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Introdução
Dados subjetivos
Alterações na micção
Uma pessoa normal urina a cada 4 a 6 horas
durante o dia e normalmente não urina à noite. Entre as alterações miccionais mais
importantes, destacamos:
Polaciúria
Aumento da freqüência miccional, eliminando-se
pequeno volume de urina.
Urgência miccional
Necessidade imperiosa de urinar.
Urência
Traduz dor em queimação à micção.
Geralmente está acompanhada de polaciúria e urgência
miccional e é secundária a processos inflamatórios da bexiga,
próstata ou uretra.
Nictúria
Predomínio noturno da diurese.
Diabetes mellitus;
Hipertrofia prostática benigna;
Infecção do trato urinário;
Insuficiência cardíaca congestiva;
Insuficiência renal crônica.
Incontinência urinária
De esforço Defecando, tossindo ou levantando peso;
Paradoxal
É a perda involuntária de urina por extravasamento,
devido a retenção urinária crônica.
Hipertrofia prostática benigna
Bexiga neurogênica.
NEFROLOGIA - 2
Lesão tubular
Necrose tubular;
Lesão obstrutiva.
Poliúria
Volume urinário igual ou superior a 2.500 ml/dia.
Polidipsia psicogênica;
Diabetes
Mellitus
Insipidus Síndrome caracterizada por poliúria importante
devido a uma insuficiência do sistema neuro-hipofisário em
produzir ou liberar hormônio antidiurético (ADH)
Insipidus nefrogênica Falta de resposta dos túbulos renais ao
ADH circulante;
Anúria
Volume urinário igual ou inferior a 100 ml/dia.
Obstrução do trato urinário;
Trombose das artérias renais;
Insuficiência renal aguda grave;
Necrose cortical do rim.
NEFROLOGIA - 3
Hematúria
Macroscópica;
Microscópica
Não causa alteração da coloração da urina e só é
detectada ao microscópio;
Inicial ou final
Geralmente associadas a doença do trato urinário
baixo;
Hemoglobinúria
Hemólise intravascular.
Mioglobinúria
Necrose ou queimaduras extensas.
Bilirrubinúria
Afecções hepatobiliares Coloração amarelo-esverdeada.
Dor renal
Situa-se no flanco ou na região lombar e, às vezes, pode
irradiar-se anteriormente. Origina-se a partir de distensão da cápsula renal, quando há
obstrução do fluxo urinário (litíase renal) ou em condições que causam edema do
parênquima renal (pielonefrite aguda).
Uma irritação da pélvis renal ou do ureter causa dor em
flanco e hipocôndrio, com irradiação para a fossa ilíaca do mesmo lado e freqüentemente
para o testículo ou lábio genital.
NEFROLOGIA - 4
Edema
Qualquer que seja a causa do edema, ele implica um excesso de
água e sal, o que causa um aumento do componente extravascular do volume extracelular.
O edema é geralmente percebido nas extremidades inferiores
mas isto se deve simplesmente a ação da gravidade pois no paciente em decúbito dorsal ele
é facilmente percebido em outros sítios.
Glomerulonefrite aguda
Síndrome nefrótica
Insuficiência renal aguda
Insuficiência renal crônica
2. Localizado
Inflamação
Queimaduras
Obstrução venosa
Obstrução linfática
Angioedema
Diabetes mellitus
Trinta a cinqüenta porcento dos diabéticos
insulino-dependentes e 10 a 15% dos diabéticos não insulino-
dependentes vão apresentar nefropatia diabética, com um pico de
incidência entre os 14 e os 16 anos de duração do diabetes.
Colagenoses
Lupus Eritematoso Sistêmico
Esclerodermia
Poliartrite nodosa
NEFROLOGIA - 5
Hipercalcemias e hiperuricemias
Podem levar a precipitação de
cristais no parênquima renal ou no lume tubular, causando litíase
renal ou nefrite intersticial.
Infecções
Estreptococos -hemolíticos
Infecções de orofaringe ou da pele
causadas por estes agentes podem ter como complicação o
desenvolvimento de glomerulonefrite aguda.
Dados objetivos
H álito do paciente
Odor amoniacal ou de peixe
Pele e unhas
Aproximadamente 10% dos paciente portadores de
insuficiência renal crônica apresentam unhas cuja metade proximal é pálida e cuja metade
distal é rósea (“half and half nails of Lindsey”).
Pressão arterial
Pacientes urêmicos ou diabéticos muitas vezes
apresentam queda ortostática da pressão arterial (na ausência de drogas) devido a um
comprometimento do sistema nervoso autônomo.
Fundo de olho
Em nefrologia, o estudo do fundo de olho é
especialmente importante por ser um exame que permite a avaliação da repercussão
dinâmica da hipertensão arterial, tão comum em nefropatias crônicas.
Reflexo dorsal da arteríola
Normalmente, como a parede arteriolar
é transparente, a incidência da luz sobre a coluna de sangue no seu
interior resulta num reflexo de coloração amarelada.
Quando ocorrem alterações escleróticas
nas arteríolas, a incidência da luz sobre os lipídeos e o colesterol
NEFROLOGIA - 6
Espasmo do vaso
Corpos cistóides
São manchas de coloração esbranquiçada com um
tamanho cerca de 1/5 do tamanho do disco papilar e que representam
uma coleção de células gliais edemaciadas resultantes de um infarto
isquêmico da artéria terminal na camada de fibras nervosas.
Exsudatos duros
Fração não-absorvida do soro após um edema de
retina.
Aparelho cardiopulmonar
Pulmão
Derrame pleural
Congestão pulmonar
Atrito pleural
Coração
Pericardite urêmica
NEFROLOGIA - 7
Percussão
Sinal de Giordano Percussão com a mão fechada sobre o ângulo
costovertebral.
Ausculta
É útil na verificação de sopros abdominais na estenose da
artéria renal.
Exames laboratoriais
pH
O pH normal varia de 4,5 a 7,8. Contudo, o pH não identifica
nem exclui doença renal.
A urina alcalina (pH > 7) pode sugerir infecção por
organismos que desdobram a uréia, mas também ocorre por
contaminação de urina guardada por muito tempo, pela dieta
vegetariana, diuréticos, vômitos, sucção gástrica e terapia com
substâncias alcalinas.
Uma maior ingestão de carne produz urina ácida devido a
maior formação de uréia.
Bilirrubina e urobilinogênio
Estase leucocitária e nitritos
A pesquisa de infecção urinária
através do screening com o uso de fitas reativas é realizada
através da detecção de granulócitos urinários que sofreram lise e
da pesquisa de nitrito na urina.
NEFROLOGIA - 8
Glicose
Como o limiar renal de glicose é de 160 a 180 mg/dl, a
presença de glicose na urina geralmente indica glicemia acima de
210 mg/dl.
Corpos cetônicos
Acetoacetato e acetona podem aparecer na
urina em jejum prolongado e na presença de cetoacidose alcoólica
ou diabética.
Hemoglobina e mioglobina
Densidade urinária
A densidade urinária avalia a concentração
de solutos na urina e normalmente varia de 1,003 a 1,030.
Proteinúria
Diariamente, menos de 150 mg de proteína são
excretadas na urina, das quais a maior parte é composta por uma
mucoproteína de alto peso molecular (Tamm-Horsfall) e o
restante é composto por globulinas e muito pouca albumina.
As proteínas que são filtradas pelos glomérulos,
especialmente aquelas de baixo peso molecular, geralmente são
absorvidas no túbulo distal.
As moléculas do mesmo tamanho ou maiores que a
albumina plasmática (PM = 40.000) não atravessam o glomérulo
normal.
