de dados interseções n
quantitativos de alguns aspectos analisados, os problemas
especialmente no diagrama de fluxo de
mesmo sentid
caminhos.
sobre o verti

4 Associação com
para resolver
quais dos out
Calendário Sazonal: após a problemas po
aplicação da técnica do calendário
as interseçõe
com o grupo, pode-se propor
uma reflexão sobre o que entra e interação, na

4No fluxo
o que sai daquela realidade,
construindo então, com foco no
desenho do calendário, um diagrama de tarjetas, qu
de fluxo de caminhos. componentes

46
½
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@
es Var i a ç õ es
s, entraves 4Existe uma outra ferramenta semelhante a esta,
utilização do conhecida como árvore de objetivos que inclui o
videntes fator tempo e é muito utilizada para discutir
até, pontos
desdobramentos. É como se fosse um fluxo, apenas
es casos,
de conseqüências, virado de cabeça para baixo.
mações
Neste caso, a primeira tarjeta com o aspecto a ser
analisado é colocado na base (como se fosse a raiz)
e os desdobramentos vão sendo alocados,
a partir da
progressivamente, acima dela, formando o que seria
oltado para
o tronco, os galhos, as folhas e os frutos.
o final pode
4Fluxos muito complexos podem ser
ntar
utilizar
r as construídos por partes e depois agregados, ou
podem ser construídos de forma genérica e depois,
divididos em sub-fluxos, para aprofundamento.

em função 4 ma matriz de relações lógicas pode ajudar na


U
nalisar a construção de diagramas de fluxo de causa-
a queda de conseqüência.Trata-se de uma tabela onde os
principais problemas são relacionados, tanto no
eixo horizontal quanto no vertical, na mesma
nformações: seqüência. No corpo da matriz serão marcadas as
ados interseções nas quais existe interdependência entre
nalisados, os problemas. A leitura precisa ser feita sempre no
e fluxo de
mesmo sentido. Por exemplo, do eixo horizontal
sobre o vertical, por meio de perguntas do tipo:
para resolver tal problema, precisamos resolver
m quais dos outros problemas? Posteriormente, os
al: após a problemas podem ser transformados em tarjetas e
do calendário
as interseções, em setas ligando os problemas em
e propor
o que entra e interação, na lógica da causa-conseqüência.

4No fluxo de caminhos, pode-se usar no lugar


idade,
m foco no
m diagrama de tarjetas, qualquer material que represente os
componentes do fluxo.

47
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V
Problemas mais comuns
Ocorrem principalmente quando o
diagrama de fluxo é utilizado para análises.
São eles:

4Dificuldades na interpretação do que é


causa e do que é conseqüência. Sendo estes
conceitos realmente relativos, procura-se caso a
caso buscar a compreensão a partir da própria
discussão. Porém, às vezes, pode acontecer de um
fato ser tanto causa quanto conseqüência de um
mesmo problema. Neste caso, deve ser
representado por 2 tarjetas diferentes.

4Como o exercício de análise envolve uma boa


dose de abstração, geralmente consome bastante
energia e pode ser cansativo para o grupo,
causando dispersão. Nestes casos, pode-se buscar
retomar a atenção dos participantes, fazendo uma
leitura do que está sendo construído até o
momento, do tipo: “vocês estão dizendo que tal
fato leva a tal fato que leva a outro etc. - é isso
mesmo?”

4Pode ser que a discussão comece pelas


conseqüências. A princípio isso não é um problema,
desde que não cause dispersão do grupo.

48
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V
comuns
oo
ra análises.

que é
endo estes
se caso a
própria
ecer de um
cia de um
r

e uma boa
e bastante
o grupo,
e-se buscar “...às vezes, pode acontecer
zendo uma de um fato ser tanto
té o
o que tal
causa quanto
c. - é isso conseqüência de um
mesmo problema.”
elas
m problema,
rupo.