Entre os mecanismos propostos para se explicar a
proteinúria destacam-se o aumento da filtração glomerular de
proteínas, a diminuição na remoção da proteína filtrada e a adição
de proteínas por ductos tubulares ou linfáticos renais.
Todavia, a proteinúria nem sempre indica patologia.
Cerca de 3 a 5% dos jovens sadios podem apresentar uma
proteinúria discreta (< 1,0 g/dia) durante o dia que desaparece
durante a noite (proteinúria postural).
NEFROLOGIA - 9
Sedimento urinário
Normalmente, um pequeno número de
células e outros elementos formados podem ser detectados na
urina como, por exemplo:
Células do sangue
Eritrócitos
Leucócitos
Linfócitos
Plasmócitos;
Células estranhas
Bactérias
Fungos
Parasitas
Células neoplásicas;
Cristais
Oxalato
Fosfatos
Uratos
Drogas.
Introdução
Metabolismo da água
Metabolismo do sódio
Depleção de volume
Seqüestro abdominal
Peritonite
Ascite
Pele
Sudorese
Queimaduras
Perdas renais
Doenças renais
Fase diurética da insuficiência renal aguda
Diurese pós-obstrutiva
Insuficiência renal crônica
Doença tubular perdedora de sal
Diuréticos
Diurese osmótica
Deficiência de mineralocorticóides
Doença de Addison
Hipoaldosteronismo
NEFROLOGIA - 15
Edema
O edema pode ser bem localizado como numa pequena inflamação ou generalizado
como na insuficiência cardíaca.
Edema localizado
O mecanismo de formação do edema localizado pode ser adequadamente explicado
com base numa alteração das forças de Starling que controlam a troca de líquido entre o
plasma e o interstício.
Estas forças estão relacionadas na seguinte expressão:
Edema generalizado
É a principal manifestação clínica da expansão do volume líquido do
compartimento extracelular e está invariavelmente associado a uma retenção renal de
sódio.
É uma manifestação comum em situações clínicas tais como a insuficiência
cardíaca, cirrose hepática e síndrome nefrótica, e a retenção de sódio é apenas uma
resposta renal a um distúrbio hemodinâmico determinado pela enfermidade básica.
As principais causas de edema generalizado são:
Enfermidades renais
Glomerulonefrite aguda
Síndrome nefrótica
Insuficiência renal aguda
Insuficiência renal crônica
Insuficiência cardíaca
Baixo débito
Alto débito
Anemia
Tireotoxicose
Septicemia
Enfermidades hepáticas
Cirrose hepática
Obstrução da drenagem hepática venosa
Enfermidades vasculares
Fístulas arteriovenosas
Obstrução das veias do tórax
Veia cava inferior
Veia cava superior
Distúrbios endócrinos
Hipotireoidismo
Excesso de mineralocorticóides
NEFROLOGIA - 18
Diabetes mellitus
Causas iatrogênicas
Administração de drogas
Anticoncepcionais orais
Agentes anti-hipertensivos
Miscelânea
Hipocalemia crônica
Anemia crônica
Edema nutricional
Síndrome da permeabilidade capilar
Fisiologia
Hipocalemia
Doenças gastrointestinais
Vômitos
Diarréia
Adenoma viloso
Fístulas
Ureterosigmoidostomia
Renais
Alcalose metabólica
Diuréticos
Tiazídicos
De alça
Inibidores da anidrase carbônica
- Acetazolamida
Aldosteronismo secundário
A despeito do aldosteronismo secundário
presente nos pacientes com insuficiência cardíaca congestiva, cirrose
hepática e síndrome nefrótica, eles não apresentam hipocalemia.
O aldosteronismo secundário causa
hipocalemia nos pacientes com:
- Hipertensão maligna
- Síndrome de Bartter
- Tumor de células justaglomerulares Secretores de renina
Excesso de glicocorticóides
- Síndrome de Cushing
- Esteróides exógenos
Síndrome de Liddle
Alguns antibióticos
- Carbenicilina e, raramente, outros derivados da penicilina
- Anfoterecina B
- Gentamicina
Depleção de magnésio
Anormalidades eletro-
cardiográficas são comuns. As
mudanças características incluem
achatamento ou inversão da onda T,
exacerbação da onda U e
infradesnivelamento do segmento ST.
Essas alterações não se Figura 1 - Anormalidades eletrocardiográficas na
correlacionam com a gravidade do hipocalemia
distúrbio no metabolismo do potássio
e, desta forma, não podem ser consideradas como índices da significação clínica de uma
hipocalemia.
Apesar de que uma depleção moderada de potássio raramente afeta o coração,
uma depleção grave ou súbita do potássio plasmático pode causar parada cardíaca. Além
disso, a hipocalemia favorece a intoxicação cardíaca por digitálicos, predispondo o
paciente a uma variedade de arritmias atriais e ventriculares.
A função tubular renal fica caracteristicamente alterada na hipocalemia,
principalmente na sua capacidade de concentração urinária, resultando em poliúria e
polidipsia.
No diagnóstico, a causa da hipocalemia pode ser obtida a partir da história
clínica. O esquema a seguir nos mostra a conduta no diagnóstico da hipocalemia quando
não houver uma causa evidente na anamnese.
Avaliar desvio iônico (alcalose,
HIPOCALEMIA insulina, agonistas -adrenérgicos,
paralisia periódica, etc.)
Pressão arterial
Normal Hipertensão
Hipercalemia
Hiporeninemia
- Nefropatia diabética
- Nefrite intersticial crônica
- Causada por drogas Agentes antiinflamatórios não-esteroidais,
bloqueadores beta-adrenérgicos, etc.
Drogas
Succinilcolina Relaxante muscular
Hidrocloreto de arginina Utilizado no tratamento da alcalose
metabólica
Digitálicos
Antagonistas beta-adrenérgicos
Envenenamento
Acidose
Hiperosmolaridade
Deficiência de insulina
Paralisia periódica hipercalêmica
Ingesta excessiva
Pseudo-hipercalemia
Trombocitose
Leucocitose
Outros
Considerações fisiológicas
(K × = 24)
Acidose metabólica
Acidose lática
Secundária a insuficiência circulatória
Choque séptico
Infarto agudo do miocárdio
Hemorragia
Drogas e toxinas
Frutose parenteral
Nitroprussiato de sódio
Epinefrina e norepinefrina
Intoxicação e drogas
Salicilatos
Produzem um bloqueio metabólico que leva a
produção de uma mistura de ácidos orgânicos endógenos.
Os salicilatos tem o efeito adicional de estimular o
centro respiratório diretamente. Assim, a alcalose respiratória
pode ser o primeiro sintoma da intoxicação por salicilatos e, em
alguns pacientes, pode ser o único distúrbio.
Etilenoglicol
É convertido em ácidos glioxílicos e oxálicos.
Além disso, o etilenoglicol produz bloqueios metabólicos que
podem levar ao aumento da produção de ácidos orgânicos
endógenos.
Metanol
O metanol é convertido em ácido fórmico e também
pode levar a produção de ácidos orgânicos endógenos pelo
bloqueio metabólico.
NEFROLOGIA - 35
Insuficiência renal
Crônica
Seu principal defeito é a redução na excreção de
amônia, mas alguns pacientes também perdem bicarbonato,
reduzindo seus níveis plasmáticos para cerca de 12 a 18 mEq/L.
Aguda
A concentração de bicarbonato cai de 1 a 2 mEq/L/dia
quando a redução da excreção de ácido renal é a única causa da
acidose metabólica.
Perda de bicarbonato
Diarréia grave
Síndrome da malabsorção intestinal
Ureterosigmoidostomia
Inibidores da anidrase carbônica
Acetazolamida Diamox®
O termo em inglês “anion gap”, que poderia ser traduzido como hiato
aniônico, não é correto, porque na verdade não existe um hiato entre a concentração de
ânions e cátions.
Sabemos que a concentração de cátions no plasma deve ser igual à
concentração de ânions. Os cátions do plasma são o Na+ e os cátions não-determinados
(CND), tais como o potássio, o cálcio e o magnésio. Os ânions do plasma são o Cl–, o
HCO3– e os ânions não-determinados (AND), como as proteínas, os íons fosfato, os íons
sulfato e os ácidos orgânicos.
Portanto:
[cátions] = [ânions]
Na+ + CND = (Cl– + HCO3–) + AND
Na+ – (Cl– + HCO3–) = AND – CND
Fator R = AND – CND
10 mEq = 1 litro
x 35 litros
x = 350 mEq
NEFROLOGIA - 38
Alcalose metabólica
Alcalose pós-hipercapnia
Pacientes com hipercapnia crônica
causada por insuficiência respiratória (acidose respiratória)
mantém altos níveis de bicarbonato.
Quando a respiração melhora, a pCO2
cai rapidamente, mas a excreção urinária do bicarbonato em
excesso produzido pela compensação renal leva vários dias.
Em pacientes com uma dieta pobre em
sal ou em uso de diuréticos, que apresentam hipovolemia, a
alcalose pode persistir indefinidamente, até que cloreto de sódio
ou de potássio seja adicionado a sua dieta.
Hipermineralocorticoidismo
Síndrome de Cushing
Aldosteronismo primário
Síndrome de Bartter
Acidose respiratória
Distúrbios neuromusculares
Alcalose respiratória
Crônica
Fibrose pulmonar
Cardiopatia cianótica
Altas altitudes
Anemia
Distúrbios mistos
Embriagues
Pacientes embriagados que desenvolvem cetoacidose
também podem desenvolver hiperventilação devido ao “delirium
tremens”.
Nos pacientes que vomitaram repetitivamente, pode
haver associado um terceiro distúrbio, a alcalose metabólica.
Diagnóstico
Alcalose metabólica
Introdução
140 = 42
154 X
X = 42 154
140
NEFROLOGIA - 48
X = 46,2 litros
Sangue e plasma
Se houver uma redução importante do volume
globular ou evidência de sangramento ativo, a administração de sangue pode ser indicada.
Ácido-base
Quando houver alcalose metabólica, a correção da
depleção do volume extracelular e do déficit de potássio, em geral, é suficiente. Raramente
há necessidade de administração de ácidos minerais.
Se o diagnóstico é de acidose metabólica, deve-se
calcular a quantidade de bicarbonato de sódio a ser administrada e tomar cuidado para
deduzir da necessidade básica ou da correção para o sódio a quantidade desse elemento
administrada com o bicarbonato de sódio.
NEFROLOGIA - 49
Plano de administração
1g = 4 Kcal
100 g 400 Kcal
Exemplos
Administrar:
1. Soro fisiológico, E.V., 2.000 ml, frascos 1 e 2, 24 gotas/min;
2. Soro glicosado 5%, E.V., 5.000 ml, frascos 3, 4, 5, 6 e 7, 60 gotas/min;
3. Adicionar 5 ml de KCl 19,1% nos frascos 3, 4, 5, 6 e 7.
Administrar:
1. Soro fisiológico, E.V., 4.000 ml, frascos 1, 2, 3 e 4, 48 gotas/min;
2. Adicionar 14 ml de KCl 19,1% aos frascos 1, 2, 3 e 4.
Conceito e definições
Avaliação do paciente
Claudicação intermitente;
Dor abdominal pós-prandial;
Paralisias;
Dificuldade para andar;
Alterações visuais
Turvação
Borramento;
Antecedentes familiares
Hipertensão arterial
Acidente vascular cerebral
Infarto do miocárdio
Diabetes
Amputações;
Hábitos alimentares
Sal
Carboidratos
Gorduras
Proteínas
Vegetais;
Medicação em uso
Anticoncepcionais
Antiinflamatórios
Corticóides
Antidepressivos;
Extremidades
Edema
Lesões tróficas de pele
Alterações ungueais
Outros sinais de isquemia;
NEFROLOGIA - 56
Complicações
Comprometimento renal
A hipertensão arterial compromete principalmente as estruturas vasculares
renais como as artérias, as arteríolas e os capilares glomerulares.
A parede das arteríolas sofrem espessamento das camadas muscular e
elástica reduzindo o fluxo efetivo do rim, que promove a liberação de renina, agravando
ainda mais a hipertensão e comprometendo a filtração glomerular.
Do ponto-de-vista anatomopatológico, a esclerose progressiva dos
glomérulos, parcial ou total, é um achado característico da hipertensão.
A conseqüência das lesões arteriolares e glomerulares é a queda lenta e
progressiva da filtração glomerular e a correspondente perda da função renal (insuficiência
renal crônica).
Esse quadro é conhecido como nefroesclerose e costuma acompanhar os
casos de hipertensão sem caráter maligno.
NEFROLOGIA - 58
Figura 1 - Microscopia óptica mostrando necrose fibrinóide das arteríolas e endarterite proliferativa
de caráter obliterante, respectivamente
Comprometimento retiniano
As lesões retinianas provocadas pela hipertensão podem ser de natureza
aguda ou crônica.
As alterações crônicas correspondem ao comprometimento arteriolar como
em qualquer outro território vascular. A arteriosclerose pode ser visualizada em diversas
fases de seu processo. No início ocorre apenas aumento do reflexo central das arteríolas e
tortuosidade. Posteriormente pode ocorrer compressão venosa no local de cruzamento, que
é denominado “cruzamento patológico”. Em estágio mais avançado de esclerose, as
arteríolas podem refletir completamente a luz incidente, conferindo-lhes o aspecto
comparável ao “fio de cobre”. Mais tarde, quando ocorre interrupção total do fluxo
sangüíneo, suas paredes brilham como “fios de prata”. A elevação abrupta da pressão
arterial provoca vasoconstrição generalizada nas arteríolas reduzindo a relação entre o
diâmetro arteríolo-venular.
NEFROLOGIA - 59
Comprometimento cerebral
A encefalopatia hipertensiva, que ocorre quando há um desequilíbrio na
auto-regulação da perfusão cerebral, é freqüentemente acompanhada por um ou mais dos
seguintes sinas de hipertensão intracraniana:
Cefaléia intensa;
Náuseas e vômitos;
Alterações da consciência Desde sonolência e obnubilação até o coma
profundo;
Comprometimento motor;
Convulsões;
Outros.
“lacunas” no parênquima cerebral, cujas conseqüências são mais tardias à medida que
vários deles se sucedem. Na fase aguda pode simular um episódio isquêmico transitório.
Comprometimento cardíaco
A resposta da massa muscular cardíaca frente à elevação da pressão
sistêmica é a hipertrofia ventricular esquerda, do tipo concêntrica.
Introdução
Fisiologia
Túbulo
contorcido
proximal
Local de ação:
O - Diuréticos osmóticos
I - Inibidores da anidrase Ducto
carbônica coletor
T - Benzotiazidas
A - Diuréticos de alça
P - Diuréticos poupadores
de potássio
Túbulo coletor
O túbulo coletor é o último sítio de reabsorção de sódio e é
controlado pela aldosterona. Ele é responsável por 2 a 4% da reabsorção total
de sódio.