49
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Di
de

Caract

4Possibilita
inter-rela
4Auxilia na
4Permite o
organizaç
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Diagrama
de Venn

Características marcantes

4Possibilita a identificação de grupos e suas


inter-relações
4Auxilia na obtenção de informações exploratórias
4Permite obter uma visão geral das relações entre
organizações e grupos sociais
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D i a g r am a d e Ven n D es c
T rata-se de
diferentes tam
representar a
eles. Esta é um
matemática d
para represen
grupos de um

Cada círculo
desenhos, um
sociedade em
bairro, uma re
O tamanho d
referido grup
atingir seus o
o tamanho do
A distância en
entre os refer
colaboradore
sobrepor um
Se os grupos
práticas difere

“...adaptada p
representar
relações en
os difere
grupos de u
socieda
guiaDRP13.12 11/24/06 3:53 PM Page 53

Ven n D es cr i ç ão
T rata-se de um diagrama de círculos de
diferentes tamanhos, dispostos de forma a
representar as relações existentes entre
eles. Esta é uma ferramenta originária da
matemática de conjuntos e que foi adaptada
para representar as relações entre os diferentes
grupos de uma sociedade.

Cada círculo irá representar, com palavras e/ou


desenhos, um grupo (formal ou informal) da
sociedade em questão (exemplo: um município, um
bairro, uma região, uma universidade, um país etc.).
O tamanho do círculo representará o poder do
referido grupo, ou seja, sua capacidade efetiva de
atingir seus objetivos. Quanto maior o poder, maior
o tamanho do círculo.
A distância entre os círculos representará a relação
entre os referidos grupos. Se estes são parceiros,
colaboradores, estarão próximos, podendo até se
sobrepor um ao outro, parcial ou integralmente.
Se os grupos possuem objetivos, concepções e/ou
práticas diferentes, contrastantes ou antagônicas,
isso estará representado pela
menor ou maior distância
“...adaptada para entre eles.
representar as Os círculos são dispostos no
relações entre chão e tiras de papel podem
ser utilizadas para facilitar a
os diferentes visualização das inter-relações,
grupos de uma quando o desenho começar
sociedade.” a se complexificar.

53
guiaDRP13.12 11/24/06 3:53 PM Page 54

O Processo de Construção
Tendo sido escolhido um local bem agradável, Para o prime
descontraído e silencioso, ticipantes terã
reúne-se todo o grupo ao “O exercício exige apresentados
redor deste espaço. A mode- grande nível de demais, os pa
ração deve preparar previa- os tamanhos
abstração e deve representado
mente alguns círculos (recor-
tadas em papel pardo ou car-
ser conduzido tação visual c
tolina), de 5 tamanhos dife- paulatinamente.” O posicionam
rentes. aleatório, por
É importante levar papel de sobra e tesouras para grupo que a
cortar novos círculos, inclusive de outros tamanhos, relação existe
se necessário for. Pincéis atômicos são úteis para A cada grupo
nomear e/ou desenhar os grupos. conhecimento
Após apresentações, descontrações e explicações, tas-chave apr
coloca-se a pergunta que vai orientar todo o Ao final, o gru
desenrolar da técnica: “quais são os grupos formais reflete, sob su
e informais que atuam nesta realidade?”. aquela socied
Para cada grupo, os participantes terão É interessante
que definir um tamanho de convidar o gr
círculo (dimensionar o olhar de long
poder daquele grupo) e desenho e re
posicionar o círculo sobre o que
em relação aos pode observa
demais (definir
inter-relações).
O exercício exige
grande nível de
abstração e deve ser
conduzido paulatinamente.

54
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D i a g r a m a d e Ve n n

strução
agradável, Para o primeiro grupo a ser representado, os par-
ticipantes terão como parâmetro, os 5 tamanhos
exercício exige apresentados pelo(a) moderador(a). Para os
nde nível de demais, os participantes também devem observar
os tamanhos que estão sendo dados aos grupos já
tração e deve representados, a fim de estabelecer uma represen-
conduzido tação visual coerente com a análise.
ulatinamente.” O posicionamento do primeiro círculo no chão é
aleatório, porém, a partir do segundo, propõe-se ao
souras para grupo que a distância entre eles re-presente a
os tamanhos, relação existente entre os respectivos grupos.
úteis para A cada grupo ou inter-relação, deve-se buscar o
conhecimento dos participantes mediante pergun-
explicações, tas-chave apresentadas no box abaixo.
odo o Ao final, o grupo terá construído um desenho que
upos formais reflete, sob sua leitura, as relações que sustentam

s
”. aquela sociedade.
antes terão É interessante
manho de convidar o grupo a Perguntas-
olhar de longe o
nsionar o
desenho e refletir
Chave
uele grupo) e
4 O que fazem estes
r o círculo sobre o que se
ção aos pode observar. grupos?

4Como atuam?
(definir
ações).
4Quem participa deles?
ício exige
vel de 4Desde quando?
4Por quê? etc.
deve ser
atinamente.

55
½
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Pos s i bil i dad es Var i


4Evolução Histórica: por meio da 4Pode-se f
pergunta “sempre foi assim?”, pode-se captar todos os grup
informações sobre o passado e mudanças aos participan
significativas na dinâmica social. exercício, e as
isso garante q
4Identificação de cenários futuros: com a de um grande
pergunta “como estará este desenho daqui a ‘X’ outro, pode le
anos?”, pode-se perceber tendências; e por meio da dispersão (po
pergunta “como queremos que este desenho esteja provocar um
daqui a ‘X’ anos?”, pode-se identificar sonhos e escolha da or
projetos, individuais e coletivos. São reflexões mais diagrama – fa
apropriadas para o final da técnica. técnica.

4Identificação de possíveis 4O nível d


estratégias de ação: a partir da Pode-se anali
identificação de sonhos e projetos pouco exaust
coletivos, pode-se refletir sobre novas fundamentalm
estratégias de ação. Perguntar sobre os disponível. Co
objetivos comuns de cada agrupamento de exige grande
parceiros e a possibilidade de alcançá-los com cuidado para
aquela determinada correlação de forças, pode 4A variaçã
enriquecer a discussão. outra forma d

4Identificação de novos aliados: pessoas ou


consequentem
resultado fina
grupos que podem estabelecer futuras parcerias. uso, um grupo

4Identificação de problemas de
ou uma idéia
posicionado(a
comunicação entre grupos: dificuldades nas início, no cent
relações entre grupos pela falta de um disponível. Os
fluxo eficiente de informação e de também repr
diálogo. grupos forma
irão sendo lo
espaço, de ac

56
½
guiaDRP13.12 11/24/06 3:53 PM Page 57

@
es Var i a ç õ es
4Pode-se fazer inicialmente, uma listagem de
captar todos os grupos mencionados, para depois propor
ças aos participantes que escolham um para iniciar o
exercício, e assim, sucessivamente. Se, por um lado,
isso garante que pelo menos identifique-se o nome
os: com a de um grande número de grupos existentes, por
aqui a ‘X’ outro, pode levar os participantes a uma certa
por meio da dispersão (pois retarda o início da técnica) e
esenho esteja provocar um desgaste desnecessário em torno da
onhos e escolha da ordem em que serão representados no
lexões mais diagrama – fato irrelevante para o desenrolar da
técnica.

4O nível de detalhamento também é variável.


Pode-se analisar uma realidade de forma muito ou
pouco exaustiva. Isso vai depender,
fundamentalmente, dos objetivos e do tempo
disponível. Como se trata de um exercício que
o de exige grande nível de abstração, é importante ter
os com cuidado para não causar cansaço aos participantes.
as, pode 4A variação mais significativa refere-se a uma
outra forma de condução da técnica e,
consequentemente, ao seu
pessoas ou resultado final. Nesta forma de
parcerias. uso, um grupo, um projeto
ou uma idéia é
posicionado(a), desde o
dades nas início, no centro do espaço
disponível. Os círculos,
também representando
grupos formais ou informais,
irão sendo localizados no
espaço, de acordo com a maior

57
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ou menor proximidade em relação a este elemento


central. O tamanho de cada do círculo será definido Problem
com base na importância que aquele determinado
grupo tem para o elemento central. Por exemplo, a 4Dificuldade
importância que a Igreja tem para um dado projeto grupos, form
em uma localidade. Neste caso, a leitura final não dar exem
também estará relacionada prioritariamente ao não interferir

4Dificuldade
elemento central.

poder. O co
Obs.: Esta é uma ferramenta com um procura-se sim
potencial bem interessante, porém, é com- facilidade de
plexa e exige da moderação, bom domínio esses objetivo
dos procedimentos de execução. participantes
nem sempre
ele se exerce
algo aconteça
pública munic
quanto de ma
estagnação.

4Equivocada
círculo ao n
grupo (exem
funcionários e
ser corrigido

4O fato de
tempo, fazem
representa
parceiros. É
enquanto um
objetivos e aç
e o seu grau.