Os receptores da aldosterona e os canais de sódio são os
locais de ação dos diuréticos poupadores de potássio.
A reabsorção do sódio é acompanhada por perda equivalente
de potássio ou íons hidrogênio. Assim, o túbulo coletor é o sítio primário de
acidificação da urina.
A reabsorção de água por este segmento é dependente de
hormônio antidiurético (ADH).
Diuréticos osmóticos
Usos terapêuticos
Insuficiência renal aguda
Cirurgias cardiovasculares
Lesão traumática grave
Operações em presença de icterícia grave
Hemólise
Rabdomiólise
NEFROLOGIA - 65
Estado oligúrico
Nesta situação, as drogas que inibem
seletivamente a reabsorção de solutos em algum segmento
tubular podem ser incapazes de aumentar o fluxo urinário,
enquanto os diuréticos osmóticos geralmente mantém sua
eficácia.
Hipertensão intracraniana
Os diuréticos osmóticos podem
reduzir a pressão e o volume do líquido céfalo-raquidiano ao
elevar a osmolaridade do plasma, aumentando a difusão de
água de volta para o plasma.
Glaucoma
A redução da pressão intra-ocular a curto prazo,
sobretudo no pré e pós-operatório de pacientes que necessitam
de cirurgia ocular, também pode ser conseguida com diuréticos
osmóticos.
Toxicidade
Cefaléia, náuseas e vômitos são queixas comuns a
todos os diuréticos osmóticos.
As contra-indicações do manitol incluem:
Doença renal de gravidade suficiente para produzir anúria,
congestão ou edema pulmonares acentuados;
Desidratação pronunciada;
Hemorragia intracraniana.
de seus efeitos colaterais. Verificou-se, então, que a droga inibia a anidrase carbônica e a
acidificação normal da urina.
Dentre o enorme número de sulfonamidas que já foram
sintetizadas, a acetazolamida foi a mais extensamente estudada. Ela é um potente inibidor
reversível da anidrase carbônica e age nas células do túbulo contorcido proximal.
Após a administração de acetazolamida, verifica-se
aumento imediato no volume urinário. O pH normalmente ácido da urina torna-se alcalino
e a concentração urinária de bicarbonato aumenta, sendo equilibrada pelo sódio e por
quantidades substanciais de potássio. A concentração urinária de cloreto, por sua vez, cai.
Como conseqüência da excreção aumentada de
bicarbonato e de cátions fixos, sobretudo o sódio, desenvolve-se acidose metabólica.
Com o aumento progressivo da exposição de sódio ao
túbulo coletor, uma proporção maior de sódio é trocada por potássio, resultando numa
importante “perda” de potássio.
A depleção do bicarbonato plasmático reduz a excreção de
bicarbonato pelos rins, mesmo com a administração contínua do diurético, e a diurese fica
autolimitada a 2 a 3 dias.
Além da sua ação sobre o rim e sobre o plasma, a
acetazolamida age sobre diversos órgãos que contém a enzima anidrase carbônica como,
por exemplo, no olho, reduzindo a formação de humor aquoso; no SNC, reduzindo a
formação de líquido céfalo-raquidiano; no trato gastrointestinal; etc.
A aplicação mais comum dos inibidores da anidrase
carbônica consiste em reduzir a pressão intra-ocular. A acetazolamida é raramente utilizada
como diurético, mas pode ser útil para a alcalinização da urina.
Benzotiazidas
Farmacocinética
A clorotiazida não é bem absorvida pelo trato
gastrointestinal, sendo sua absorção de cerca de 10%. As outras drogas
desta classe caracterizam-se por uma biodisponibilidade muito maior.
A maioria dessas drogas produz efeito diurético
demonstrável dentro de uma hora após sua administração oral. Todavia, a
persistência das drogas no organismo varia acentuadamente, de acordo
com suas meia-vidas.
Várias dessas drogas apresentam-se no interior dos
eritrócitos, talvez em conseqüência da ligação à anidrase carbônica. A
ligação às proteínas plasmáticas também varia consideravelmente.
Toxicidade
A toxicidade clínica das tiazidas é rara em decorrência de que
sua dose tóxica é muitas vezes maior do que a necessária para sua ação
farmacológica.
NEFROLOGIA - 68
Usos terapêuticos
Edema da insuficiência cardíaca congestiva;
Edema de doença hepática crônica;
Edema de doença renal crônica;
Hipertensão arterial sistêmica;
Controle da hipercalciúria em pacientes com cálculos urinários
recorrentes compostos de sais de cálcio.
Diuréticos de alça
Toxicidade
As anormalidades do equilíbrio hidroeletrolítico
constituem as formas mais comuns de toxicidade clínica, enquanto
os efeitos colaterais não relacionados à ação primária dessas drogas
são muito raros.
NEFROLOGIA - 69
Usos terapêuticos
Edema da insuficiência cardíaca congestiva;
Edema de doença hepática crônica;
Edema de doença renal crônica;
Insuficiência renal aguda;
Hipercalcemia sintomática.
Espironolactona
Mecanismo de ação
A espironolactona é um antagonista competitivo
das ações dos mineralocorticóides, dentre os quais a aldosterona é o
mais potente.
Quando a espironolactona liga-se ao receptor da
aldosterona na porção final do túbulo distal e do sistema coletor, ela o
impede de assumir uma conformação ativa.
Então, a ação global da aldosterona, que consiste
em elevar a reabsorção de Na+ e a excreção de K+, fica prejudicada.
Além disso, a espironolactona aumenta a
excreção de Ca+2 através de um efeito direto sobre o transporte tubular.
Em concentrações relativamente altas, a
espironolactona pode também inibir a biossíntese de aldosterona.
Farmacocinética
Cerca de 70% de uma dose oral de espironolactona é
absorvida, mas o composto é significativamente metabolizado durante a
sua primeira passagem pelo fígado. A ligação às proteínas plasmáticas é
extensa.
Toda espironolactona é metabolizada antes de ser
excretada nos rins. Um metabólito importante desse processo é a
canrenona.
NEFROLOGIA - 70
Toxicidade
Os efeitos tóxicos mais graves da espironolactona
resultam da hipercalemia.
Além disso, foram relatadas algumas reações de menor
gravidade, que costumam ser reversíveis com a suspensão da droga, tais
como ginecomastia, efeitos colaterais semelhantes aos efeitos
androgênicos e sintomas gastrointestinais leves.
Usos terapêuticos
Hipertensão arterial sistêmica;
Controle do edema refratário;
Diagnóstico e controle das doenças metabólicas e renais associadas
com hipocalemia e depleção de potássio.
Farmacocinética
Cerca de 50% de uma dose oral de amiloride e
triamtereno é absorvida no tubo gastrointestinal.
O triamtereno liga-se às proteínas plasmáticas
numa proporção maior do que o amiloride.
O amiloride não é metabolizado, enquanto o
metabolismo de triamtereno é muito extenso, e alguns de seus
metabólitos possuem atividade diurética.
Ambas as drogas são secretadas no túbulo
proximal.
Toxicidade
O efeito tóxico mais grave dos diuréticos poupadores de
potássio é a hipercalemia.
O triamtereno produz relativamente poucos outros
efeitos colaterais, que incluem náuseas, vômitos, cãibras de perna e
tonturas.
É relativamente comum a presença de uremia leve a
moderada.
Foi relatada a ocorrência de anemia megaloblástica em
pacientes com cirrose alcoólica.
Alguns pacientes que receberam triamtereno
desenvolveram nefrolitíase.
Os efeitos colaterais mais comuns do amiloride, além da
hipercalemia, consistem em náuseas, vômitos, diarréia e cefaléia.
Usos terapêuticos
Alguns pacientes com edema apresentam resposta
diurética satisfatória ao diurético poupador de potássio isoladamente.
Todavia, a maior utilidade dessas drogas reside em seu uso
concomitante com outros diuréticos, principalmente as benzotiazidas.
Em virtude de induzir hipercalemia grave, os
pacientes tratados com diurético poupador de potássio não devem
receber suplementos de K+.
Além disso, deve-se cuidar com a sua associação
aos inibidores da enzima angiotensina, visto que estas drogas reduzem
a secreção de aldosterona.
De modo semelhante, o triamtereno ou o amiloride
não devem ser prescritos com espironolactona. Nos casos em que foi
feita tal associação, verificou-se a ocorrência de um grau
inesperadamente elevado de hipercalemia.
Metilxantinas
Mecanismo e ação
A diurese induzida pela teofilina provavelmente
resulta, em parte, do aumento no fluxo sangüíneo renal e da taxa de
filtração glomerular.
Todavia, as metilxantinas também parecem exercer
ações diretas sobre o túbulo renal.
Usos terapêuticos
As metilxantinas são raramente empregadas como
diuréticos primários. Entretanto, quando utilizadas com outras
finalidades, sobretudo como broncodilatadores, deve-se considerar a
coexistência de sua ação diurética.
NEFROLOGIA - 73
Introdução
Fisiopatologia
Hemácia
Endotélio
Processos
pedicelares Células
epiteliais pedicelares
Células
endoteliais
Complicações
Etiologia
Doenças sistêmicas
Infecções
Glomerulonefrite pós-estreptocóccica
Endocardite
Nefrite por shunt
Sífilis secundária
Lepra
Hepatite B e C
HIV
Mononucleose
Malária
Esquistossomíase
Filariose
Neoplasia
Doença de Hodgkin
Linfomas
Leucemia
Carcinomas
- Pulmão
- Mama
- Cólon
NEFROLOGIA - 77
Melanoma
Tumor de Wilms
Doenças multisistêmicas
Diabetes mellitus
Lupus Eritematoso Sistêmico
Púrpura de Henoch-Schönlein
Vasculite
Doença de Goodpasture
Dermatomiosite
Dermatite herpetiforme
Amiloidose
Sarcoidose
Síndrome de Sjögren
Artrite reumatóide
Doenças mistas de tecido conectivo
Heredofamiliar
Diabetes mellitus
Síndrome de Alport
Doença falciforme
Doença de Fabry
Lipodistrofia
Síndrome nefrótica congênita
Miscelânea
Toxemia pré-eclâmptica
Glomerulopatia de transplante
Tireoidite
Mixedema
Obesidade maligna
Hipertensão renovascular
Nefrite intersticial crônica com refluxo vesicouretérico
Drogas
Ouro orgânico
Mercúrio orgânico, inorgânico e elementar
Penicilamina
Heroína
Agentes antiinflamatórios não-esteroidais
Probenecide
Captopril
Tridione
Mesantoína
Perclorato
NEFROLOGIA - 78
Hemácia
Endotélio
Células
endoteliais
Glomerulonefrite mesangioproliferativa
Suas lesões são caracterizadas por um aumento moderado e
difuso na celularidade dos capilares glomerulares.
A parede dos capilares glomerulares periféricos são finas e
delicadas, e não ocorre proliferação extracapilar.
A natureza precisa das células proliferativas ainda não está
claramente definida, mas parece ser uma combinação de células mesangiais, células
endoteliais e células mononucleares infiltradas.
O envolvimento glomerular é geralmente uniforme, mas
pode haver acentuação da hipercelularidade em algumas áreas. Não ocorre necrose nos
glomérulos.
Os achados da microscopia eletrônica são inespecíficos.
Esta patologia atinge aproximadamente 5% dos adultos com
síndrome nefrótica idiopática e cerca de 5 a 10% das crianças. Ela é mais comum nos
adultos jovens e adolescentes, tendo uma pequena predisposição por homens.
Clinicamente, uma hematúria tanto macroscópica quanto
microscópica é comum. Dor lombar, uni ou bilateral, pode ser observada na doença
idiopática, mas é mais freqüente nos pacientes que apresentam uma nefropatia de IgA
associada.
As manifestações laboratoriais são incaracterísticas.
A função renal pode estar modestamente diminuída ou
normal ao diagnóstico. Os níveis de complemento geralmente estão normais enquanto os
níveis de IgG podem estar diminuídos e os de IgA aumentados.
Os títulos de antiestreptolisina O são geralmente normais. A
proteinúria não é seletiva.
Entre os pacientes com síndrome nefrótica e uma
proliferação mesangial difusa moderada ou grave, há uma tendência de persistência da
proteinúria e progressão para insuficiência renal, principalmente se houver sobreposição de
esclerose glomerular segmentar e focal na primeira biópsia.
Os pacientes com uma forma de glomerulonefrite
mesangioproliferativa mais leve, especialmente aqueles sem deposição de imunoglobulinas
ou glomeruloesclerose associadas, tendem a ter um curso mais benigno.
Alguns pacientes, principalmente as crianças, apresentam
um curso semelhante ao da doença de alterações mínimas.
NEFROLOGIA - 82
Glomerulonefrite membranosa
A glomerulonefrite membranosa é a principal causa de
síndrome nefrótica no adulto.
Esta lesão é caracterizada pela deposição irregular e
descontínua de depósitos de proteínas ao longo do lado epitelial da parede capilar
glomerular.
Esses depósitos contém IgG e algumas vezes C3 e
complementos de ação tardia e aparecem a microscopia eletrônica como regiões densas.
Membrana basal
glomerular
Hemácia
Endotélio
Depósitos eletrodensos
Células
pedicelares
Células
endoteliais
Glomerulonefrite membranoproliferativa
Este distúrbio caracteriza-se pela proliferação das células
mesangiais, freqüentemente com uma interposição segmentar ou difusa dessas células ou
do seu citoplasma nas alças capilares periféricas. A síntese de matriz mesangial também
está aumentada.
A parede capilar glomerular encontra-se espessada
irregularmente.
O espessamento das
paredes capilares deve-se a
depósitos imunes
subendoteliais e interposição
de matriz mesangial entre a
membrana basal glomerular e o
endotélio, resultando em um
aspecto de contorno duplo,
divisão ou “trilho de bonde”
das paredes capilares coradas
pela prata.
Os crescentes estão
presentes em menos de 10%
dos casos. Há depósitos
Figura 14 - Microscopia corada pela prata evidenciando grosseiramente granulares de
alterações na glomerulonefrite membranoproliferativa
C3 e freqüentemente de IgG,
IgM, C4, properdina e fibrina no mesângio e nas alças capilares periféricas.
À microscopia eletrônica, existem densos depósitos
subendoteliais e mesangiais, assim como interposição de matriz mesangial com
espessamento da parede capilar e estreitamento da luz capilar.
Glomerulonefrite fibrilar
Glomerulopatia imunotactóide
Seus tratamentos são
geralmente insatisfatórios e muitos pacientes,
particularmente aqueles com proteinúria maciça
persistente, progridem para insuficiência renal.