58
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ste elemento
V
será definido Problemas mais comuns
determinado
or exemplo, a 4Dificuldade de entendimento do que são
dado projeto grupos, formais ou informais. É importante
a final não dar exemplos relativos àquela realidade, para
mente ao não interferir no processo.

4Dificuldade de entendimento do que é


poder. O conceito é realmente complexo, mas
m um procura-se simplificar, relacionando-o com a
m, é com- facilidade de se conseguir o que se quer, sejam
m domínio esses objetivos valorizados ou não, pelos
participantes da técnica. É importante lembrar que
nem sempre o poder significa realização; às vezes,
ele se exerce justamente pelo impedimento de que
algo aconteça. Por exemplo, uma administração
pública municipal tem poder tanto de realizar,
quanto de manter o município numa situação de
estagnação.

4Equivocadamente, associar o tamanho do


círculo ao número de componentes do
grupo (exemplo: número de associados, número de
funcionários etc.), e não ao seu poder. Isso precisa
ser corrigido logo de início, quando ocorrer.

4O fato de existirem pessoas que, ao mesmo


tempo, fazem parte de dois ou mais grupos não
representa que estes grupos sejam
parceiros. É preciso olhar o grupo como um todo,
enquanto um ator social, analisar quais são os seus
objetivos e ações, a existência ou não de parcerias
e o seu grau.

59
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Mat
Com

Caract

4Permite e
4Possibilita
4Possibilita
4Pode ser
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Matriz
Comparativa

Características marcantes

4Permite estabelecer relações de comparação


4Possibilita identificar critérios de avaliação
4Possibilita o detalhamento de informações
4Pode ser utilizada para avaliar potencialidades
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M a t r iz Com par a t i va D es c
Trata-se de
qual, em um d
os elementos
parados e, no
critérios de c
avaliação.
Geralmente, é
chão onde el
bólicos quant
riscos, semen
sendo coloca
utilizados par
mentos, sob c
separadamen
Conforme o
para compara
quantificações
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r a t i va D es cr i ç ão
Trata-se de uma tabela na “...é ferramenta
qual, em um dos eixos, estão privilegiada para
os elementos a serem com-
comparações,
parados e, no outro, os
critérios de comparação/ permitindo
avaliação. também algumas
Geralmente, é riscada no quantificações...”
chão onde elementos sim-
bólicos quantitativos (pedras,
riscos, sementes, ou mesmo números arábicos) vão
sendo colocados. Os símbolos quantitativos serão
utilizados para atribuir “pontos” a cada um dos ele-
mentos, sob cada um dos critérios de avaliação,
separadamente.
Conforme o nome sugere, é ferramenta privilegiada
para comparações, permitindo também algumas
quantificações.
Além disso, é uma forma
de explicitar critérios
individuais de avali-
ação e, pelo
processo de dis-
cussão, definir
os critérios
mais relevantes
para o grupo.

63
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O Processo de Construção
A técnica da matriz compa- cinco, represe
rativa pode ser bem con- que tenham m
duzida praticamente em alterados, cas
qualquer lugar, ao ar livre Feita a prime
ou em ambientes fechados. o grupo, part
O primeiro passo é a cons- gunta: “ainda
trução dos eixos da matriz. pior elemento
Após riscar os dois eixos, (tendo em vis
coloca-se, na horizontal, os ele- ao melhor ele
mentos que serão comparados Prossegue-se
(exemplo: variedades de milho, espécies de plantas, análise compa
atividades econômicas, bairros, formas de captação primeiro crité
de água etc.). elementos em
O eixo vertical, de critérios, é construído a partir referência às
de perguntas que procuram identificar as caracterís- parâmetros c
ticas de um “tipo ideal”. Por exemplo: “o que uma Lembre-se de
variedade de milho deve ter para ser considerada um dos elem
uma boa variedade?”. ação.
As respostas devem ser bem discutidas para que Ao final, é po
expressem a opinião do conjunto. Elas passarão a cada element
ser a base para as comparações que se seguirão. cial de cada u
Construídos os eixos da matriz, parte-se para o seu seja correta, s
preenchimento, ou seja, para a pontuação que é atribuir pesos
feita da seguinte forma: para cada linha, ou seja, ficar, podem s
para cada um dos depois deverã
critérios, coloca-se ini- atribuídas a c
“As respostas devem cialmente a pergunta: do critério, an
ser bem discutidas “para este determinado
para que expressem critério, qual é o melhor
elemento?”. “Quantos
a opinião do pontos deve receber?”.
conjunto.“ Geralmente, emprega-se
uma escala de zero a

64
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Matriz Comparativa

strução
cinco, representada por pedras ou outros símbolos
que tenham mobilidade para serem facilmente
alterados, caso a discussão leve a isso.
Feita a primeira pontuação, sempre negociada com
o grupo, parte-se para a segunda por meio da per-
gunta: “ainda para este mesmo critério, qual é o
pior elemento?”. “Quantos pontos deve receber?”
(tendo em vista a pontuação anteriormente dada
ao melhor elemento).
Prossegue-se o preenchimento da linha, ou seja, a
s de plantas, análise comparativa sob o ponto de vista do
de captação primeiro critério, atribuindo-se pontos aos demais
elementos em comparação e sempre fazendo
do a partir referência às pontuações já dadas, visando manter
as caracterís- parâmetros coerentes de comparação.
o que uma Lembre-se de explorar as características de cada
onsiderada um dos elementos, para além da simples pontu-
ação.
s para que Ao final, é possível somar os pontos atribuídos a
passarão a cada elemento para se ter um indicativo do poten-
e seguirão. cial de cada um. Entretanto, para que esta avaliação
se para o seu seja correta, será necessário propor ao grupo,
ção que é atribuir pesos a cada um dos critérios. Para simpli-
, ou seja, ficar, podem ser estabelecidos pesos de 1 a 3 e que
m dos depois deverão ser multiplicados pelas pontuações
loca-se ini- atribuídas a cada elemento, sob aquele determina-
pergunta: do critério, antes da soma final.
determinado
l é o melhor
“Quantos
e receber?”.
e, emprega-se
de zero a

65
½
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Pos s i bil i dad es


4Matriz Histórica: É uma matriz 4Sistemat
onde, no eixo horizontal, estão informaçõe
períodos históricos e na vertical, matriz pode s
aspectos da realidade que se deseja informações c
analisar. Empregada desta forma, a síntese das in
ferramenta permite analisar a facilmente im
evolução histórica de determinados onde, em um
aspectos (exemplo: cobertura vegetal, comunidades
relações de trabalho, violência, qualidade de vida, bairros da cid
número de pessoas etc.). pontos do ro
Os marcos históricos significativos podem ser iden- sistematização
tificados durante a realização de uma outra técnica,
como a do Mapa Falado ou do Diagrama de Venn, 4Definição
por ocasião da pergunta: “sempre foi assim?”. situações ond
O eixo vertical, com os diversos aspectos da reali- possíveis açõe
dade, não se constrói através da identificação de outras. Neste
um “tipo ideal”, mas são apontados pelo grupo são definidos
e/ou pesquisadores. grupo, na me
Na Matriz Histórica, o preenchimento das inter- construção d
seções da tabela pode ser uma pontuação ou uma no caso, uma
síntese das informações que caracterizam aquele (aquela que t
determinado aspecto, naquela determinada época. alcance, parce
Para permitir pontuações, os aspectos teriam que técnico, viabili
ser decompostos em parâmetros quantitativos. Por retorno rápid
exemplo, um aspecto como “relações de trabalho”
4Visão qua
precisaria ser decomposto em “presença de
assalariados”, “presença de parceiros” e outros. Isto
algumas inf
porque não seria possível perguntar “em que época
de intensidad
tinha mais ou menos relações de trabalho, e sim
“assalariados, parceiros etc.”. dados quantit
aspectos anal

66
½
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Matriz Comparativa

es
ma matriz 4Sistematização / ordenamento de
, estão informações: de forma clássica e também aqui, a
a vertical, matriz pode ser utilizada para sistematizar as
que se deseja informações coletadas. Para
esta forma, a síntese das informações, pode-se
lisar a facilmente imaginar uma matriz
erminados onde, em um eixo, estejam as
a vegetal, comunidades rurais ou os
e de vida, bairros da cidade, e no outro, os
pontos do roteiro de
em ser iden- sistematização.
outra técnica,
ma de Venn, 4Definição de prioridades para a ação:
ssim?”. situações onde os elementos para comparação são
tos da reali- possíveis ações de projetos, organizações, entre
icação de outras. Nestes casos, os critérios de importância
o grupo são definidos pelo próprio
grupo, na mesma lógica de
das inter- construção de um tipo ideal -
ção ou uma no caso, uma ação “ideal”
am aquele (aquela que tenha, por exemplo
nada época. alcance, parceiros, suporte
teriam que técnico, viabilidade técnica,
titativos. Por retorno rápido etc.).
de trabalho”
4Visão quantitativa de
ça de
outros. Isto
algumas informações: noção
m que época
de intensidade e obtenção de
lho, e sim
dados quantitativos de alguns
aspectos analisados.