NEFROLOGIA - 92
Glomerulonefrite aguda
Viral
- Hepatite B
- Mononucleose infecciosa
- Varicela
- Coxsackievírus
- Caxumba
- Sarampo
- Vaccínia
- Echovírus
Parasitária
- Malária
- Toxoplasmose
Doenças multisistêmicas
Lupus Eritematoso Sistêmico
Vasculite
Púrpura de Henoch-Schönlein
Doença de Goodpasture
Miscelânea
Síndrome de Guillain-Barré
Irradiação de tumor de Wilms
Vacina tríplice (difteria-pertussis-tétano)
Doença do soro
NEFROLOGIA - 93
Introdução
Etiopatogenia
Azotemia pré-renal
Responsável por metade dos casos de insuficiência renal aguda, esta
síndrome ocorre em resposta a hipoperfusão renal e é rapidamente reversível pela
restauração do fluxo sangüíneo renal e da pressão de ultrafiltração glomerular, pois o
parênquima renal encontra-se normal.
Contudo, uma hipoperfusão prolongada ou grave pode levar à isquemia e
necrose do parênquima renal, transformando a azotemia pré-renal em azotemia renal.
As principais causas de azotemia pré-renal são:
Depleção do volume intravascular Hipovolemia verdadeira
Hemorragia
Cirúrgica
Traumática
Gastrointestinal;
Queimaduras;
Desidratação;
Perdas gastrointestinais
Vômitos
Diarréia
Drenagem cirúrgica;
NEFROLOGIA - 102
Azotemia renal
A maioria dos casos de azotemia renal resultam de isquemia secundária a
hipoperfusão renal (IRA isquêmica) ou a toxinas (IRA nefrotóxica).
Como a insuficiência renal aguda isquêmica ou nefrotóxica está quase
sempre associada com necrose das células epiteliais tubulares, esta síndrome também é
freqüentemente referida como necrose tubular aguda.
Contudo, esse termo não deve ser utilizado como sinônimo de azotemia
renal, pois diversas doenças parenquimatosas causam insuficiência renal sem necrose
tubular aguda. Além disso, mesmo os casos isquêmicos ou nefrotóxicos podem se
apresentar sem essa manifestação.
Figura 1 - Azotemia renal com (a esquerda) e sem (a direita) necrose tubular aguda
Azotemia pós-renal
A obstrução urinária só resulta em insuficiência renal aguda quando ela
ocorre além do colo da bexiga, obstruindo ambos os rins, pois a função de um único rim é
suficiente para excretar os produtos de degradação do nitrogênio.
Bexiga neurogênica;
Doença prostática
Hiperplasia Prostática Benigna
Câncer de próstata
Prostatite;
Litíase vesical;
Neoplasias;
Estenose uretral;
Válvulas de uretra posterior ou anterior;
Fimose;
Ruptura de bexiga;
Iatrogênese;
Outros.
Diagnóstico
Manifestações clínicas
A azotemia pré-renal deve ser suspeitada em pacientes com elevação da
creatinina sérica que tiveram algum episódio de hemorragia, perda gastrointestinal ou
NEFROLOGIA - 106
Urinálise
A determinação do volume urinário não ajuda muito no diagnóstico
diferencial entre os diferentes tipos de IRA.
NEFROLOGIA - 107
CNa
________________
EFS = CCr
U V
Na
________
PNa
EFS = ________________
U V Cr
________
PCr
UNa PCr
EFS = ________________
P U Na Cr
U Na P Cr
________________
IIR = UCr
Exames complementares
A realização de ultra-sonografia, tomografia computadorizada ou ressonância
magnética está recomendada para a maioria dos pacientes com insuficiência renal aguda
para excluir uma uropatia obstrutiva ou uma doença renal crônica.
Uma radiografia simples de abdome pode ser útil quando se suspeita de
nefrolitíase.
O doppler e a ressonância magnética podem detectar obstruções nas veias e
artérias renais, mas a angiografia contrastada é necessária para o diagnóstico definitivo.
NEFROLOGIA - 109
Complicações
Tratamento
Prevenção
Muitos casos de insuficiência renal aguda podem ser prevenidos quando, nas
situações de alto risco, a função cardiovascular e o volume intravascular são protegidos e o
uso de drogas nefrotóxicas é limitado.
NEFROLOGIA - 110
Tratamento específico
O tratamento da azotemia pré-renal devido a depleção do volume
intravascular varia de acordo com o tipo de líquido perdido.
A hipovolemia causada por hemorragia deve ser corrigida com concentrado
de hemácias, enquanto a solução salina isotônica geralmente é suficiente para a reposição
de perda de plasma no caso de queimaduras ou pancreatite, por exemplo.
As perdas urinárias e gastrointestinais geralmente são hipotônicas e, por isso,
a reposição inicial deve ser feita com soluções hipotônicas.
Os distúrbios hidroeletrolíticos também devem ser normalizados.
A azotemia pré-renal por diminuição do débito cardíaco requer tratamento da
etiologia subjacente.
Uma variedade de agentes terapêuticos já foram utilizados no tratamento da
azotemia renal isquêmica ou nefrotóxica, mas a maioria deles mostrou-se inefetiva ou
demasiadamente tóxica para o uso em seres humanos.
A azotemia renal causada por outras patologias intrínsecas do rim, tais como
glomerulonefrite aguda ou vasculite, pode responder aos glicocorticóides, agentes
alquilantes e/ou plasmaferese, dependendo da patologia primária.
Os agentes antiplaquetários, a plasmaferese e a infusão de plasma podem ser
úteis no tratamento da síndrome hemolítico-urêmica e da púrpura trombocitopênica
trombótica.
Um controle agressivo da pressão arterial sistêmica é um parâmetro de
importância no controle da nefroesclerose causada pela hipertensão maligna, pela toxemia
gravídica e por outras doenças vasculares.
O tratamento da azotemia pós-renal requer um trabalho em equipe entre os
nefrologistas, urologistas e radiologistas e consiste no tratamento da uropatia obstrutiva.
Medidas de suporte
Desde que a sobrecarga de volume, hipercalemia, hiperfosfatemia e acidose
metabólica invariavelmente estão presentes em pacientes oligúricos com IRA, algumas
medidas preventivas devem ser tomadas na hora do diagnóstico.
A prescrição nutricional deve ser feita para manter o balanço calórico e
minimizar o catabolismo. Além disso, caso estejam sendo administradas drogas excretadas
por via renal, suas doses devem ser ajustadas com o grau de insuficiência renal.
Após a correção dos déficits de volume intravascular, a reposição
hidroeletrolítica deve ser ajustada para equivaler às perdas.
A sobrecarga de volume intravascular geralmente pode ser tratada pela
restrição de sal e água e pelo uso de diuréticos. Na verdade, não há outra indicação para a
administração de diuréticos na IRA além do que tratar esta complicação.
A administração de baixas doses de dopamina pode promover a excreção de
sal e água por elevar o fluxo sangüíneo renal e o ritmo de filtração glomerular e por inibir a
reabsorção de sódio no túbulo proximal.
A ultrafiltração e a diálise podem ser utilizadas quando a redução de volume
pelas medidas conservadoras falham.
A hipercalemia leve (< 5,5 mEq/L) deve ser tratada inicialmente pela
restrição dietética de potássio. A hipercalemia moderada (5,5 a 6,5 mEq/L) em pacientes
sem alterações clínicas ou eletrocardiográficas pode ser controlada pela administração de
resinas trocadoras de íons de ligação ao potássio, como o sulfonato de poliestireno sódico
associado ao sorbitol, por via oral ou na forma de enema de retenção.
NEFROLOGIA - 111
Diálise
A diálise está reservada para o tratamento dos sinais e sintomas de uremia e
para os casos de sobrecarga de volume, hipercalemia ou acidose refratários ao tratamento
conservador.
O tipo de diálise (diálise peritoneal ou hemodiálise) e a sua prescrição
dependem da necessidade individual de cada paciente.