67
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@
Var i a ç õ es Problem
4Uma variação da matriz 4Por ocasião
histórica é uma ferramenta pode acontec
conhecida por “Linha do dificuldade
Tempo”. No caso, a ordem avaliado, caso
cronológica tem necessidade)
preponderância na discussão e atribuídos.
a principal pergunta norteadora
é: “quais são os fatos marcantes desta 4No levanta
realidade?”. Conforme são lembrados, os fatos são “critérios n
representados e localizados em uma reta traçada imediato, tran
no sentido horizontal.Trata-se, então, de Por exemplo,
caracterizar cada evento, construindo assim uma o critério “nã
visualização da história daquela determinada modificado pa
sociedade, instituição, projeto etc. que a escala n
julgamento ca

4Embora ainda não utilizado por nós, pode-se


imaginar uma situação em que os critérios
valorizados sejam os negativos, provocando um
procedimento inverso. Como em uma matriz de
problemas, por exemplo, na qual o que se deseje
identificar sejam os piores problemas, permitindo
uma reflexão sobre ameaças e riscos.

68
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@ V
Problemas mais comuns
4Por ocasião da atribuição de pesos aos critérios,
pode acontecer uma certa dispersão por
dificuldade de entendimento.Terá que ser
avaliado, caso a caso, a pertinência (e também a
necessidade) de se fazer a soma dos pontos
atribuídos.

4No levantamento do tipo “ideal”, podem surgir


os fatos são “critérios negativos”, que devem ser, de
eta traçada imediato, transformados em critérios “positivos”.
e Por exemplo, no caso de uma variedade de milho,
ssim uma o critério “não apresentar doenças” deve ser
inada modificado para “resistência às doenças”, a fim de
que a escala numérica crescente corresponda a um
julgamento cada vez mais favorável .

s, pode-se
rios
ando um
matriz de
e se deseje
permitindo

69
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De
ao
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De volta
ao começo
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De vo

Queremos,
iniciais que ins
que se preten
diálogos que p
truções coleti
do não é o de
calendário, um
Trata-se de um
propiciar uma
da realidade e
diante desta m

Paulo Freire m
der a comple
parte da cons
mento da rea
e não conduz
dade objetiva
análise crítica
encontra-se n
indivíduo e o

“Trata-se d
desafio peda
ou seja, pro
uma reflexã
leve a uma a
crít
reali
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De volta ao come ço

Queremos, por fim, retomar as idéias


iniciais que inspiraram este guia. Se o
que se pretende é a promoção de
diálogos que permitam trocas e cons-
truções coletivas, o desafio apresenta-
do não é o de construir um mapa, um
calendário, uma matriz ou um diagrama.
Trata-se de um desafio pedagógico, ou seja,
propiciar uma reflexão que leve a uma análise crítica
da realidade e gere uma tomada de postura ativa
diante desta mesma realidade.

Paulo Freire mais uma vez nos ajuda a compreen-


der a complexidade e os detalhes deste desafio. Ele
parte da constatação de que o mero reconheci-
mento da realidade vivida não leva a uma inserção
e não conduz a nenhuma transformação da reali-
dade objetiva, caso não ocorra um processo de
análise crítica da realidade. O grande diferencial
encontra-se no grau de problematização que o
indivíduo e o grupo vivenciam, pois é por meio da
problematização de
“Trata-se de um uma realidade vivida
que se torna possível
desafio pedagógico, imaginá-la diferente,
ou seja, propiciar construída, planejada.
uma reflexão que Torna-se possível, nas
palavras de Freire
leve a uma análise (1987), desvendar o
crítica da “inédito viável’, ou seja,
realidade...” aquilo que ainda não
existe (é inédito), mas