A diálise peritoneal pode ser feita por um cateter intraperitoneal temporário e
a hemodiálise de curta duração geralmente é feita por um cateter de dupla luz introduzido
na veia subclávia, jugular interna ou femoral.
A hemofiltração arteriovenosa e a diálise contínua e lenta são alternativas
para os pacientes que não toleram a diálise convencional de curta duração e que não podem
fazer diálise peritoneal como, por exemplo, após uma cirurgia abdominal.
A ultrafiltração plasmática, sem diálise, pode ser usada em pacientes sem
uremia sintomática quando a redução de sobrecarga de volume pelas medidas
conservadoras falharam.
NEFROLOGIA - 112
Introdução
Figura 1 - Redução característica no tamanho dos rins, que apresentam superfície irregular resultante
da esclerose total de alguns glomérulos, na insuficiência renal crônica
Características da uremia
Bioquímica
A descoberta de que o soro de pacientes com uremia apresenta
efeitos tóxicos sobre o organismo levou a realização de diversas pesquisas para se tentar
identificar os agentes responsáveis.
Descobriu-se, então, que os principais responsáveis por esses
efeitos são os produtos do metabolismo proteico e de aminoácidos, dentre os quais a uréia
é, quantitativamente, o mais importante.
Ao contrário dos lipídeos e dos carboidratos que podem ser
metabolizados em dióxido de carbono e água, substâncias que são facilmente excretadas
pelos pulmões e pele, os produtos do metabolismo proteico e de aminoácidos dependem
amplamente dos rins para sua excreção.
Outros produtos metabólicos que são possíveis toxinas urêmicas
incluem os uratos e outros produtos do metabolismo do ácido nucleico, aminas alifáticas,
uma variedade de peptídeos e, finalmente, vários derivados dos aminoácidos aromáticos
(triptofano, tirosina e fenilalanina).
A patogênese dessas substâncias ainda não está esclarecida.
Apesar de provavelmente não ser responsável por toda a
toxicidade urêmica, a uréia está intimamente relacionada a algumas anormalidades
clínicas, incluindo anorexia, astenia, vômitos e dor de cabeça.
Além disso, o nível plasmático de vários hormônios polipeptídeos
(incluindo o hormônio paratireóideo, insulina, glucagon, hormônio do crescimento,
hormônio luteinizante e prolactina) aumentam na insuficiência renal.
O hormônio paratireóideo pode ser uma importante toxina
urêmica.
Fisiopatologia
A retenção de todas essas toxinas na insuficiência renal crônica é
responsável, pelo menos em parte, por alterações na composição dos fluidos intra e
extracelulares, principalmente devido a redução no transporte de sódio para fora das
células pela bomba Na+/K+-ATPase.
Esse defeito no transporte iônico das células leva a um aumento
anormal na concentração intracelular de sódio e uma redução na concentração de potássio.
A retenção intracelular de sódio é a principal responsável pela
expansão do volume intracelular nos pacientes com uremia, mas a redução na sua excreção
renal também resulta em expansão do volume extracelular.
A despeito da redução intracelular de potássio, o potássio sérico é
geralmente normal ou elevado principalmente em decorrência da acidose metabólica, que
produz um efluxo de potássio do interior das células.
NEFROLOGIA - 114
Manifestações clínicas
D istúrbios hidroeletrolíticos
Em todos os pacientes com insuficiência renal crônica estabilizada,
o sódio corporal total e o volume de água estão modestamente aumentados. Apesar disso, a
expansão do volume extracelular pode não ser visível.
A ingestão de quantidades excessivas de sal, contudo, pode agravar
ou contribuir para a instalação de insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão, ascite e
edema.
Por outro lado, hiponatremia e ganho de peso são as principais
conseqüências de uma ingestão excessiva de água.
Como esses pacientes têm um mecanismo renal para a conservação
de sódio e água alterado, quando eles perdem líquido por vômitos, diarréia, etc., pode-se
desenvolver depleção de volume, com secura da boca e de outras mucosas, tontura,
síncope, taquicardia, hipotensão ortostática e colapso vascular.
Essa depleção de volume em geral perturba a função residual do
rim e os pacientes previamente estabilizados ou assintomáticos tornam-se sintomáticos,
com sinais e sintomas de uremia.
Nesses casos, uma cuidadosa reposição de volume deve ser feita no
sentido de reestabilizar a função renal.
Distúrbios no balanço do potássio podem ser encontrados nos
pacientes com insuficiência renal crônica, mas eles raramente são responsáveis por
sintomas clínicos, a menos que uma carga de potássio endógena (hemólise, trauma,
infecção) ou exógena seja administrada.
A despeito da progressão da insuficiência renal, a maioria dos
pacientes mantém um nível sérico de potássio normal até os estágios finais da uremia.
Essa habilidade em manter um balanço de potássio na insuficiência
renal avançada ocorre devido a adaptações nos túbulos renais distais e no cólon, onde a
aldosterona e outros fatores atuam aumentando a excreção de potássio.
Assim, a oligúria ou um distúrbio nesses mecanismos adaptativos
podem resultar em hipercalemia.
Na insuficiência renal crônica, outra causa comum de hipercalemia
é a diminuição abrupta do pH arterial, pois a acidose está associada ao efluxo de K+ do
interior das células.
Algumas drogas devem ser utilizadas com muito cuidado nos
pacientes com insuficiência renal. Dentre elas, destacam-se a espironolactona, o
triamtereno e o amiloride.
Quando não houver evidências de oligúria, acidose ou aumento na
ingesta de potássio, o hipoaldosteronismo deve ser considerado como uma possível causa
da hipercalemia.
Quando ocorre hipocalemia, a dieta pobre em K+, geralmente
associada a diuréticos ou perdas gastrointestinais, é a provável causa subjacente.
Na insuficiência renal crônica, a incapacidade dos rins em sintetizar
a 1,25-dihidroxivitamina D resulta em hipocalcemia.
A concentração sérica de fosfato, por sua vez, aumenta a medida
que o ritmo de filtração glomerular cai para cerca de 25% do normal.
Como a deposição de cálcio nos ossos é dependente dos níveis de
fosfato, a retenção plasmática de fosfato facilita a entrada de cálcio nos ossos e, desta
forma, contribui para a hipocalcemia e para a elevação dos níveis plasmáticos de
paratormônio, com eventual hiperplasia das glândulas paratireóides.
NEFROLOGIA - 116
D istúrbio ácido-básico
Na doença renal crônica, ocorre acidose metabólica quando a
ingestão exógena e a produção endógena de ácido excedem a sua excreção renal.
Na acidose metabólica crônica, são envolvidos os mecanismos
extra-renais de tamponamento, incluindo os sais ósseos e os tampões intracelulares.
A perda das reservas de tampão ósseo contribui para o
desenvolvimento da osteodistrofia renal.
Esta acidose metabólica crônica é bem tolerada pela maioria dos
pacientes com insuficiência renal crônica, provavelmente refletindo seu lento
desenvolvimento e a compensação respiratória.
Entretanto, a reserva total de tampão é limitada, de forma que
estímulos ácido-básicos agudos (cetoacidose, septicemia) podem causar agravamento
substancial da acidose metabólica.
NEFROLOGIA - 117
D istúrbios hematológicos
Uma anemia normocrômica e normocítica geralmente está presente
e contribui para a sintomatologia da insuficiência renal crônica.
Ela decorre da diminuição da eritropoese, produzida tanto pela
presença de toxinas na medula óssea quanto pela redução na biossíntese de eritropoetina
pelos rins doentes ou pela presença de inibidores da eritropoetina.
A administração de eritropoetina recombinante humana resulta em
uma melhora dramática nos níveis de hematócrito e hemoglobina.
As transfusões podem contribuir para a supressão da eritropoese na
insuficiência renal crônica e, devido também ao risco aumentado de hepatite e
hemossiderose, devem ser evitadas até que a anemia não responda mais a administração de
eritropoetina.
A intoxicação por alumínio também pode ser responsável por uma
anemia microcítica.
Um quadro de hemostasia anormal é comum na insuficiência renal
crônica, caracterizado por tendência ao sangramento anormal (epistaxe, menorragia,
hemorragia) e escoriações.
Alterações na função e na formação dos leucócitos predispõem ao
desenvolvimento de infecções.
As alterações nas barreiras mucosas também podem aumentar a
susceptibilidade a infecções e, nos pacientes em diálise, os acessos vasculares são portas de
entrada comuns para os patógenos, principalmente os estafilococos.
Os glicocorticóides e os imunossupressores são fatores adicionais
ao risco de infecção.
Os pacientes com insuficiência renal crônica têm uma tendência a
apresentar uma resposta febril menos intensa devido a freqüente presença de hipotermia.
A resposta quimiotática de leucócitos polimorfonucleares também
pode apresentar-se deprimida.
D istúrbios neuromusculares
Mudanças súbitas na função do sistema nervoso central, incluindo a
inabilidade em se concentrar, hipersonia e insônia, estão entre os sintomas iniciais de
uremia.
Então, surgem alterações comportamentais, perda de memória e
erros de julgamento, que podem estar associados a irritabilidade neuromuscular, com
soluços, cãibras e fasciculação muscular.
Asterixe, mioclonia e coréia são comuns na uremia terminal, assim
como torpor, convulsões e coma.
Muitos desses distúrbios neuromusculares melhoram com a diálise,
apesar de que alterações eletroencefalográficas podem persistir.
É comum haver neuropatia periférica na insuficiência renal crônica.
Inicialmente, ocorre um predomínio no envolvimento sensorial dos membros inferiores
sobre os membros superiores e das extremidades distais sobre as proximais.
NEFROLOGIA - 119
D istúrbios gastrointestinais
Anorexia, soluços, náuseas e vômitos são sintomas precoces da
uremia.
O hálito urêmico, de odor semelhante ao da urina, origina-se a
partir da quebra da uréia, pela saliva, em amônia, e está freqüentemente associado a
halitose.
D istúrbios dermatológicos
As manifestações dermatológicas ocorrem em decorrência da
anemia, dos distúrbios hemostáticos (equimoses e hematomas), da deposição de cálcio e do
hiperparatireoidismo secundário, da desidratação, etc.
O prurido urêmico generalizado é um sintoma constante da
insuficiência renal crônica e, ocasionalmente, é resistente a maioria das formas tópicas ou
sistêmicas de tratamento.
Outras condições dermatológicas incluem uma coloração amarelo-
pálida devida a deposição de “urocromos”, deposição de cristais de uréia na superfície
cutânea através do suor, que evapora deixando na pele um pó fino de coloração branca
(geladura urêmica), etc.
Tratamento
Distúrbios cardiovasculares
A hipertrigliceridemia e hipertensão são os
fatores de risco primários que levam à aterosclerose acelerada e a alta
mortalidade cardiovascular.
Não está claro se o curso da doença vascular
aterosclerótica em pacientes com insuficiência renal crônica pode ser
alterado. Mesmo os pacientes que foram submetidos a um transplante renal
NEFROLOGIA - 124
Distúrbios hematológicos
A anemia da insuficiência renal crônica
comumente melhora com a hemodiálise de manutenção ou com a
administração de eritropoetina.
Como esses pacientes geralmente apresentam
deficiência de ferro, principalmente aqueles em diálise, deve-se administrar
ferro suplementar.
Não existe consenso sobre a freqüência ou a
posologia, e há a possibilidade de sobrecarga de ferro com hemossiderose e
ocasional reação anafilactóide ao dextrano com ferro intravenoso.
NEFROLOGIA - 125
Distúrbios neuromusculares
Não existe tratamento específico para a
neuropatia central ou periférica.
Entretanto, pode haver melhora objetiva e
subjetiva através do prolongamento dos períodos de diálise e pelo uso de
dialisadores com maior área superficial.
Foi observada uma melhora gratificante da
neuropatia periférica após transplante renal bem-sucedido, mesmo em
pacientes que estavam bem dialisados antes do transplante.
Da mesma maneira, não existe tratamento
específico da miopatia.
Os pacientes podem melhorar muito com
diálise adequada.
Alguns deles apresentam melhora da
miopatia após tratamento com análogos ativos da vitamina D e
suplementação nutricional agressiva.
A eritropoetina possui um efeito anabólico
generalizado que pode ser muito útil neste caso.
Alguns pacientes com hiperparatireoidismo
secundário podem beneficiar-se com a paratireoidectomia.
Distúrbios metabólicos
As anormalidades do metabolismo dos
carboidratos no paciente não-diabético possuem pequeno ou nenhum
significado clínico.
No paciente diabético, as doses de insulina devem
ser ajustadas para manter normais os níveis séricos de glicose. Geralmente,
menores doses de insulina serão adequadas à medida que a insuficiência
renal crônica evolui.
Pode desenvolver-se hipoglicemia manifesta em
um pequeno número de pacientes com insuficiência renal crônica.
Embora os níveis de ácido úrico estejam
constantemente elevados nessa doença, eles raramente estão muito acima de
10 mg/dl.
NEFROLOGIA - 126
Distúrbios dermatológicos
Nenhum tratamento específico resistiu ao teste
do tempo na terapia do prurido.
Alguns pacientes obtêm alívio após aplicação
tópica de óleos emulsificados ou o uso de anti-histamínicos orais.
Certos pacientes beneficiaram-se da redução da
concentração sérica de fosfato por diálise mais eficaz e restrição de fosfato.
A paratireoidectomia algumas vezes aliviou o
prurido intratável.
Introdução
Síndrome de Alport
Esta doença foi relatada pela primeira vez em 1875 por Dickinson,
que descreveu um tipo de hematúria familiar em três gerações de uma mesma família.
Em 1927, Alport acrescentou outras características a ela, incluindo
albuminúria, azotemia e hipoacusia, motivo pelo que foi creditado a ele o nome desta
síndrome.
A síndrome de Alport é a mais bem conhecida das nefrites
hereditárias. Ela é freqüentemente diagnosticada em crianças ou adultos jovens e afeta
principalmente o sexo masculino. Provavelmente não há predisposição quanto a raça ou a
distribuição geográfica.
Os critérios para o diagnóstico da síndrome de Alport variam em
diversos estudos e é difícil definir exatamente quais os sinais e sintomas que essa doença
deve incluir.
Alport não realizou estudos histológicos e a doença parece ter
desaparecido espontaneamente na família originalmente descrita por ele, pois nenhum caso
novo de nefrite foi descoberto nessa família desde então.
Sua principal característica é a hematúria crônica macroscópica ou
microscópica, que é geralmente exacerbada por exercícios físicos, infecções inespecíficas
ou gravidez. A hematúria pode ser acompanhada por dor em flanco ou um vago
desconforto abdominal.
Outros achados incluem cilindros eritrocitários, proteinúria de grau
variável, perda progressiva da audição e insuficiência renal lentamente progressiva.
A hipoacusia neurossensorial, principalmente para os sons de alta
freqüência, ocorre mais comumente nos pacientes do sexo masculino e pode ser detectada
somente na audiometria.
NEFROLOGIA - 129