73
guiaDRP13.12 11/24/06 3:53 PM Page 74

que se torna possível (viável) inicialmente na imagi- As ferrament


nação do(s) indivíduo(s). têm forte po
tematização. S
A problematização da realidade vivida traz a per-
mente forma
cepção das razões que tornam aquela situação, uma
da possibilita
realidade. E, portanto, revela esta realidade como
no todo e do
transitória, dependente da ação do(s) indivíduo(s).
partes. Desta
Esta “tomada de consciência” é o objetivo final e é
emergem as
ela que possibilita ao indivíduo inserir-se no proces-
que, se prob
so histórico como sujeito, e o inscreve na busca de
tornam-se pa
sua afirmação enquanto pessoa (FREIRE: 1987).
construção d
Metodologicamente falando, a problematização viável” coletiv
advém de um processo de tematização da reali- plano de ação
dade, compreendido como o esforço de propor
Uma pesquisa
aos indivíduos dimensões significativas de sua reali-
limitações do
dade, de tal forma que a reflexão e análise crítica
Desenvolvime
lhes permitam reconhecer a interação entre as
utilizadas são
partes e o todo que compõe a realidade. Tematizar
decodificação
é, no pensamento de Paulo Freire (1987) e seus
potencial de ‘
seguidores, um ato de admiração, um ato de
realidade, esp
“ad-mirar”, ou seja, “mirar de longe” a realidade vivi-
longo de um
da, abstrair, refletir, entender e imaginar diferente.
partes no tod
visualização d
cutidas e pro
de boa aceita
opiniões indiv
mente depen
dos valores é
2000:81). É n
mento das té
habilidade pa
produtivos.

74
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De volta ao começo

nte na imagi- As ferramentas de diálogo aqui apresentadas


têm forte potencial para permitir esta
tematização. Sua natureza relativa-
traz a per-
mente formal, ou seja, semi-estrutura-
situação, uma
da possibilita a visualização das partes
ade como
no todo e do todo decomposto em
ndivíduo(s).
partes. Desta “decomposição”,
ivo final e é
emergem as relações e as interações
e no proces-
que, se problematizadas e “ad-miradas”,
na busca de
tornam-se passíveis de transformação através da
E: 1987).
construção do sonho, do projeto, do “inédito
atização viável” coletivo, muitas vezes, registrado em um
o da reali- plano de ação devidamente pactuado.
de propor
Uma pesquisa realizada sobre as potencialidades e
de sua reali-
limitações do uso do DRP em processos de
álise crítica
Desenvolvimento Local revelou que as ferramentas
entre as
utilizadas são “bons instrumentos de codificação e
de. Tematizar
decodificação da realidade; apresentam grande
87) e seus
potencial de ‘mediatizar’ o debate em torno de uma
to de
realidade, especialmente porque são construídas ao
realidade vivi-
longo de um diálogo; permitem a visualização das
diferente.
partes no todo; exercem um papel importante na
visualização das informações que estão sendo dis-
cutidas e problematizadas pelo grupo; são simples,
de boa aceitação e favorecem a expressão das
opiniões individuais. Porém, são também forte-
mente dependentes da habilidade, dos propósitos e
dos valores éticos de quem as utiliza” (FARIA,
2000:81). É necessário, portanto, um bom conheci-
mento das técnicas e, principalmente, disposição e
habilidade para a construção de diálogos francos e
produtivos.

75
guiaDRP13.12 11/24/06 3:53 PM Page 76

Referências Bibliográficas

CHAMBERS, R.The origins and practice of participa-


tory rural appraisal. World Development, v. 22, n. 7,
p. 953-969, 1994.

CONWAY, G.R. Análise participativa para o desen-


volvimento agrícola sustentável. Rio de Janeiro: AS-
PTA, 1993.

FARIA, A. A. C. O uso do diagnóstico rural partici-


pativo em processos de desenvolvimento local: um
estudo de caso. Viçosa: UFV, 2000. 111 p.

FREIRE, P. Extensão ou Comunicação? 8. ed. Rio de


Janeiro: Paz e Terra, 1983. 93 p.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 17 ed. Rio de


Janeiro: Paz e Terra, 1987. 184 p.

76
Ferramentas
de Diálogo

Qualificando o uso das Técnicas de DRP


Diagnóstico Rural Participativo

Andréa Alice da Cunha Faria


Paulo Sérgio Ferreira Neto

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